31.8.17

"Transa" ganha as homenagens da Black Soul Samba

Correio da Bahia
Um dos discos mais celebrados da música ganha celebração na Black Soul Samba. Nesta sexta, 1o de setembro, no bar Palafita, a homenagem será feita pela banda Cactus ao Luar e a noite será aberta com show da banda Feira Equatorial. Ao longo da noite, os Djs Black Soul Samba, Uirá Seidl, Kauê Almeida, Fernando Wanzeler, Eddie Pereira e Homero da Cuíca se revezam nas picapes.

2017 é o ano que marca o aniversário de 45 anos de lançamento do disco Transa, de Caetano Veloso, um dos marcos na sua carreira e na história da música popular brasileira. Lançado em 1972, durante o exílio de Caetano no período da ditadura militar, foi o segundo do artista produzido em Londres. 

O álbum marca a entrada do artista de cabeça nas sonoridades voltadas ao rock, que foram muito bem mescladas com traços da cultura musical nacional. O disco é composto por sete músicas e foi gravado no formato de jam session na capital inglesa. O LP foi produzido pelo britânico Ralph Mace, que colaborou com ninguém menos que David Bowie em outros trabalhos. (fonte: http://alataj.com.br/vitrola/transa-caetanoveloso).

Show não obedecerá ordem das faixas

A banda Cactus ao Luar, que sobe ao palco do Palafita para interpretar "You don´t know me", "Nine out of ten", "Mora na filosofia (Monsueto), "Triste Bahia" e todas as sete canções deste disco, além, é claro, de mostrar suas próprias músicas e levar algumas novas roupagens para o repertório do disco.

De acordo com o Bruno Barros, vocalista do Cactus, pouca coisa foi mudada, especialmente pelo fato do disco em si já ser repleto de misturas. 

“O ‘Transa’ é um disco cheio de experimentações, principalmente na parte percussiva, as músicas são carregadas de brasilidade, então em algumas canções decidimos colocar outras sonoridades, como por exemplo, umas batucadas que passeiam levemente pelo carimbó e outros ritmos afros, mas tomamos o cuidado em manter a essência do disco e felizmente conseguimos um resultado positivo”, garante o músico.

Bruno conta ainda que apesar de apresentar o repertório completo do disco, as músicas não serão executadas na ordem do LP, “A ideia inicial era tocar ele em sua ordem, mas com a evolução dos ensaios achamos melhor dar uma modificada na posição das músicas para criar um clima envolvente no show”, explica.

O músico ressalta a intensidade na forma de apresentar esse trabalho: “o preparo está sendo muito prazeroso, estamos com muito orgulho em poder tocar este disco que é um clássico da música brasileira e internacional. Cada música tem sua força natural e sua identidade muito forte”, enfatiza.

Antes do show de aniversário do disco “Transa”, quem sobe ao palco do Palafita é a banda “Feira Equatorial”, apresentando as músicas de seu EP recém-lançado. A banda dialoga com o rock progressivo e o tropicalismo.  

"É unânime entre os integrantes da Feira Equatorial a influência dos clássicos de Caetano Veloso, em especial do álbum ‘Transa’. O refinado violão de Caê, aliado ao conhecimento das tradições regionais brasileiras, inspiram o grupo em suas composições. 

É também marcante a influência progressiva e psicodélica do movimento tropicalista, com a tentativa de ruptura do ambiente musical atual por meio de sincretismo e inovação musical”, diz Caio Azevedo, baterista da Feira.

O grupo é formado por Thalia Sarmanho (vocal), Pedro Nascimento(guitarra), Son Maximiana (violão), Matheus Leão (baixo) e Caio Azevedo (bateria). Além da Feira Equatorial, a Black Soul Samba especial traz ainda o o DJ Faca como convidado, apresentando “reworks” com samples de músicas de Caetano Veloso.

Serviço
Aniversário de 45 anos do disco Transa, de Caetano Veloso, com banda Cactus Ao Luar. Abertura da banda Feira Equatorial. Na Black Soul Samba - Bar Palafita, Rua Siqueira Mendes, 134, Cidade Velha. Abertura da casa: 21h. Shows a partir das 23h. Ingresso: R$ 20,00 (na hora) e R$ 15,00 (antecipado no site Sympla). Mais informações: 91 98362 1793 (produção).

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

30.8.17

"Literatura Por Elas" convida Josette Lassance

Especialmente dedicado à divulgação da obra de escritoras, o projeto tem mais uma edição, hoje (30), a partir das 18h30, com a escritora Josette Lassance, que conversará sobre sua obra acompanhada de leituras feitas pelo ator Luiz Girad. Entrada franca.

O projeto estreou em maio com Luciana Brandão Carreira, discorrendo sobre a obra de Clarice Lispector. A programação é para quem gosta de literatura e se interessa pela produção paraense, mais especificamente, conduzida por mulheres escritoras e poetas. A iniciativa pretende contribuir com a difusão da produção crítica e literária feminina, em encontros mensais com autoras  para  leitura e reflexão sobre literatura e criação e divulgar  estudos sobre escritoras fundamentais da tradição literária. 

Josette Lassance já publicou as obras “Vida de Bruxa”, “Os gatos nus passeiam sobre os telhados sujos” (contos), “Galeria dos maus, o prédio” (contos), “Os cinco felizes” (contos), “Crônicas, sonhos e cafés” (crônicas e hai cais). E também algumas antologias, uma delas na Itália. A autora já participou da Feira do Livro de Porto Alegre e Fórum das Letras em Ouro Preto. No momento está com um novo livro de relatos de viagem https://viagensecaminhodesantiago.blogspot.com.br/ a ser publicado em breve. 

Um espaço aberto a todas as linguagens

Em plena Avenida Nazaré, ladeada pela Praça da República, a Casa da Linguagem ocupa um prédio histórico construído em 1870 para ser a residência da família do engenheiro Francisco Bolonha. Na esquina da Avenida Assis de Vasconcelos, ela já faz parte da paisagem de Belém, como parte do conjunto das antigas edificações ainda existentes nos arredores da Praça da República.

Com a restauração realizada em 1991, a Casa da Linguagem tornou-se, nos seus vinte e cinco anos de existência, referência como um espaço especial dedicado ao estudo da Palavra e suas possibilidades na linguagem, “enquanto som, enquanto grafia, enquanto significado, transformando-se, formando, informando - a palavra estudada enquanto som, signo, língua e linguagem”.

As ações propostas buscam o diálogo entre as mais diversas modalidades da leitura: textos, imagens, leitura dramatizada, cantada e cinematográfica. 

Com o propósito de promover o conhecimento e o interesse pela Leitura, a Casa abriga também a Biblioteca Francisco Paulo Mendes, com um acervo considerável de obras literárias, nacionais, estrangeiras e estudos de língua e literatura, o Cineclube Pedro Veriano e galeria. O primeiro Diretor da Casa da Linguagem foi o poeta Max Martins, com a consultoria da escritora Maria Lúcia Medeiros, nomes fundamentais da literatura contemporânea do Estado do Pará.

Além dos cursos e oficinas mensais de leitura, produção de texto e criação literária, a Casa oferece projetos especiais com a participação de escritores e estudiosos da Literatura complementando a “grade” de ações em torno da difusão do livro e da Leitura, COMO o Roda Poética (sarau)  e Roda Palavra ( bate papo com os autores), além do Literatura Por Elas.

Serviço
Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31). Contato: (91) 3210-2250

28.8.17

Oficina de Contato Improvisação na Casa das Artes

Fotos: Laysa Vasconcelos
Com proposta de estimular a sensibilização sensorial e a consciência corporal, será realizada nos dias 4, 5 e 6 de setembro a Vivência em Contato Improvisação, com a artista e professora Íris Fiorelli (SP). A participação é gratuita para estudantes de escolas públicas. A taxa para outros interessados custa R$ 10,00.

