31.1.17

Fevereiro traz carnaval com telão no Cine Olympia


Antes do carnaval chegar "via Embratel", pela televisão, 
que tal pegar uma tela no escurinho do cinema? 

O Cine Olympia está com ótimas sessões em fevereiro. Trazem cinema nacional, europeu, filmes dedicados à música, e filmes de carnaval,  além de contemplar o público miúdo e a produção de curtas metragens. Entrada gratuita. A curadoria da programação é do crítico Marco Antonio Moreira, confira:


Dia 01 de fevereiro, às 18h30

“A Transformação do Mundo em Música" (Die Verwandlung der Welt in Musik, Alemanha, 1994), de Werner Herzog. O diretor alemão observa em Bayreuth os preparativos e ensaios dos Festivais de Richard Wagner. Ele entrevista Wolfgang Wagner, neto do compositor alemão, e renomados diretores, regentes, cantores, cenógrafos e figurinistas, proporcionando imagens raramente vistas do trabalho no teatro de ópera. Classificação indicativa: 12 anos

De 2 a 8 de fevereiro, às 18h30
"Órfãos do Eldorado", filme brasileiro, com direção de Guilherme Coelho,  Matizar Filmes. Na trama, Arminto Cordovil  (Daniel de Oliveira) retorna para a casa do pai e reencontra Florita (Dira Paes), a atual amante dele, com quem teve um caso no passado. Quando o patriarca morre, cabe a Arminto assumir os negócios da família, apesar de seu pouco interesse pelo assunto. Até que, em um bar, ele se encanta por uma cantora (Mariana Rios). Após uma noite de amor, Arminto passa a procurar por ela em todo lugar. Classificação indicativa: 16 anos

De 2 a 5 de fevereiro, às 17h15 e 18h15
O projeto curta rola sempre antes das sessões dos longas. Este mês, o público poderá ver "O Realejo", de Fabiana Santa, filme que retrata uma personagem em conflito, buscando por um sinal que possa ajudá-la a decidir se deve seguir ou não. O percurso pelo desvelamento de sentimentos, expectativas e sonhos é interceptado pela música contagiante de um realejo", premiada no Cine Fest, um festival já consagrado no país e conhecido nacionalmente. Classificação indicativa 10 anos.

Dia 4 de fevereiro, às 16h

Sessão Olympia Infantil exibe “31 Minutos”, de Álvaro Díaz e Pedro Peirano, uma co produção Brasil e Chile. Juanín (Daniel de Oliveira) é o protagonista da trama. Ele é o produtor do famoso noticiário de TV 31 Minutos, e o último de sua espécie. Cheio de bondade no coração, ele desconhece o fato de sua raridade despertar o interesse de pessoas más, como Cachirula (Mariana Ximenes), uma malvada colecionadora de animais em extinção que precisa dele para completar sua exótica coleção. Classificação indicativa: 10 anos

9 a 15 de fevereiro, às 18h30
“Berlim fica na Alemanha" (Berlin is in Germany, 2001), de Hannes Stöhr. A história de Martin começa quando ele é posto em liberadade na nova Berlin unificada, após um longo período de reclusão, na antiga RDA. Ele reencontra velhos companheiros e também sua mulher, que vive atualmente com o filho que ele nunca vira antes e um novo namorado. Involuntariamente, ele entra em conflito com a polícia, mas com a ajuda de sua mulher, consegue ser libertado. Martin tem uma segunda chance. Classificação indicativa: 14 anos.

Dia 14 de fevereiro, às 18h30

O Projeto Cinema e Música, exibe “Gabinete das Figuras de Cera (Wachs figuren kabinett, Das, 1924), de Paul Leni, Leo Birinsky. Filme de terror alemão, conta a história de um jovem poeta contratado por um museu de cera para escrever as biografias de três grandes criminosos: o califa Harun al Raschid; Ivan, o Terrível; e Jack, o Estripador. Uma das obras-primas do expressionismo alemão. Três visões diversas e independentes da maldade humana, narradas de formas variadas e em episódios de tamanho desigual. Classificação indicativa: 12 anos. 

De 16 a 19, às 18h30

Chance para assistir o documentário “Deboche - Walter bandeira 75 anos", que retrata a personalidade de Walter Bandeira, a grande voz do Pará. Artista multifacetado, desempenhando com maestria as funções de cantor, locutor, ator, professor, poliglota e pintor, Walter também era conhecido pela irreverência, personalidade e alegria. Estes atributos inspiraram o documentário, produzido pela TV Cultura, com direção de Robson Fonseca. Classificação indicativa: 12 Anos.

Dia 18 de fevereiro, às 16h

Sessão nacional, com “As Canções”, documentário do cineasta Eduardo Coutinho, que entrevistou, através de anúncios de jornais e pela internet, várias pessoas, e selecionou 18 histórias para compor o longa-metragem. 18 pessoas comum, de 22 a 82 anos, que olharam para a câmera, cantaram as letras que marcaram de alguma forma suas vidas e compartilharam suas histórias. Classificação indicativa: 12 anos.

De 21 a 25 de fevereiro, 18h30
Mostra de Filmes de Carnaval"

Nos dias 21, 23 e 25

"Orfeu Negro", de Marcel Camus, com Breno Mello, Marpessa Dawn e Marcel Camus, no elenco de uma drama musical romantico. No Carnaval, Orfeu (Breno Mello), condutor de bonde e sambista do morro, se apaixona por Eurídice (Marpessa Dawn), uma jovem do interior que vem para o Rio de Janeiro fugindo de um estranho fantasiado de Morte (Ademar da Silva). O belo amor de Orfeu por Eurídice, no entanto, desperta a ira da ex-noiva do galã, Mira (Lourdes de Oliveira) e a Morte acompanha tudo de perto. Classificação indicativa: 12 anos

No dia 22 de fevereiro, 18h30

“Garotas e Samba”, de Carlos Manga, com Ivon Cury, Sonia Mamede e Renata Fronzi. Comédia musical brasileira, que narra as agruras de três meninas que, recém-chegadas ao Rio de Janeiro, tem o sonho de ficarem ricas e famosas. Classificação indicativa: 10 anos

No dia 25 de fevereiro, 18h30

“Aviso aos navegantes”, de Watson Macedo, traz um saudoso e incrível elenco, com Grande Otelo, José Lewgoy, Oscarito. É comédia brasileira. Uma companhia teatral brasileira está retornando ao Brasil em um luxuoso navio após uma série de apresentações em Buenos Aires. Viaja com eles o príncipe Suave Leão (Ivon Cury), que se apaixona pela dançarina Cléia (Eliana Macedo), mas esta só tem olhos para o imediato do navio, Alberto (Anselmo Duarte). Há a bordo também um espião internacional perigoso, que deve ser detido antes que o navio chegue ao Rio de Janeiro. Classificação: 10 anos.

