27.2.13

Cia faz releitura do brega na dança contemporânea

Inspirado em uma tese de doutorado, “Festa na Cidade” ganha a segunda temporada de apresentações, nos dias 02 e 03 de março, às 21h, no bar CamarIN Cultural, onde estreou em 2012. Criado pela Cia. Experimental de Dança Waldete Brito, o espetáculo terá participação da cantora Iva Rothe. 
“Não basta apenas fazer dança contemporânea, é preciso buscar outros modos de colocar o corpo na cena, é preciso ser ousado, desprendido de paradigmas estético-criativos”, justifica Waldete Brito, diretora artística do espetáculo.

“Não basta apenas fazer dança contemporânea, é preciso buscar outros modos de colocar o corpo na cena, é preciso ser ousado, desprendido de paradigmas estético-criativos”, justifica Waldete Brito, diretora artística do espetáculo. 

Para compor a nova produção, iniciada em 2011, a companhia realizou uma palestra com o professor Maurício Costa, autor da tese “Festa na Cidade: o circuito bregueiro em Belém do Pará”, fez pesquisa de campo e entrevistas em bares e festas dos mais variados estilos de brega. Também foram realizadas aulas de dança de salão, ministradas por Lana Santos. O resultado é uma apresentação divertida, com 11 cenas bem fundamentadas em uma das principais expressões da cultura paraense, levando ao palco a nostalgia dos bregas da década de 1960 até os mais atuais. 

Assim como na primeira temporada, a cantora paraense Iva Rothe participa mais uma vez do espetáculo “Festa na Cidade” interpretando duas canções: “Ao por do Sol”, de Teddy Max e “Três beijos”, composta por Iva por conta de seu novo projeto “Dançará”, ainda em fase de produção e que será composto por um documentário e uma trilogia de discos contemplando os gêneros musicais que foram influenciados pelo Caribe: carimbó, lambada e o brega.

“É uma oportunidade que eu tenho de trazer para a dança o meu novo projeto. Eu tive que me despir das defesas de outra manifestação artística que é a música”, confessa a cantora. Ela ainda faz uma análise sobre o sucesso do espetáculo. 

“Há uma identificação muito grande do público com o tema, ele reconhece todas as referências musicais e gestuais presentes no palco. Além disso, a Waldete consegue trabalhar com comprometimento, seriedade e respeito à cultura paraense, mesmo tendo como base a atmosfera da comédia”, completa.

Após a estreia, “Festa na Cidade”, ganhou mais forma e maturidade. “Na primeira temporada a gente não sabia o que iria rolar, como seria a relação com o público e como ele reagiria. Agora, sabemos em qual parte o público mais se diverte e interage com a gente”, revela o intérprete criador da companhia Leonardo Gutemberg, de 24 anos. Embalado pelas músicas da nave do som Dancelândia: da saudade ao treme, o espetáculo faz um percurso não linear pelos ritmos do brega e do tecnobrega.

“O brega já não é mais simplesmente uma dança, uma música. É um conjunto de ações e significados que revelam parte da cultura paraense”, analisa Anna Raquel Castro, intérprete-criadora da Cia. e assistente de pesquisa do espetáculo. 

Companhia quer circular - Contemplada com o certificado da Lei de Incentivo à Cultura Tó Texeira, a Cia está em busca de patrocínio para mostrar o espetáculo em outros espaços de Belém, também quer chegar em Castanhal, Bragança e Tucuruí e já recebeu convite para uma única apresentação no Sesc-Araraquara, em São Paulo, no próximo mês de junho.

Para estar na cena, “Festa na Cidade” obteve apoio das lojas Kukuka, Parla Página e Sol Informática e da Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur). Além disso, foram realizados três pechinchas com produtos usados e semi-novos, promovidas em 2012. 

Em maio, a companhia, que está completando 15 anos de atividades cênicas, irá participar do III Encontro Contemporâneo de Dança e ainda prepara, para o segundo semestre, nova temporada dos espetáculos “De dentro” e “Corações suburbanos”.

Serviço 
2ª temporada do espetáculo “Fetsa na Cidade”, da Cia. Experimental de Dança Waldete Brito. Dias 02 e 03 de março, às 21h, no bar CamarIN Cultural (Av. Senador Lemos, 252, próximo à Wandenkolk). Ingressos a R$ 20,00 com meia-entrada para estudantes. Mais informações: 3246-4698 ou www.ciaexperimentaldedancawb.blogspot.com.br.

25.2.13

Música paraense ganha documentário no canal BIS

Equipe acompanhou roda de Carimbó no Coisas de Negro
O Canal BIS (ex-Multishow HD) vai exibir nesta segunda-feira, 25, às 19h30, com reprise no sábado, dia 02 de março, o documentário “Ritmos do Pará”. As filmagens foram realizadas no final de 2012, em Belém, Icoaraci e Barcarena.

A equipe da produtora carioca KNVideo formada pela jornalista Esther Meireles (roteiro/produção), e os câmeras Kilmer Menezes e Magoo Neves passou mais de dez dias por aqui, captarando imagens da cidade e realizando entrevistas com objetivo de buscar a essência sonora que constrói a música paraense e a faz reverberar país afora.

O canal Multishow HD já tinha gravado um programa com Gaby Amarantos e Lia Sophia, mas depois que o canal BIS entrou no ar, voltado inteiramente para a música, com documentários e séries, logo veio a ideia de se fazer um programa sobre o Tecnobrega. Esta era a ideia original, mas quando a equipe da KN Video começou a pesquisar, percebeu de imediato que o Pará tem sonoridades diversas, nas quais, inclusive, o tecnobrega se inspira. 

Esther conta que descobriu o carimbó, a guitarrada, o brega pop e tantos outros ritmos. “Foi aí que resolvemos fazer uma salada, dar um panorama mais geral sobe a música paraense”, disse ela ao Holofote Virtual, que acompanhou a maioria das entrevistas feitas para o documentário intitulado “Ritmos do Pará”.

Desde os primeiros contatos com Belém, a equipe percebeu que seria tudo meio corrido pra tanta coisa a ser feita. Mas a equipe deu sorte. O primeiro dia de externa coincidiu com um show do Caboclo Muderno que naquela noite recebeu Paulinho Mosca, Pepeu Gomes e Pedro Luis. Eles, que também deram entrevista para o documentário, revelaram já vir algum tempo bebendo na fonte da música paraense. Marco André, que comanda o bloco, também falou para sobre sua trajetória e o atual projeto que vem desenvolvendo. 

Em Barcarena, com Mestre Vieira e Os Dinâmicos
Também deram entrevistas Mestre Vieira e Os Dinâmicos, Lia Sophia e Pinduca, Dona Onete e Aíla, Pio Lobato, Ana Clara Matos (banda Massa Grossa), Toni Brasil, Gang do Eletro, Felipe Cordeiro, Félix Robbato, Nego Ray (Mundé Cultural), Mestre Coutinho (carimbó/Icoaraci), Boi Pavulagem e Trio Manari, além dos DJs que fazem as festas das maiores aparelhagens que existem hoje em Belém. 

O documentário busca ampliar a visibilidade que a música paraense tem alcançado junto ao cenário nacional, uma imagem que ainda atrelada ao tecnobrega, deixa os demais ritmos, segundo Esther, ainda restritos a um público formado por jornalistas, produtores e pessoas ligadas à área da música. 