Podem se inscrever pessoas sem experiência formal em dança, assim como pessoas atuantes nas artes do corpo. No dia 6 de setembro, das 18h às 21h, a programação conta com uma Jam Session como culminância da vivência.

A atividade que será realizada na Casa das Artes é uma realização do Projeto Vertigem e integra a etapa de multiplicação da plataforma de formação reToque, que em sua primeira edição promoveu uma imersão e formação na técnica do contato e improvisação. Realizado na cidade de Goiânia/GO pela Casa Corpo no mês de julho com os professores Ana Alonso (SC), Catalina Chouhy (URU), Gustavo Lecce (ARG), Camilo Valebre (ARG) e participação de mais de 60 pessoas de vários locais do país.

Após a imersão, está prevista a etapa de amplificação que objetiva oportunizar aos participantes atuarem como agentes multiplicadores, realizando ações e difundindo o contato improvisação nas suas cidades de origem. São ao todo 11 atividades de multiplicação na cidade de Goiânia, em 3 municípios goianos, em Florianópolis/SC, Feira de Santana/BA e Belém/PA.

De Belém foi selecionada para a bolsa de multiplicação, a artista paraense Marina Trindade que integra o grupo Projeto Vertigem e o Casarão do Boneco. A ação de multiplicação conta ainda com a parceria de Andrezza Souza, do Coletivo Movimento Poético.

Iris Fiorelli é dançarina, palhaça, performer, professora de Hatha Yoga e arte educadora. A professora iniciou seus estudos em Contato Improvisação (C.I) e palhaçaria em 1997 no estúdio Nova Dança, em São Paulo. Ministra cursos, oficinas, participa de performances e jams no Brasil, na Argentina, Polônia e Alemanha. 

Nos últimos anos é nômade, ensina Contato Improvisação em intensivos no Brasil, Chile e Argentina e apresentou seus espetáculos, os solos Magavilha e Retalhos Populares, que unem dança e palhaçaria, e levam alegria sobre rodas numa Kombi cor de rosa-a Bonitinha. Desde 2009 organiza com Ana Alonso (UFSC) e Panmela Ribeiro (UFOP) o Festival Internacional e Contato Improvisação, Transformando pela Prática, Gamboa - SC. 

Contato Improvisação é um diálogo corporal de duas ou mais pessoas por meio do vocabulário sensorial composto de toque, peso e pressão. É a aceitação do outro e de si na construção de uma dança única no presente. Os movimentos que surgem da técnica lidam com a inércia, o momento, o desequilíbrio e o inesperado, podendo ir de um alto nível aeróbico à uma quietude física. A técnica nasceu nos EUA, no início da década de 70, com Steve Paxton, e é associada ao movimento de contracultura por ser uma dança igualitária e democrática. Atualmente é praticada no mundo inteiro. (Fonte: www.contatoimprovisacao.wixsite.com)

Serviço
Vivência em Contato Improvisação com Íris Fiorelli (SP). Na Casa das Artes, nos dias 4, 5 e 6 de setembro, das 09h às 13h. No dia 6 tem JAM, das 18h às 21h. Gratuito para estudantes de escolas públicas e R$ 10,00 para público em geral. Informações: 91 980838450 (Marina Trindade) e www.casacorpo.art.br/retoque.

25.8.17

Dois Brasis com Toninho Horta e Delcley Machado

Delcley e Toninho Horta (Foto: Walda Marques)
Toninho Horta está em Belém desde terça, 22. Já fez ensaios e um workshop para estudantes e veteranos, com direito a reencontros, afinal, não é de hoje que a música mineira flerta com a música paraense, e vice versa. O projeto estreia aqui reunindo ainda o baterista Eduardo Costa e o baixista Príamo Brandão. Neste sábado, 26, às 22h, no Espaço Tábuas de Maré, com ingresso a R$ 30,00.

Que o Brasil é um país musical e plural, já disseram várias vezes, mas o que muita gente ainda não sabe é que no Pará não existe só carimbó e guitarrada, e que a música instrumental feita aqui, sempre foi potente, gerando artistas virtuoses, alguns deles com projeção internacional, como Sebastião Tapajós, Minni Paulo Medeiros e Albery Albuquerque, para falar de alguns que são da geração anos 1970. 

Delcley Machado começa a firmar sua carreira a partir dos anos 1990, participando ativamente desse movimento que já pariu festivais como o Baiacoll Jazz Festival, Jacofest, Festival de Contrabaixo da Amazônia e o próprio Festival Internacional de Música da Fundação Carlos Gomes, que a cada ano insere, para além da música erudita, o jazz e a música instrumental paraense em suas programações.

Foi inclusive no festival da Fundação deste ano, que Delcley Machado, ao abrir o show de Fátima Guedes, no Bar Palafita, foi ouvido pelo produtor paulistano Fernando Fagerston, e recebeu o convite para participar do projeto “Dois Brasis”, com Toninho Horta, músico com reconhecimento internacional que remonta aos tempos do Clube da Esquina, movimento musical mineiro, marcante na história da música brasileira.

“Sou fã da música paraense, gosto muito da guitarrada, só que ouvi algo diferente quando vi a apresentação de Delcley Machado, naquele dia no Bar Palafita. Fui falar com ele depois do show, e já no dia seguinte fiz o convite para esse projeto que pretende reunir sempre músicos de diferentes regiões do país. Há um Brasil reconhecidíssimo e outro que, embora seja super virtuoso, maravilhoso, audível, não tem acesso ao eixo Rio - São Paulo”, comenta Fernando Fagerston.

Um convite irrecusável

Foto: Walda Marques
Delcley Machado não precisou pensar duas vezes e, se declarando admirador do trabalho de Toninho Horta, com quem teve a oportunidade de tocar anos atrás num mesmo festival, o Tapajazz, realizado em Santarém, aceitou com prazer.

“O Horta pra mim, é antes de mais nada, um ídolo, com uma guitarra própria que onde eu escuto, identifico, tem uma assinatura muito forte. Então para mim é a realização de um sonho. Todo mundo tem esse sonho de estar ao lado do Mestre, mas estar perto é uma coisa, outra é estar dividindo o palco com ele. É algo muito grande pra mim”, diz Delcley.

Conhecido internacionalmente por seu trabalho junto ao Clube da Esquina, onde ao lado de Beto Guedes, Wagner Tiso, Milton Nascimento e os demais mineiros do Clube, Toninho compôs canções que se eternizaram no cancioneiro da música brasileira. 

Delcley Machado nascido no ano de 1973, começou seu interesse pela música nas rodas de choro promovidas pelo seu pai, músico veterano, que participou como percussionista na Orquestra da Rádio Marajoara, em Belém. Músico autodidata começou a desenvolver sua musicalidade aos 9 anos de idade no universo do choro, utilizando como seu primeiro instrumento o Cavaquinho, executando choros de compositores da música brasileira.

No show deste sábado, vão rolar clássicos de Toninho Horta como, "Manuel, O Audaz", "Bons Amigos" e "Beijo Partido", além de sucessos de  Delcley Machado, como: "Lucas", "Temporal" "Rosa Espanha" e "Ensolarando." 

“A gente tem as mesmas influências, gostamos de jazz. Eu gosto da música brasileira, como a música nordestina, por exemplo, mas cada lugar, de onde a gente é oriundo, traz o sotaque daquela cultura e de cada um. Eu e Delcley temos os mesmos ídolos, mas ele pega a guitarra e tem outra linguagem, e eu também. Isso que é bacana e diferencia o nosso trabalho, mas ao mesmo tempo tem tudo a ver”, diz Toninho Horta.