30.1.17

Vanguart está volta à Belém com show acústico

A Vanguart traz desta vez o show “Vanguart Acoustic Night”, uma produção da Produtora 2 Nós. A banda, formada por Helio Flanders, Reginaldo Lincoln, David Dafré e Fernanda Kostchak, se apresenta nesta sexta-feira, 3, às 21h, no Açaí Biruta. Os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente e já estão em seu segundo lote, a R$ 50,00.

Vanguart nasceu em 2002, em Cuiabá. Originalmente, era um projeto solo de Helio Flanders e em 2005 se consolidou como banda, participando de vários festivais de música independente. No ano de 2007 a banda lançou seu primeiro CD e participou do programa Som Brasil, em homenagem à Raul Seixas. Com mais de 10 anos de estrada, a banda tem como influências: Beatles, Johnny Cash, The Beach Boys e Bob Dylan. Além disso, Vanguart tem músicas em inglês e espanhol.

O repertório do show contará com as músicas registradas no segundo DVD “Muito Mais que o Amor – Ao Vivo”, lançando em 2016. “Meu Sol”, “Demorou pra Ser”, “Olha pra Mim”, “Estive”, “Pra Onde Eu Devo Ir?”, do álbum mais recente, “Muito Mais que o Amor” (Deck – 2013). Dos sucessos dos discos anteriores, os fãs poderão relembrar de “Mi Vida Eres Tu”, “Nessa Cidade”, “...Das Lágrimas”,  “Se Tiver que Ser na Bala, Vai”. Eles interpretarão também as queridinhas do público como, “Cachaça” e “Semáforo”.

O formato do show “Vanguart Acoustic Night” será: Helio Flanders (voz, piano, violão, trompete e gaita), Reginaldo Lincoln (voz, violão, baixo e bandolim), David Dafré (violão, clarinete e lap steel) e Fernanda Kostchak (violino).

Camila Barbalho e Lívia Mendes farão o show de abertura da noite, em formato acústico. Amigas dos tempos de faculdade e suas rodas de violão, ambas seguiram seus diferentes caminhos sonoros e retomaram o contato intenso há dois anos, para compartilhar experiências e trabalhar juntas, dessa vez de forma profissional. Camila tornou-se contrabaixista na banda de Lívia, e desse reencontro surgiram novas trocas e a vontade de dialogar musicalmente. Pela primeira vez, as duas compositoras dividirão o palco cantando suas músicas.

“Recebemos o convite da produtora, de uma forma muito especial, porque é uma oportunidade de unirmos dois trabalhos. Já somos parceiras há muitos anos, mas nunca tínhamos feito um show unindo nossos trabalhos solos. Preparamos uma noite onde cada uma vai tocar suas músicas e nossas composições em parceria. Vai ser uma sonoridade marcada pelos instrumentos acústicos que a gente ama, eu o violão e ela o baixo”, conta a cantora, Lívia Mendes.

Serviço
"Vanguart Acoustic Night". Line Up: Vanguart, Lívia Mendes e Camila Barbalho (Acústico). Nesta sexta, 3 de fevereiro, às 21h, no Açaí Biruta. Ingressos: R$50,00 (2o lote). Pontos de Venda: Lojas Locus (Pátio Belém, Parque Shopping e Castanheira) e Quiosque SellCard (Boulevard 2º Piso) e sellcard.com.br. Evento para maiores de 18 anos. Menores a partir de 14 anos devem estar acompanhados dos pais e devidamente identificados para terem acesso ao evento. Informações: (91) 98330-6785 ou http://instagr.am/Produtora2Nos / http://facebook.com/Produtora2Nos .

(Holofote Virtual, com assessoria de imprensa do evento - Laíra Mineiro)

Grupo Rabisco encena a poesia de Renato Russo

Vivas e atuais, as letras do Legião Urbana são inspiração para várias histórias já contadas no cinema e no teatro. Em Belém, mais uma vez, o espetáculo “Como é que se diz eu te amo” traz à tona a poesia de Renato Russo e volta em sua segunda temporada, nos dias 4 (19h30) e 5 de fevereiro (19h), ao Teatro Margarida Schivasappa.

O espetáculo é do grupo "Rabisco", independente e formado por um grupo de amigo, "Como é que se diz eu te amo" é sensível, sem deixar de tratar de política, sexualidade, drogas, suicídio e outros temas polêmicos e sempre atuais, presentes nas eternas músicas da banda Legião Urbana que servem de inspirações para as cenas. 

Na peça, Daniel é um jovem inquieto de 17 anos que enxerga o amor como resposta para todas as questões da vida e que deseja viver um ideal de liberdade. Ao lado da sua turma, enfrentará a difícil tarefa de crescer, porém permeado pelo amor em suas diversas formas e tamanhos, relações de amizade e família.

Os personagens Clarisse, Johnny, Mariane, Eduardo, Mônica, Maurício, João de Santo Cristo, Maria Lúcia, Jeremias e Leila apresentam características conhecidas dos fãs, mas desta vez reescrevendo suas histórias. Uma surpresa para quem é fã de Legião Urbana e uma descoberta para os que não conhecem.

Com dramaturgia de Leonardo Corrêa, a segunda temporada de “Como é que se diz Eu te Amo” tem direção de elenco de Sandro Martyns, direção musical de Demethrius Lucena e a conta com a participação da musicista Wanessa Solli.





Ficha Técnica
Dramaturgia: Leonardo Corrêa
Direção de elenco: Sandro Martyns
Direção musical: Demethrius Lucena
Musicista: Wanessa Solli

Elenco: 
Leonardo Corrêa: DANIEL
Edvyn Menezes: MAURICIO
Samia Feio: CLARISSE: 
Glenda Michelle: MARIANE: 
Alex Vilar: PEDRO 
Ruan Brito: EDUARDO
Nayana Aquere: MÔNICA
Danilo Monteiro: JOÃO SANTO CRISTO
Tainah Leite: MARIA LÚCIA
Edson Oliveira: JOHNNY
Ainda Ranner: LEILA
Rafitah: PROF RENATO
Ygor Reis: JEREMIAS
Victor Souza: ROBERTO
Leonardo Castro: DEPUTADO JAIR CUNHA

Serviço
“Como é que se diz eu te amo”. Dias 4 às 19h e 5 às 19h30, no Teatro Margarida Schivasappa (Centur). Ingresso: R$ 20,00 (antecipados e meia), na venda antecipada na loja Coca-Cola Jeans (shopping Boulevard) e na Esmalteria Gata Pintada (shopping Pátio Belém). OU R$ 40,00 na bilheteria do teatro. Informações: 98281 9559 | 98203 8675.

(Holofote Virtual, com assessoria de imprensa: Leandro Oliveira)

27.1.17

Henry Burnett mostra "Belém Incidental" no Sesc

É o mais novo trabalho do cantor e compositor. “Belém Incidental” será mostrado, ao vivo, nesta sexta-feira, 27, no Centro Cultural Sesc Boulevard, a partir das 19h, com entrada franca. Oportunidade para conhecer o novo trabalho de Henry Burnett artista, com antecedência. O 4o disco do músico será lançado primeiro nas plataformas digitais e só depois chegará a versão em CD, ainda não se tem data definida. 