Ela conta que, pelo menos no Rio de Janeiro, onde vive, as pessoas, em geral, conhecem Gabi Amarantos, Lia Sophia e Felipe Cordeiro, além de Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem grande repercussão no universo dos DJs e da música eletrônica, mas o grande público, pouco conhece ainda, os ritmos que influenciam as trajetórias desses artistas. 

O “Ritmos do Pará” pretende trazer isso á tona, esmiuçar um pouco mais esta história. Na entrevista que segue, Esther Meireles fala das surpresas e impressões que ficaram pra ela, após a realização deste documentário. 

Esther entrevista Cleber Paturi (Trio Manari)
Holofote Virtual: O que mais te chamou atenção em relação aos ritmos que foram apresentados pelos artistas entrevistados? 

Esther Meireles: Na verdade pra mim é tudo muito novo, pois eu fui conhecendo a música daqui na media em que fui trabalhando no documentário. Eu não tinha nenhum conhecimento prévio, ouvia uma coisa e outra, mas não sabia de onde vinha, tinha interesse mas não me aprofundava nesse conhecimento, o que veio acontecer a partir do início deste trabalho. 

Holofote Virtual: E o que você achou?

Esther Meireles: Cheguei aqui e fiquei completamente maravilhada, emocionada, com uma série de artistas, tanto os mais antigos, os grandes mestres do carimbó, quanto os mais novos. Eu vejo que eles estão muito bem estruturados e possuem algo sólido a sua volta. Estes artistas sabem onde querem chegar, estão bem organizados neste sentido. A música paraense, até como algumas pessoas que foram entrevistadas falaram, não é uma moda. Desta vez eu acho que não é mesmo uma moda. É realmente algo que está começando a ser reconhecido como música brasileira. 

Holofote Virtual: Estamos falando de uma música que já influencia artistas de outros lugares, além do Pará... 

Esther Meireles: Sim. Vimos isso no show do Caboclo, que teve a participação do Pedro Luis, do Pepeu Gomes e do Paulinho Mosca, pessoas que não são daqui e que já tem influências da musicalidade paraense no trabalho deles. Aliás, eu mesma já identifico em outros artistas de outras regiões do país, uma certa musicalidade daqui. O Brasil é muito rido de ritmos, fica cada vez mais difícil você determinar o que é de cada lugar, o que pertence a que região. Influência diversas e muita mistura, é o que a gente recebe. 

Não faltou a dança tremida na cabeça da águia
Holofote Virtual: Vocês também foram a festas de aparelhagem. Como foi a experiência? 

Esther Meireles: Eu fiquei muito impressionada, as pessoas comparam muito este cenário do tecnobrega com o funk carioca. Mas eu acho que a única semelhança é o fato de ser uma cultura que nasce na periferia, e que por isso sofre um pouco de preconceito das pessoas, da crítica, mas a festa em si, o evento em si, eu achei muito diferente. É de uma grandiosidade.. 

Tem muita luz, um som potente, de uma qualidade chocante. Você não vê isso em outras festas de periferia, como no caso do funk, por exemplo,que faz um som rachado, ruim. Aqui, o som da aparelhagem é poderoso, profissional, digno desses shows de Madona e U2. Tem uma pirotecnia de dar inveja aos artistas internacionais. Eu já tinha visto as aparelhagens em vídeos postados em youtube, internet , mídia, mas ver ao vivo é impressionante. 

Holofote Virtual: Quais os momentos mais emocionantes pra ti durante a realização das entrevistas? 

Esther Meireles: É difícil dizer qual momento foi mais marcante, todos foram muito especiais. Conhecer o trabalho do Trio Manari, na fala do Paturi (Cleber – percussionista) foi emocionante. O encontro de Lia com Pinduca foi incrível e foi também a primeira vez que eles tocaram juntos. Eu até achava que eles já tinham feito algo junto. 

Quando propomos o documentário, pensamos em fazer encontros musicais, por isso a produção ligava pros artistas e consultava. Não queríamos forçar nada que não batesse a química. Quando falamos com Lia, foi proposto o encontro dela com Pinduca. E tudo fluiu super bem. A gravação foi rápida e em 20 minutos fizemos a entrevista sobre a carreira deles, sobre o encontro e a inlfuência de um, no trabalho de outro. Eles tocaram três musicas e pronto, fluiu maravilhosamente bem. 

Esther com João Paulo, Aíla, D. Onete e David Amorim
Holofote Virtual: E teve também Dona Onete e Aíla... 

Esther Meireles: Foi outro encontro muito legal. As duas têm uma química ótima. Já tinham feito coisas juntas e são parceiras. Dona Onete compõe letras para Aíla cantar. Foi uma gravação incrível. As duas são muito especiais. Aíla é uma dessas jovens cantoras que tem consistência e acho que ela vai conseguir se projetar bem fora do Pará. 

Holofote Virtual: Aqui os nossos ritmos tradicionais se fundem em trabalhos contemporâneos. Você percebeu isso muito bem... 

Esther Meireles: Isso. Temos que entender que estamos em um mundo globalizado e por isso tem que reciclar sua música para passar de geração em geração. Alguns mais puristas vão dizer que se está mexendo num ritmo de raiz, mas as pessoas não percebem que, mexendo nestes ritmos tradicionais ajuda a fortalecê-los também. 

Algumas pessoas disseram que existe o carimbó mais de raiz, que matem as tradições. E tem outros grupos que misturam a esta sonoridades, elementos mais modernos. O Cabloco, por exemplo, como o próprio nome diz é 'Muderno'. O próprio Pinduca faz um carimbó mais moderno. Ele saiu na frente, sofreu preconceito por sua reinvenção, mas com isso o carimbó também rompeu fronteiras.

Holofote Virtual: Como você percebe a difusão da música paraense fora daqui? 

Esther Meireles: Sinceramente, acho que ainda é um meio mais fechado que conhece as musicas do Pará. São artistas, jornalistas, pessoas ligadas a comunicação, ao meio artístico. É aos poucos que as pessoas vão conhecendo melhor este trabalho. 

Lia Sophia e Pinduca batem um papo antes da entrevista
Holofote Virtual: Quem está em evidencia? 

Esther Meireles: Gaby e Felipe Cordeiro já tem uma certa visibilidade no Rio de Janeiro, assim como a Lia Sophia, mas a gente não tem a noção da dimensão da cultua paraense. 

No Rio, essa questão da guitarrada, do carimbó, ainda não são de amplo conhecimento. Acho que as pessoas nem sabem que a própria Lia, a Gabi e o Felipe têm de fato estas influencias, não sabem a historia deles, os ritmos que norteiam suas músicas e que os transformam em ícones da musica brasileira.

Holofote Virtual: E você acha que o Ritmos do Pará vai conseguir trazer este outro viés de informação sobre a cultura musical paraense?

Esther Meireles: Sim, é o que esperamos. E os próprios artistas falam muito disso. Abordamos tudo que norteia a trajetória de cada um dos entrevistados, mostrando presentes sempre o carimbó, a guitarrada, que dão base pra estas pessoas que estão ai. Felipe mistura bastante, mas não é guitarrada, não é tecnobrega, e não é o brega, nem carimbó. Ao mesmo tempo, estes artistas também têm influência de vários artistas da MPB e internacionais. Eles deixam claro que isso que fazem não é aquela coisa hermética, não é pra ser entendido como folclore. É música brasileira. Faz parte da MPB.