50 anos de carreira e muitos projetos pela frente

Foto: Walda Marques
O músico profissional aos 16 anos, incentivado pelo irmão, começou a tocar na noite belo-horizontina, onde conheceu Milton Nascimento. Após sua transferência para o Rio de Janeiro, no final dos anos 70, ganhou projeção nacional. No início dos anos 80, teve sua primeira experiência tocando com músicos de jazz em Nova Iorque, onde se radicou nos anos 90, consolidando sua arte no exterior. Além do reconhecimento pela crítica mundial e por músicos de toda a parte do planeta, Toninho leva na bagagem 25 CDs lançados, de sua autoria. 

Paralelamente à carreira musical, criou, em 2000, seu próprio selo – Minas Records –, que produziu seis de seus discos, anteriormente lançados apenas no exterior. Desde essa época, se dedicou a projetos especiais, como a gravação do CD Duplo e o DVD “Solo – Ao Vivo”, do Show “Ton de Minas” (Teatro Sesiminas / BH -2004). O repertório forma uma antologia de seu trabalho como compositor.

Em 2005, recebeu mais um reconhecimento em sua carreira, com a indicação à 6ª edição do prêmio Grammy Latino com o álbum "Com o pé no forró", na categoria “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira”, ao lado de outros grandes artistas do país. Em 2008 gravou, com Ken Hirai, considerado o cantor mais popular do Japão, a canção “Moon River”, de Henry Mancini, para um documentário sobre os 40 anos da descida do homem na lua, pela NASA (em Nova Iorque).

Em 2009 e 2010 realizou temporadas no Dizzye´s Coca Cola Club, no Lincoln Center, como convidado especial do “Brazilian All Stars Band”, homenageando o maestro Tom Jobim. Em 2010, lançou um CD de homenagens e um livro biográfico. O álbum "Harmonia & Vozes" contou com participação de 150 músicos.  No ano passado, foram lançados os DVDs "Ton de Minas" (do show Solo – Ao Vivo), de Paulo Nicolsky, e o documentário "A Música Audaz de Toninho Horta", de Fernando Libânio.

ENTREVISTA: Um bate papo descontraído e musical 

O blog acompanhou o ensaio realizado na terça-feira, à mineira, na casa da produtora cultural paraense, Silvia hundertmark. O papo com Delcey e Toninho Horta rolou em meio a aromas da gastronomia local e a expectativa para a apresentação, passando pela trajetória de ambos, o lançamento de songbook, que comemora meio século de carreira de Toninho Horta e, claro, o encontro de dois sotaques de guitarras brasileiras.

Toninho Horta e Delcley Machado falam desses diversos Brasis e contam como esse encontro enriquece suas trajetórias. O show deste sábado tem tudo para ser inesquecível e muito, muito especial. Confiram. 

Foto: Walda Marques
Holofote Virtual: Toninho Horta, tu já estivestes várias vezes em Belém, mas talvez nunca dando um workshop?

Toninho Horta: Exato. Na verdade eu já estive aqui antes pra ministrar um workshop sim, há uns anos atrás, na Fundação Cultural, mas foi só uma vez, uma palestra, um bate papo rápido, desta vez é algo com vários músicos, inclusive profissionais. 

Estou há um tempão sem vir aqui, na última, cheguei e fui direto para Santarém, duas vezes, uma para tocar no Tapajazz, e outra para visitar o Sebastião Tapajós. Eu estava vindo de Porto Trombetas. Depois ainda visitei Belém rapidamente. É um lugar que eu gosto muito. Eu gosto de lugares que têm um arquitetura antiga, que tem um história, e aqui tem a Fundação Carlos Gomes, tem o Theatro da Paz. Essa história da música aqui em Belém, sempre efervescente, sempre conheci muitos músicos aqui.

Holofote Virtual: Há esse namoro de influências entre a música mineira com a música paraense, o que acompanhamos há muito tempo...  

Toninho Horta com a amiga Gal
Toninho Horta: Eu já tinha feito muitas amizades por aqui, desde as primeiras vezes que eu vim fazer show, com a Gal Costa em 1973, com o Milton em 1978. A Gal, com o “Índia” e o Milton, com o “Som Imaginário”. 

Desde aquela época sei que o público daqui consome música mineira e instrumental. O próprio Delcley fala abertamente sobre a influência do Clube na Esquina no trabalho dele, e pra gente é muito engrandecedor isso, é um movimento que nasceu em Minas Gerais, conhecido até fora do Brasil, mas que aqui teve uma influência bem forte para os músicos. 

Mais tarde eu fui conhecendo os músicos mais jovens, o próprio Ney Conceição, que é um músico de destaque; que foi para o cenário do eixo do Sudeste, Rio-São Paulo, onde tem a maior vitrine. Tenho sempre encontrado com ele, que tem coordenado uns workshops. Estivemos em Marabá, uns três anos atrás, mas não parei em Belém nessa ocasião, só mesmo de conexão, e tenho participado de eventos com ele, participei de gravações com ele, gravei no último disco dele também.

É sempre bom estar por aqui rever os amigos, e a gente sempre fala nessa possibilidade de intercâmbio, mas é difícil, uma vez com o Flavio Venturini, nos anos 80, a gente tinha um projeto que era Eu, o Flávio, o Nilson Chaves e o Vital Lima. Era o projeto Belém-Belô, e a gente só fez a parte Belém. A parte Belô não aconteceu.

Foto: Walda Marques
Holofote Virtual: Quem sabe agora vai?

Toninho Horta: Sim, era um projeto legal. Agora na área instrumental juntamente com o produtor Fernando Fagerston, que é de São Paulo, um grande amigo, supercompetente, estamos pensando realmente em focar nisso, se pegarmos uma Lei de Incentivo. 

Aí vamos tentar articular, começando aqui pelo norte, mas também nordeste, tendo eu, como uma pessoa “conhecida”, fazendo o papel de Host, o cara convidado para juntar toda essa galera. Então vai ser um prazer e vamos tentar fazer esse intercâmbio, levando o pessoal daqui para o Rio, para Minas, para São Paulo e depois inverter, com gente vindo de lá pra cá, acho que tem que ter isso, porque o Brasil é muito grande, são vários Brasis num só. 

Holofote Virtual: Então essa tua vinda aqui já é um embrião desse projeto?

Toninho Horta: Exatamente, na verdade é assim, as ideias sempre aparecem, mas elas são diluídas por causa das viagens, por causa de falta de apoio, e agora a gente almoçando juntos, conversando, estamos reavivando a ideia, mas eu estou sempre fazendo esse tipo de projeto de interação entre gerações. Há três anos, constitui o instituto Maestro João Horta. A gente está no inicio ainda, publicamos a minha biografia que saiu em 2010, “Harmonia Compartilhada”, da escritora paulista Maria Teresa Campos, que saiu com apoio do instituto. 

O instituto é justamente para facilitar esses trabalhos de educação, e até de nível social com algumas comunidades carentes lá de Minas, montar orquestra, usar o instituto como um meio de angariar recursos para viabilizar o projeto junto a profissionais, dar um “Up grade” pra músicos bons já estabilizados, e fazer intercâmbios internacionais.

Holofote Virtual: Estás também lançando teu songbook, com mais de 100 músicas, pinçadas desses seus 50 anos de carreira. Conta um pouco sobre este trabalho.

Toninho Horta: Foi lançado em junho. É um projeto de quatro anos e que eu vinha fazendo com certa dificuldade, mas quando eu abri o instituto, consegui angariar alguns recursos que puderam dar um apoio pra sair o livro. 