O compositor paraense, radicado em São Paulo está por aqui desde o início do mês. Já fez pocket de pré-lançamento do novo disco, na charmosa loja porão Discosaoleo, e um show na também interessante Casa do Fauno, apresentando faixa a faixa do CD “Não Para Magoar”, o terceiro CD, que completou 10 anos. 

Henry Burnett nasceu em Belém do Pará em 1971. Viveu na capital paraense até os 27 anos. Mudou para Campinas no ano seguinte, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro e, por fim, para São Paulo. Passou também algumas temporadas em Berlim e em Évora, atualmente mora em São José dos Campos/SP.  Ano que vem, ele completa 30 anos de carreira. 

Certa vez, em outra entrevista ao Holofote Virtual, à época em que lançou “Retruque/Retoque”, em parceria com o poeta Paulo Vieira, ele me falou que tinha cada vez menos interesse pelo funcionamento do mercado. “E não por repudiar o sucesso, mas por não me sentir mais apto ao comércio musical”, disse. 

Henry prosseguiu dizendo que não sabia exatamente porque, mas aos 16 anos, “tocando num bar em Belém, senti uma grande tristeza e tomei uma decisão: teria uma outra profissão que mantivesse aquele compositor, em gestação, livre para fazer o que bem entendesse. Rompi, portanto, cedo com o mercado, que talvez não vá me acolher nunca”, continuou e também comentou que já não se ressentia disso. 

“..benesses da idade”, concluiu o professor de filosofia da música, que buscou sim, outra profissão, mas “abandonar o prazer jamais”, fechou! Foi lembrando dessa entrevista, que comecei a indagá-lo para falarmos do “Belém Incidental”, disco que começou a ser gravado em Santarém-PA há uns quatro anos e foi finalizado em dezembro, em Belém, no Guamundo Home Stúdio, de Renato Torres. 

“Os arranjos foram concebidos pelos dois, mais uma faixa foi produzida em Londrina, por Arthur Alves, que trabalhou comigo no Não Para Magoar”, explica Henry. "O título já diz tudo. Incidental é um evento secundário, episódico, eventual, que tem a ver com a necessidade de se olhar Belém por trás das lentes oficiais e também de mostrar outras faces da música para além dos recortes bem intencionados", diz Henry. "Gostaria que isso fosse dito sem levantar nenhuma bandeira nem retomar aquela velha história que já conheces", comenta o músico.

“... Incidental”,  de acordo com Henry, deixa à mostra o que apenas foi insinuado em seus discos anteriores, como a influência do rock, que nunca foi abraçada completamente.

"Isso se liga, indiretamente, à tradição do rock local, este sim um dos movimentos mais fortes para mim da cena paraense e hoje aparentemente bastante enfraquecido ou esmaecido, não sei”, diz. “Convidei a Sammliz para uma participação em Isso É Viver (parceria com Paulo Vieira), como forma de mostrar sutilmente este elo com o rock paraense", revela.

O álbum é também  a primeira colaboração de Renato Torres, parceiro de sempre, feita integralmente em home studio, revelando um outro traço da produção musical contemporânea. “É um projeto iniciado há quatro anos atrás, quando Henry chamou o Fábio Cavalcante pra produzir esse trabalho, e lançá-lo na oportunidade dos 400 anos da cidade. Nas idas e vindas do processo, Henry acabou me chamando pra finalizar o disco, o que resultou num trabalho heróico feito em cerca de um mês”, revela Renato Torres. 

O músico assina arranjos, gravações, mixagem e masterização do disco, com Henry gravando à distância.

“Arranjei seis das dez canções do disco, além de regravar alguns instrumentos em "Belém de Passagem", arranjada pelo Fábio. O grande desfio foi aproximar a concepção eletrônica do Fábio ao esquema rock de baixo-bateria-guitarra do qual dispomos pras canções que arranjei. Estamos muito felizes com o resultado”, afirma Renato.

O novo álbum conta também com arranjo de cordas do Arthur Alves, gravado em Londrina (PR). “É um disco interestadual, internético, feito em Santarém, São José dos Campos, Londrina e Belém, onde ficam os home studios do Fábio, Henry, Arthur, e o Guamundo Home Studio, onde finalizei o disco como um todo”, finaliza o músico e produtor. 

O pocket na Discosaoleo
Holofote Virtual: O Henry Burnett, que chega agora a mais um CD, segue firme com o mesmo pensamento do menino de 16 anos? 

Henry Burnet: Um dos meus ex-orientadores, prof. Celso Favareto, que escreveu um dos primeiros estudos acadêmicos sobre o tropicalismo publicadso no Brasil, chamado "Tropicália: alegoria alegria" (Ateliê Editorial), depois de assistir um concerto que fiz com o Paulo Vieira no Instituto Cervantes, em São Paulo, me disse a seguinte frase mais ou menos assim: "Não se preocupe, sua música pertence a um momento anterior à invenção do mercado, ela soa mais medieval que moderna, você não tem nenhuma chance no atual cenário". Foi um comentário forte, que recebi com um misto de tristeza e orgulho, mas hoje o compreendo como uma das audições mais profundas que já tive, e o aceito com muita tranquilidade. 

Holofote Virtual: Dito de outra forma, a música continua sendo o prazer e a academia o oficio? Como tu enxergas o encontro das duas no teu próprio trabalho?

Henry Burnett: Tenho um prazer imenso em escrever e meus cursos são momentos de grande independência. Sinto-me privilegiado em ter podido criar uma linha de pesquisa que une sem maiores pretensões a reflexão filosófica com a cultura musical, principalmente a popular. Meus alunos e orientandos já me deram provas suficientes de respeito e dedicação que me permitem seguir adiante nessa quase cruzada pelo aprofundamento da crítica musical de traço filosófico no Brasil. Isso só foi possível porque a Unifesp não tinha uma área de Humanidades específica quando cheguei junto com o 1º grupo de professores. A liberdade e o prazer foram essenciais naquele momento, há exatos 10 anos.

Holofote Virtual: Tua parceria continua firme e forte com Paulo Vieira, se não me engano cinco das 10 musicas de Incidental trazem letras em parceria com ele...

Henry Burnett: Nosso encontro tem a mesma idade do Não Para Magoar, ele estava no lançamento aqui em Belém e foi o Milton Kanashiro que nos apresentou. Foi um encontro feliz, porque sofremos angústias vitais parecidas. Disso resulta uma afinidade que encontrou termo nas canções. Uma adequação muito forte entre a poesia moderna dele e minha música arcaica.

Holofote Virtual: Este é um disco feito inteiramente independente, como foram os demais trabalhos ou tivestes Lei de Incentivo etc, aliás, como enxergas estes mecanismos de incentivo a cultura? 

Henry Burnett: Acredito nos mecanismos, mas não sou capaz de adequar o que faço a algum tipo de identidade musical em voga, algo que me colocasse no páreo para um edital de música autoral. Novamente a frase do Favareto serve para iluminar minha resposta: o mercado musical não precisa de melancolia, de canções profundas, para ele só a festa tola serve de alimento. E eu não vejo lá muita razão pra festa.