24.2.13

Produções independentes na Mostra Mata D'Ouro

Nos dias 27 e 28, das 18h30 às 21h30, a Capela da UFPA, situada à beira do rio Guamá, vai sediar a 1ª Mostra Mata D'Ouro de Realizadores Independentes, com entrada franca. Nestes tempos e nestas redes, de embalar e de pescar, o projeto Matadouro completa 1 ano de atividades no espaço da UFPa e o Cineclube Amazonas Douro completa 10 anos de estradas e ruas.

Há muitos e muitos anos, na velha Europa, o jovem Jean Luc Godard entrevistou o ancião Fritz Lang. A sombra e o farol. Uma luz a acender, a outra a apagar. O documentário “Le dinosaure et le Bébé” (61 minutos) é um diálogo entre tempos. E o cinema é a arte dos tempos... reza a lenda também que é a arte da síntese.

Dois tempos dialogáveis pela via das imagens das obras que projetam e sobre as quais refletem sem vergonha de pensar - entre si, de forma estilhaçada, fragmentária, justaposta. Assim como o documentário de Godard - que contém excertos de “M - o vampiro de Dusseldorf” (de F. Lang) e “O Desprezo” (de Godard) -, as imagens - na história amazônida - não são pertenças das cronologias.

Elas se desprendem dos imaginários, explodem nos processos criativos da solidária cultura digital. Com os velhos, os seus conhecimentos tradicionais e as juventudes pós-modernas. As academias e os pajés. As ciências e as mandingas. Tempos de ser. E são. Enredados. Sob estes princípios, os espíritos cineclubistas do Matadouro e do Amazonas Douro convocam diferentes gerações de realizadores para que estes traduzam a sua produção e dialoguem sobre os caminhos e as sendas do cinema de nossos rios e florestas.

O foco é o cinema independente. A liturgia celebra o encontro da cidade com a sua cultura, entre gerações e olhares, entre práticas e seus rastros. Em duas noites, na Capela da UFPa, nenhuma pergunta se calará sobre o que se produz e se produziu por essas bandas, em diversos formatos de produção e linguagem. Se é o ouro que buscamos, que sejamos alquimistas ao invés de garimpeiros, cultivemos a comunidade ao invés da competição e a verdade antes do museu. Dediquemos olhares à construção de nossa própria Imagem.

PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira - 27 de Fevereiro

Icaro Gaya 
"Vivendo em casa (18’)

Vicente Cecim
Matadouro (16’)
Fonte dos que dormem (30’)

Mateus Moura
Prólogo (13’)
O meu é especial (13’)

Marcio Barradas
O rebanho (9’)
Coração Roxo (15’)

Quinta-feira - 28 de Fevereiro 

Rodolfo Mendonça 
Cronos (1’)
Do amor (5’)

Evandro Medeiros 
Araguaia Campo Sagrado (51’)

Francisco Weyl
Anais (9’)
Chapéu do Metafísico (13’)

Marcelo Marat
Necronomicon (11’)
Puzzle (18’)

(Com informações dos realizadores Mateus Moura e Francisco Weyl)

23.2.13

Luna Lunera traz espetáculo e oficina para Belém

A companhia vem de Belo Horizonte e chega a Belém para apresentação de espetáculo e realização de oficina (gratuita). O grupo estará na região norte com o patrocínio da Eletrobras Eletronorte e Chesf, por meio do MinC. “Aqueles Dois” é baseado no conto do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996) e será apresentado de 09 a 10/03, no Teatro Cuíra. Antes iniciando dia 05, o grupo também oferece a oficina Ator Criador. Inscrições abertas. 

Ministrada por Odilon Esteves, a oficina revela etapas da construção do espetáculo “Aqueles Dois”. Todos os envolvidos mantêm uma atitude autoral e participativa na atuação, na direção e na dramaturgia. Partindo dos jogos inspirados no contato improvisação (técnica corporal criada por Steve Paxton) e no método das ações vocais, os alunos ganham ferramentas para construir as cenas. 

Odilon Esteves é um dos diretores criadores de “Aqueles Dois”. Ator formado pelo Curso Profissionalizante de Teatro do Palácio das Artes/Cefar (BH/MG) e graduado em Artes Cênicas pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), ele é membro fundador da Cia. Luna Lunera, de Belo Horizonte. Na Cia., atuou nos espetáculo s “Perdoa-me por me traíres”, de Nelson Rodrigues, com direção de Kalluh Araújo, “Não desperdice sua única vida ou...”, direção de Cida Falabella (2005). 

É também ator, codiretor e codramaturgo de “Aqueles Dois”. No cinema e televisão, seus principais trabalhos foram: “Frei Ivo” no longa “Batismo de Sangue” (2007), de Helvécio Ratton; a travesti “Cíntia” na minissérie “Queridos Amigos” (2008), de Maria Adelaida Amaral, direção de Denise Saraceni, produzida pela TV Globo; “Riobaldo” no docudrama “Sertão: Ve redas” (2008), de Guimarães Rosa, direção de Willy Biondani, produção da Bossa Nova Films para a TV Record. 

Os interessados em participar da oficina devem se inscrever pelo site www.cialunalunera.com.br ou solicitar a ficha de inscrição pelo e-mail cialunalunera@cialunalunera.

Aqueles Dois – Já o espetáculo é um épico dramático, que mostra a rotina de uma “repartição” – metáfora para qualquer ambiente inóspito e burocrático de trabalho. No espetáculo revela-se o desenvolvimento de laços de cumplicidade entre dois de seus novos funcionários, Raul e Saul. No entanto, essa relação acaba gerando incômodo nos demais colegas de profissão. 

O espetáculo Aqueles Dois foi criado a partir do conto homônimo do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu. Estreou em novembro de 2007, em Belo Horizonte, e vem construindo uma ampla trajetória desde então. Apresentou-se em importantes festivais nacionais e internacionais no Brasil e já cumpriu longa temporada no Sesc Avenida Paulista - São Paulo/SP (2008), na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança – Belo Horizonte/MG (2009 e 2012) e no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro/RJ (2010).

Aqueles Dois foi contemplado no 13º Prêmio Sesc-Sated/MG nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor Direção; no 5º Prêmio Usiminas-Sinparc nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Direção e Melhor Ator (Rômulo Braga); foi indicado ao Prêmio Shell São Paulo 2008 nas categorias de Melhor Direção, Melhor Cenário e Melhor Iluminação, tendo recebido este último. 

Em 2010, o espetáculo foi apresentado em 44 cidades e 14 estados através do Palco Giratório, do Sesc Nacional. Neste mesmo ano, ganhou uma versão em espanhol, Aquellos Dos, e foi apresentado no 3° Encuentro de Creadores Teatrales Independientes em Santiago de Querétaro, México. 

