30.4.19

Coletivo de Mulheres e a arte do feminino plural

A Casa da Linguagem será palco de um verdadeiro tsunami de poder feminino neste final de semana. Trata-se do “Sagrado M.AR – Feminino Plural”, uma programação de três dias, de sexta, 3, a domingo, 5, com workshops, bate-papos, exposições e feirinhas, tudo feito totalmente por mulheres. Inscrições: secretaria da Casa da Linguagem. Corre!

O M.AR (Mulheres ARtistas) é um coletivo de conexão feminina artística organizado para dar visibilidade e divulgar o trabalho das artistas plásticas, grafiteiras, ilustradoras, game designers, profissionais de animação, tatuadoras e quadrinhistas paraenses.

“Feminino Plural é isso: somos mulheres juntas, unidas, formando um movimento, um evento, juntas somos mais. A programação busca o reconhecimento. A ideia é impactar e fazer algo novo, mostrando que as mulheres estão no mercado, cada vez mais fortes e unidas”, comenta Helô Rodrigues, ilustradora e integrante do M.AR.

Tudo começa na sexta e encerra no domingo, abrangendo feirinha, desenho de retratos rápidos, live painting (batalha de arte), exposições, rodas de conversa e workshops ministrados por integrantes da rede, em um evento organizado totalmente por mulheres. Trata-se de uma ótima oportunidade para garantir o presente de Dia das Mães, com produtos autorais feitos por mulheres: de canecas a ilustrações feitas na hora.

De acordo com a ilustradora Ty Silva, a programação foi criada coletivamente, reunindo temas e atividades que elas consideram pertinentes: “A feira, por exemplo, traz monetização e é uma oportunidade de consumo de produtos autorais e de apoiar essas artistas. As exposições trazem a visibilidade, objetivo importante do grupo. Bate-papos e workshops permitem a troca de conteúdo e vivências entre público e artistas”.

Os workshops vão desde o uso da aquarela até o discurso da arte, a programação desmistifica tabus e preconceitos acerca da relação entre as mulheres. “Estamos mostrando que é possível nos unirmos, que não somos inimigas, nem concorrentes. Reunir tantas artistas busca acabar com a invisibilidade do nosso trabalho”, explica Renata Segtowick, ilustradora e integrante do M.AR.

PROGRAMAÇÃO
https://www.facebook.com/events/412502562896799/

Mais informações:
https://www.facebook.com/mulheres.artistas.pa

Serviço
Sagrado M.AR. – Feminino Plural. Local: Casa da Linguagem - Av. Nazaré, 31 - esquina da Av. Assis de Vasconcelos. Data: 03, 04 e 05 de maio. Inscrições: secretaria da Casa da Linguagem.

(Holofote Virtual com informações enviadas pelo Coletivo)

Josette Lassance lança as crônicas de suas viagens

Viagens que resultam em narrativas. Nas 224 páginas de “Buen Camino, há relatos da passagem da escritora pela cidade do Porto, Paris, Barcelona e finalmente o caminho de Santiago. Dividido em capítulos e publicado pela editora Pakatatu, o livro já está sendo vendido na Espanha e já foi traduzido para o inglês. O lançamento, em Belém, será nesta sexta-feira, 03 de maio, às 19 h na Casa das Artes, ao lado da Basílica de Nazaré.

Os escritos de “Buen Camino” soam como diários e narram os acontecimentos dos dias que a escritora passou viajando. “Caminhei pela Galícia, pelas estradas, rodovias e trilhas. Fiz três viagens. Em 2014, 2016 e 2017. O livro fala da primeira e da segunda. Fui até Finisterra, o fim do mundo, onde tem um farol e o marco zero do caminho de Santiago”, conta Josette.

Realizado de forma independente, sai agora pela editora Pakatatu, com prefácio de João de Jesus Paes Loureiro, Micheliny Verunsky e orelha da Mercedes Lopez. A inspiração, além do gosto próprio por viajar, também vem da literatura. A escritora mergulhou em relatos de viagem nas obras de Henry Miller, Jack Kerouac, Cheryl Strayed, além dos poetas franceses, Rimbaud e Baudelaire. “Todos esses escritores gostavam de escrever em suas viagens”, comenta. 

É a primeira vez que se arrisca a escrever sob o impacto de longas caminhadas pela Europa. Encontrou-se com diversas culturas, passou frio, teve medo, mas principalmente se deu ao alumbramento de se deixar caminhar. Além disso, o exercício do relato, lhe trouxe aprimoramento na escrita.

“Amadurecer a escrita é consequência de uma longa jornada, escrever com paciência, com prazer, degustando os momentos, observando e lendo. Principalmente aguçando a percepção. Mergulhando nos dias intensamente, olhando o outro sem superficialidade. O trajeto do caminho foi um acontecimento de mergulho espiritual. De forma pagã, é verdade. Busquei ter fé e refleti sobre a vida”, reflete Josette.

A autora já participou de diversas feiras do livro, como a de Porto Alegre e Fórum das letras, em Ouro Preto, em 2011. Tem poemas e contos publicados em antologias nacionais e internacionais, como Di Literatura Contemporânea, Trento, Itália, 1997 e Poesia do Grão Pará, RJ, organização de Olga Savary, de 2001. Ganhou o 1º Lugar no concurso “Chuva de Arte Amazônica”, Belém do Pará, 1981, e o 2º Lugar no II Concurso Internacional de Prosa e Verso de Ponta Grossa”, PR, 1999; e também no Concurso de Crônicas da Ed. Folheando, 2018. Atualmente participa do projeto Literatura por Elas e segue sua trajetória flanando nas esferas dos independentes. 

“Sempre fui independente. Com independência me sinto mais livre para escrever o que eu quiser. Sinto que tenho aperfeiçoado minha escrita, de uma forma peculiar, sim, mas sempre efêmera no quesito estilo. Escrever relatos, para mim, está sendo uma inovação e que me identifiquei muito porque viajar é um dos maiores prazeres da vida”, diz.

Uma jornada entre a prosa e a poesia

Escritora e professora, formada em História e Artes Visuais pela UFPA, e pós-graduada em Artes pela Universidade Estadual do Pará, Josette se considera um pouco poeta e contista, cronista e contadora de relatos reais.

“Tenho sim, poesias espalhadas em livros e publicações, mas o meu forte mesmo é a prosa.  Tenho quatro livros de contos, mas estou com três livros de poesia publicados e mais um agora que fiz junto com Olga Savary e Guiomar de Grammont que será lançado no Rio de Janeiro em julho deste ano”.

“Escrevi um poema sobre Belém que fez parte de uma plaquete junto com poetas do Pará, Belém 400 anos, publicado pelo site Cultura Pará, com organização do Vasco Cavalcante”. Paralelo a divulgação de seu novo livro, ela tem mergulhado em leituras. 

“Gosto de ler autores profundos, tenho lido ultimamente muitas biografias, história, arte, Hilda Hilst, Airton Ortiz, cartas de van Gogh, livros sobre cinema, fotografia, sou bem diversificada em leitura porque dou aulas de arte na escola pública e sempre me atualizo. Tenho lido bastante ultimamente porque me aposentei de um trabalho na parte da manhã”.

Para o lançamento de “Buen Camino”, com o espírito liberto, ela tem suas expectativas. “Gostaria de ler no dia do lançamento, ou que alguém lesse, uns trechinhos pequenos do livro. Terá um microfone no dia. Estou fazendo um pequeno coquetel, por minha conta, por isso estou vendendo camisas”.  O livro custa R$ 30,00 e a camisa também. “Mas se comprarem os dois, faço por R$ 50,00”, avisa. 