Holofote Virtual: Que escolhas foram feitas para o “Belém Incidental”, que traz também parcerias com Edson Coelho e Renato Torres...

Henry Burnett: Quis lançar o disco novo reunindo meus três parceiros mais frequentes, cada um a seu modo faz parte essencial da minha história com a música, que em 2018 completa 30 anos. Edson foi meu primeiro parceiro valendo, eu ainda era um adolescente.

"Por uns tempos", dessa primeira safra, retornou no DVD por sugestão do Paulo e acabou se tornando o título do projeto. O Renato ajudou a definir musicalmente o que faço, e é o responsável pela finalização do Belém Incidental no Guamundo Home Studio, que ele montou e vem lapidando cada vez mais. 

É meu 1º disco gravado totalmente em estúdios caseiros, levando o conceito de independência às últimas consequências. O que assino sozinho são canções de mais de 20 anos, como "Vozes do norte" e a mais recente, que escrevi para minha mãe ano passado, quando ela completou 70 anos, "E nós".

Holofote Virtual: Quando viajas para fora do país, participando de conferências acadêmicas, sempre acabas tocando. Em Portugal foi muito bacana aquele encontro com o “Campo e a Cidade”, tive o privilégio de estar na plateia. Pensas em levar "Incidental" a Europa, tamb?

Henry Burnett: Estive recentemente em Berlim, onde fiquei durante um ano e fiz alguns concertos. A recepção é sempre tocante e respeitosa. Na Alemanha sempre foi assim, nas 4 temporadas que passei lá desde 2001, eles amam a música e a respeitam, e como a música do mundo migra para a cidade, sempre fui recebido muito bem. Os concertos nas igrejas, sempre abertas à música, são inesquecíveis. 


Holofote Virtual: Depois deste CD já há algo engatilhado, algum outro trabalho, em relação à música e também à filosofia, claro.

Henry Burnett:  Inscrevi um projeto de um livro-DVD infantil chamado "Livro de imaginacéu" em uma seleção pública, mais um trabalho conjunto com o Paulo Vieira. Um projeto de execução cara, mas no qual eu aposto muitas fichas. Escrevi também um conjunto de letras para músicas de um compositor brasileiro que conheci em Berlim chamado Guilherme Valverde, este projeto está em produção e devemos lançar em breve, vai se chamar Sangue. 

O Guilherme assina o projeto gráfico do Belém Incidental também, e a capa criada sobre a foto do Luiz Braga [Pescador em Soure], gentilmente cedida para o disco. Tenho um projeto de reunir as minhas canções mais melancólicas, diluídas nos 5 álbuns e montar um show com o Arthur Alves, celista paraense que vive atualmente em Londrina; será um grande momento abraçar a melancolia no mar da euforia neurótica da alegria nacional.

26.1.17

Ana Clara estreia um novo show na Casa do Fauno

Ana Clara  começa seu 2017 com um show, hoje (26), na Casa do Fauno. Desta vez, não será um pocket, formato de apresentação muito utilizado pela artista em 2016. Em quarteto, a cantora terá no palco a companhia de Lucas Padilha (violão e guitarra), Manuel Malvar (baixo) e Ulysses Moreira (bateria), além de trazer em participações, três guitarristas parceiros, Marcelo Damaso, João Lemos e Ed Guerreiro. A apresentação inicia às 22h, na Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa.

O repertório vai reunir faixas do EP Canções de Depois, de 2014, lançado em CD em edição independente e vinil pelo selo Discosaoleo, e do álbum homônimo, lançado no ano passado pelo selo Na Music. 

“Nas participações especiais, Marcelo Damaso vai tocar ‘Zelda’, ‘Polaroid sem cor’ e uma versão de ‘Bird on the wire’ (Leonard Cohen), que eu venho cantando nos shows desde o ano passado. O João Lemos vai fazer ‘Flores e Refrigerantes’, ‘Ele sabe dançar’ (parceria nossa) e outra versão que venho fazendo, de “These boots are made for walking” (de Lee Hazlewood, clássico na voz da Nancy Sinatra). O Ed Guerreiro é meu parceiro em “Souvenir” (música composta com a Sammliz), mas nunca a tocamos juntos. É a primeira vez que o Ed vai participar de um show meu e que vai tocar essa música comigo”, diz Ana Clara.

A cantora paralelamente às apresentações que pretende fazer ao longo do ano, também está buscando e preparando repertório para um novo álbum. Diz que ainda não tem nada específico, mas acredita que desta vez haverá mais composições suas no trabalho.

“Possivelmente tocando algo também”, complementa ela que toca “um pouco” de microkorg nos shows, mas que não chegou a gravar no EP nem no disco. “Das gravações todas, só toco em “Zelda”, single que lancei no ano passado em parceria com o Meio Amargo”, revela.

Ana quer iniciar o novo trabalho “de mansinho”. Ainda não há nem previsão para gravar. “Meu disco ainda é recente, ainda vou trabalhá-lo, e vou começar aos poucos a pesquisa pra definir a linha do que vem por aí”, diz. Entre os possíveis compositores para o novo disco, porém, ela já revela nomes.

“Tem muita gente que admiro, ainda tô pensando, mas desde já sei que gostaria de ter de novo algo do Toni Soares (que já gravei no EP e no primeiro disco) e andei conversando com o Ronaldo Silva, gostaria de gravar algo dele”, continua. 

Projetos e antigas parcerias se fortalecem em 2017

Antes do novo disco, Ana Clara pretende desenvolver um novo projeto com Lucas Padilha. “Temos muita afinidade e várias composições juntos, queremos gravar um álbum em parceria”, revela. 

Outra parceria feliz de Ana Clara, que se afirma cada vez mais ao longo dos anos é com o produtor, jornalista e guitarrista Marcelo Damaso.

“Conheço o Marcelo há muito tempo e antes mesmo do nosso relacionamento, já conversávamos bastante sobre música, temos muitos gostos em comum”, diz a cantora. Marcelo participa da banda, gravou o EP e o disco e em ambos há composições com letras dele (“O adeus veio depois” e “Céu em dois”, as duas com música do Marcel Barreto, que também participou das gravações). 

“Mas ele não assinou a produção musical desses trabalhos. Eu fiz a direção geral nos dois e a produção musical no EP ficou com a parceria do Ulysses Moreira (responsável pelas gravações e que é também o baterista que me acompanha) e no disco com o gaúcho Iuri Freiberger”, ressalta.

Marcelo Damaso, porém, está sempre presente, trazendo sempre muitas contribuições. 

“Conversamos muito sobre o assunto, tocamos juntos em casa, trocamos ideias, já compusemos juntos. Ele deve estar presente como parceiro no próximo trabalho, mas devo repetir o formato de assinar a direção geral”, revela. 

“Este ano, a banda vai passar por mudanças, com a ausência de pessoas que vinham trabalhando comigo. Ainda estou refletindo sobre os novos direcionamentos, ainda não defini o formato pra esse momento que vai chegar”, continua.