Serviço 
Oficina “Ator Criador”. Inscrições abertas. Ministrante: Odilon Esteves. Dias 05, 06 e 07 de março, das 19h às 22h, na Escola de Teatro e Dança da UFPA (Trav. Dom Romualdo de Seixas, 820, Umarizal) - 20 vagas. Inscrições: www.cialunalunera.com.br ou pelo e-mail cialunalunera@cialunalunera.com.br. Aqueles Dois – dia 08, 09 e 10 de março (sexta-feira às 21h e sábado e domingo, 20h). No Teatro Cuíra (Rua Riachuelo, Nº524. Campina). Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

21.2.13

Secos e Molhados ganha homenagem na Black

O primeiro LP do grupo “Secos e Molhados” faz 40 anos. Para comemorar, a Black Soul Samba desta sexta-feira, 22, no Palafita, em Belém, traz show de Gláfira e banda. Fora do circuito noturno, dedicando-se a trabalhos próprios, a cantora disse, em entrevista ao blog, que está entusiasmada. Acompanhada por uma banda que promete causar, ela vai cantar as músicas que mais marcaram a carreira do grupo, com o vocalista Ney Matogrosso. 

Nascido na década de 1970, atrás de “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos, “Tropicália ou Panis et Circensis”, de vários artistas, “Construção”, de Chico Buarque, e “Chega de Saudade”, de João Gilberto, “Secos e Molhados”, da banda homônima, é o quinto colocado na lista dos melhores 100 discos, eleitos pela revista Rolling Stones, em 2007. 

Os elementos do glam rock e do rock progressivo, misturados a poemas que se tornavam letras de canção, como ”Rosa de Hiroshima”, de Vinícius de Moraes, deram status de inovador ao trabalho da banda, que acabou se tornando um dos maiores fenômenos musicais no país, após o surgimento do tropicalismo. 

Em período militar, um dos momentos mais violentos da nossa história, o “Secos e Molhados”, de forma performática e marcante, emergia daquela cena como uma flor de lótus saia da lama. Vendeu milhares de discos e atraiu milhares de pessoas aos seus shows e continua, até hoje, arrebatando admiradores. Indo por aí, já se viu que o show da noite que está por vir, tem tudo para ser em uma viagem no tempo. Só que tem mais um motivo pra isso. 

Além de ser um dos repertórios preferidos da Gláfira, o show vai relembrar as velhas gigs que ela fazia do bar-galeria Café Imaginário, onde semanalmente, na segunda metade dos anos 2000, levava o público à catarse, com direito a várias faixas dos Mutantes. Passou o tempo. E ela, que também era a vocalista da banda de rock Àlibi de Orfeu, resolveu sair do grupo e investir na carreira solo. E assim ela fez. Na entrevista que vem em seguida, a cantora nos conta que está feliz com o primeiro disco e que já vem articulando o segundo. 

Além disso, prevê circulação do show de “Jardim das Flores” e enumera os outros planos que tem para 2013. Gláfira revela que não toca mais na noite, diz porquê e confessa que a apresentação na Black Soul Samba é uma grande exceção, mas também uma alegria, pois, para completar sua performance de sangue latino, ela estará acompanhada pelos músicos Maurício Panzera(baixo), Willy Benitez (bateria) e Guibson Landim (guitarra), todos também, super fãs do Secos e Molhados. 

Holofote Virtual: Estás voltando ao começo? 

Gláfira: Sim. Estou de volta ao começo. Esse show tá me dando uma nostalgia muito gostosa. Quem viveu a época das “lendárias quartas do Café Imaginário” sabe do que eu estou falando. 

Mas não, não será uma retomada para voltar a cantar em bares. Não pretendo voltar a fazer noite, cantar em barzinho. Esse show é único, algo especial que vou apresentar. Noite, para mim agora, é para dormir (risos). 

Holofote Virtual: Não vale à pena tocar na noite? 

Gláfira: Trabalhar na noite é se tornar escravo dela. É abrir mão de sua vida social. Não é mais para mim. Tenho boas lembranças e vou matar a saudade agora com esse show. Mas é só. 

Holofote Virtual: De quem foi a ideia? 

Gláfira: O show foi um convite dos meninos da Black Soul Samba. Agente vinha, há algum tempo, pensando num show meu na Black. Daí o Uirá lembrou que este ano, o primeiro LP do “Secos e Molhados” está fazendo 40 anos de lançamento, e me fez a proposta que, claro, topei na hora. E a banda é um achado. Chamei uma galera que curte o Secos e Molhados valendo, e que toca as músicas porque gosta de ouvir aquela música. No baixo tem Mauricio Panzera (o Panziscrazy para os amigos, risos), na guitarra, tem o Gibson Landim e, na bateria, Willy Benitiz.

Holofote Virtual: Está total definido o repertório?

Gláfira: Vamos tocar os dois discos que o Ney Matogrosso cantou. Vai ser um repertório cheio de pérolas, tipo: O vira, Amor, Prece Cósmica, Flores astrais, Mulher Barriguda, Fala, O Hierofante... 

Holofote Virtual: Não vai entrar nada da Gláfira autoral ou do disco novo? 

Gláfira: Poxa! Não vai entrar nada do meu CD Jardim das Flores. Não cabe porque o repertório é só do ‘Secos e Molhados’ e tem muita música para tocar. 

Holofote Virtual: “Jardim das Flores” foi um sonho conquistado, fruto de uma decisão que tomastes lá atrás... 

Gláfira: Estou apaixonada por ele. Quando eu o vejo fico muito feliz, porque sou muito crítica comigo, mas ele me dá muito orgulho. É do jeito que eu pensei. Toda a equipe fez o seu melhor, cada um sabia o que estava fazendo e queria fazer bem. Eu tenho ouvido-o sempre e não mudaria nada nele.

O show de lançamento em outubro foi lindo, foi mais um desdobramento do CD. Estava tudo muito certinho e entrei muito tranquila para fazer um show que eu já conhecia. A banda foi a mesma que gravou o disco, o repertório era o do disco, e equipe era a mesma que trabalha comigo em todas as produções. Então em senti em casa. 

"Jardim das Flores" (foto: Ana Flor)
Holofote Virtual: “Acróbata” abre o CD e toca bastante na rádio. Como tem a repercussão do disco após o lançamento? 

Gláfira: A repercussão tem sido ótima até hoje. Meus shows são para “ver e ouvir”. O cenário do Carlos Vera Cruz foi um escândalo, meio Jardins suspensos da Babilônia, e o figurino que a Alba Maria fez para mim, abalou Paris. Deem uma olhadinha na minha funpage no facebook, Gláfira Lôbo, procura lá. Lindo! 

Holofote Virtual: E quais os novos trampos para 2013? 

Gláfira: Acabei de abrir a produtora Reator Cultural e estamos a todo vapor. Voltei a coordenar o CCAA FEST e estou coordenando um projeto ambiental-cultural, chamado Arte na Trilha, lá no Parque do Igarapé para o Instituto Ariri Vivo. 

O projeto “Ao Vivo” (ano II) tem tomando corpo, que é um projeto de circulação da música autoral de quatro artistas, sendo eu, a Adriana Cavalcante, o Charles Andí e o Renato Torres no elenco. Estou no processo de captação de recursos para a edição do DVD do Ao Vivo, que gravamos no Theatro da Paz. Estou montando uma circulação nacional para o meu disco. E por ai vai. Não disse que preciso de férias, senão a mina pira?! (risos)

20.2.13

"Areal" no 4º Diário Contemporâneo de Fotografia

Multiplicidade, dissolução de linguagens e visibilidade são algumas das ideias de interesse do projeto “Areal”, tema da palestra de Maria Helena Bernardes, nesta quinta-feira, 21, às 19h, no IAP, com entrada franca. 