Publicações da autora

Vida de Bruxa (poemas); Os gatos nus passeiam sobre os telhados sujos (contos); Galeria dos Maus (poemas e crônicas), O Prédio (contos); Os cinco felizes (contos), Editora Pakatatu. Crônicas, Sonhos e Cafés e Buen Camino, Relatos de Viagem, 2019, Editora Pakatatu; Sintonias & Delicadezas, com Guiomar de Grammont e Olga Savary.  

Serviço
Lançamento de “Buen Camino, relatos de viagem”, de Josette Lassance. Nesta sexta-feira, 3, às 19h, na Casa das Artes (antigo IAP, ao lado da Basílica de Nazaré).

28.4.19

Paulo Nunes e os livros que habitam sua cabeceira

Paulo Nunes
Foto/DOL: Maycon Nunes
O Dia Internacional do Livro foi comemorado em 23 de abril, mas ainda estamos em tempo para falar sobre o prazer de ler um bom livro. O blog publica crônica do professor Paulo Nunes, que mexeu na memória, para tirar do baú ou simplesmente da mesa de cabeceira, uma lista de  livros importantes da literatura brasileira e que marcam sua trajetória. Dicas preciosas! 

Professor da Universidade da Amazônia e autor de, entre outros livros, Traço-Oco (Penalux), seminfinalista do prêmio Oceanos de Língua Portuguesa, Paulo Nunes tem uma paixão pela literatura, não só enquanto leitura ou criação, mas também como pesquisa.

Acaba de lançar o documentário Geração Peixe Frito, dirigido por ele e pela também professora e jornalista Vânia Torres. O filme é fruto da pesquisa acadêmica de alunos e professores da UNAMA e da UFPA. Realizado com finalidades didáticas, retrata os jovens jornalistas e literatos fundadores da Academia do Peixe Frito, entre eles Dalcídio Jurandir e Bruno de Menezes.

O lançamento foi há um mês na Casa da Linguagem, mas a boa notícia é que vai ter sessão no dia 6 de maio, às 16h, no Cibe Libero Luxardo, com bate papo com Alcione Nascimento, mestre em Comunicação, o escritor Salomão Larêdo e o próprio Paulo Nunes. Fiquem com as dicas preciosas dele, agora, um bom domingo!

Livro, livros de cabeceira - Paulo Nunes 

Livro de cabeceira... engraçado, ideia de que não tinha até agora me ocupado. As escolhas são tantas..  Há quem pense que os livros é que nos escolhem. Será? Como fazer para se decidir por um único livro, um 'de cabeceira’? 

Certa vez, minha neta disse, ‘Vô, você vive numa oficina de livros’. Cléa tinha 6 anos.... Bem, já que me meti nesta enrascada, o jeito é preparar um rol de livros que rondam minha cabeceira nestes 50 e tantos anos.

Começo por Sentimento do Mundo, de Drummond; uma coletânea de desalentos, atual e profunda, escrita pelo poeta mineiro mais universal do mundo. De Itabira a Belém, para uma antologia que me marcou, e me religa com minha ancestralidade: Batuque, de Bruno de Menezes. O preto que Bruno representa é marcadamente amazônida. Salto daí para os anos 80 do século XX para o Altar em Chamas, de Paes Loureiro. Todo belemense devia lê-lo. 

A eles se juntam Eneida e seu Aruanda, manifesto de humanismo socialista, e Menina eu vem de Itaiara, de Lindanor Celin... neste reaprendi um ‘jeito bragantino de ser’. E já que Bragança está em pauta, como não dizer de Maria Lúcia Medeiros e seu Zeus ou a menina e óculos? Sim, me identifico com aquela menina míope que servia as mesas do restaurante de sua mãe, um roteiro de encanto.

Edimilson de Almeida Pereira e seu O Livro de Falas é inesquecível; um grande poeta brasileiro da atualidade, ombro a ombro com Antonio Moura e seu Dez. E se Minas está na pauta, como não falar de Indez, de Bartolomeu Queirós? Uma narrativa que remete a ideia de que em cada um de nós morava uma roça. Do suave ao efetivo que é um soco no patriarcalismo brazuca. Trata-se do Livro de Lilith, de Cida Pedrosa, uma poeta que faz das palavras boas aliadas.

Clássicos? Hum... a Bíblia de Jerusalém (Gênesis, Salmos, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos: textos que mexem com o leitor. No mundo de hoje vale viver sem Dom Quixote, de Cervantes? Quixote e Pança fazem falta. Dostoiévski ou Tosltói? Do velho ao novo mundo: Dalcídio Jurandir e sua importante novelística... como calar-se diante de Chove nos Campos de Cachoeira, aquonarrativa atravessada de personagens perturbadores: Irene, Felícia, dona Amélia, Alfredo, Eutanázio. Nunca mais fui o mesmo depois de ler o Chove. 

E se o assunto são os ‘maravilhamentos’, tem primazia o Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A passagem em que Riobaldo afirma "Diadorim é a minha neblina..." é epifânico,  encantador. Tem ainda Dois irmãos, de Milton Hatoum (espécie de Esaú e Jacó redivivos, numa Manaus tão pacata quanto tumultuada); D. Casmurro, um Machado tantas vezes relido; e as viagens em Os Lusíadas, de Camões, e n’A Odisseia de Homero. Inês de Castro e Penélope são tão marcantes quanto Capitu; artimanhosas, proativas, sedutoras... 

Mas o ‘livro dos livros’, lido na casa de meus pais, é As Mil e uma Noites. Sherazade, a de artifícios orientais, me fez decidir ‘este é o meu livro de cabeceira’; recomendo, colecionador que sou, as edições da Brasiliense, da Ediouro ou da Cia. das Letras, traduzida por Mustafa Al Harouche, da USP. Toda vez que necessito de entusiasmo, Sherazade vem ao meu ouvido e me sopra uma de suas narrativas. Eu, leitor, não resisto. As noites árabes, ah! Literatura, livro de cabeceira.

(O blog agradece a colaboração do professor Paulo Nunes)

25.4.19

Puget Blues em noite de inéditas e convidados

Músicas novas, entre elas, uma composição em homenagem a Sebastião Tapajós, além de Santana, James Brown, Cartola, e participações do Harmonicista Francês Monsieur Marc e do Poeta/Cantor Cal Dias. Neste sábado, 27 de abril, a partir das 20h, na Kasa Koentro, na Angustura, 2579, na Pedreira. Ingressos: R$ 15,00.

Inspirado no blues e liderado pelo guitarrista Zé Puget, o grupo já participou de festivais, de programas de TV, acompanhou outros músicos e cantoras. "Atualmente, lançamos ao menos uma música a cada semestre para manter a chama carregada do Blues e afins”, conta Zé Puget.

Propondo um trabalho instrumental vigoroso de Guitarra Amazônica, num convite à fusão total de ritmos: do shuffle ao latin jazz, de rock à baladas, o Puget Blues traz seu trabalho para um contexto instrumental blueseiro, atacado em trio.

"Este é hoje é um desafio, pois já toquei em formação de até 8 músicos no palco”, diz o guitarrista que que conta  com Carlos Canhão, na bateria, e Jeová Ferreira, no baixo, músicos que trazem consigo trajetórias na cena autoral da música paraense, oriundos de experientes bandas como Índigo Blues, Ferrovia Tex e A Euterpia, entre outras.

O guitarrista Zé Puget é de uma geração que viu um movimento de blues na cidade acontecer nos anos 1990. Havia na época casas que cultivavam e tinham uma direção musical voltada ao Blues, como o Zolt, Cosa Nostra. “Era um charme ouvir e ver gente tocando e entusiasmada com o blues”, lembra. 

“Continuo motivado em aprender e transformar essa referência (Blues) em música, por uma pimenta diferente no "nosso" molho, ver "reações" e encontrar um caminho para gravar e levar essa música outros lugares e pessoas”’.