Trabalho na rádio traz referências e novos horizontes

Junto a tudo isso, Ana Clara também é radialista e leva, na Rádio Cultura, um dos programas mais bacanas, na minha opinião, o Caleidoscópio. “Eu amo trabalhar na Cultura”, diz logo. A também jornalista entrou na emissora pouco depois de se formar, em 2006, depois de fazer um teste, e ficou por lá dois anos até que saiu para fazer outras coisas, entre elas, morar fora um tempo, na Europa. Retornou a Belém, e voltou à rádio em 2012.

“Além de adorar a linguagem do rádio, é uma forma de me manter atualizada sobre a música produzida no Brasil e aqui no Pará. Eu acho que isso se mistura na minha formação. Cresci em casa ouvindo música paraense e brasileira, música erudita, jazz – e muitas vezes ouvindo Rádio Cultura. Na adolescência, comecei a me interessar também pelo pop e o rock”, comenta.

“Acredito que todas essas referências se misturam na minha atuação profissional. E a rádio me enriquece com novas descobertas e me coloca em contato com conteúdos que talvez eu não conhecesse por conta própria, fico a par de coisas que vão além do universo daquilo que gosto, do que ouço em casa. Acho importante”, afirma.

No Caleidoscópio, Ana também fala de outras linguagens que não só a música. Este é outro ponto alto para ela que tem oportunidade de trocar ideias e também se informar sobre outras artes. “Estar em contato com outras linguagens que me interessam e que também fizeram parte da minha formação é um privilégio. Trabalhar pesquisando, divulgando e desbravando expressões de arte e cultura”, finaliza.

Serviço
Show de Ana Clara - nesta quinta-feira, 26, a partir das 22h. Valor: R$ 10,00 - incluso na conta. Casa do Fauno - Na R. Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa - Belém-PA. Outras informações: 91 3088.5858.

24.1.17

Temporada Minni Paulo com três noites de jazz

Minni Paulo
O contrabaixista vai tocar músicas do primeiro e do último disco, "Floresta das Chuvas" e "Voar", respectivamente, além de músicas novas. No palco, ele tem músicos como o pianista Robenare Marques, o saxofonista Elias Coutinho e o baterista Tiago Belém, formando o Quarteto Equilibrium. É assim que o improviso e a alma do jazz vão tomar a Casa do Fauno nesta sexta-feira, 27 de janeiro, e ainda nas sextas de 10 e 24 de fevereiro. Os shows iniciam sempre às 22h. A entrada é R$ 10, 00. Na Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa. Reservas de mesa pelo fone 98705.0609.

A temporada de Minni Paulo, no iniciozinho de janeiro miou, quer dizer, molhou. A forte chuva que caiu sem parar na sexta-feira, 13, em Belém do Pará, impediu a estreia. O palco da casa fica no charmoso quintal, até então sem cobertura. Mas agora vai. No repertório, além das músicas do primeiro e do mais recente trabalho, o contrabaixista já disse que vai mostrar coisas totalmente inéditas. Duas músicas, que foram feitas esta semana, por exemplo. De não novas, só uma ganhou nome, ao menos até este momento em que escrevo esta matéria. Pergunto então como a chamou. “Antilhesa”, disse o músico. 

Lançado em 1998/1999, “Floresta das Chuvas” teve 10 mil cópias vendidas e deve ganhar mais uma edição em 2017. "Vou relançá-lo junto com o Voar, o novo trabalho", promete Minni Paulo.  O primeiro disco da carreira é festivo. A primeira faixa certamente a mais tocada, “Festa do Curiarú” é o maior exemplo disso, intensa e esfuziante, dá vontade de sair pulando. Segue assim com “Dança Nativa”, “Caboca Cheirosa”, “Saudades do Amazonas”, para ganhar um ar de calmaria em “Aranaí”, e ir fechando com “Madrugada”, “Yanomami” e “Refelado Coração”.

Quarteto Quilibrium
Do Voar, disco ainda não lançado, mas cujas composições, Minni apresentando ao público nas diversas apresentações que vem realizando em espaços de teatro e bares da cidade. As inéditas “Voar”, que dá nome ao disco, e “Wapary”, estão dentro, mas Minni também avisa que desta vez vai incluir outras também do disco. 

Trazendo experiências múltiplas na carreira, com fases trabalhando na Europa, Minni é referência da música instrumental feita no norte do país.  

O músico integra a geração que virou os anos 1970 para 1980 ao som da música instrumental, em Belém. Nesse período integrou o grupo O Sol do Meio Dia, ao lado de vários outros instrumentistas, entre eles os violonistas Rafael Lima e Albery Albuquerque, e o percussionista Zé Macedo. Os quatro, aliás, subiram juntos ao palco em 2016, tocando canções do Sol do meio Dia. Isso foi em junho, no “Música Plural”, do Albery Project, show que aliás chegará ao quintal da Casa do Fauno, no dia 30 de março. Também será uma grande apresentação.

De volta ao quintal da Casa do Fauno
Em Belém, além de ser pioneiro no gênero, Minni Paulo também fomenta o circuito realizando, desde 2003, o Baiacool Jazz Festival, que além de ações formativas na área da música, já trouxe para apresentações em Belém e em Salinas, atrações como o saxofonista Leo Galdeman, o violonista Toninho Horta, o baterista François Morin, o  multi Hermeto Pascoal, o trompetista Marcio Montarroyos e o pianista Jeff Gardner, entre outros. Além de reunir os músicos conterrâneos, claro. 

Em 2017, o Baiacool está previsto para maio, em Belém. Minni, que também é produtor, diz que ainda está fazendo captação de recursos, que faz por meio de leis de incentivo. O evento continua sendo referência no mapa da música instrumental no país, e na região norte, um dos poucos festivais de jazz existentes. Esperemos que este ano não nos falte!

FliPa abre inscrições ao Fox-Empíreo de Literatura

A oportunidade é muito bacana para quem está com um romance engavetado e não sabe o que fazer para lançar, o Prêmio Fox-Empíreo de Literatura, em sua 3a edição, recebe este ano, trabalhos na categoria Romance. As inscrições vão até o dia 6 de março e podem se feitas, on line, pelo site da Flipa - Feira Literária do Pará (http://flipara.com.br/feira/), onde você também encontra o regulamento para se inscrever e concorrer ao prêmio.

O Prêmio Fox-Empíreo de Literatura é concedido ao escritor paraense ou que exerça essa atividade no Pará, que nunca tenha tido seus trabalhos editados e publicados em qualquer suporte, plataforma, mídia ou meio. Vael lembrar que para se encaixar no gênero narrativo, a obra precisa apresentar uma história completa, com temporalidade, ambientação e personagens claramente definidos. O vencedor vai poder lançá-la durante a FliPA 2017, na segunda quinzena de outubro deste ano.