Então está sendo muito bacana essa experiência, e o livro está ai, é um livro bilíngue, com 380 páginas, tem páginas coloridas, com fotos com vários artistas com que eu toquei pelo Brasil, fora do Brasil também. Com orquestras, comentários de músicos, maestros e as partituras.

Holofote Virtual: Vão chegar exemplares aos institutos e escolas de música do país? 

Toninho Horta: A gente vai fazer uma distribuição ainda, mas todo lugar que eu visito, eu faço questão de mandar para as escolas, conservatórios, procuro sempre conhecer um pouco de cada lugar, então sempre tem um cota de distribuição para as bibliotecas, institutos culturais. 

Estamos viabilizando também a venda. Estamos tentando entrar nestas redes, tipo a Saraiva (Livraria), o que não é muito fácil, tem muita burocracia, você tem que ter uma editora de muitos anos, então a gente encontra certa dificuldade, mas temos recebido muitos convites para viajar pelo Brasil, interior de Minas, interior de São Paulo, Rio e outras capitais. Isso então facilita e a gente já chega nas localidades com uma cota pra distribuição. 

No workshop, na quarta e ontem - Fundação Carlos Gomes
Vamos tocar no festival lá em Santarém novamente e vamos deixar no instituto Wilson Fonseca, para que o pessoal possa dar uma olhada no meu trabalho, aliás deu muito trabalho, foram 04 anos para fazer e agora queremos colher os frutos. Temos tido muitos pedidos e estou tentando algumas editoras na Europa, EUA, Japão, mas como o projeto é novo, ainda estamos em conversação. Estou muito feliz com o trabalho, tá muito legal.

Holofote Virtual: Bacana. E você Delcley, agora vamos falar dessas duas guitarras, esses dois Brasis. Como está a programação deste repertório, como vocês combinaram isso?

Delcley Machado: Vamos colocar nossos originais, nossas músicas, e vamos também apresentar os clássicos infalíveis do Clube da Esquina, e outras músicas do Toninho que o público já conhece muito, então vamos dizer que vou pegar um “Jeep” junto com ele para mostrar minhas composições, as coisas que estou fazendo aqui há 20 anos na minha carreira de música instrumental, que é persistência. 

Para fazer música instrumental tem que ter muito amor, muito sangue na veia, porque tem muita coisa que aparece, muito modismo, coisas que as pessoas vão inventando e a gente vai tendo que atravessar essas paredes, essas barreiras, e nós vamos em frente com a nossa música, independente de qualquer coisa, porque assim como eu, como ele, temos a intenção de perpetuar a nossa arte. A gente está completamente com os ouvidos voltados pras nossas ideias, para não se contagiar com modismos e coisas que as pessoas andam inventando por ai.

Foto: Fernando Fagerston
Toninho Horta: Delcley vai cantar, eu vou cantar alguma coisa também. Vai ser um show bem diversificado.

Holofote Virtual: Delcley, tu estás trazendo este teu trabalho novo com canções e participação de outros compositores. Fala um pouco sobre isso.

Delcley Machado: Sim, tem o Ensolarando, que nós vamos tocar. O trabalho tem essa cara nova, que tem mais canto que instrumental, e isso também é influencia do Toninho Horta, porque antigamente pensavam que a música instrumental é instrumental e a música cantada é a música cantada, e não existe isso.


Toninho Horta: A voz é um instrumento também.

 Delcley Machado: Ele veio para quebrar isso, toca duas músicas instrumentais e de repente ele aparece cantando, fazendo vocalizes, é a voz que está trabalhando também, então a gente aproveita, que canta razoavelmente afinado e vamos mostrar isso.

Holofote Virtual: Queria saber dos dois que são guitarristas. Como é essa coisa da guitarra no Brasil, a gente sabe que tem a forte guitarra baiana, tem essa tua guitarra mineira, Toninho, imortalizada no Clube da Esquina. Podemos dizer que há uma ou mais escolas de guitarra no Brasil?

Turnê Europa, "Som Imaginário", com Milton Nascimento
Toninho Horta: Na minha opinião, o Brasil, como todo mundo sabe, é muito grande, possui várias regiões. Minas Gerais dizem que é maior que a França, então são vários países que a gente tem. Temos, por exemplo, o Yamandú (Costa), que vem lá do Sul com essa influencia da Chacareira, Chamamé, músicas em compasso ¾ com todo aquele “rasqueado” do violão. No Mato Grosso tem o lance da viola, cito ainda o Almir Sater, com o violão pantaneiro. Em todo lugar que eu vou tem violonistas, guitarristas, baixistas com seus sotaques, o Michael Pipoquinha, por exemplo, que é do Ceará, toca desde menino, ele toca baixo, mas toca violão também e já tem toda aquela linguagem do Nordeste.

Eu lembro dos violonistas dos anos 1960, do Festival da Canção que fui, lembro que tinha o Dori Caymmi, uma escola de violão, o João Gilberto. E aqui você tem o Delcley, Nego Nelson, tem toda uma história de música regional com o Waldemar Henrique, tem o Sebastião Tapajós. 

A Escola Mineira já é diferente, tem muito direcionamento para harmonias e melodias que acompanham mais as montanhas (sky line das montanhas), subindo e descendo, com intervalos maiores, então cada lugar tem sua linguagem, e isso que é bacana, quando a gente pode inteirar, juntar, como é esse show com o Delcley, juntar essas culturas.

Foto: Uberaba Popular
Holofote Virtual: Vocês possuem essas influências desses outros Brasis?

Toninho Horta: Eu e Delcley temos o regionalismo da nossa cultura musical, mas a gente tem muito mais influência do internacional, do jazz, que a gente sempre ouve. 

Aqueles caras mostraram pra gente, a maneira da música ser livre, ou seja, a música instrumental. O jazz é a maior linguagem, pela improvisação de tudo, pela liberdade musical que a gente pode ter. Temos essa mesma linguagem, mas você vê que tem o violão de Minas que é diferente do Sul, o pessoal da Bahia também.

Delcley Machado: Falando de guitarra no Brasil, eu comecei escutando ele, o Heraldo do Monte, o Helio Delmiro, o Chiquito Braga. Esses são os grandes guitarristas que eu conheço. Saindo desse campo de guitarra tem os gênios que a gente gosta de ouvir, como Gismonti e outros. 

Tem os que vieram depois, os mais novos. Eu não tenho muito a dizer sobre influências daqui, porque eu não tenho muita influência daqui, eu tenho, como ele disse, o sotaque daqui, porque a gente não tem como esconder isso, porque não somos de outro lugar. Acho que tem um movimento aqui de guitarra, que é o movimento da “Guitarrada”, que é um movimento que eu realmente não tenho influencia alguma, admiro, respeito, acho muito legal.

Foto: site do artista
Toninho Horta: O repertório é brega?

Delcley Machado: Não, eu não diria isso, porque a palavra brega, ela tem vários adjetivos, pode ser dita mais como uma música animada, folclórica, divertida, música pra dançar, pra ficar animado, pra ficar alegre, é mais pra entretenimento. Não é a música que eu gosto para ouvir na minha casa, no rádio, ou onde eu possa colocar uma música para eu ouvir. 

A gente sempre está ouvindo coisas que nos acrescente, a gente não pode perder tempo ouvindo música, entendeu? Já que o que a gente produz é música, eu sempre tenho que ficar ouvindo coisas que eu não consigo fazer, que aquilo tenha um pulo do gato que eu ainda não vi, ou uma história de harmonia, melodia. Se eu perder tempo ouvindo Led Zeppelin, por exemplo, eu vou para o ralo. Entendeu? Ouço por ai quando vou na casa dos outros e  está rolando, mas de colocar um disco na minha casa, jamais.