A programação integra as ações do prêmio que este ano convidou a artista gaúcha para integrar  a comissão do júri, ao lado do fotógrafo Luiz Braga e do artista visual Armando Queiroz. Até esta sexta-feira, eles estarão reunidos em processo de avaliação para chegar às obras que serão premiadas e demais trabalhos que irão compor a mostra principal do evento, a ser aberta na Casa das Onze Janelas, no dia 26 de março. 

A artista, que conheceu Belém nos anos 1970, disse estar surpreendida pela nova paisagem da cidade. "Lembro que via tudo horizontalmente, muitas casas, quase nada de edificios", comentou nesta manhã, com Mariano Klautau Filho, curador do prêmio, que acompanhará a seleção dos trabalhos, sem interferir na decisão do juri.

O resultado com número de inscritos, premiados e selecionados só será divulgado a partir de sábado, 23. "Tivemos o carnaval e por isso houve atraso na chegada dos trabalhos. Mesmo postados até a data correta, ainda estão chegando. Hoje mesmo recebemos várias inscrições", disse o produtor Luis Laguna, da equipe que organiza o evento.

Palestra - No Instituto de Artes do Pará, Maria Helena vai compartilhar com o público sua experiência junto com o fotógrafo André Severo, em Areal, projeto em arte contemporânea brasileira criado no ano 2000, cujas principais vertentes de atuação são o suporte à produção de artistas convidados e a publicação da série de livros Documento Areal. Como parte da ação, haverá também um recital de leituras de textos do livro “Histórias de Península e Praia Grande-Arranco”, acompanhadas por viola caipira executada pelo músico Fernando Mattos que também está em Belém, seguido da projeção do filme “Arranco”, de André Severo. 

O projeto surgiu das discussões realizadas por seus proponentes durante uma série de viagens pelo Rio Grande do Sul. Assim, Areal toma da Metade Sul do Estado, a imensidão de campos, água e areia como símbolo dos limites cada vez mais imprecisos das artes visuais como disciplina na atualidade. 

Do projeto, partem os meios para que se realizem investigações artísticas intensivas e a proposta de uma ocorrência de arte sem mediação, resgatando ao primeiro plano a experiência direta entre arte, artista e público.  Em Areal, a autonomia de decisão sobre locais e condições de realização dos trabalhos cabe integralmente aos artistas, pois o eixo do projeto reside na abertura às proposições de tempo, local, meio e espaço que expandem continuamente a definição de arte, do centro do trabalho artístico para sua exterioridade. 

Através da publicação da série Documento Areal, voltada à divulgação dos trabalhos de seus participantes, bem como de outros textos relativos à arte contemporânea, Areal possibilita que a autoria do artista seja estendida a todas as etapas concernentes a seu trabalho, o que abrange desde a fase embrionária de cada proposta, até a concepção das publicações que documentam, ou são relativas, às obras realizadas no âmbito do projeto.

Mini Curso encerra antes as inscrições -  Maria Helena também vai ministrar dentro da programação do Prêmio, o mini curso “Participação da Narrativa e da imagem na arte contemporânea”, de 25 a 27 de fevereiro, no Museu da UFPA. 

As inscrições, que iriam até 22 de fevereiro, porém, já foram encerradas, pois as 25 vagas foram rapidamente preenchidas. A procura ultrapssou em três vezes este número. Os inscritos receberão um e-mail confirmando sua participação. Os demais, caso haja desistências, serão chamados por ordem de inscrição na lista de espera.

Autora dos livros Vaga em Campo de Rejeito (Documento Areal 2); Histórias de Península e Praia Grande, com André Severo (Documento Areal 7) Dilúvio, com André Severo (Documento Areal 10) e A Estrada que não Sabe de nada, com Ana Flávia Baldisserotto (Documento Areal, 11, inédito) e Ensaio, com André Severo, (Documento Areal 12), Maria Helena acredita que naquela época os artistas estavam mais interessados em investigar problemas específicos da arte e da linguagem, e menos interessados em explorar conteúdos narrativos abertos à comunicabilidade.

“Acho que a arte de hoje é mais comunicacional, os artistas têm saído dos ambientes puristas da arte do século 20 e se voltado para o contexto onde vivem, trabalhando com muitos recursos, (filmes, vídeos, desenho, ações…), sem especializar-se, necessariamente, em um ou em outro. Importam, sim, a sensibilidade, o esmero na manipulação de ferramentas artísticas com fins de comunicar experiências, transmitir e transformar colaborativamente, com a participação de outras pessoas, o conhecimento advindo da vida coletiva”.

Serviço
Palestra Projeto Areal. Dia 21 de fevereiro, às 19h, no Instituto de Artes do Pará. Entrada franca. Mais informações: Rua Gaspar Viana, no Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto Belém –PA ou pelos telefones (91) 31849327/83672468. E-mail contato@ diariocontemporaneo.com.br. Site: www.diariocontemporaneo.com.br. Patrocínio Vale e Shopping Patio Belém. Apoio: Museu da UFPA, SECULT-PA - Sistema Integrado de Museus e Instituto de Artes do Pará.

Elabore um projeto cultural e obtenha recursos

Quem tem interesse em ingressar na área de Produção Cultural tem que, além de tantos outros quesitos, ver claramente a cultura como atividade econômica, algo que só mais recentemente começou a ser compreendido. Focar o mercado cultural e adquirir conhecimentos sobre a elaboração de projetos e Leis de Incentivo à Cultura, é fundamental. Tá interessado? Então segue a dica. Nos dias 02 e 03 de março, a produtora cultural Carmem Ribas vai ministrar um curso no IAP. As inscrições estão abertas. 

O curso é destinado a artistas, agentes culturais, produtores e demais profissionais que atuam nessa área. A capacitação será ministrada de forma dialogada e com recursos didáticos, com apresentação de vídeos e slides, dinâmicas de grupo, leitura de textos e exercícios práticos. Para receber o certificado, porém, Carmem Ribas avisa que fará uma avaliação baseada na frequência e participação do inscrito, assim como nas demais atividades propostas, considerando a relevância e qualidade de sua atuação. 

No conteúdo programático, ela vai abordar a elaboração de proejtos de forma lógica, repassando conceitos básicos, pontos de planejamento, com etapas, redação, plano de comunicação, orçamentos, apontando caminhos para a resolução criativa de problemas, discutindo marca e comunicação na captação de recursos, além dos processos e estratégias de captação, fontes de financiamento, patrocinadores potenciais, negociação da proposta e ainda a elaboração de materiais de captação e propostas, apresentação de casos e análise coletiva de projetos. Vai ser peso. 

Pedagoga, especialista em Gestão com Responsabilidade Social, educadora social e produtora cultural, Carmen tem experiência de mais de vinte e sete anos nas áreas da educação, assistência social e produção cultural. 

Atuando na área de qualificação e capacitação de agentes culturais, ela vem ministrando cursos e palestras em várias instituições como UFPA, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - FCPTN, Fundação Curro Velho, Escola de Governo do Pará, Escola de Gestão da Prefeitura de Belém, Fundação Ipiranga, Instituto EducArte e AMA Consultoria. 

Assessora da AMA Gestão de Projetos Socioculturais e gestora na ONG Instituto EducArte na Amazônia, Carmem também é funcionária pública estadual concursada, atuando como Produtora Cultural no Theatro da Paz, coordenando e organizando os espetáculos realizados naquela Casa.