A FliPA é um evento literário que busca acima de tudo o congraçamento entre os autores da terra e uma maior exposição junto ao público de seus trabalhos.  Aproveitando esse encontro a FOX, em parceria com a Editora Empíreo e o Grupo de Escritores do Pará (PAGÉS), uniu esforços na realização do evento, e em ações que dele surgiram, uma delas é a reedição de obras relevantes e indisponíveis nas livrarias por estarem esgotadas (Prêmio Nobre). E, no outro extremo, possibilitar o surgimento de jovens autores com um novo olhar literário (Prêmio FOX-EMPÍREO DE LITERATURA).

A feira é realizada sempre no terceiro final de semana do mês de outubro, logo após o Círio de Nazaré, pegando a cidade ainda agitada pelas programações que tomam conta da cidade neste período. 

Desde 2014, a FliPA vem fortalecendo a parceria com a editora Empíreo e Livraria da Fox. O objetivo é dar visibilidade do autor e à produção literária paraense. Lançando os Prêmios Nobre e Fox/Empíreo de Literatura, respectivamente, para quem já está na estrada e para quem está iniciando, a iniciativa tende a divulgar o autor paraense e suas obras, apresentando, a feira recebe autores de todo o Pará, popularizando o escritor-produtor, estimulando assim a criação de mercado do livro do autor local. 

Noite pop instrumental e de sotaque amazônico

As festas da Lambateria tem sido o lado mais quentes das noites de quintas-feiras, em Belém do Pará. Lotando em suas edições, tem até fã de carteirinha, acredite. Nesta semana (26) vai misturar o pop eletrônico, com guitarrada, lambada e o carimbó raiz do grupo Os Safos da Capital, que abre a programação às 21h30, no Fiteiro.

Circulando pelo Brasil com seu som instrumental, pop e dançante, a banda Strobo sobe ao palco logo depois da roda de carimbó. 


Leo Chermont na guitarra e Arthur Kunz na bateria, e programações eletrônicas, vão movimentar a pista de dança com um repertório que incluirá músicas do novo disco Strobo4, gravado no Red Bull Studio e que teve participação de Marina Lima na faixa Vingativa

Depois da meia noite, Félix Robatto assume o comando da festa, depois de uma semana fora para cumprir agenda, e apresenta seu repertório que mistura Lambada, Guitarrada, Merengue, Cumbia, Carimbó e Brega. Dando o clima da Lambateria, durante os intervalos e após os shows, Zek Picoteiro mantém a pista quente com uma discotecagem que apresenta de grandes clássicos a novidades da música latino-amazônica.

Nos telões, a exposição "Fora do Tempo", da fotógrafa Aline Müller, que mistura imagens feitas em Belém, no Rio de Janeiro e em Nova Iorque. Fora do Tempo é resultado de uma exposição de final de curso no International Center of Photography (NY) em que instiga as pessoas a adivinharem em qual dos três lugares elas foram tiradas. Radicada em Nova Iorque há dois anos, o trabalho da artista brinca com a atemporalidade das imagens que captura. A exposição fica nos telões da festa durante todo este mês de janeiro.

PROGRAMAÇÃO 
Lambateria#33 com Strobo

  • 20h - Abertura da casa
  • 21h30 – Grupo Os Safos da Capital + Bruno B.O.
  • 23h – Strobo
  • 01h – Félix Robatto
  • 03h - DJ Zek Picoteiro

Ingressos:

  • Promocionais a R$ 15,00 (até quarta, 25/01)
  • R$ 20,00 (até 23h do dia  26)
  • R$ 25,00 (a partir das 23h, do dia 26). 
  • Vendas antecipadas no Sympla (http://bit.ly/2jjF4oK). 

Serviço
A Lambateria#33 com Strobo, Félix Robatto e seu Conjunto, grupo de Carimbó Os Safos da Capital, Exposição Fora do Tempo, da fotógrafa Aline Müller. DJ Zek Picoteiro. Nesta quinta, 26, a partir das 20h no Fiteiro (Av. Visconde de Souza Franco, 555). Shows a partir das 21h30. Informações: (91) 98026-1595 / fb.com/lambateria.

19.1.17

Dona Onete registra show arrebatador para o DVD

Dona Onete ontem soltou a voz no Teatro Margarida Schivasappa, para a gravação do primeiro DVD de sua carreira, já consagrada pelo público e pela crítica. Como já é de costume, ela encantou o público, arrebatou gritos, aplausos, fez o povo levantar e dançar nas duas passarelas entre as filas de poltronas vermelhas. 

Aos 77 anos, nossa encantadora de botos, como foi chamada em um documentário produzido pelo projeto Visceral Brasil, está cantando ainda melhor que antes e estava visivelmente feliz, muito feliz.

O repertório fez um passeio por sua carreira, hoje, internacional. Dona do pedaço, ela é cortejada aonde chega com sua simpatia extrema e presença de espírito, e isso inclui países da Europa e os Estados Unidos. A “rainha do carimbó chamegado” vem realizando sonhos. Ontem, ao cantar "Banzeiro", e trazer à tona o banguê, “que serve pro carnaval e pro mês de junho”, ela também realizou um desejo. 

“Fico muito feliz em poder apresentar este ritmo aos jovens”, disse ela, que é amada por gente de todas as idades. A professora Ionete da Silva Gama, que foi Secretária de Cultura do Município de Igarapé-Miri, onde nasceu e se aposentou como professora de história e estudos amazônicos, domina muito bem o português e brinca como quer com a linguagem cabocla. Tem mais de 200 composições que ainda rendem muitos discos. As letras trazem temáticas variadas, mas em essência ressalta o protagonismo feminino, que está em tudo que ela faz. Mais atual e bem vindo, impossível.

Movimento LGBT, rock'n roll e terceira idade

Do romance de “Proposta indecente”, ela também entoa um “Ora vejam só, meu coração virou um grande brechó”, trabalha signos do imaginário amazônico, como em “No meio do Pitiú” e “Banzeiro”, que dá nome ao novo disco. 

E vai mais longe, surpreendendo sempre, a Dona Onete. Diz que é merengueira, e que curtia sua época ouvindo e dançando Elvis Plesley. Depois aborda, do seu jeito, o movimento  LGBT, na canção “Na linha do arco-íris”, que fez para um querido amigo que já morreu. Pede respeito às diferenças.

Ela também chama atenção da turma da terceira idade, e incentiva à vida, por experiência própria. “Que bom ver tanta gente da terceira idade aqui, vocês precisam sair de casa, acreditem, vocês podem!”, bradou. E quanto mais era aplaudida, mais sorria e dizia com aquele traquejo de riso na fala. “Ai minha gente, a casa recebe, a casa recebe”. Linda. Não faltou, claro, o grande sucesso “Jamburana”, pra todo mundo tremer, entre outros sucessos e músicas ainda inéditas.

Jeito maroto, risada boa de ouvir, Dona Onete é pura simplicidade. Alguém na plateia pediu uma música. “Essa não está no repertório”, respondeu, mostrando disciplina ao que foi combinado com a produção. Ao final, generosamente disse “agora acabou gente, o que vocês querem ouvir”, mas a cortina foi fechada, sem que ela realizasse o desejo dos que aguardavam por isso. 