Holofote Virtual: Já falamos do trabalho mais atual do Delcley. E você, Toninho, me falou que está gravando, ou que vai gravar. Tá planejando outro disco, que trabalho é esse que pretende lançar e quando?

Foto: Itauna Fanzine
Toninho Horta: Bem, é o seguinte. Demorou 04 anos para fazer o livro, no meio de tantas viagens, convites de outras pessoas para participar de shows com outros artistas e tal, mas nesse ínterim, nos últimos 03 anos eu produzi um disco da Orquestra Fantasma, que é minha banda original, que é o Iury Popov no baixo, a Ana Horta, na flauta, André Dequech, no teclado, e o Neném, na bateria. É um grupo que o pessoal viaja demais, então é mais fantasma do que real a minha banda (risos), mas é mesmo assim. A banda foi criada em 1981, quando eu comecei a viajar pelo Brasil promovendo meus dois primeiros discos. 

Desde aquela época eu mantive esse quinteto, eu e mais 04 músicos, e agora estamos comemorando, aliás, desde 2012, e que deve sair esse ano. Estamos lembrando os mais de 30 anos de carreira. Já estamos finalizando a mixagem, então vão ser 35 aos de carreira.

Holofote Virtual: Será uma edição especial, o que sai exatamente?

Toninho Horta: O disco vai se chamar Belo Horizonte, tem 17 faixas, mas que reúne coisas do disco Belo, que podemos dizer assim, que são minhas músicas mais clássicas, como Beijo Partido e outras, todas com novos arranjos instrumentais, com a participação do cantor João Bosco, da cantora Joyce e da Iza Ono, que é uma cantora japonesa que canta música brasileira, e que no disco cantou o Beijo Partido. E o disco Horizonte, só com músicas instrumentais inéditas com temas do Iury Popov, do André Dequech e músicas minhas também.

Então vai ter uma edição especial com os dois discos, o Belo e o Horizonte, com fotos e textos sobre esses trinta e poucos anos de carreira e mais a cidade de Belo Horizonte, onde a gente teve essa formação toda de ouvir o jazz, as modinhas mineiras, o Barroco e coisa e tal. 

Esse disco sai agora no final do ano, coincidindo com os 120 anos da cidade de Belo Horizonte. Há uma música que fiz, há 20 anos, para cidade, quando Belo Horizonte fez 100 anos. No disco Belo será cantada por um coral de crianças e pelo Tadeu Franco; e vai ter uma versão instrumental no disco Horizonte. É a mesma música, só que instrumental, com sopros, guitarras. 

Holofote Virtual: Uau, que maravilha. E para a gente fechar, resumindo, Dois Brasis será um show muito rico, pelo já previsto e ouvido aqui...

Toninho Horta: Exatamente. Chama todo mundo, que vai ser um show muito alegre, para cima. A gente vai contar um pouco da história de Minas, um pouco da história do Delcley, essa ligação com a música boa, de qualidade, que é nossa liberdade de criar, como ele falou, é a coisa da resistência da música de qualidade com liberdade e é isso que segura o mundo, porque a gente acaba, querendo ou não, visando o futuro, porque se você toca música descartável, ela sai de cartaz em um ou dois anos. E a música de qualidade não, essa é eterna e pode influenciar pessoas por décadas e décadas.

O Tábuas de Maré, fica na Rua São Boa Ventura, 104 – Cidade Velha.




23.8.17

No ar três séries novas do audiovisual paraense

A Cultura Rede de Comunicação lança três séries contempladas pelo Edital Cultura de Audiovisual. Única emissora pública do Norte do Brasil a garantir edital audiovisual, a TV Cultura do Pará destinou R$ 3 milhões para as produções, sendo que R$ 1 milhão foi contrapartida da emissora e o restante do Fundo Setorial do Audiovisual, da Agência Nacional do Cinema (Ancine).  Anote, será dia 31 de agosto, às 19h, no Teatro Maria Sylvia Nunes, em Belém 

Ficção, documentário e animação, com finalidade comercial, para exibição na emissora. É a primeira vez que o audiovisual paraense recebe incentivos por meio do edital. Das produções contempladas no edital lançado em 2014, as séries de ficção "Diários da Floresta", da produtora Floresta Vídeo, e "Os Konsiderados", da Green Vision, receberam R$ 1 milhão cada. Já o documentário "Eu moro aqui", da produtora TV Norte Independente, e a animação "As Icamiabas na Cidade Amazônia", do Iluminurias Estúdio, receberam R$ 500 mil cada.

"Uma das finalidades da TV pública é fomentar a produção independente de audiovisual, movimentando a cadeia econômica e o mercado. Hoje, a economia criativa é que mais cresce no mundo. No momento em que você investe nessas produtoras, você tem uma grade televisiva de conteúdo diferenciado. Isso proporciona qualificação para que o Brasil seja um dos grandes pólos produtores de audiovisual do mundo", destaca Indaiá Freire, coordenadora do Edital Cultura de Audiovisual. 

Conforme o edital, as produtoras tinham que realizar 80% dos projetos em solo paraense, bem como contratar artistas e técnicos locais para fomentar o segmento no Estado. No Teatro Maria Sylvia Nunes serão exibidos ao público os primeiros capítulos das três séries, que serão veiculadas pela primeira vez na emissora pública. A produção "Os Konsiderados" deve ser lançada somente em 2018. 

Eu Moro aqui

A exibição dos produtos na TV Cultura do Pará começa dia 11 de setembro, às 20h, com o primeiro dos quatro episódios do documentário "Eu moro aqui", realizado pela TV Norte Independente, com direção e pesquisa de Fernando Segtowick. A produção aborda a vida de moradores em quatro unidades de conversação no Pará e relação destes com a sustentabilidade e a floresta. Mais de 30 pessoas estiveram envolvidas no documentário, que levou quase dois anos para ficar pronto.

"A série é um pouco política porque mostra como é a organização social destas comunidades, mostrando o que é esse local e como funciona o corporativismo. O que a gente procura entender é como é morar em um lugar destes? Qual era o compromisso deles com a floresta? E observamos que mesmo morando em lugares afastados, essas pessoas se organizam, se mobilizam e acreditam em diferentes maneiras de preservar os espaços e sobreviver a partir dele", conta Fernando Segtowick, diretor do documentário. 

Para gravar o documentário, a equipe da produtora viajou para o interior do Estado e desbravou comunidades onde a maioria dos paraenses não conhece a realidade. "O legal da série é levar, mesmo para quem é paraense, a realidade destes lugares que ficam a milhares de distância. Tecnicamente foi um desafio muito grande para a equipe entrar nessas unidades e gravar com equipamentos grandes", completa Segtowick. Três episódios da produção foram gravados em unidades de conversação e um na floresta estadual de Cachoeira Porteira, na Calha Norte. 

Mais de 200 pessoas envolvidas 

Em outubro será vez da TV Cultura exibir os cinco episódios da série de ficção "Diários da Floresta", produzido pela produtora Floresta Vídeo, com estreia prevista para o dia 16, às 20h. Baseada no livro de mesmo nome da antropóloga Betty Mindlin, a produção foi gravada nos municípios de Belém, Breu Branco e Tucuruí, sudeste paraense, onde foi construída uma aldeia indígena cenográfica. 

A série, que tem direção de Luiz Arnaldo, retrata a história da antropóloga vivida pela atriz Rita Carelli, que em contato com a nação indígena Paeté, passa por um processo de indigenização e incorpora características indígenas, enquanto que os índios desse tribo sofrem processo inverso. Cerca de 200 pessoas entre equipe técnica e atores foram envolvidos nas gravações, que duraram quase um ano. Índios da etnia suruí-aikeawara também participaram das cenas, assim como os atores paraenses Cláudio Barros e Adriano Barroso.

"O que basicamente o diretor quis mostrar foi esse processo de indigenização e os prós e contras deste contato da antropóloga com os indígenas. Ela (a antropóloga) acompanhou as gravações e nos ajudou no processo de criação também", conta Pablo Costa, representante da produtora, destacando que cada episódio da série tem 26 minutos de duração.

A vez da animação

Já a partir do dia 24 de novembro, às 10h, a emissora leva ao ar a animação "As Icamiabas na Cidade Amazônia", produzida pelo Iluminurias - Estúdio de Animação, com direção de Otoniel Oliveira, criação de Andrei Miralha e Petrônio Medeiros. A série de cinco episódios em animação 2D, se passa na fantástica Cidade Amazônia, onde os antigos Deuses se aposentaram, e agora os conflitos entre os seres encantados e os humanos passaram a ser resolvidos por suas estagiárias, as Icamiabas. 

Elas são quatro meninas guerreiras, cada uma regida por uma fase da lua, que dividem sua rotina entre as tarefas comuns do dia a dia com batalhas divertidas para manter a harmonia na Amazônia de Pedra. As Icamiabas são velhas conhecidas do telespectador da TV Cultura do Pará. Em 2012 a animação ganhou espaço na interprogramação da emissora em três episódios de um minuto cada. Para realizar a animação, o estúdio contratou uma equipe com mais de 20 pessoas e formou novos animadores em Belém. 

"Apesar de falar da Amazônia, a série tem uma temática universal. Nossa preocupação foi criar um produto com referência amazônica e da nossa cultura local. 

As pessoas vão perceber que temos toda uma arquitetura tapajônica e marajoaras nas cenas. Por exemplo, a Cidade Amazônia é uma versão fantástica de Belém, onde as árvores vivem pertinho dos prédios. Bacana destacar também é que montamos uma equipe de animadores para dar conta do trabalho e formamos nova turma de animadores em Belém. Então, isso aqueceu o mercado, pois trouxemos capacitação também", explica Andrei Miralha, um dos criadores da série. A ideia dos criadores é chamar atenção principalmente do público infantil, por isso a temática da representatividade foi pensada de forma mais dinâmica nos cinco episódios.

"Se a gente gosta de ver super-heróis porque não fazer fantasias de poder com indígenas? Com mulheres amazônicas? Então, além das personagens e dessa estrutura toda, a gente construiu a narrativa com referências de todas as cidades do Norte porque achamos que a representatividade do Norte ainda é pequena dentro desse segmento da animação. 

Queremos que a audiência e as crianças vissem um lugar em que elas pudessem se reconhecer, ao mesmo tempo em que fosse um lugar fantástico para despertar a animação. Queremos que as pessoas de fora também vejam um lugar possível da realidade amazônica", observa Otoniel. Para realizar a animação, o estúdio contratou uma equipe com mais de 20 pessoas e formou novos animadores em Belém. 

Um estímulo à produção audiovisual

No total, 24 produtoras paraenses concorreram ao edital, lançado em 2014 pela Cultura Rede de Comunicação. Todos os projetos foram avaliados por uma banca formada por Maurice Capovilla, roteirista, produtor e cineasta; Armando Bulcão, doutor em Comunicação Audiovisual e Publicidade pela Universidade Autônoma de Barcelona e professor da Universidade de Brasília (UnB), e Jonas Brandão, diretor de animações. 

As produtoras responsáveis pelas obras de ficção e documentário tiveram 18 meses para produzi-los. Enquanto que a produtora responsável pela animação teve 20 meses para finalizar os trabalhos. Nos últimos anos a TV Cultura tem se dedicado a estimular a produção audiovisual, incentivando o mercado com iniciativas como o Edital Culturanimação e Edital Cultura de Audiovisual, em parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), para séries de ficção, documentário e animação. Além disso, a emissora também possui um núcleo de documentários, que tem se destacado em diversos temas importantes da região, como culinária, cultura e memória.

Coletivo francês no Portas Abertas da Fotoativa

O Suspended Spaces traz suas experiências e seus percursos artistico à roda desta edição do projeto Portas Abertas, que está de volta ao Fotoativa. Nesta quinta (24), a partir das 19h, no Casarão Fotoativa. Entrada gratuita.

Os artistas trabalham sobre objetos ou "espaços suspensos". Com características difíceis de explicar em poucas palavras, produzem textos e obras. Esses objetos e outros diversos campos tratam de conflitos de natureza política, econômica ou histórica. Tornaram-se áreas tangíveis e sensíveis, particularmente frágeis e efémeras, que necessitam uma abordagem artística. 

Abordando um trabalho crítico sobre apropriações da Modernidade e das Modernidades, tais como foram exportadas, esta é uma forma do coletivo interrogar suas faltas e de enfatizar a importância dos detalhes, as áreas de fricção e de contingências.

“Fizemos varias residências, exposições, colóquios, e já publicamos 3 livros - estamos a preparar o próximo, que será em francês e em português. Trabalhamos agora num projeto de residência flutuante (num barco) entre Santarém e Fordlândia, com mais ou menos 20 artistas e pesquisadores da Europa e do Brasil”, afirma Jan Kopp, um dos integrantes do grupo.

Fotoativa Portas Abertas - O retorno das atividades da Fotoativa no Casarão da praça das Mercês, reúne uma diversidade de ações em desenvolvimento constante, por fotógrafos, artistas, escritores, músicos, pesquisadores e interessados no compartilhamento de ideias e iniciativas.

O espaço se mantém vivo e atuante com programações que já reuniram centenas de pessoas, seja em dias inteiros dedicados à realização de oficinas e apresentações, como também em eventos pontuais, de lançamento de publicações, debates e experimentações, que também possam potencializar as atividades no Casarão.

Serviço
Fotoativa Portas Abertas nesta quinta, dia 24, às 19h, no casarão Fotoativa, praça das Mercês. Entrada gratuita. Mais informações www.fotoativa.org.br ou nas redes sociais da Associação Fotoativa.  Mais informações sobre o coletivo francês www.suspendedspaces.net

Nazaré Pereira apresenta EP na Lambateria#63

Foto: Camila Lima
O dia municipal do Carimbó, festejado em 26 de agosto, ganha homenagem na Lambateria, nesta quinta, 24. A roda será comandada por mulheres, que integram o grupo “Tamboiara” e ainda a cantora Nazaré Pereira, além das atrações residentes Félix Robatto e seu Conjunto e DJ Zek Picoteiro.

Considerada uma das maiores intérpretes paraenses com uma voz inconfundível, Nazaré Pereira se prepara para o lançamento digital de um EP com quatro músicas. Gravado mês passado no Estúdio Edgar Proença, da Rádio Cultura, o EP traz três regravações e uma inédita. 

Com produção musical de Leo Chermont, as canções ganharam um arranjo contemporâneo, mas sem perder a identidade regional da artista, que, em breve, ganhará documentário que vai contar sua trajetória, trabalho que está sendo realizado pela equipe de produção da TV Cultura do Pará. Com direção de Robson Fonseca e direção de fotografia de André Mardock, a equipe irá registrar a participação da artista na Lambateria.

Para acompanhar Nazaré, a festa contará com a presença do coletivo “Tamboiara”, formado exclusivamente por mulheres. 

Com dez instrumentistas e direção musical do produtor e músico Márcio Jardim, o grupo propõe uma sonoridade brasileira amazônica, que estuda, pesquisa e toca gêneros como o Carimbó, Lundu, Quadrilha, Retumbão, Batuque e Marabaixo, que estarão presentes no primeiro EP autoral do grupo, que está em fase de produção.

A noite segue com o show de Félix Robatto e seu Conjunto e seu repertório dançante repleto de Lambadas, Guitarradas, Cumbias, Merengues, Carimbós e Bregas, além de músicas autorais como “Eu quero Cerveja”, “Seu Godofredo” e “A Gente chama de Lambada”.

A nave da Lambateria fica sob os cuidados do DJ Zek Picoteiro, que manda um setlist que mistura as tradicionais músicas dançantes latino-amazônicas a sucessos do pop em versões de Tecnobrega.

Programação
  • 20h - Abertura da casa
  • 22h30 – Grupo Tamboiara + Nazaré Pereira
  • 0h30 – Félix Robatto e seu Conjunto
  • 2h - Zek Picoteiro

Serviço
A Lambateria#63 com Nazaré Pereira, Grupo de Carimbó Tamboiaras, Félix Robatto e seu Conjunto e DJ Zek Picoteiro será nesta quinta-feira, 24 de agosto, a partir das 20 horas no Fiteiro (Av. Visconde de Souza Franco, 555). Shows a partir das 22h. Ingressos promocionais a R$ 15 até quarta-feira, 23 de agosto. Ingressos a R$ 20,00 (até 22h59 do dia 24) e R$ 25,00 (a partir das 23h do dia 24). Vendas antecipadas no Sympla (https://www.sympla.com.br/lambateria-63---nazare-pereira-e-grupo-de-carimbo-tamboiaras__179076). Informações: (91) 98026-1595 / fb.com/lambateria.

(Texto enviado pela Assessoria de Imprensa Lambateria)

22.8.17

Pai e filho contadores de histórias no Amostra Aí

O Casarão do Boneco abre as portas neste sábado, 26, às 18h. O público vai conhecer Alci Santos e Ariel Benício, pai e filho, contadores de histórias, e ainda a companhia "Nós Os Pernaltas", com o espetáculo Varieté. Também haverá exibição do programa e TV Catalendas, além de comidas, exposição de bonecos e lojinha com Cd's, Dvd's e livros que podem ser adquiridos para contribuir na continuidade de ações na casa. O ingresso é pague quanto puder.

No mês em que se comemora o Dia Internacional do Folclore e se homenageia os pais, Alci Santos e Ariel Benício, pai e filho, trazem para o Casarão do Boneco histórias do folclore brasileiro. 

Ariel acompanhava o pai nas rodas de histórias, e de tanto ouvir e ler histórias acabou num certo dia – para a surpresa do próprio veterano Contador de Histórias – tomando a frente da situação e pediu para contar... e de lá não parou mais – isso apenas com 9 anos. Contar Histórias para ambos, no molde que hoje atuam, é apenas uma dinâmica de família ampliada a quem estiver disposto a participar  - ouvindo, lendo e contando também.

“Vamos falar das tradições folclóricas das narrativas mais tradicionais e peculiares de nossa região: mitos, lendas, fábulas, contos e causos; sendo que para a interação, as histórias serão escolhidas pelo próprio público ouvinte; num leque de acervo variado de títulos, que vão desde a lenda do Muiraquitã, passando pelos contos/fábulas com animais espertos, até as visagens e assombrações.” Alci Santos.

Mais do que uma programação, essa participação será uma mensagem de cumplicidade entre os membros das famílias que, às vezes, perdem essa oportunidade de manter as histórias da própria família; contando aos mais jovens o que ouviam quando crianças. 

E ainda nesse clima de família, a companhia Nós os Pernaltas, traz uma atração conhecida das famílias que diverte e faz rir independente da idade. O Varieté com gagues de palhaço e duas cenas novas do próximo espetáculo da companhia.

A programação é pague o quanto puder. O público também pode contribuir de outras maneiras entrando em contato com os organizadores que estarão presentes no dia do evento, e pra saber mais sobre as atividades que são desenvolvidas.

Serviço
Amostra Aí. Neste sábado, 26, a partir das 18h. De Pai para Filho (Alci Santos e Ariel Benício) e Varieté (Nós os Pernaltas) + comidinhas +loja +exposição. Ingresso: Pague quanto puder.  Apoio: Cultura Rede de Comunicação,  Blog Holofote Virtual, Padaria 16 de Novembro. Mais informações:  91 989498021 (Casarão do Boneco) 91 32418981.​

17.8.17

Territórios da Arte inicia mapeamento em Belém

Começou o “Territórios da Arte”, em Belém do Pará. O encontro vai até sexta-feira, no ICA - Instituto de Ciência da Arte da UFPA, na Praça da República, e no sábado, 19, no Espaço Cultural Coisas de Negro, em Icoaraci, com uma roda de conversa e de carimbó. Deve encerrar tão potente quanto iniciou. Anne Dias, Berna Reale, Gutti , Wlad Lima e Auda Piani deram início aos diálogos. 

O projeto da Universidade Federal Fluminense, a UFF (RJ), em parceria com a Funarte, pretende mapear experiências de coletivos de cultura, artistas e produtores culturais, nas cinco regiões do país, criando em cada uma delas uma cartografia afetiva. É o que se fará nestes próximos dias. A quem interessa? É só chegar, as inscrições agora são presenciais.

Não foi à toa que Belém entrou na rota do mapeamento. Essa cadeia produtiva não é recente, remonta aos anos 1970 quando muitos grupos de teatro e um movimento intenso nas artes visuais, cinema, música e fotografia iniciaram com o propósito de chacoalhar a cena, mais recentemente, novas configurações surgiram, com novos coletivos artísticos, espaços culturais e outras formas de se produzir e viver da arte, o que chamou atenção de Leonardo Guelman, Superintendente do Centro de Artes da UFF e gestor do projeto, incentivado pela professora paraense Elis de Miranda, que coordena o projeto de implantação do Galpão Cultural da UFF\Campos.

O Holofote Virtual vem acompanhando essa produção em Belém, que mesmo nos momentos mais difíceis, nunca deixou deixa de existir. Todos terão, de certo, uma contribuição importante para o Territórios da Arte. O objetivo é desvendar os mais novos arranjos produtivos, criados ou reinventados pelos coletivos culturais, artistas independentes e produtores, que no seu fazer artístico lidam com política pública, ou, na verdade, se reinventam com a ausência desta, sem deixar de reconhecer que os Direitos à Cultura também fazem parte das obrigações do poder público.

É preciso conhecer mais a cena para reinventar também esta relação. Esse é o maior dos objetivos do Territórios, instrumentalizar a própria Funarte no aprimoramento e criação de editais que atendam a sempre mutante cena da produção cultural em um país, atualmente, instabilizado em todos os setores.

As potencialidades de uma cultura em ação coletiva e afetiva

A primeira rodada de conversa foi mediada pelo próprio Leonardo Guelman, que trouxe para a abertura do encontro, vivências na arte, pelo teatro, performance, ocupação artística, produção e ativismo cultural.

Até sexta-feira, muitas outras experiências estarão na roda, como a (r)existência de espaços independentes do Casarão do Boneco, que surge como sede do grupo In Bust Teatro com Bonecos, referência em pesquisa sobre o teatro de formas animadas na região Norte; e mais recentemente vem se mantendo de forma coletiva, reunindo grupos de teatro, artes visuais e circo, que atuam no espaço, realizando programações de fluxo contínuo, abertas à comunidade, atendendo geralmente ao público infantil.

A Casa dos Palhaços, inaugurada em 2010, segue como espaço de produção e apresentações do Grupo Palhaços Trovadores, que também realizam  oficinas e  recebem grupos em circulação pela região.  Mais recentemente, o surgimento da Casa Velha, que reúne coletivos de música e atores do pensamento da arte urbana e de periferia. O Estúdio Reator que desenvolve um trabalho na área da performance,  arte e tecnologia. Há ainda a Associação Fotoativa e o Instituto Arraial do Pavulagem, para falar de atuações de décadas.

Muitos espaços vieram à tona, revolucionaram, mas acabaram fechando como o Espaço do Coletivo Dirigível de Teatro, em 2016. Hoje, enquanto grupo, seus integrantes atuam no Casarão do Boneco. Um ano antes, em 2015, o Grupo Cuíra também ficou sem sede, deixando a cidade órfã de suas temporadas de espetáculos. E há a Casa da Atriz, espaço de uma família de artistas que se abre esporadicamente com espetáculos.

As redes sustentáveis e suas conexões

Entre os projetos desta cena, surge, em 2013, o Circular Campina Cidade Velha, que reúne espaços auto gestionados por produtores culturais, empreendedores da economia criativa e artistas independentes, situados nos bairros antigos de Belém e que vem trazendo novos significados à revitalização do Centro Histórico de Belém. O Circular será um dos temas da sexta-feira, no eixo Direitos à Cultura.

A experiência do Coletivo Aparelho, em sua ocupação no Mercado do Sal, também é fantástica. Trabalha a arte e o social envolvendo as comunidades que vivem naquele entorno portuário, área de risco social alto, e que hoje, vem ganhando novos horizontes no campo cultural. Mais recentemente criou uma biblioteca comunitária em um dos boxes do mercado, contado, hoje, com mais de 600 livros, que agora psssam por sistematização e catalogação. O projeto foi exposto, ontem, na roda.

Na pesquisa, recentemente a atriz e professora Nani Tavares defendeu tese em que traçou um mapa para colocar estas iniciativas em Belém em conexão umas com as outras, resultando no site Redes Espaços Artísticos. Ela fala hoje sobre sua pesquisa.

Em julho, outra iniciativa, desta vez em parceria com o NAEA - UFPA em parceria com o Casarão Viramundo,  apoio do Holofote Virtual e Projeto Circular, reuniu em duas oficinas gestores e artistas, em busca de compreender melhor essa nova forma de lidar com o universo da arte no campo político. E há ainda o Projeto Camapu.

Citei apenas algumas das experiências e situações, existem muito mais. Ontem algumas delas foram expostas, outras ainda estarão no centro da roda, outras se ainda não estão representadas, devem se antenar e chegar na programação, que seguirá até sábado.

Site e publicação reunirão conteúdos dos encontros

O Territórios da Arte está sendo registrado. O material será disponibilizado de forma organizada no site do projeto e numa publicação que será lançada. Por isso, ontem, representantes da Funarte e artistas convidados de Belém e que vieram em caravana do Rio de Janeiro queriam saber, quais experiências e vivencias traria a primeira mesa sobre “Arte de Viver e Viver da Arte”.

Maristela Rangel, Diretora do Centro de Programas Integrados da Fundação Nacional de Artes, depois de ouvir todos da roda e ao abrirem para o debate, as manifestações de pessoas na plateia, disse que reconhece legitimidade em todas as falas.

“Não tenho nenhuma objeção, nem da mesa ou da plateia, no sentido de discordar. Os editais da Funarte há muitos anos, vêm discutindo o Custo Econômico das regiões, inclusive o Custo Amazônico. Este é grande debate dentro da Funarte”, revelou. “Temos editais específicos que precisam ser retomados em relação Amazônia”, complementou.

Auda Piani é ativista cultural, contadora de histórias, produtora e pesquisadora, autora do projeto Mestres da Cultura de Icoaraci, que mapeou mais de 60 mestres da arte do carimbó e da cerâmica, cordão de bichos, entre outros folguedos da cultura popular da Vila Sorriso. Cultura para ela é identidade.

Gutti Fraga, ator, jornalista, e diretor, criador do projeto Nós do Morro, no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, figura de trajetória intensa, entre tantas coisas, foi o responsável por preparar um grupo de 150 jovens atores, dentre os quais saíram os protagonistas do filme “Cidade de Deus”.

Wlad Lima, atriz, cenógrafa, diretora e pesquisadora, que trouxe para a roda sua experiência com espaços de arte, exibiu um teaser do espetáculo realizado logo depois que o Gupo Cuíra fechou as portas de teatro, no bairro da campina. O espetáculo, inusitado, era feito dentro de um ônibus que circula pela cidade, enquanto transcorre a peça.


Berna Reale também integrou a mesa. Perita criminal e performer, nacional e internacionalmente, reconhecida, ela diz que não vive da arte, mas que investe tudo que ganha, para realizá-la.

A artista mostrou trechos de algumas de suas performances, a primeira delas, uma crítica à Ditadura, em que ela, de focinheira, como um ‘canibal’, desfila montada em um cavalo, todo pintado de vermelho, em plena Av. Presidente Vargas, em Belém.

Enquanto falava de sua arte de viver, nos mostrou ainda um trecho da performance que ela fez no Lixão do Aurá, e a mais sua mais recente obra, que está sendo exibida no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo. Contundente, Berna Reale é contundente. Saí do ICA a admirando ainda mais.

Anne Dias, também atriz e produtora, falou da experiência do Coletivo Aparelho, projeto de ocupação artística do Mercado do Porto do Sal, na Cidade Velha, que já citei acima e falou da biblioteca para as crianças das comunidades do Beco Malvina e Beco do Carmo, com centenas de livros já doados que agora estão sendo catalogados.

O projeto da biblioteca chamou atenção da Funarte. Maristela informou que tem uma gerência em sua diretoria, que publica livros na área da cultura - cinema, teatro, literatura, música  - e desenvolve uma campanha de doação, que por meio de um cadastro, bibliotecas comunitárias podem ser beneficiadas recebendo as publicações.

Roda de hoje discute as experiências colaborativas

Nesta quinta-feira, 17, a programação inicia às 15h, com o tem "Experiências colaborativas em Artes - O papel dos coletivos na reconfiguração da cena artístico-cultural nos territórios", com participação de Faeli Chaves de Moraes (escultor, grafiteiro, quadrinista e militante cultural), Ronaldo Silva (Arraial da Pavulagem), Marton Maués (Casa dos Palhaços), Nani Tavares (Rede Espaços Artísticos) e Paulo Ricardo Silva Nascimento (Casarão do Boneco), com mediação de Elis Miranda (UFF).

Em seguida, às 17h, vamos falar sobre "Ritmos do cotidiano: matrizes, reapropriações estéticas e hibridizações", ouvindo as experiências sobre as estéticas da tradição viva, suas resistências e reinvenções através de novos processos de conexões, contaminações e trocas entre diferentes matrizes culturais. 

Os palestrantes serão os músicos Pio Lobato (guitarrista e produtor), Allan Carvalho (cantor e compositor), Hugo Caetano (cantor e poeta. Cobra Venenosa), DJ Juninho Super Pop (Pop Som Aparelhagem), Cláudio da Costa Trindade (Diretor de Ensino da Fundação Carlos Gomes) e Eliana Bogéa (professora e pesquisadora). A mediação será de Marcos Souza (Dir. do Centro de Música da Funarte).

O intervalo será para um café com tapioca e depois voltar à arena para iniciar a nossa "Cartografia cultural: mapa falado colaborativo de coletivos artísticos e expressões culturais", que terá como articuladores, Luiz Mendonça (UFF) e Pierre Crapez (UFF). Vai ser um exercício de muito aprendizado.

Mais informações e programação, na página do projeto Territórios da Arte