Carmen Ribas já desenvolveu, entre outros projetos, por meio de leis de incentivo os espetáculos musicais “Peças Íntimas - uma homenagem à mulher paraense” e “TIM TUM - um toque infantil”, além dos CDs “Mesclado”, de Almino Henrique e “Billy Blanco, o compositor”, este último, lançado e, 2008, no Theatro da Paz, e que saiu em DVD no ano seguinte .

As pessoas que quiserem fazer o curso tem que enviar um e-mail para o IAP (iap.artesvisuais@gmail.com). Envie seu nome completo, endereço, telefone, e-mail e pequeno currículo. As inscrições estarão abertas até o dia 27 de fevereiro ou quando o número de solicitações de inscrição atingir o limite de vagas ofertadas, apenas 25! É gratuito.

O Holofote Virtual bateu um papo rápido com Carmem Ribas. Na entrevista, Carmen adianta algumas dicas que serão dadas na oficina,  e fala da nova maneira de apresentar um projeto à Lei Semear. Agora on line, aberto de 3 de janeiro a 17 de fevereiro, apesar do acesso à internet ainda não ser uma realidade em todos os municípios paraenses, o novo sistema facilitou a vida de muita gente e se mostrou eficaz na hora de bater os orçamentos. 

Holofote Virtual: Você vai falar de elaboração de projetos, mas não só pra leis de incentivo. A ideia é também orientar os produtores culturais sobre outras abordagens junto ao empresariado? 

Carmen Ribas: Isso mesmo. Não quero me deter na elaboração de projetos que atendam aos editais, pois cada um tem suas normativas e formatos específicos. Quero abordar um olhar mais amplo, criativo sobre os projetos culturais que devem ser um "bom negócio" para todos: para o público principalmente, envolvente para o empresariado, interessante para a mídia. 

Holofote Virtual: Já se passaram mais de duas décadas desde que a Lei Semear foi implantada. O que você percebe neste cenário atualmente? Hoje os produtores estão mais preparados? 

Carmen Ribas: Com certeza os produtores estão mais atentos, atualizados, buscando preparação para sua atuação nesse mercado. Mas é preciso aproximar os agentes (empresários, artistas, produtores, poder público) que atuam na elaboração de projetos para que tudo fique cada vez mais cristalino. É preciso ter uma leitura digna das necessidades e dos objetivos dos projetos culturais. 

Holofote Virtual: A Semear aliás, mudou seu sistema. A submissão está on line, como já é a maioria, inclusive a lei Rouanet. O que achas? 

Carmen Ribas: Muitos produtores e artistas se assustaram com a forma escolhida. Alguns não conseguiram, outros tiveram dificuldades. É preciso auxiliar sempre esses profissionais, principalmente na inovação. Fico imaginando nossos colegas que atuam nos municípios paraenses e suas dificuldades em adotar a submissão dessa forma. É preciso estudar como ajudá-los.

Carmen na coletiva do DVD de Billy Blanco, projeto dela.
Holofote Virtual: Contrapartidas, planos de comunicação. O que mais atrai um patrocinador para decidir apoiar um projeto? 

Carmen Ribas: Os empresários têm equipes que "estudam" seus objetivos que vão de uma boa, criativa, inovadora proposta cultural até a forma como estas serão divulgadas. Assim é preciso que nós, produtores, saibamos que parceria é ter o empresariado ao lado, como aliado. Esse "casamento" tem que ser como qualquer outro: ter no convívio sinceridade, lealdade e cumplicidade - de ambas as partes.

Holofote Virtual: O que é um bom projeto? 

Carmen Ribas: A originalidade, autenticidade, criativadade da proposta são fundamentais atentando para a responsabilidade sociocultural que precisamos ter com o público. Mas é fundamental perceber a necessidade de ter clareza com as ideias, com a coerência e coesão textual de forma bastante objetiva, percebendo todas as questões que precisam ser abordadas na sua apresentação. Assim podemos ter um bom e bem elaborado projeto.

Serviço
Curso de Elaboração de Projetos Culturais, com Carmen Ribas. Dias 02 e 03 de março, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Número de vagas: 25 pessoas. Público alvo: agentes, produtores, artistas e servidores públicos.

19.2.13

Arraial do Pavulagem lança o 8º disco da carreira

Ainda que sem parar a produção, sempre intensa, já havia sete anos que o grupo não reunia novas composiçõs em um disco. As músicas já experimentadas uma a uma com o público agora poderão ser ouvidas em "Céu da Camboinha’, que sai com o patrocínio do Banco da Amazônia. O show de lançamento será dia 1º de março, na Praça do Povo,  Centur.

Os anos de estrada e o longo período de convivência entre os integrantes demarcam e definem o resultado do disco. “Foi um tempo que serviu pra gente estudar, pesquisar, se reciclar. Estamos também muito mais sintonizados, só de olhar um pro outro a gente sabe o que é”, comenta o guitarrista Marcelo Fernandes, de 41 anos, 19 só de Arraial do Pavulagem. 

Nas 12 faixas, o amadurecimento de uma pesquisa musical que passeia pelas linguagens da Região Amazônia. “A banda deu um salto qualitativo com esse trabalho. Acho que todo mundo cresceu muito, há uma sincronia em todas as instâncias de gravação de um disco. Isso tudo foi feito com muito cuidado. Foi um mergulho profundo e consciente”, diz Ronaldo Silva. 

Ele assina ao lado de Júnior Soares todas as composições do CD. Parceria antiga, que vem desde o começo da banda, no final da década de 80. “Eu geralmente faço a letra e o Junior faz a melodia”. A exceção é ‘Cajá’, música feita com Allan Carvalho, do grupo Quaderna. ‘Céu da Camboinha’ dá título não só ao oitavo disco do grupo. Terceira faixa, é a canção quase que de abertura do trabalho. Apresenta Algodoal, um lugar de muito simbolismo para os músicos. 

Foto: Daísa Passos
"Nós temos uma ligação muito forte com ele, que nos inspirou muito e nos inspira até hoje. Conheci Algodoal há muito anos. Já fizemos muita música lá, passando por lá. É de uma beleza fantástica, de uma atmosfera de tranquilidade. É um santuári. O céu que transporta o ouvinte para as andanças do grupo pelo interior do estado. Que dá essa amplidão que a região tem, da diversidade de ritmos que temos aqui”, justifica Silva. 

No painel sonoro do Arraial do Pavulagem, retumbão, quadrilha, merengue, carimbó, xote. Toada de boi-bumbá. A imensidão da rua. Urbana, moderna, tradicional, cabocla, ribeirinha. “Sempre foi uma meta nossa. Acho que a rua tá mais presente nesse disco. Essa sonoridade que vem da rua, do contexto dos arrastões dentro de um CD. Fazer essa simbiose foi o mais interessante, diferente”, acredita o percussionista Edgar Chagas, 35 anos de idade, 17 de Arraial. 

“Esse tempo [de ausência sem lançar] foi complicado. Todo disco é um documento, é uma forma de se perpetuar enquanto banda. As pessoas cobram, os fãs pedem e a gente nunca tem. Esse disco é uma forma das pessoas terem o Pavulagem em casa e mostrar pros outros também”, avalia.