Após muitos ‘viva Dona Onete’ e ‘volta Dona Onete’, antes mesmo da cortina reabrir se ouviu a voz dela lá de trás, “vamos voltar”. Delírio do público e a produção, na verdade, aproveitou para gravar mais uma vez algumas das músicas do repertório. Nada de bagunçar o coreto. “Eu pensei, gente, que era fácil gravar um DVD, mas não é”, brincou. E mais uma vez, foi aplaudida de pé.

Todos saíram satisfeitos do grande espetáculo que teve Dona Onete, sempre ela em destaque, acompanhada por músicos experientes que a acompanham, como Pio Lobato (guitarra) e Vovô (bateria), que ao lado de Breno Oliveira (baixo), também já acompanharam outros mestres (Mestres da Guitarrada), e músicos mais novos, mas também com experiência e que estão a altura do talento de Dona Onete, como o backing vocal, Kleiton Silva e o extraordinário set de percussão, formado com João Paulo Cavalcante, Douglas Dias e Rafael Barros. Dan Bordalo fez participação nos teclados.

Sedutora, faceira e cheia de charme 

Foco especial nos saxofonistas que, enquanto tocavam, dançaram e pulavam ao lado da Diva, que reinava absoluta numa poltrona, ao centro. Rainha. Tudo planejado. Alegria no palco, alegria de viver era o recado. 

Daniel Serrão e Felipe Ricardo representaram ali, “os lindos morenos do meu Pará”, cantados por Dona Onete que, mesmo com a dificuldade que tem de andar, se levantou em várias vezes e dançou para seu público. Essa mulher é um fenômeno amazônico. 

O registro de um repertório tão poderoso como o dela, proporcionou momentos de extrema emoção. Algumas músicas foram executadas mais de uma vez para melhor captação no DVD, o que estendeu a gravação para um pouquinho mais de duas horas, mas quem disse que alguém reclamou? A gente saiu querendo muito mais.  

Algumas pessoas, porém, perderam o momento histórico. Chuva e trânsito em Belém do Pará quando se combinam, atrasam mesmo aqueles os que não costumam perder a pontualidade. Por outro lado, a confusão de um público extra em ocasiões como essas é comum, afinal todos queriam prestigiar Dona Onete. 

O Teatro Margarida Schivasappa possui menos de 500 lugares. E a primeira fileira foi bloqueada para que as câmeras que estavam gravando o DVD fossem operadas. 

Em 2012, quando fiz o DVD de Mestre Vieira em homenagem aos 50 anos de guitarrada, no Theatro da Paz, e  Dona Onete, aliás, estava lá, não foi diferente, um pouco pior, com certeza. Dois dias de show e muita gente não conseguiu entrar, porque os lugares, cerca de 800, esgotaram mesmo. Amenizamos a situação instalando no segundo dia um telão na frente do teatro, apaziguando os ânimos dos inconformados com toda razão. 

Nossos mestres da cultura popular, claro que merecem mais do que isso. E há tantos ainda para serem gravados e reconhecidos. Vale ressaltar que um registro, assim, mais que necessário é um gesto de contribuição e soma para a memória da cultura brasileira, a ser disponibilizado a várias outras gerações.

A previsão de lançamento do DVD de Dona Onete é para junho deste ano, com exibições em São Paulo e Belém. 

A produção musical ficou sob a responsabilidade de João Paulo Cavalcante e Daniel Serrão, a direção artística, de Rodrigo Viellas, sob coordenação de produção de Viviane Chaves, da Amplicriativa. 

Além do DVD do espetáculo, um documentário também está sendo realizado, focando na vida de Dona Onete, e que mostrará sua trajetória, que inicia muito antes dos anos 2000, quando ela então com seus 60 e tantos anos foi descoberta pelo Coletivo Rádio Cipó, no bairro da Pedreira em Belém. 

Em 2001, gravou a marcante “Paixão Cabocla”, com o grupo, torando a música, protagonista de sua vida. Dona Onete gravou o primeiro CD “Feitiço Caboclo” (2012), aos 72 anos, e agora, aos 77, “Banzeiro” (2016), álbum que concretamente lhe trouxe o reconhecimento devido. Deve vir muito mais por aí. Evoé!

Cantoria - Allan Carvalho convida Lúcio Mouzinho

Allan Carvalho está de volta ao palco da Casa do Fauno. E desta vez tem como parceiro convidado, o cantor e compositor Lúcio Mouzinho. Acompanhados pelo percussionista Heraldo Santos, o repertório de ambos e em conexões com outros compositores paraenses será apresentado, nesta noite de quinta-feira, 19 de janeiro, a partir das 22h. Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin Constant e Rui Barbosa, no bairro do Reduto – Belém – Pará.

Não é a primeira vez que os dois se apresentam juntos, a parceria vem de longas datas e muitas tocadas na noite de Belém.  

“Há uns cinco anos, ele estava se apresentando e na falta do seu violonista, eu na brincadeira entrei na roda. Cantamos músicas que nem estão gravadas e nos demos conta de tal afinidade. Desde então circulamos em vários projetos. E agora na Casa do Fauno, que abre espaço para essa musical autoral, queremos provocar o público a vir ouvir esse trabalho cancioneiro que agarramos com unhas e dentes. Tomara que dê caldo”, diz Allan Carvalho.

O resultado de suas afinidades e parcerias estará neste show que eles irão apresentar ao público. “Viemos de um mesmo território cultural, o bairro do Guamá. Lúcio é de uma geração anterior, dos anos 1980 e 1990, um dos principais cantores interpretes da época, e traz consigo toda essa fortaleza musical”, diz o músico.

Allan Carvalho é músico, compositor, intérprete. Iniciou sua carreira musical tocando em grupos para-folclóricos em Belém. Tem trabalho de composição em parceria com vários artistas da terra. Lançou no ano passado o disco “Oura”, cujo show já foi apresentado, em setembro, na Casa do Fauno. Em novembro ele esteve de volta ao espaço, ao lado de Ronaldo Silva, apresentando “Mambo do Mocambo” e, em dezembro, quando Lúcio Mouzinho, que estava na plateia, deu uma canja.  

Prêmios em festivais e participações em gravações

O músico Lúcio Mouzinho iniciou a carreira em 1983, com a participação no Festival de Música da Escola Salesiana do Trabalho, no qual levou o 1° lugar com a canção "Canta" de autoria do compositor Paulo Berredo. A partir daí, o músico trilhou diversos trabalhos musicais, participando de mostras de música pela capital do Pará e pelo interior do estado. 

Em 1987 participou da Banda "Via Norte", que ajudou a fundar juntamente com o compositor Ronaldo Silva, trabalho este marcado pelo cunho autoral e pela força dos ritmos da região. À convite do produtor musical Beto Fares, no final dos anos 80, gravou a canção "Iná", de Adilson Alcântara e de Ronaldo Silva, que viria a se transformar num dos maiores sucessos da FM, canção que depois seria gravada por outros intérpretes de Belém. 