Quando o grupo surgiu, em 2012, Zé Puget já  tocava em outras bandas de blues, mas entendeu que somente com a produção autoral sua expressão musical seria legítima. Sempre compondo, lendo sobre a história do Blues, Zé Puget diz segue pesquisando. “Busco sempre referências, harmonias e frases de Blues, de forma que possa adequar isso tudo à realidade Amazônica”, finaliza.

Serviço
Show do Puget Blues, na Kasa Koentro, neste sábado, 27 de abril, a partir das 20h - Rua Angustura, 2579 – Pedreira. Ingresso R$ 15,00. 

23.4.19

Arte e outras ações em prol de casarão histórico

Foto: Otávio Henriques /Projeto Circular
A Mostra Mundiar surge por entre escombros, arte e coletividades, como ação que deseja ajudar na manutenção de uma parte da história do bairro da Cidade Velha de Belém. A programação será realizada neste final de semana, sábado,  27, e domingo,  28 de abril, e na semana seguinte, nos dias 4 e 5 de maio, no Teatro Cláudio Barradas. Ingressos a R$ 20,00, com meia entrada a R$ 10,00. Toda a bilheteria será revertida para a reconstrução do casarão.

Entre as mais de 3 mil edificações tombadas pelo IPHAN, no Centro Histórico de Belém, várias são casarões antigos, inteiramente protegidos, ou em parte por se situarem em áreas de tombamento. Um deles teve perdas graves pela ação forte da chuva, no último dia 13 de março, na Rua Gurupá. Foi perdida parte da lateral da casa e uma parte da fachada do espaço que tinha sido adquirido há quatro meses pelo coletivo artístico Mundiar, que agora promove uma mostra de teatro e realiza outras ações para buscar recursos a fim de restaura-lo.

“Tínhamos acabado de adquirir a casa e já tínhamos ajeitado o telhado e a pintado, a organizamos e nos mudamos, iniciando um trabalho artístico que deu nome ao espaço como Olaria Mundiar. O resto a gente ia ajeitando devagarinho. No dia 13 de março, percebi que a parede estava esquisita, chamei o mestre de obras, o engenheiro e descobrimos por volta das 16h, que a parede vinha abaixo. Chamamos o Corpo de Bombeiros, mas quando eles chegaram a parede já tinha desabado. Foi então que começamos uma batalha para reconstruir”, conta Iara Souza, do coletivo Mundiar que organiza a mostra de espetáculos.

Foto: Otávio Henriques/Projeto Circular
Após a queda da lateral e da fachada foi feita uma intervenção de estruturação da casa, com a escora de todas as paredes, do telhado. “Apesar de termos perdido a parte lateral, a parede não desceu. Nós estamos com um arquiteto e um engenheiro e estamos fazendo tudo dentro da legalidade, com projeto que tem que ser aprovado pela Fumbel e IPHAN, e aí precisa de laudo e isso tudo encarece”, explica a artista visual e iluminadora.

Será realizado um trabalho minucioso, com objetivo de recuperar a fachada original da casa. Com apoio dos alunos da Escola de Teatro e Dança da UFPA foram resgatamos quase todos os azulejos do frontal que caíram. “Nossa ideia é realmente recuperar a casa e essa fachada, só que quanto mais próximo do que era a fachada, a gente deixa a casa, mais caro fica tudo, por isso a gente esta fazendo esta campanha para arrecadar as coisa”, finaliza.

Mostra em dois finais de semana no Teatro Cláudio Barradas

Caravanas, espetáculo solo e inédito de Aníbal Pacha
Serão quatro espetáculos, quatro pesquisas-criação, montadas ao longo do ano de 2018, sendo uma estreia. Cada espetáculo será exibido em apresentação única no Teatro Universitário Cláudio Barradas, durante quatro dias de muita alegria e luta em prol da recuperação da fachada do casarão histórico situado na rua Gurupá n.178, que desmoronou em função das chuvas na cidade.

A primeira apresentação é uma estreia, um espetáculo solo de Aníbal Pacha, neste sábado, 27. No domingo, 28, a programação segue com “Curupirá”, de Andrea Flores. Após pausa de uma semana, a mostra retoma seu lugar trazendo “Traços de “Esmeralda”, de Ana Flávia Mendes, no dia 4, e “Kamburão”, com Fabricio Lobo, Maurício Franco e Vandiléia Foro, fechando a ação, no dia 5 de maio.

“A Mostra é uma urgência, mas também uma celebração: nossos corpos em cena, anunciando e reunindo outras forças para reerguer, reviver, renascer. Convidamos a todxs para partilhar dessa ação, contribuir conosco, com a memória da cidade e com a Arte que acontece e resiste em Belém”, diz Andrea Flores, atriz palhaça que se apresentará com o espetáculo “Curupirá”, já neste final de semana.

BAZAR – Além da mostra de espetáculos, no Teatro Cláudio Barradas, também está programado para o dia 11 de maio, um bazar de objetos, roupas, livros, venda de comidinhas e bebidinhas e programação artística, no dia 10 de maio, das 10h às 22h, num outro casarão situado também na Cidade Velha – Rua Dr. Malcher, 267, entre Pedro Albuquerque e Joaquim Távora.

“A reconstrução é uma questão de respeito ao patrimônio histórico e cultural da Cidade Velha, mas é também fazer existir nesta residência/atelier um espaço de arte chamado Olaria Mundiar, um lugar habitável para as experimentações artísticas. A Mostra Mundiar com os quatro trabalhos que ela apresenta nos dá uma leitura da potência desse tipo de pesquisa, podemos dizer que são experimentos das fronteiras da cena”, conclui Vandileia Foro, do espetáculo “Kamburão”, e uma das gestoras da Olaria Mundiar.

PROGRAMAÇÃO MOSTRA MUNDIAR

27 de abril (sábado), 20h

CARAVANA - Caravana é o espetáculo solo do multi artista, professor e pesquisador Anibal Pacha, que estreia na Mostra Munidar. O lugar da partida é o mesmo da chegada. Caminho circular levado pelos extensores do corpo na construção das mandalas sistêmicas. O que está dentro está fora, não tem fronteiras,  tudo se mistura infinitamente no espaço, no corpo e nas coisas. Uma Caravana que tateia consigo tudo e todos para uma invenção do imaginário.

28 de abril (domingo), 20h

CURUPIRÁ - É preciso Curupirar o mundo e ainda haverá um dia em que o mundo Curupirá... Em Curupirá, a atriz, mulher palhaça e pesquisadora Andréa Flores leva à cena seu Ato de traquinagem, entre comicidades das Amazônias de floresta profunda. O processo de criação, resultado de três anos de pesquisa, procura capturar o que ocorre com a atriz em sua jornada de busca por comicidades entre povos indígenas amazônicos, ao ser retorcida por sensibilidades xamânicas de mundo e re-existências envoltas na produção do cômico floresta adentro. 

04 de maio (sábado), 20h

TRAÇOS DE ESMERALDA - Traços de Esmeralda  resulta da pesquisa Deusa: uma coreofotografia do sagrado feminino na religiosidade brasileira, contemplada com o Prêmio de Pesquisa e Experimentação Artística do Programa de Incentivo à Arte e à Culura - SEIVA. Em minha vivência, parto da obra de Guy Veloso, que em sua fotografia documental investiga o transe em práticas religiosas e cênicas, para propor a noção de coreofotografia, exercício de reconfiguração conceitual da dança imanente, sendo esta última uma práxis cunhada na Companhia Moderno de Dança.

05 de maio (domingo), 20h

KAMBURÃO - Kamburão é uma performance de palco realizada pela Olaria Mundiar. Neste trabalho, misturamos a obra de Franz Kafka e experimentos com objetos para criar uma cena vertiginosa, onde o texto de K. é editado em cena num jogo de improviso atravessado por um objeto central, o camburão. A obra de Kafka é um labirinto de conflitos e acontecimentos que enredam os personagens numa teia nonsense, e é essa teia, desprovida de sentido e pautada nas sensações, que é acessada, possibilitando a transposição de uma  leitura singular e pessoal das obras para uma escritura de cena performativa.

SERVIÇO
Mostra Mundiar. Dias 27 e 28 de abril e 4 e 5 de maio, sempre às 20h, no Teatro Cláudio Barradas. Ingressos: R$ 20,00, com meia entrada a R$ 10,00. Toda a bilheteria será revertida para a reconstrução do casarão e toda a alegria partilhada seguirá vibrando entre nós. Apoio: Olaria Mundiar, Dom Coletivo Atelier Residência, Blog Holofote Virtual – Produção Cultural – Comunicação e Mídia, Projeto Circular Campina Cidade Velha.

22.4.19

Exposição reúne Arte Periférica e Ancestralidade

Rona Neves
Foto: Cesar Okada
Exposição Coletiva, performance, roda de conversa, atrações musicais e vivência, fazem parte do primeiro “Saravá – Circuito de Arte e Ancestralidade”, que será realizado nos dias 22, 24, 26 e 27 de abril, em diferentes locais da cidade. A mostra é promovida pelo coletivo de produtores “Melé” e conta com apresentação de artistas da periferia de Belém e do Rio de Janeiro. Programação com faixa etária livre e aberta ao grande público.

O Circuito propõe a partir de suas ações, o diálogo entre artistas, ativistas e educadores paraenses, quanto a descentralização da arte, partindo daí a ideia de criar esse intercâmbio em diferentes pontos da cidade. Iniciando dia 22 (segunda-feira), na Galeria Benedito Nunes, com a exposição coletiva “Saravá – Arte e Ancestralidade”, performance “Manifesto Marielle Vive” e salva de tambores. 

Já no dia 24 (quarta-feira), o Núcleo de Conexões Ná Figueredo, recebe a Mostra “Tempo”, roda de conversa com o tema “Arte e Resistência Periférica” e performance “Cristiano”. No dia 26 (sexta-feira), a mostra passa pelo Instituto Nangetu de Tradição Afro Religiosa e Desenvolvimento Social, com roda de conversa sobre “Arte e Ancestralidade”, exposição "A Dona do Samba” e samba de roda com N’Bandagira. A programação finaliza no dia 27 (sábado), em uma vivência com os jovens do projeto Cine Club TF, na Escola Brigadeiro Fontenelle.

Priscila Duque
Foto: Na Cuia
Os artistas Carlos Vera Cruz, Fernanda Vera Cruz, Gabriela Monteiro, Priscila Duque e Rosilene Cordeiro, estarão presentes em momentos distintos ao longo do Circuito, mostrando suas artes de diversas formas, através de intervenção, performance e exposição. 

Além disso, nessa primeira edição teremos como destaque a presença do multiartista carioca, Rona Neves, que fará parte de todo o circuito, com seus trabalhos de artes visuais, performance, nas rodas de conversas e imersão com os jovens do bairro da Terra Firme.

“Eu procuro sempre estar conectado com o caminho da verdade, de ter os meus pés no chão, bem fincados no chão e eu acho que isso me deixa muito feliz por conhecer o meu país. Quanto mais eu conheço, quanto mais eu troco com outras cidades, quanto mais a minha arte me leva para outros lugares, mais amplia o meu conhecimento e o entendimento sobre meu território, das coisas que de verdade me inspiram e que de verdade me motivam. Me atento também para questões sociais que atingem as outras cidades, assim como eu vivencio isso na minha. Ver que a minha arte começa a circular, me deixa em um lugar muito realizado”, declara o multiartista, Rona Neves.

A programação é gratuita, com entrada colaborativa apenas no dia 26, no Instituto Nangetu, onde a verba será destinada para manutenção do espaço. As exposições da Galeria Benedito Nunes e do Núcleo de Conexões Ná Figueredo, seguem abertas ao público até o final de maio.

PROGRAMAÇÃO

Segunda, 22 de abril, às 19h 
Local: Galeria Benedito Nunes - Fundação Cultural do Pará– Av. Gentil Bittencourt, 650. 
Entrada Gratuita.

  • Abertura com Mametu Nangetu e Salva de Tambores
  • Manifesto Marielle Vive, com Priscila Duque
  • Intervenção “Dissolvendo Ah-braços”, com Edgard Vasconcelos e Camila Velasquez

Quarta-feira, 24 de abril, às 18h
Local: Núcleo de Conexões Ná Figueredo – Av. Gentil Bittencourt, 449
Entrada Gratuita!

  • Programação: Mostra "Tempo”, de Rona Neves
  • Roda de Conversa “Arte e Resistência Periférica”, com Rona Neves, Lília Melo, Priscila Duque e mediação de Vivi Reis 
  • Perfomance “Cristiano” de Rona Neves

Sexta-feira, 26 de abril, às 19h
Local: Instituto Nangetu – Trav. Pirajá, 1194

  • Programação: Roda de Conversa “Arte e Ancestralidade”, com Mametu Nangetu, Rona Neves, Carlos Vera Cruz, Rosilene Cordeiro e Eliane Moura
  • Exposição “A Dona do Samba”
  • Samba de Roda com N’Bandagira


Sábado, 27 de abril, às 8h30
Local: Escola Brigadeiro Fontenelle

  • Programação: “Vivência Cine Club TF” - roda de conversa e oficina com os jovens do projeto Cine Club TF. Ação fechada para os alunos do projeto.
(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

Doc sobre Mestre Cupijó estreia no Cine Olympia

Natural de Cametá, região do Baixo Tocantins (PA), Mestre Cupijó ganha documentário dirigido por Jorane Castro, sobrinha do artista. Com patrocínio do Programa Petrobras Cultural e apoio da TV Cultura do Pará, o filme “Mestre Cupijó e seu ritmo” será lançado nesta quarta-feira,  24 de abril, às 19h, no Cine Olympia, em Belém. A entrada é gratuita. Em seguida, às 22h, o “Baile do Mestre Cupijó” será apresentado no Espaço Cultural Apoena.

Após o falecimento do tio, Joaquim Maria Dias de Castro, em 2012, Jorane conversou com a família sobre o desejo de realizar o documentário, mostrando também a história da banda “Azes do Ritmo”, que ainda tem integrantes vivos e com os quais Mestre Cupijó gravou seis discos com muito sotaque regional em siriás, banguês, mambos.

“A ideia é que as novas gerações de músicos paraenses encontrem as antigas gerações, para que descubram e conheçam melhor a música do Mestre Cupijó. Quando eu era criança, o meu pai me levava para os shows dele e eu sempre fiquei fascinada, era contagiante, sentia o quanto a banda era querida pelas pessoas do Baixo Tocantins, e tive vontade de mostrar isso para além de quem teve o privilégio de ver o mestre tocar ao vivo”, comenta Jorane Castro.

O filme traz depoimentos de pessoas que eram próximas do Mestre e uma mescla de imagens de arquivo que apresentam as falas de Mestre Cupijó, bem como de seus filhos e de várias pessoas que fizeram parte do projeto. 

Jorane destaca que o filme contempla as histórias de quando ele aprendeu a tocar, qual foi o principal instrumento que ele tinha afeição (o saxofone), bem como a sua forma de compor os ritmos regionais - com forte influência de seu pai, Vicente Castro (Mestre Sicudera), que era professor de música e maestro da Banda Sociedade Euterpe Cametaense, formada em 1874 - uma das mais antigas do Brasil.

“Ele tinha toda essa dinâmica. Não é um filme autoral da Jorane, é um filme que se coloca a serviço da música do Mestre Cupijó, é um filme para fazer a gente amar e descobrir a música do Mestre”, enfatiza a cineasta. 

A banda - Em 2017, também por meio do projeto, ela reuniu músicos paraenses em torno de uma banda especialmente formada para a gravação de um show, na capital paraense, com direção musical de JP Cavalcante e produção de Daniel Serrão, e com participação de Felipe Cordeiro, Dona Onete, Kim Marques, Lucas Estrela, Waldo Squash e mais 12 artistas de diferentes vertentes.

Os músicos foram responsáveis ainda por uma pesquisa apurada das canções da banda até a reescrita de algumas partituras. De acordo com Jorane Castro, a banda “Baile do Mestre Cupijó” é uma homenagem e uma maneira de resgatar as músicas da banda “Azes do Ritmo”. E deu tão certo que outros shows já foram realizados, como no Festival Se Rasgum.

“Montar uma nova banda foi a solução para poder mostrar a vibração da música de Mestre Cupijó, porque é uma música de baile que foi feita para ser tocada e animar as festas em Cametá. Então, quis mostrar essa potência da sua musicalidade. E são jovens músicos que começaram a pesquisar a trajetória do Mestre e tudo mais, e dentro disso eu sei que vão ter pessoas que vão pensar e herdar esse projeto. E talvez esses músicos sejam uma sementinha que foi plantada para que daqui a alguns anos a música do Mestre seja ouvida cada vez mais”, finaliza Jorane Castro. 

Serviço
Lançamento do documentário "Mestre Cupijó e seu Ritmo", de Jorane Castro (Duração: 1h15). Dia 24 de abril, às 19h,no Local: Cinema Olympia (Av. Pres. Vargas, 918 - bairro da Campina/Belém-PA). Entrada gratuita. A partir das 22h, tem “Baile do Mestre Cupijó”, no Espaço Cultural Apoena (Av. Duque de Caxias, 450 - Bairro de Fátima-Belém-PA). Ingressos: R$ 10,00.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

21.4.19

Arthur Nogueira, em um espetáculo de delicadezas

Itinerâncias, patrocinado pelo Banco da Amazônia, com produção da Senda Produções, e abraçado pelo Parque Musical, projeto de ocupação do Teatro Gasômetro (Secult), que une as cenas local e nacional, foi um presente ao público que aliás, lotou todo o espaço. Arthur Nogueira nos brindou, neste último sábado (20), com a palavra, a canção nutrida de poesia.

Havia tempo que não ouvia Arthur, ao vivo. Desde que partiu de Belém, venho acompanhando seus movimentos potentes pelo sudeste, onde atualmente reside, por meio das redes sociais e plataformas digitais. Ontem, porém, posso dizer que fiquei, como muitos ali, impactada.

O artista usa a voz como poucos, domina a situação, sem exageros, sente-se à vontade em um palco, que esteve durante toda a noite iluminado por memórias afetivas, festa da trajetória e, o melhor que considero, o reconhecimento da plateia. Contou muitas histórias, como ter conhecido a casa em que viveu Rimbaud, o poeta francês, Arthur também como ele, em Charleville-Mézières.

Na primeira parte da apresentação mostrou trabalhos de discos anteriores e algumas canções mais recentes. Na segunda, recebeu Fernanda Takai, que é outra delicadeza. No momento em que fizeram quatro músicas juntos, foi  de muita descontração. A cantora e autora tem um ótimo senso de humor, e foi muito bacana o bate rebate do papo entre os dois.

A eterna menina do Pato Fu carrega com ela toda a poesia também. Tivemos, ainda Pratagy, artista que segue sua cena autoral em Belém e foi apresentado por Arthur, como um de seus grandes parceiros na atualidade.

Não deixou, claro, de reverenciar Antonio Cicero, parceiro dos mais relevantes em sua vida, com quem fez “Sem medo, nem esperança”, gravada por Gal Costa, sendo isso um marco em sua trajetória. O show contou ainda com o excelente instrumentista Jacintho Kawage, no piano elétrico, Lucas Torres, na guitarra, e Bruno Valente, no violoncelo.

Arthur, que completou uma década de carreira, a partir do lançamento do primeiro CD, em 2009 (Mundano), faz aniversário amanhã (22), 31 anos, a maior parte deles vividos nesse mergulho poético com a música.

Acabou de lançar um EP “Coragem de poeta”, com canções de artistas que o inspiram e também os novos álbum e show da Fafá de Belém, “Humana”. Vai iniciar agora a curadoria de um projeto reunindo poetas e "cantautores", em São Paulo.

“Pretendo começar a compor para um novo disco também e quem sabe lançá-lo no ano que vem˜, me contou ele em entrevista para o Holofote Virtual, antes do show de sábado. Segue aqui o link para quem não leu.  (http://holofotevirtual.blogspot.com/2019/04/arthur-nogueira-fala-sobre-o.html). 

18.4.19

David Matos ministra oficina de roteiro no Sesc

Foto: Camila Lima
Roteirista do programa Catalendas (TV Cultura do Pará), e das séries “Icamiabas na Cidade Amazônia” e “Brinquedonautas”, do Estúdio Iluminuras, David Matos ministra a oficina Formatação do Roteiro Audiovisual, de 22 a 27 de abril, das 14h às 17h, no Sesc Ver-o-peso. Apenas  12 vagas.

A formatação do roteiro dá uma noção aproximada de páginas por minuto no tempo de um filme. Dominar esta técnica requer, além de prática, o conhecimento de códigos fundamentais do Master Scenes, um formato simples, amplamente identificado na escrita de roteiros pela área de cinema, e que permite ao roteirista se concentrar no fundamental: contar uma história.

Não é a primeira vez que a oficina será ministrada, mas o formato precisou ser revisto, o que trouxe de certa forma, um novo desafio a David. “Com a diminuição da carga horária das oficinas na maioria das instituições – como o Curro Velho e o SESC – a onde desenvolvo este trabalho, foi preciso rever o conteúdo para ser ministrado em 20 horas, mas sem frustrar os participantes. Então, passei a usar curtas de animação para exemplificar a parte teórica/escrita do roteiro tornando o conteúdo mais divertido e simplificado”, diz ele que é roteirista de 13 temporadas do programa Catalendas (TV Cultura do Pará), e das séries “Icamiabas na Cidade Amazônia” e “Brinquedonautas”, do Estúdio Iluminuras.

Foto: Patrick Mendes
Holofote Virtual: Quais os maiores desafios do roteiro?

David Matos: O Catalendas contava histórias dentro de uma narrativa de, no máximo 13 minutos. Nas Icamiabas na Cidade Amazônia e no Brinquedonautas, do Iluminuras, esse tempo era mais curto e onde além da narrativa ainda se tem mais cuidado com o que é visto na concepção do enquadramento, os detalhes da ação num ritmo vertiginoso combinando cenário, diálogos, expressão e movimentação dos personagens. Isso tudo me levou a desenvolver hoje este curso.

Holofote Virtual: Esse curso é para quem já tem noção de roteiro?

David Matos: Para o Newton Cannito – cineasta, roteirista e escritor; Doutor em Cinema e TV pela Universidade de São Paulo – depois que se domina a técnica cada um define seu processo criativo. Acho que começar o roteiro pelas etapas básicas – log line, story line, escaleta –, antes de chegar a escrita do roteiro propriamente dito nos poupa tempo e nos garante uma limpeza da ideia a ser desenvolvida. Ou seja, lapidar uma velha máxima de que menos é mais antes de ir pra escrita do roteiro com suas linhas de ação e cenas.

É como o processo de alfabetização: primeiro conhecemos as vogais, depois as consoantes, juntamos umas com as outras e assim por diante. Mas nada impede de quem não participou da oficina anterior – Fundamentos do Roteiro Audiovisual – de participar desta. Vamos partir da formatação da escrita de uma cena para roteiro audiovisual com todos os códigos, desde o princípio.

Holofote Virtual: Estás escrevendo algum roteiro no momento? Como estão os teu projetos?

David Matos: Passo muito, mas muito tempo lapidando ideias, argumentos, tendo certeza da construção de trama, personagens e cenas. E nisso ocupo meu tempo em estudar roteiros, lendo ou observando a estrutura de novas séries. Estou em fase de pesquisa para voltar a escrever o Catalendas, que deve voltar a grade da programação local no segundo semestre, e dar ao programa status como objeto de estudo num mestrado em Comunicação Social.

Holofote Virtual: E o teatro de formas animadas? Como isso se mantém presente na tua vida?

David Matos: Venho desenvolvendo um artigo com Milton Aires, no Coletivo Miasombra, sobre nosso processo de trabalho no espetáculo À Sombra de Dom Quixote, em cartaz e em transformação desde 2010. Além disso estou investindo num processo de formação, o Coletivo IMI (Ideias Movem Ideias) para trabalhar com professores e educadores em Teatro de Bonecos com reaproveitamento de material descartável de uma perspectiva de atividades sustentáveis em sala de aula.

Holofote Virtual: Como tem sido esta experiência das oficinas?

David Matos: Sobre o curso, preciso agradecer ao Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso, por meio da coordenação da Carol Abreu, do núcleo de cinema, que está me disponibilizando uma estrutura maravilhosa onde vou poder trabalhar com os alunos de forma confortável, utilizando um programa de formatação simples, mas eficiente. Esta é a minha quarta oficina de roteiros no SESC onde venho avançando por módulos. 

Serviço
Inscrições abertas até dia 22 de abril.
Período: 22 a 27/04, 
De terça à sábado.
Horário: das 14h às 17h,
Investimento:
R$ 6,00 para trabalhadores do comércio  
R$ 21,00 para dependentes, estudantes e conveniados 
R$ 32,00 para o público em geral
Local: Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso(Antigo Sesc Boulevard).
Av. Boulevard Castilhos França, 522/523, Campina - Belém. 
Informações Adicionais, pelo contato:
(91) 3252-0227 / 4005-9591 e 0800-941-1242

17.4.19

"Marias" segue a segunda temporada na Casa Cuíra

Fotos: Dani Cascaes
Em plena Semana Santa, de Sexta da Paixão (19), passando pelo Sábado de Aleluia (20) e o Domingo de Páscoa (21), o convite é para ir ao teatro e refletir sobre o amor incondicional e a violência, dois viés da história vivida por Maria e seu Filho Jesus. Em segunda temporada, e em cartaz neste final de semana, na Casa Cuíra, “Marias” traz em cena cinco atrizes talentosas das artes cênicas paraense, com direção de Saulo Sisnando e dramaturgia de Edyr Augusto Proença. Sempre às 20h, na Rua. Dr. Malcher 287 - Cidade Velha - Centro Histórico de Belém do Pará.

“Marias” fala de perdas, de morte. Versa sobre mães que, como Maria, perderam seus filhos para a intolerância e para a violência urbana. Em forma de fragmentos de dramas reais. Em cena, Zê Charone, Monalisa da Paz, Gilsele Guedes, Pauli Baños e Sandra Perlin. O espetáculo, que estreou em novembro de 2018, dentro de um processo, como explica a atriz Zê Charone, “estranho e doloroso”.  Já havia um pré-texto escrito por Edyr. 

“Estávamos em meio às eleições para presidente e nossa fala foi se transformando na história que estávamos vivendo. Cinco atrizes que foram mexidas e instigadas pelo aqui e agora. O diretor foi enlouquecido e também saiu de sua área de conforto. Isso virou um espetáculo recortado pela realidade”, explica Zê. “Voltamos em cena agora, com um espetáculo nem alegre e nem triste, mas totalmente real”, conclui. 

Espetáculo teve construção coletiva

Edyr Augusto trabalhou sobre um texto que partiu de um livro sobre Maria Mulher e Jesus seu filho, em que ela refletia sobre o que teriam feito com seu filho. 

“Começamos a discutir esse tipo de dramaturga, em que estamos desenvolvendo todos juntos. As atrizes são expressivas e cada uma tem sua opinião. O próprio Saulo saiu da zona de conforto, do tipo de trabalho dele. Houve discussão, elas trouxeram questões e a dramaturgia foi surgindo, enquanto o Saulo as colocava em cena”, diz Edyr.  “Marias é sobre o amor incondicional, mães que amam seus filhos sendo eles o que forem. E teatro é um resultado coletivo, cada uma que está ali tem propriedade do que está dizendo”, continua. 

A montagem, que conta com a assistência de direção de Leonardo Moraes, também constrói sua narrativa em torno da criação de luz de Patrícia Gondim (com operação de Amanda Melo) e dos figurinos de Maurício Franco. O cenário e os figurinos são construídos com velhas cortinas, com a mensagem de que precisamos descortinar as histórias destas Marias desconhecidas e dar voz aos seus dramas tão ignorados e não-sabidos. 

“A construção do espetáculo foi uma grande surpresa pra mim, porque a partir de uma história que se deu milhares de anos atrás. É a história da Maria, a mãe de Jesus, que perde o filho pra violência. 

Muitas mulheres perdem seus filhos pra violência e de diversas formas, inclusive neste mundo contemporâneo. O diferencial, nesse espetáculo é que dessa vez são essas mulheres que estão dizendo o que é perder um filho para a violência. Não estamos falando de Jesus crucificado e o que ele disse na cruz, mas sim como essa mãe se sentiu diante da morte do filho”, diz Sandra Perlin. 

O espetáculo conta então a história da perda. “E contracenar com essas atrizes é absolutamente maravilhoso. São mulheres entregues na pesquisa, na cena, super profissionais e que já trabalharam em diferentes espetáculos”, diz Sandra Perlin, para quem o trabalho chega com um gosto de estar iniciando um trabalho como se fosse a primeira vez. “A ideia é sempre de que estamos começando hoje, inclusive passando pelo Saulo e o Edyr, resultando num trabalho muito instigador na parte técnica e na parte emocional também”, avalia a atriz.

Pesquisa trouxe à tona a voz das mulheres

A partir de uma pesquisa em que as atrizes ouviram muitos depoimentos, e leram sobre essas situações de violência, o espetáculo traz fatos históricos, como a dos desaparecidos no período da Ditadura Militar, ou dos que foram vítimas da violência na periferia das grandes cidades, além de personagens mais icônicos, como Gisberta Salce Junior, mulher transexual, sem-teto, imigrante brasileira assassinada em Portugal e que se tornou um símbolo da LGBTIfobia na Europa, mas é pouco conhecida no Brasil ou Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel que foi torturado e morto pelo regime militar e, até hoje, seu corpo não foi encontrado. 

Para a atriz Monalisa da Paz, esse trabalho é também uma nova experiência. “Esse é o meu trabalho de verdade, fora do Grupo Gruta de Teatro, onde eu trabalho há mais de 30 anos. 

Uma direção diferente. Atrizes que eu conheço, mas que nunca tinha trabalhado junto. Com direção do Saulo Sisnando, que pra mim foi uma surpresa muito grande, de ter esse momento de troca com ele, acho ele um diretor extremamente sensível e seguro no que ele faz, com uma linha muito marcante e esse trabalho, quando eu falo da troca, foi uma novidade pra todo mundo, até pro Saulo”, comenta Monalisa da Paz. 

Ela conta que entrou em um lugar que é bem diferente do que vem ocupando no Gruta e que tem proporcionado a ela se entender mais como atriz no processo de criação. “Foi um processo criativo, embora tenha a dramaturgia do Edyr. As atrizes trouxeram histórias próprias. A gente fala do feminicídio, nos desparecidos da ditadura, enfim, e eu, como mãe, fazendo esse trabalho, não foi fácil, foi extremamente doloroso, porque eu só pensava nos meus filhos o tempo todo, ao ouvir depoimentos de mulheres que perderam seus filhos, de pesquisar e ouvir muito sobre isso”, diz Monalisa.

A importância desse espetáculo para o público, em sua opinião, é não deixar banalizar a violência. “A gente fala da violência, desses adolescentes que morrem muito cedo na periferia. É não julgar uma mãe que perdeu um filho bandido. O filho roubou, foi linchado na rua e morreu. E essa mãe muitas vezes é julgada por isso, por ter um filho bandido. As mulheres são julgadas pelos filhos que têm nessa sociedade. Está sendo um trabalho muito importante pra mim como mulher, atriz, mãe. Em cena, com essas mulheres de teatro, que admiro muito e hoje estou junto”, finaliza. 

FICHA TÉCNICA / MARIAS

Elenco
Monalisa da Paz
Sandra Perlin
Gisele Guedes
Pauli Banhos
Zê Charone

Dramaturgia
Edyr Augusto Proença

Direção
Saulo Sisnando

Assistente de Direção
Leonardo Moraes

Luz / Som/ Palco
Patricia Gondim
Amanda Melo

Serviço
“Marias” em cartaz nos dias 19, 20 e 21 de abril, às 20 horas, na CASA CUÍRA - Rua. Dr. Malcher 287 - Cidade Velha. Belém.

16.4.19

Mergulho imagético no arquivo de Geraldo Ramos

Prêmio Banco da Amazônia de Artes Visuais de 2019, “Paisagens da memória- trajetórias de um olhar. Fotografias do arquivo de Geraldo Ramos”, é um projeto da artista-pesquisadora Madalena Felinto, em parceria com o fotógrafo. O vernissage é nesta terça-feira, 16 de abril, às 18h30, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, onde ficará aberta ao público até 14 de junho. A curadoria é do artista plástico Emanuel Franco.

Geraldo Ramos é atuante na Amazônia paraense há mais de 45 anos. Começou a fotografar na segunda metade da década de 1970 e até meados dos anos 1990 registrou aspectos da cultura popular amazônida paraense, na capital e no interior, por meio de incursões fotográficas a serviço do Museu da Imagem e do Som, MIS, do qual foi diretor, instituição vinculada à Secretaria de Cultura do Pará, SECULT. 

Entre 1992 até 2007, ele atuou na revista Ver-o-Pará, como Editor de Fotografia, publicação bimestral de conteúdo difusor da cultura amazônida paraense, assim como prestou serviço de fotojornalista para publicações nacionais (Veja, Exame etc.). Entretanto, as incursões fotográficas do artista antecederam a trajetória profissional e sempre estiveram presentes ao longo do trabalho institucional. 

A exposição que inaugura, traz como extensão a pesquisa “Uma poética do arquivo do artista: o contínuo desdobrar das paisagens da memória de Geraldo Ramos” (CAPES- PPGARTES- UFPA), de Madalena Felinto, que mergulhou no acervo do fotógrafo, destacando uma Amazônia palmilhada por dentro, por águas, por chãos, pelo interior do interior amazônico.

“Eu e Madalena temos uma parceria muito grande e ela conhece bem o arquivo. Não foi tão difícil chegar a esse recorte, embora o tamanho dele não seja tão simples. É claro que numa exposição não dá para abarcar tudo, fazer uma retrospectiva. Escolhemos alguns ritos e fatos e a partir dessa escolha inicial, resultando nesta exposição”, diz Geraldo Ramos.

Trabalhar com arquivos e acervos na Amazônia paraense ativa o desarquivar do processo de criação da pesquisa de Madalena, como gesto disparador de proposições epistêmicas compreensivas, uma espécie de "poiésis epistemológica", conceito urdido pela pesquisadora na tessitura do projeto. 

"O mergulho profundo neste arquivo trouxe coisas novas. Eu me descubro e redescubro muito olhando o arquivo", comenta Geraldo. "Gosto muito de fazer isso quanto tenho tempo, mas o recorte que me recordo agora é mais ou menos recente, um trabalho que fizemos em Marapanim e Bacuriteua, nas terras da família de Madalena. Fomos ate a nascente do rio. E foi muito bom entrar na floresta, que não é visitada há algum tempo, e encontrar a beleza da vegetação, dos rios e esse contato com a natureza que é muito bom, mais ainda sabendo que essas terras foram palmilhadas pelos passos, andares e olhos dos antepassados de Madalena”.

Desdobramentos em seminário e oficina

A exposição tem desdobramentos como um site, oficinas, ciclo de seminários, lançamento de duas publicações (uma impressa e outra virtual) e finissage. Todas as atividades são públicas e gratuitas. 

O ciclo de seminários será desenvolvido no Museu da UFPA, Mufpa, ao longo da exposição, assim como uma oficina, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia. Tudo isso também estará inserido na 17ª Semana Nacional de Museus (maio) e na 3ª Semana Nacional de Arquivos (junho), bem como o repositório institucional do International Council on Archives- ICA.

Na abertura do ciclo de seminários, na quarta-feira, 24, às 9h no Museu da UFPA, Mufpa, haverá um encontro com o fotógrafo Geraldo Ramos, o curador Emanuel Franco e Madalena Felinto. Sem necessidade de inscrição prévia, o diálogo vai proporcionar pistas sobre o percurso criativo e conceitual da exposição.

Além do patrocínio do banco, diversas instituições apoiam o evento: o Sistema Brasileiro de Museus- SBM; Instituto Brasileiro de Museus- IBRAM; Arquivo Nacional; Fundação Casa de Rui Barbosa; International Council on Archives- Conseil International des Archives- ICA; Museu da UFPA, Mufpa; Programa de Pós-graduação em Artes da UFPA, PPGArtes- UFPA. 

Serviço
Exposição 'Paisagens da Memória- Trajetórias de um Olhar. Fotografias do Arquivo de Geraldo Ramos". Vernissage nesta terça-feira, 16, às 18h30, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800 - Campina). Visitação: 17/04 a 14/06, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

14.4.19

Arthur Nogueira fala sobre o Itinerâncias em Belém

Arthur e Fernanda (foto: Divulgação)
O show Itinerâncias será realizado dentro do projeto Parque Musical, que já completa 12 anos, e pelo qual já passaram inúmeros artistas da cena musical paraense e brasileira. O encontro da vez será saboreado ao gosto da palavra, que caracteriza o já reconhecido trabalho de Arthur Nogueira na esfera da canção. Nesta sábado, 20 de abril, no Teatro Gasômetro (Parque da Residência), com participação de Fernanda Takai e convidados. Ingresso a R$ 20,00, já à venda na plataforma Sympla. Temos um par de ingressos sendo sorteado pela página do blog no facebook, acesse e saiba como participar.

Completando 10 anos do lançamento do primeiro CD, Arthur (Valente) Nogueira está longe de ser considerado um iniciante. Vai completar no próximo dia 22 de abril, 31 anos, mas aos 20, ele já era um destaque no cenário musical de Belém em interação com o resto do país.  O conheci no início desta primeira década dos anos 2000, ainda um adolescente. Impressionava suas participações em bares que aos poucos o inseriram na cena e no circuito musical da capital paraense.

Cantor, compositor, violonista e jornalista, ele hoje está radicado em São Paulo, onde segue a carreira traçada com inúmeras conexões entre a poesia, a criação e a produção musical dele e de outros artistas. Ganhou grande repercussão quando O Globo o apontou como o cantor e compositor a “renovar a tradição dos poetas na canção brasileira”, trazendo um trabalho “calcado no caráter clássico da canção”, mas nem por isso “menos interessado no contemporâneo”. Lançou os CDs Mundano (2009) e Sem Medo Nem Esperança (2015). Organizou o livro "Encontros", que reúne entrevistas com o poeta e filósofo carioca Antonio Cicero. 

Arthur e Antonio Cicero
Foto: Daryan Dornelles/Divulgação
Do álbum “Sem Medo Nem Esperança”, lançado pelo selo Joia Moderna, com produção de Arthur Kunz (integrante da banda Strobo), teve a faixa-título gravada por Gal Costa no álbum Estratosférica. Isso o lançou mais alto e a partir daí outras conexões incríveis vieram a sua jornada, como o contato e amizade com Caetano Veloso. Em 2015, a canção "Preciso cantar", de Arthur Nogueira com o poeta Dand M, outro grande artista paraense, foi gravada por Cida Moreira.

Mais recentemente, uma das canções que regravou para o EP “Coragem de poeta”, “Por enquanto”, uma homenagem à Renato Russo e  Cássia Eller, ganhou vídeo com direção de Lucas Domires e Adriana de Faria, gravado no estúdio APCE, em Belém.

Arthur, que chegou a ser indicado ao Grammy Latino pelo seu mais recente disco, "Rei Ninguém" (2017), agora traz a Belém o projeto "Itinerâncias", com a participação da cantora e escritora mineira Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu, além do músico e parceiro Pratagy. No palco com eles, outros grandes músicos, Jacinto Kahwage (piano), Lucas Torres (guitarra) e Bruno Valente (violoncelo). 

Fernanda Takai (Foto: Divulgação)
O Parque Musical, projeto no qual chega o Itinerâncias, em Belém, vem sendo um dos principais projetos do Teatro Gasômetro. Por lá já passaram Nelson Mota, Maria Gadú, Badi Assadi, Tiê e Lobão, na sua boa fase, é bom que se diga... Entre outros. Um dos grandes destaques do projeto foi a gravação de "Troco Likes Ao Vivo: Um Filme De Tiago Iorc", com o qual Tiago Iorc foi o vencedor da categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa do Grammy Latino, em 2017.

De acordo com Léo Santos, idealizador do projeto,  o Parque Musical tem o intuito de fazer a integração entre grandes nomes da música nacional com os artistas da música paraense, além de dar oportunidade a novos artistas. “O projeto tem essa ‘vibe’ de retomar um pouco do que foi o Teatro Waldemar Henrique, para a música local, nos anos 1980, trazendo à tona essa história, mexendo com o movimento da nova música paraense, além de buscar sempre os novos artistas”, diz ele, que também é diretor do Teatro.

Fernanda Takai, que já traz ligações antigas com a música paraense, desde que ouvia Pinduca, ainda criança, está na expectativa. Vai cantar inclusive músicas do próprio Arthur. “Conversamos para combinar detalhes da viagem e definir o repertório. Claro que propus de cantar algumas canções do Pato Fu que fazem parte de minha memória afetiva, mas fiquei muito orgulhoso porque ela também sugeriu de cantar canções minhas”, comenta Arthur que continua o papo a seguir com a gente. Curtam aí!

Holofote Virtual: Musica e literatura, duas grandes paixões. Como isso flui no espetáculo?

Arthur Nogueira: Acredito que fluirá como sempre ocorre nos meus shows. Toda a minha relação com a música se dá por causa da palavra, então naturalmente meu repertório autoral abarca desde poetas brasileiros, como Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz, até autores estrangeiros, como Adonis e Rose Ausländer. O roteiro do show terá canções dos álbuns “Rei Ninguém” (2017) e “Sem medo nem esperança” (2015), além de coisas que nunca cantei e da participação do Pratagy, esse jovem cantor e compositor paraense que admiro e com quem comecei uma parceria muito frutífera há dois anos.

Holofote Virtual: Além da participação do Pratagy e esse luxuoso acompanhamento musical no palco, a dobradinha com a Fernanda traz expectativas. Em Belém há milhares de fãs do Pato Fu, onde ela se consagrou como compositora e artista. Como foi o encontro com ela? De onde veio e para onde poderá ir, há algum desdobramento?

Arthur Nogueira: Conheci a Fernanda pessoalmente de uma maneira engraçada e inusitada. Eu estava em Belo Horizonte, assistindo a um show do Caetano ao ar livre, em um festival em praça pública. Estávamos os dois e mais alguns jornalistas e convidados na frente do palco. Em um dado momento, ele cantou uma canção que cita o Pará e me mandou um beijo. Caetano adora Belém. Claro que pessoas ao redor pensaram que o beijo havia sido para a Fernanda, que estava ao meu lado. 

Ela sorriu para os fotógrafos, mas depois virou pra mim e disse: “Isso não foi para mim, né?” E rimos. Apesar de conhecer a Fernanda há algum tempo, só agora senti que havia conexão para convidá-la para um projeto meu. Quando se trata de música, eu tenho muito respeito e acredito que tudo deve acontecer na hora certa. Não sabemos para onde vamos, mas estando curtindo o presente. Colhendo o dia.

Arthur e Cida Moreira
Foto: Murilo Alvesso
Holofote Virtual: E em Belém, vamos falar! Que bom te ter por aqui. Segues nesta relação de afeto...

Arthur Nogueira: Cantar em Belém é sempre especial. Sei que vou ter meus pais e alguns dos meus maiores amigos na plateia, por exemplo. É um calor diferente. Já tive a oportunidade de receber artistas muito importantes nos palcos da minha cidade, como Antonio Cicero e Cida Moreira. Agora é a vez da Fernanda, que faz parte da banda que mais ouvi durante minha adolescência, quando eu era apenas um jovem que sonhava em fazer música e tocava as músicas do Pato Fu em rodas de violão com amigos. Não vejo a hora e convido todo mundo para compartilhar comigo esse momento inesquecível!

Holofote Virtual: Além de compositor, cantor, poeta, também tens adentrado na produção musical... Quais os novos projetos teus?

Foto: Diego Ciarlariello
Arthur Nogueira: Acabei de lançar um EP de voz e violão, chamado “Coragem de poeta”, com canções de artistas que me inspiram e me fortalecem para eu ser quem eu sou nesse momento de tanto retrocesso no Brasil.

Sempre tive pudor com meu violão, mas vários amigos me estimulavam a gravar nesse formato. Chegou a hora.  Também acabei de produzir musicalmente os novos álbum e show da Fafá de Belém, “Humana”. O disco reúne canções inéditas de artistas como Adriana Calcanhoto, Letrux e Fátima Guedes e abre com uma parceria minha com a Ava Rocha, “Ave do amor”, feita para a Fafá.

No próximo semestre vou fazer a curadoria de um projeto reunindo poetas e "cantautores" em São Paulo. Pretendo começar a compor para um novo disco também e quem sabe lançá-lo no ano que vem. Não sei ainda o que seria ou como seria esse disco. Tenho algumas ideias, mas por enquanto vou curtir a repercussão do disco da Fafá, do meu EP e tudo o que pintar desse encontro com a Fernanda em Belém.

Serviço
Itinerâncias, com Arthur Nogueira e Fernanda Takai. Sábado, 20 de abril. Ingresso a R$ 20,00, já à venda na plataforma Sympla. Temos um par de ingressos sendo sorteado pela página do blog no facebook, acesse e saiba como participar. Teatro Gasômetro/Parque da Residência:  Av. Gov Magalhães Barata, 830 - São Brás, Belém - PA, 66063-240.