‘Céu da Camboinha’ também carrega outros significados. Para Franklin Furtado, de 35 anos, percussionista do Pavulagem desde 2005, tem o toque da estreia. É o primeiro disco da banda que ele participa. Fonte de experiência e aprendizado. 

“Pra gravar fui ouvir com mais atenção os outros discos. Foi um processo de muita troca, do conhecimento que eu tenho dos ritmos da cultura popular e do conhecimento que eles têm. Esse é um trabalho mais amadurecido. Tem identidade própria, peculiar do Pavulagem. As pessoas vão escutar e saber que é do Arraial”. 

Gravado, mixado e masterizado no estúdio Midas Amazon Estúdio, em Belém, o disco tem participação especial da cantora e instrumentista Luê, com a rabeca na canção ‘Realeza do Guamá’, de Luiz Pardal rabeca que se ouve em ‘Retumbão do Caeté’ e ‘Barca da Lua’. Johab Quadros e Jó Ribeiro nos trompetes. 

Esdras Souza no Sax. Junior Soares, além de tocar e cantar, assina ainda a produção executiva a direção musical. O CD traz ilustrações de Elton Galdino e projeto gráfico de Carol Abreu. O show de lançamento tem apoio da Cultura Rede de Comunicação e Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. 

Integrantes do Arraial do Pavulagem: Ronaldo Silva (voz), Junior Soares (voz e violão), Rafael Barros, Edgar Chagas e Franklin Furtado (percussão), Rubens Stanislau (baixo), Marcelo Fernandes (guitarra).

Canções do disco: Barca da Lua; Mensageiro do Arari; Céu da Camboinha; Princesa do Marajó; Passarinho da Barreira; Cachoeira Prateada; Realeza do Guamá; Malena Mariá; Retumbão do Caeté; Cajá; Quadrilhão do Guajará; Mastro de São João.

Serviço
Show de lançamento do disco ‘Céu da Camboinha’, da banda Arraial do Pavulagem. Dia 1º de março, na Praça do Povo, no Centur, às 20h. Ingresso: R$ 1 + 1kg de alimento não perecível. O ingresso deve ser retirado na bilheteria do Teatro Margarida Schivasappa, no dia do show, a partir das 9h. Mais informações: www.arraialdopavulagem.org. O CD já está à venda, na Loja Ná Figueiredo. Preço: R$ 20.

(com informações da assessoria de imprensa)

18.2.13

Paisagens, falas e sons do nordeste na tela do IAP

O Cineclube Alexandrinho Moreira exibe, hoje, em sua sessão semanal, às 19h, um longa de Marcelo Gomes, cineasta pernambucano que esteve em Belém recentemente, ministrando por lá um curso de direção de cinema. “Viajo porque preciso, volto porque te amo" é um road movie experimental, que também tem na direção o cineasta parceiro de Marcelo, Karim Aïnouz e O Céu de Suely), com quem ele trabalhou em “Madame Satã” e “Cinema, Aspirinas e Urubus”. 

O longa teve sua estreia no 66º Festival Internacional de Veneza e já recebeu inúmeros prêmios, entre eles, os de Melhor Direção e Melhor Fotografia, no Festival do Rio 2009, e Prêmio do Júri de Melhor Filme, no 12º Festival de Cinema Brasileiro em Paris.  Em 2010, o filme chegou a ser exibido em Belém, dentro da programação do Amazônia DOC. 

Na história temos José Renato (Irandhir Santos), 35 anos, um geólogo que para realizar uma pesquisa, terá que atravessar todo o sertão nordestino. Sua missão é avaliar o possível percurso de um canal que será feito, desviando as águas do único rio caudaloso da região. À medida que a viagem ocorre ele percebe que possui muitas coisas em comum com os lugares por onde passa. 

Desde o vazio à sensação de abandono, até o isolamento, o que torna a viagem cada vez mais difícil. Por um lado é um típico filme de estrada traduzindo em bom português. Por outro, é absolutamente inovador no quesito montagem. 

Os dois cineastas montaram o longa a partir de imagens que já tinham sido feitas para um documentário curta-metragem sobre a região. Vemos então cenas registradas na Bahia, Sergipe, Ceará, Alagoas e Pernambuco.

O montador Karen Harley faz um trabalho brilhante, reunindo registros em super-8, 16 mm e digital numa concisão narrativa que emociona, movida pela trilha sonora de Chambaril e a voz de Irandhir, que apesar de invisível está presente o tempo todo. 

Irandhir Santos (Besouro, A Pedra do Reino), que interpreta Renato, inicialmente, narra com voz é monótona as sequencia. Sua fala é quase mecânica, onde limita-se a fazer um ou outro comentário pessoal no meio do registro da jornada de 30 dias. Aos poucos, porém, conforme a sensação de isolamento e tristeza cresce na paisagem, o personagem vai deixando de ser o geólogo e passando a ser Renato, homem que sofre a saudade da esposa, deixada para trás. E não demora para que a verdadeira história do narrador seja desvendada. Vale conferir!

Serviço
A sessão tem entrada franca, ás 19h. O cineclube Alexandrinho Moreira fica no Instituto de Artes do Pará, na Pça Justo Chermont, ao lado da Basílica de Nazaré.

16.2.13

Cine Líbero Luxardo com dois longas em cartaz

O filme brasileiro “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, e “Django Livre”, do diretor norte-americano Quentin Tarantino, estão em cartaz nas Sessões Regulares do Cine Líbero Luxardo. A programação vai de quarta a domingo, até dia 24 de fevereiro. Os ingressos custam R$ 8,00, com meia entrada para estudantes. 

Do diretor Kleber Mendonça Filho, “O Som ao Redor” retrata a vida numa rua de classe média na zona sul de Recife que toma rumos inesperados após a chegada de uma milícia que oferece a paz de espírito através de serviços de segurança particular. 

A presença desses homens traz tranquilidade para alguns moradores, e tensão para outros. Tudo isso no cotidiano de uma comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia (interpretada pela paraense Maeve Jinkings), casada e mãe de duas crianças, precisa achar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão do vizinho. “O Som ao Redor” é, no fim, uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.

Já o novíssimo “Django Livre”, de Quentin Tarantino, traz no elenco Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Christopher Walt, (vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante) Keith Carradine e Franco Nero. 

O filme conta a história de um escravo negro liberto que, sob a tutela de um caçador de recompensas alemão, parte para o Mississippi em busca de sua amada que vive como escrava de Monsieur Calvin Candie, o charmoso e inescrupuloso proprietário da Candyland (DiCaprio).

Na casa do Mississippi, as escravas são negociadas como objetos sexuais e escravos são colocados pra lutar entre si.Sucesso de bilheteria no Brasil, o filme tem lotado as sessões em salas dos cinemas comerciais, mas agora chega à tela dos circuito alternativo, repetindo o caminho de outro trabalho de Tarantino.  

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO - 16/02
18h: O Som ao Redor
20h30: Django Livre

DOMINGO - 17/02
17h: O Som ao Redor
19h30: Django Livre

QUARTA - 20/02
18h: Django Livre
21h: O Som ao Redor

QUINTA - 21/02
18h: Django Livre
21h: O Som ao Redor

SEXTA - 22/02
18h: Django Livre
21h: O Som ao Redor

SÁBADO - 23/02
18h: Django Livre
21h: O Som ao Redor

DOMINGO - 24/02
17h: Django Livre
20h: O Som ao Redor

Ingressos: R$ 8,00 (com meia entrada para estudantes). A bilheteria abre uma hora antes das sessões.

15.2.13

Diário contemporâneo recebe últimas inscrições

Foto do site Portal São Francisco
Aberto desde 7 de janeiro, o 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que traz o tema “Homem Cultura Natureza”, encerra hoje as inscrições. Edital, ficha de inscrição e programação no site do projeto.

Basta olhar em volta. Tudo o que se vê sugere a relação entre estes estes três elementos, sem barreiras. 

O Prêmio Diário deste ano, que continua oferecendo três prêmios de 10 mil reais, tem como proposta pensar assuntos a partir da região brasileira, onde a natureza é sempre representada de modo idealizado e exótico. O tema é oportuno para se trabalhar as representações visuais que marcam não só a imagem que se tem da Amazônia, ou do Nordeste, por exemplo, em relação à cultura brasileira, mas também a imagem do Brasil em relação ao imaginário que se tem dele no mundo.

"A intenção é reunir trabalhos em que a ideia de natureza não esteja mais vinculada somente à noção idealizada de que é algo desvinculado da ação do homem, e portanto ligado à ideia de cultura. A paisagem e o retrato por exemplo são construções culturais, forjadas pelo homem e pelo artista. Também é a possibilidade de sempre rever a fotografia não mais como uma representação "natural" da "natureza"', diz Mariano Klautau Filho, que organiza desde 2010 o prêmio.

As inscrições encerram nesta sexta-feira, 15. Os interessados em se inscrever podem enviar seus trabalhos pelo correio, valendo a data de postagem. Este ano estão na comissão julgadora o fotógrafo Luiz Braga, o artista visual Armando Queiroz, e a pesquisaora Maria Helana Bernardes que na próxima semana já estará aqui para a seleção e ministrará também um mini curso e uma palestra. 

Mariano Klautau, curador do prêmio
Quem pode participar? Qualquer pessoa. O edital não restringe a participação de ninguém, abrindo possibilidades a olhares diversos. São três prêmios, como já foi dito. Os inscritos irão concorrer ao “Prêmio Homem Cultura Natureza”, destinado aos artistas que apresentem trabalhos de abordagem documental, voltados ao cotidiano; “Prêmio Diário Contemporâneo”, para a obra fotográfica que melhor apresente relações com outras linguagens e suportes - instalação, vídeo, objeto, performance, ou ainda proponha novas sintaxes na representação fotográfica e “Prêmio Diário do Pará”, para o fotógrafo (a) paraense e/ou residente e atuante no Pará (por pelo menos três anos), cuja obra traga a melhor poética e proposta conceitual entre as demais inscritas. 

Além dos premiados, a exposição, que resultará do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, terá reunindo todos os trabalhos que forem selecionados, a partir da ideia de natureza como linguagem e cultura. A mostra do artista convidado, que contemplará a obra da fotógrafa paraense Walda Marques, será realizada no Museu da UFPA, que este ano também abrigará uma outra mostra, com trabalhos convidados, representativos da produção contemporânea paraense de fotografia. 

A realização é do jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale e shopping Pátio Belém, com apoio institucional da Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) e IAP. 

Serviço
Mais informações sobre o 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia: Rua Gaspar Viana, no Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto Belém –PA,em horário comercial. Ou pelos telefones (91) 31849327/83672468. E-mail contato@ diariocontemporaneo.com.br.

14.2.13

O jogo de transformação no Café Fotográfico

A elaboração e reelaboração do sujeito e a tentativa de encontrar o limite entre o eu e o outro pontuam fotografias, vídeos e instalações da exposição “Somos Muitos”, dos artistas visuais Luciana Mena Barreto e Marcelo Gobatto, convidados do Café Fotográfico do mês de fevereiro. No dia 19 de fevereiro, às 19h, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU). 

A velocidade das comunicações, aliada ao avanço da tecnologia e à valorização das imagens, traz ao indivíduo identidades múltiplas e transitórias que se formam e se transformam diariamente e são assumidas como máscaras, as quais se definem nas relações com o outro. 

O tempo é a prova de que esses papéis incorporados pelo sujeito são temporários e efêmeros. Na exposição "Somos Muitos", o tempo e esses variados papéis individuais ou coletivos são incorporados no jogo social e se revelam no trabalho de Marcelo e Luciana.

Ele é artista visual e vive entre Porto Alegre e Rio Grande, onde é professor do Curso de Artes Visuais da FURG - Universidade Federal de Rio Grande, coordenando o Grupo de pesquisa ncorpoimagem. É doutor em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS e, desde 1988, atua como produtor e diretor de audiovisuais. 

Em sua obra, a alteridade se apresenta a partir da investigação sobre o tempo, que se inicia no ano 2000, quando realizou a instalação “Já não há mais tempo”. Na obra “Incompossibilidades” (vídeo, 2002-2012), problematiza a experiência do tempo e o movimento, a partir de sua performance. O vídeo “Dia” (2012) tem como mote o cotidiano e é realizado com o uso de procedimentos fotográficos na captação da imagem. 

De sua produção recente, apresenta ainda a série de fotografias “Identicus” (2011-2012), realizada com a apropriação de mug shots (retratos usados para identificação policial desde o século XIX - geralmente feitos de frente e perfil) encontrados na web. “Marcello” (2012) é um tríptico fotográfico que mistura autorretratos e imagens que remetem ao álbum de família e stills do cinema. 

Já Luciana, também artista visual, se interessou pela fotografia a partir da dança. Entre 2004 e 2009, realizou uma série de registros de espetáculos de dança, teatro e música. Sua foto documental se caracteriza pela expressividade e rigor com que trata a luz e a composição. Em viagens feitas pela América Latina, mostrou paisagens pouco conhecidas e retratos dos povos. 

Em 2009 ela inicia uma série de fotos da cidade a partir de suas derivas e no ano seguinte, a partir de um curso de repertório realizado com Jaqueline Joner, vem desenvolvendo uma pesquisa com retratos e autorretratos, em que se concentra nas possibilidades formais e expressivas, fixando-se na problemática da identidade e da alteridade. 

Luciana acredita que o rosto particulariza a identidade na fotografia, e vai ao caminho inverso ao retratar seu corpo acéfalo para situá-lo no território da indefinição. Na série “Acéfalos” (2010-2011) - composta pelas obras “Anima”, “Animus”, “Sem título” e “Personas”-, a artista apresenta autorretratos em situações-limite e, ao mesmo tempo, cotidianas. 

Em “Branco” (2010), sua obra dialoga com a fotografia surrealista e a questão do informe. 

No tríptico “Tijolo” (2010), apresenta um olhar que desconstrói o retrato que se crer capaz de revelar a identidade única do sujeito. Em “Sofisma” (2012), um díptico, seu rosto é borrado e a fotografia se torna indiscernível como tal, tangenciando o desenho e o conceito de imagem digital. 

Serviço 
Café Fotográfico com Luciana Mena Barreto e Marcelo Gobatto. No dia 19 de fevereiro, às 19h, no auditório do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309, bairro Batista Campos. Realização: Associação Fotoativa. Informações: 91 3225-2754 / http://projetosomosmuitos.wordpress.com.br. Entrada franca. 

(com informações da assessoria de imprensa do evento)