Lúcio até hoje participa de festivais de música, tanto no âmbito regional, como no nacional, obtendo premiações como melhor intérprete. Em 2007 foi um dos intérpretes da Escola de Samba Bole-Bole cantando na avenida o samba “Mestre Lucindo, Uma Estrela no Céu de Marapanim”. Com grande destaque, participou também da banda "Arraial do Labioso", vindo a se desligar do mesmo em janeiro de 2009. 

O cantor tem participação em gravações de LP e CDs: LP “Música Popular Paraense-Coleção ENGEPLAN Volume I”, com a Canção “Fogueiral” (Ronaldo Silva), dividindo os vocais com o autor, CD’s “Festa de Ritmos” e “Dançando no Terreiro de Lucindo” (Arraial do Labioso), “Via Norte” (Ronaldo Silva), “Tocar” (percussionista Mapyu), “Calmaria” (Mario Mouzinho), “Canto Vital-25 Anos de Carreira” (Vital Lima), “Etnomúsica” (Pedrinho Callado), “Hum-Hum” (Pedrinho Callado).

Serviço
Allan Carvalho e Lúcio Mouzinho. Nesta quinta-feira, 19 de janeiro, a partir das 22h, na Casa do Fauno. Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin Constant e Rui Barbosa – Reduto – Belém – Pará. Mais informações: 91 3088.5858 e 91 98134.7719.

16.1.17

Projeto Camapu prepara "O Conto das Duas Ilhas"

Fotos: Alexandre Yuri
A estreia é dia 3 de fevereiro, 18h, no Teatro Roc Roc, o espaço dedicado aos espetáculos e atividades do Projeto Camapu. A proposta é que a comunidade acompanhe o desenvolvimento da peça até a apresentação, com visitas monitoradas ao atelier, ao estúdio e durante os ensaios de marionetes e construção das cenas do espetáculo. 

Baseado no texto homônimo de San Rodrigues, “O Conto das Duas Ilhas” une a técnica de manipulação de marionetes com a animação em stop motion. No palco, a vida em movimento e em transformação. A busca permanente por sonhos e conquistas. E como esse caminhar no mundo afeta nossas escolhas, nossas atitudes e crenças mais íntimas. A relação entre os personagens procura despertar no público o sentimento de perseverança, persistência, compaixão e solidariedade.

Os fios que tecem as histórias de Horácio e Marília contam a narrativa de afetos que floresceu no Jardim Sideral: o Camapu. A fruta germina até mesmo nos ambientes mais hostis e empresta o nome ao Projeto localizado no bairro do Coqueiro. Ela exige paciência, dedicação e carinho, exatamente como nascem as marionetes no atelier do Projeto Camapu, premiado no Edital Funarte de Teatro Myriam Muniz 2015 para a montagem da peça “O Conto das Duas Ilhas”. 

Na obra, as marionetes Horácio e Marília vivem os heróis de uma trama de busca e esperança. O trabalho pode ser acompanhado todos os sábados de janeiro durante a abertura do atelier para a comunidade, que é convidada a participar da construção do espetáculo, previsto para estrear em 3 de fevereiro.

Duplas, trios e gente solitária, ligam, agendam, chegam perto para compartilhar e aprender essa arte de criar uma teia de afetos. É que cada fio conectado à marionete, carrega toda uma vida de sentimentos. É a relação estabelecida entre criador e criatura. 

O jeito de caminhar, a forma de se apresentar, a lapidação de uma identidade, a medida exata de cada movimento da marionete leva tempo, definido pelo empenho e pela história construída ali. “Só estando muito próximo, é preciso ficar íntimo do boneco e isso acaba sendo transmitido na manipulação”, avalia a marionetista e cenógrafa Nina Brito, uma das idealizadores do Camapu, ao lado de San Rodrigues.

Essa afetuosidade é a marca do trabalho de San e Nina, que desde 2013 espalham a semente de sua arte por onde passam. No palco e nos bastidores dos espetáculos. A experiência do atelier aberto é essa oportunidade de partilha, de troca para disseminar uma arte rara, milenar. 

San e Nina mostram o que aprenderam, conversam, contam a narrativa de aprendizados nos livros, nos ensaios, nos cursos, nas horas exaustivas e diárias de trabalho, dedicados a perseguir o resultado, apresentando muitas e muitas vezes os espetáculos “Borbô” e “O Jardim de Alice”, que antecedem o “O Conto das Duas Ilhas” no repertório do grupo e funcionam como um laboratório sempre vivo. “Nossa pesquisa é intensa, todo dia, o tempo todo”, lembra o artista plástico e marionetista San Rodrigues.

Nina e San não ensinam nada. Porque não há papéis para professores e alunos ali. Há apenas aprendizados conjuntos, experiências que deram certo. “A marionete te convence quando ganhou vida (o ânima), quando você olha para o boneco e ele te convence que tem uma vida própria. A gente não aprendeu isso do nada. Tem muita intuição, muita vontade, não é um bicho de sete cabeças”, diz San. 

A mesma intuição que vai conduzindo cada detalhe desse afeto. “Não estabelecemos gênero para a marionete, por exemplo. Como é uma relação afetuosa, está na mais na percepção do público dessa nossa relação. O público estabelece isso na cena. Ele se vê ali, porque fazemos com verdade. Nosso sentimento não é interpretado. Ele está ali, presente. Talvez seja por isso que emocione tanto”, acredita o artista.

Não há segredos nem técnicas avançadas na arte semeada pela dupla. No começo do trabalho, há três anos, começaram comprando equipamentos, montaram uma marcenaria na sede do Projeto para conceberem os bonecos. 

Logo perceberam que o caminho deveria ser outro, com técnicas de confecção e manipulação mais simples, possíveis de serem feitas em qualquer lugar, sem muitos recursos. É o tipo de aprendizado propagado nas visitas ao atelier e que o palhaço e bonequeiro Shita Yamashita colheu nas passagens pelo espaço no ano passado. Agora, ele tenta reproduzir em casa, ao lado da mulher, em Vitória (ES).

“Depois da madeira pré-organizada e limpa, vem a parte mais fascinante, colocar na madeira o projeto desenhado e estudado no papel. Uma vez montado esse boneco, você começa a tomar um amor por ele, que parece que nunca lixou o bastante, sempre tem algo mais para arredondar, deixar vivo, dar a forma mais perfeita possível. O  marionetismo é um teatro diferente, pra ser feito com calma, pensando na vida, pensando na transformação da madeira e na transformação do ser humano. É um teatro que só funciona se for um teatro feito com muito amor”, afirma Shita.

Serviço
Para conhecer e acompanhar as atividades do espetáculo, basta agendar uma visita pelo e-mail camapu.arte@gmail.com ou pelo telefone 98114-7149. O atelier funciona no conjunto Jardim Sideral, no bairro do Coqueiro em Belém. O espaço fica aberto à visitação todos os sábados até 18 de fevereiro, das 10h às 17h.

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa)