31.5.13

Adriana Cruz conta "Minha mãe é um problema”

A história de Babette Cole será contada pela atriz, escritora, diretora e dramaturga neste sábado, 01, abrindo a programação do mês de junho no Centro Cultural Sesc Boulevard. A apresentação acontece às 11h e tem entrada franca. Taí, se você está a fim de levar a garotada pra curtir um bom programa, fica a dica. Além da história ser das boas, a contadora também é demais, digo e assino em baixo. 

Adriana Cruz é fundadora do In Bust Teatro com Bonecos, ao lado de Aníbal Pacha, Paulo Ricardo Nascimento e Cristina Costa. Aliás, anote logo aí, povo do oeste paraense: em julho o grupo chega de barco em Santarém, esticando até Alter do Chão e depois segue para Alenquer. Por enquanto, é o que tem confirmado na agenda. 

A viagem faz parte do novo projeto que os fará circular por outras cidades que ficam à beira do rio Amazonas. Levarão junto o espetáculo "Sirênios" e além das apresentações realizarão oficinas. Entre outros trabalhos, mais recentemente, ela também dirigiu o espetáculo “Ciao! Buonanotte... Finito”, da Cia Investigações Cênicas, que por sinal volta em cartaz também em julho na programação de verão da Funtelpa, com apresentação, mais uma vez, no Teatro Cuíra. 

Senta que lá vem a história - Adriana acaba de encerrar mais um curso na UFPA, de Letras. E em abril, lançou mais três livros de histórias da Coleção “Viagens de Zé Mururé”. 

A iniciativa abraçada pela Editora Estudos Amazônico nasceu do projeto Zé Mururé, que tem como objetivo coletar histórias e fazer um programa de TV com contação dessas histórias, colocando comunidades ribeirinhas como atuantes nos programas, através de oficinas de teatro de bonecos. Para isso, ainda está faltando patrocínio, que espero, eles logo consigam, pois é inquestionável a qualidade de seus trabalhos, enquanto resultado cênico e de pesquisa sobre histórias e materiais amazônicos. 

A vertente literária do Mururé prevê o lançamento de 10 livros. Um já foi lançado na feira do livro de 2012, A Boiuna e a Moça. Este ano estão saindo mais quatro, sendo que três deles já estão prontinhos e foram lançados na XVII Feira Pan Amazônica do Livro: A Matinta Desencantada, Levanta Boi Bumbá, e O Homem que virava porco. O quarto será No Olho do Mapinguari. 

A proposta da coleção traz como protagonista o Zé Mururé, um marinheiro que tem um barco chamado Juvêncio. 

Viaja pelas ilhas da nossa região transportando frutas, peixes e também histórias que ele conta para um garoto chamado Miguel, morador da beira do porto Cheiroso, (porto que faz uma referência ao porto da palha, ao mercado do ver-o-peso, e outros). 

A ideia foi implementada a partir de uma conversa do Cincinato Marques Jr. com a Editora Estudos Amazônicos, que o chamou para criar um livro que tratasse de geografia pra crianças.

 “Cincinato sugeriu um livro que tivesse a nossa geografia nortista, e que trouxesse também, nossa cultura, nossas histórias, nossos mitos e propôs ao editor que eu escrevesse estas histórias, sabendo que eu já escrevia roteiros para o Catalendas e para o teatro de bonecos do grupo In Bust”, conta Adriana, que está adorando a experiência. 

“Não me julgo escritora, acho que sou mesmo uma contadora de histórias, e isso se estende para o teatro e para a literatura infantil. Faço com muito prazer, me divirto fazendo”, complementa. 

Adriana Cruz e Cincinato Jr.
Ah, isso é meia verdade, pois a veia de escritora é muito forte, mas Adriana é mesmo uma excelente contadora de histórias, e está ganhando espaço em Belém, onde já assume a contação de história para diversos públicos e projetos como o da Livraria Saraiva, o Saraiva Kids, na programação da Estação das Docas, em algumas escolas e, claro, como vai acontecer neste sábado, nos Sescs. 

“Tenho um repertório de mais de quinze histórias prontas para o público e destas, três já estão construídas baseadas na Coleção Viagens de Zé Mururé, as quais foram montadas (e ainda estão em processo de construção) com o Cincinato Jr. - uma parceria muito feliz entre a narrativa oral e a música, já que ele é músico”, comenta. 

Além de estar assinar a direção do In Bust em diversos espetáculos, e para outros grupos de teatro, Adriana está atuando também na Fundação Curro Velho, responsável junto com uma equipe coordenada por Jorge Cunha, pela construção do espetáculo junino da iniciação artística, para qual ela escreve o texto pela segunda vez. “Já trabalho há mais de 15 anos como instrutora de teatro, para no mínimo 40 crianças por semestre. Adoro esse trabalho”, conclui. 

A autora de "Mina Mãe..." Babette Cole
A mãe que tem vassoura, mas pra voar - Neste sábado por tanto, não perca Minha Mãe é um Problema. A história fala sobre uma mãe um “pouquinho” diferente. Ela leva o filho para escola numa vassoura voadora, e cria uns bichinhos de estimação um pouco estranhos como dragão e aranha. 

Os colegas de escola do menino adoram a mãe dele, porém os pais nem tanto e, proíbem as outras crianças de ir à casa do pequeno. Até que um dia, ocorre um incêndio na escola e a mãe diferente, voando na sua vassoura, chega bem mais rápido que os bombeiros salvando todas as crianças. A galera vai gostar. Tá dado o recado! Projetos como este que trazem de volta a tradição da oralidade serão sempre bem vindos!

Serviço
“Minha mãe é um problema” na contação de histórias desse sábado no Sesc Boulevard. Neste sábado, 1 de junho, às 11h, no Centro Cultural SESC Boulevard (Boulevard Castilho França, 522/523 - em frente à Estação das Docas). Informações: (91) 3224-5305/5654 / sescboulevard@gmail.com e no sescboulevard.blogspot.com.

Alabê Ôni chega a Belém pelo Sonora Brasil

O Centro Cultural Sesc Boulevard será palco de difusão da produção musical brasileira nesse sábado (01), através do Projeto Sonora Brasil que, em sua 16ª edição, desenvolve programações identificadas com a história da música no Brasil. O destaque será para a música que apresenta manifestações da tradição oral, presentes em comunidades quilombolas, como o grupo gaúcho Alabê Ôni. A apresentação acontece às 19h, com entrada franca.  

O Sonora Brasil, em 2013, levará 450 concertos para 128 cidades do país, a maioria distante dos grandes centros urbanos. Promovendo a diversidade da música brasileira e contribuindo para o conjunto de ações desenvolvidas pelo Sesc visando à formação de plateia. 

Além do show em Belém o projeto também leva o grupo para uma apresentação em Castanhal, no domingo, 2, às 20h, no Auditório da Catedral Santa Maria Mãe de Deus, com entrada franca.

Para os músicos, o Projeto propicia a circulação de seus trabalhos, além do contato com outros grupos musicais. Seu objetivo principal é despertar no público um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão de música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a pureza do som, a qualidade das obras e de seus intérpretes. 

Em sua 16ª edição, o Sonora Brasil apresenta “Tambores e Batuques”, “Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea”, temas que circularão pelo país em 2013 e 2014, com a participação de oito grupos musicais. O show do Sesc recebe a temática “Tambores e Batuques”, a qual valoriza grupos musicais que têm o tambor como um elemento fundamental. 

Vindo do Rio Grande do Sul, o grupo Alabê Ôni, constituído por músicos e pesquisadores da cultura negra,  recupera a história do Tambor de Sopapo, instrumento originário da região das Charqueadas de Pelotas, e que está desaparecendo da tradição local.   O grupo apresentará repertório de maçambiques, quicumbis, alujás e candombes.

Serviço
Show com o grupo Alabê Ôni pelo Projeto Sonora Brasil. Neste sábado, 01 de junho, às 19h, no Centro Cultural SESC Boulevard (Boulevard Castilho França, 522/523 - em frente à Estação das Docas). Informações: (91) 3224-5305/5654.

Vai começar o Festival Internacional de Música

O pianista Hamleto Stamato
Uau, está demais a programação desta 26ª edição. São mais de 50 atrações locais, nacionais e internacionais, que irão se apresentar durante o evento, de 02 a 09 de junho em vários espaços culturais da capital. Entre convidados tem, por exemplo, o violonista Yamandu Costa, o saxofonista americano Paul Haar e o pianista Hamleto Stamato. O concerto de abertura, “Noite Espanhola”, será apresentado pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, com o solista Lucas Imbiriba, domingo, às 20h30, no Theatro da Paz. Toda programação tem entrada franca. Para ver a programação detalhada e se agendar com dias, locais e horários, acesse o site da FCG.

Este ano o Festival vai homenagear o bicentenário de nascimento do compositor Giuseppe Verdi. Também vai celebrar os 180 anos de Johannes Brahms, lembrar o centenário de Benjamim Britten e os 70 anos do compositor brasileiro Almeida Prado. 

Além da programação artística, o Festival também é voltado para a educação musical com a realização de cursos, palestras e oficinas. Serão mais de 30 masterclasses que serão realizados no Conservatório Carlos Gomes. As inscrições para os cursos começaram hoje e vão até sexta-feira com um intervalo na quinta (30) em função do feriado de Corpus Christi. 

Alguns dos instrumentistas que vão ministrar as oficinas já estão em Belém. Para homenagear os 200 anos de Verdi, haverá uma montagem experimental da ópera "La Traviata" com a utilização de várias linguagens artísticas, como o cinema mudo e o teatro. 

O espetáculo será apresentado nos dias 3 e 4 de junho, às 19h, no Teatro Universitário Claudio Barradas, que funciona na Escola de Teatro e Dança da UFPA. Os ensaios dessa montagem estão ocorrendo à noite na sala Ettore Bosio. 

O Festival traz a Belém os grupos Esterhazy, Fantasmi, Rostock, a soprano Jo Ella Todd, o maestro Jacob Slagter, o saxofonista americano Paul Haar, que vai se apresentar com a Amazônia Jazz Band, entre tantos outros. Entre as atrações nacionais, destaque para grandes nomes da música instrumental brasileira como o saxofonista Leo Gandelmam, o violonista Yamandu Costa, o pianista Hamleto Stamato e o contrabaixista Ney Conceição. 

Serviço
XXVI Festival Internacional de Música do Pará 2 a 9 de Junho Theatro da Paz, Teatro Waldemar Henrique,Teatro Claudio Barradas, Sala Ettore Bosio, Catedral Metropolitana de Belém, Igreha de Santo Alexandre, espaço São José Liberto, Anfiteatro São Pedro Nolasco, CamarIN Cultural e Portal da Amazônia.

29.5.13

Gattaca será o filme da sessão Ciência na Saraiva

Os caminhos da engenharia genética e seus  impactos na sociedade. Essa é a tônica de Gattaca, produção de 1997. O programa é da Associação de Críticos de Cinema do Pará e Academia Paraense de Ciências em parceria com o Cine Saraiva.A sessão é nesta quinta-feira, 30, às 18h, na livraria do Boulevard Shopping.

O roteiro e a direção é de Andrew Niccol, que também foi roteirista de O Show de Truman. Em Gattaca ele faz um ensaio sobre uma sociedade que venha ter seu destino pré-determinado cientificamente. E isso sem que haja o mínimo espaço para a ação do indivíduo na construção de seu próprio futuro. O filme também é uma reflexão sobre como a ciência pode ser usada para legitimar e, no caso, criar uma hierarquia social, principalmente se feita sem crítica e controle da sociedade. 

Ambientado no futuro, Gattaca mostra uma sociedade em que as corporações tornaram-se mais poderosas que o Estado e em que a manipulação genética criou uma nova espécie de preconceito e hierarquia racial, legitimada pela ciência. Aos pais que desejam ter filhos é dada a oportunidade de manipular a interação entre seus DNAs de modo que gerem filhos com a melhor combinação de qualidades genéticas possível. 

Este procedimento acaba criando duas categorias diferentes de pessoas: os Válidos, frutos desta combinação genética planejada, que são quase super-homens, com raras doenças genéticas; e os Inválidos, frutos de nossa interação sexual usual. Aos Válidos são oferecidos os melhores empregos e as melhores oportunidades enquanto que os Inválidos chegam a ser impedidos de frequentar determinados lugares. 

A história gira em torno de dois irmãos, um concebido da maneira natural e o outro manipulado geneticamente. O Inválido, interpretado por Ethan Hawke, tem várias doenças genéticas e, ao ter seu DNA examinado quando nasce, já tem uma data prevista para sua morte. 

Contudo, o garoto sonha em viajar ao espaço - emprego impensável para alguém com seus problemas - e vai buscar todas as maneiras possíveis para superar suas limitações ao mesmo tempo em que tem que esconder de todos que é um ‘defeituoso’. Gattaca ainda traz Uma Thurman e Jude Law no elenco. 

Serviço
Cine Saraiva apresenta Sessão Ciência com o filme “Gattaca – a experiência genética”, de Andrew Niccol. Nesta quinta, 30, às 18h, no espaço Benedito Nunes da Livraria Saraiva (Boulevard Shopping, 2º piso). Entrada Franca. Após o filme, debate entre o público, os membros da Associação de Críticos de Cinema do Pará e da Academia Paraense de Ciências.

(Com informações da assessoria de imprensa da ACCPA)

28.5.13

Arquivo público discute editais de apoio a cultura

O ciclo de palestra “Editais Culturais” que acontecerá no dia 11 de junho, no Sesc Boulevard, com realização da Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará (ARQPEP), terá participação de representantes de programas de financiamento e patrocínio cultural do Brasil, a Petrobras e do BNDES. 

Uma das únicas instituições que trabalham com acervos documentais contempladas por editais culturais no Norte e Nordeste, a ARQPEP lança novo desafio e apresenta um volume com resultado de um de seus dois projetos já contemplados em edital.

Será o momento, também, de compartilhará com profissionais do meio cultural e arquivístico as experiências obtidas com a execução de dois projetos culturais em que ela foi contemplada. Um deles, está sendo encerrado: “Preservação, Conservação e Acesso”, realizado pela ARQPEP com o patrocínio do programa Petrobras Cultural.

Durante um período de dois anos, foi possível realizar a identificação e a catalogação de mais de 45 mil documentos da chamada “documentação avulsa” do Arquivo Público do Estado do Pará. Estes documentos, entre eles ocorrências policiais, folhas de pagamento e boletins médicos, nunca foram identificados, sendo apenas direcionados para o Arquivo Público, envelopados e colocados em prateleiras.

Com este tratamento técnico, estes documentos agora podem finalmente fazer parte oficialmente do acervo do Arquivo Público do Pará. O produto final deste projeto, o catálogo “Textos e Fontes do Arquivo Público do Pará vol.2”, traz o inventário da documentação tratada e o manual de séries elaborado para a identificação desses documentos. 

O volume será lançado ao final do evento e distribuído gratuitamente para pesquisadores, historiadores e o público interessado.

Na ocasião também será lançado o mais novo projeto da ARQPEP, contemplado pelo edital de financiamento do BNDES. A partir dos recursos obtidos, este projeto pretende disponibilizar online toda a documentação do período colonial presente no Arquivo Público do Pará, além de formar o Sistema de Arquivos da Amazônia Legal, que integrará acervos de cinco cidades dos estados do Acre, Amapá, Mato Grosso e Pará. 

O ciclo - Entre os palestrantes estarão Luís Nascimento, assessor de comunicação institucional e gerente de patrocínio da Petrobras e Fernanda Menezes, coordenadora de acervos do BNDES. Eles explicarão como os interessados em obter patrocínios em editais culturais podem submeter projetos da forma correta e os critérios de seleção para a aprovação.

Para retratar uma experiência bem sucedida de projetos patrocinados na área de acervos, o Professor Doutor Pedro Puntoni, Diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e Coordenador da Brasiliana USP, falará sobre a execução do projeto de digitalização do maior acervo já reunido sobre o Brasil.

Este acervo, que também será disponibilizado integralmente online, inclui obras raras da Biblioteca da USP e da biblioteca particular de José Mindlin e é o maior projeto de digitalização em execução no Brasil.

Ciclo de Palestras “Editais Culturais”  - no dia 11 de junho

14h30 – Abertura da mesa com a presença de Agenor Sarraf, diretor do Arquivo Público do Pará, Fernando Arthur Neves, presidente da Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará e Leonardo Torii, Coordenador do projeto “Preservação, Conservação e Acesso”.

15h30 – Palestra "Brasiliana USP e a Rede Memorial: perspectivas para uma política pública para a digitalização dos acervos memoriais brasileiros" com o Professor Doutor Pedro Puntoni, Diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e Coordenador da Brasiliana USP.

16h15 – Palestra “Patrocínios Petrobras”, com Luís Nascimento, assessor de comunicação institucional e gerente de patrocínio da Petrobras.

17h – Palestra “Projetos e editais do BNDES”, com Fernanda Menezes, coordenadora de Acervos do BNDES.

18h – Cerimônia de entrega dos equipamentos adquiridos através dos projetos desenvolvidos pela ARQPEP para o Arquivo Público do Pará. 18h30 – Pausa.

19h – Coquetel de lançamento do livro “Textos e Fontes do Arquivo Público do Pará vol. 2” com apresentação de quarteto de cordas.

Tecnomelody patrimônio artístico e cultural

Gang do Eletro
A assinatura da Lei n° 7.708, que reconhece o ritmo como patrimônio cultural e artístico para o Estado do Pará, pode esquentar as discussões no colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega, que nesta quarta, 29, e quinta, 30, reúne acadêmicos e artistas para discutir vários setores que envolvem o fenômeno cultural.

O texto publicado no Diário Oficial do Estado é claro: reconhece apenas o ritmo como patrimônio artístico e cultural, não as suas aparelhagens e símbolos. Foi aí que em 2011, esbarrou o projeto de Lei n. 130/08, vetado por Simão Jatene, e que instituiria o Tecnobrega como patrimônio cultural e artístico do Estado do Pará. 

Na época, o governador declarou: “Assim, como o cerne da lei aprovada é um só artigo (o 1º), onde se constitui a proteção artística cultural para o ritmo (até esse ponto constitucional), se a redação dele fosse até aí, não estaria contaminado pela inconstitucionalidade. Mas, ao estendê-la para o meio sonoro e marcas de divulgação do ritmo, foge do conceito destinado à proteção cultural e artística imaterial. Então, acaba por 
torná-la inconstitucional em seu todo”, disse. Houve polêmica.

DJ Dinho
Assim, com a nova lei instituída, o governador dá um passo à frente, sem contradizer sua opinião. A discussão em nível parlamentar, ganhou aplausos no portal do Melody, que festeja a Lei do Tecnobrega, enquanto no Diário Oficial do Estado, é escrito Tecnomelody. Onde está a diferença e no que isso implica? Bem, de uma forma ou de outra, resta saber o que será feito daqui por diante. 

Ainda em 2011, a Guitarrada também foi decretada patrimônio artístico e cultural do Estado. Para entender o que significava tudo isso, conversamos com o Isaac Loureiro, que coordena a campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, que é viabilizado em outra esfera, junto ao Governo Federal e IPHAN. De acordo com ele, o processo apensar de demorado, alguns benefícios já estavam sendo ganhos pelos que trabalham com o carimbó, já que ao reconhecer uma cultura como patrimônio, o Estado deve  criar políticas para a permanência e vigor destas culturas.

DJ Waldo Squash
Colóquio - O objetivo do colóquio que vai acontecer esta semana, obviamente, não tem esta discussão como foco, mas o assunto deve ser assimilado pelas questões que serão abordadas. 

No mínimo será uma boa oportunidade para saber o que os artistas do tecnomelody - representados ali pelo DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem projetado o agora patrimônio artístico e cultural país afora -, acham da lei e o que esperam dela. Afinal, para criar o ritmo é preciso que haja equipamentos e para levá-lo ao público, as aparelhagens têm sido importantes. 

O colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega acontecerá na Casa Fora do Eixo Amazônia, em Belém, e será transmitido on-line pelo site www.postv.org. A realização é do Projeto Territórios Híbridos, da Faculdade de Artes Visuais, do Instituto de Ciências da Arte, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sendo o projeto original da Universidade das Quebradas em Rede, em parceria com a Universidade Fora do Eixo Integrado: UniCult e Cultura de RED. 

Aparelhagem: música, tecnologia e pirotecnia
Serão debatidas questões ligadas ao fenômeno tecnológicos e midiáticos, de tecnomídia, no qual os principais agentes são as aparelhagens, os Djs, os artistas, os vendedores de rua, as casas de shows entre muitos outros agentes que envolvem as mídias, e as tecnologias que se proliferam na vida de todos. Assim, também será focado o tecno-brega como fenômeno cultural da região Norte. 

“A ideia é olhar para o tecnobrega como tecnomídia, que é um fenômeno cultural no âmbito da cidade com a música. Com a tecnologia há um status outro, que é a tecnomídia, e esse movimento está sendo do popular para a academia. O colóquio foi a maneira encontrada para dar prosseguimento às ações da Universidade das Quebradas, um projeto de extensão da professora Heloisa Buarque de Holanda, da UFRJ, aqui em Belém. O projeto está sendo expandido e realizado em outras regiões do país”, explica Val Sampaio, que coordena colóquio em Belém. 

PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira, 29
19h - Mesa redonda
“Circuito + Tecnologia + Identidades”
- Maurício da Costa, professor de História da UFPA, com Doutorado em Antropologia Social (USP) 
- Priscila Brasil, produtora da cantora Gaby Amarantos – projeto com crianças no bairro do Jurunas

21h - Set com VJ Nacho Durán - TeleKommando – TecnoKommando A/V 

Quinta-feira, 30
19h - Mesa redonda: “Música + Ruído + Tecnomídia”
- Mauro Maia Professor da Universidade da Amazônia (Unama) – Mestre em Ciências Sociais (UFPA) 
- DJ Waldo Squash – Produtor, DJ e cantor da banda Gang do Eletro

21h – Set com DJ Waldo Squash 

Serviço 
Colóquio TecnoMídia, TecnoCorpo, TecnoBrega ocorre nos próximos dias 29 e 30 de maio, a partir das 19h, na Casa Fora do Eixo Amazônia (Rua Aristides Lobo, 292, bairro da Campina), em Belém. Entrada franca.

25.5.13

Cao Guimarães entre videos, poesia e gambiarras

Da série "Gambiarras"
A poética visual do artista encanta. Para ver as mais de 20 obras da mostra “Ver é uma fábula”, de Cao Guimarães, vá com folga para uma apreciação completa. São 21 obras em exposição, sendo 20 videos, com curadoria de Moacir dos Anjos, projeto expográfico de Marta Bogéa, e desenho sonoro de O Grivo. A mostra ocupa espaços de três andares do Itaú Cultural, em São Paulo, inclusive os de passagem. 

Em uma das escadas, por exemplo, grata surpresa. Ela bem nos serve para sentar para ver as fotos da série "Gambiarras" (2001-2012), projetadas no alto da parede. 

Poesia e o humor nas engenhocas construídas para diversos propósito. Ao utilizar a escadaria do quarto para o terceiro andar para esta experiência visual, a montagem remonta a característica de Cao, em dar novos sentidos às coisas. O improviso, no espaço, o ressignifica em sua função e torna a própria exposição, uma gambiarra. 

"Brasília"
Nas salas tradicionais, mais novidades. Em cada uma, três grandes telas estão penduradas, dispostas em formato triangular, onde são projetados, alternadamente, uma série de filmes. 

As imagens te transcendem e penetram na tua imaginação. Bancos redondos de ampla circunferência são disponibilizados. São vinte vídeos com imagens de Cao e alguns parceiros, com trilhas criadas por Nelson Soares e Marcos Moreira, que formam O Grivo.

A bolha inquilina...
Um deles é “O Inquilino” que em 10 minutos e meio descreve a trajetória de uma bolha de sabão. Em suspensão contínua, sem nunca estourar a bolha flutua por salas, chegando a cantos vazios e paredes destruídas. A trilha realça a tensão emocional.

As formiguinhas em sua quarta-feira de cinzas
"Quarta-feira de cinzas" mostra formigas, que carregam pedaços de papel colorido, como  confetes, usados no Brasil na época do carnaval. 

Há ainda Peiote, feito no México, onde uma criança brinca de luta livre ao estilo do super heróis japoneses, em meio a uma dança oferecida aos índios ancestrais mexicanos.

Outro projeto de Cao, que o reforça como um dos mais incríveis artistas visuais brasileiro é “Histórias do Não ver”, livro que reúne imagens que ele fez às cegas ao viajar por várias cidades do mundo. 

"Histórias do não ver"
Ele pediu a amigos que, nestes lugares, o sequestrassem e o levassem, vendado, a algum espaço que ele fotografou imaginando suas essências apenas ouvindo os sons e ruídos existentes em cada um. Além do livro, que traz texto do artista sobre esta experiência, o projeto também conta o vídeo instalação que está nesta mostra do Itaú. 

A mostra que abriu em março e encerra em 1º de junho, exibiu ainda 8 longas e realizou um workshop com o próprio Cao Guimarães, que falou da carreira e da relação do cinema e das artes plásticas em seu trabalho. O Grivo também participou falando das criações para a obra do artista. 

Em Algodoal...
Belém e Algodoal – Também está na exposição, o vídeo “Da Janela do meu quarto”, feito por Cao, em 2004, época em que o artista esteve também em Belém, participando do “Fluxo de Arte Belém Contemporâneo”. 

O evento, produzido, pelos artistas plásticos Camila Sposati e Tonico Lemos Auad, teve como objetivo instalar um fluxo de intercâmbio de artes, tendo como sede o Museu de Arte de Belém (MABE). Participaram artistas paraenses e londrinos, que ficaram residentes em um casarão, funcionando onde hoje está instalado a Fotativa, na Praça das Mercês.

Dessas trocas e experimentações, surgiu uma exposição, que foi montada no Mabe e onde também foi realizada a programação. O evento contou com três debates, tendo artistas convidados, entre eles Cao Guimarães, que integrou a mesa: “A fotografia: entre documentos da realidade e suporte ficcional e/ou poético”, junto a Luiz Braga, Ben Judd e Rodrigo Moura. 

Além de participar da programação da mostra, ele viajou a ilha de Maiandeua e fez “Da Janela do Meu Quarto”. Em pouco mais de cinco minutos, o vídeo mostra um menino e uma menina se divertindo com movimentos de uma luta sob grossos pingos de chuva, na vila de Algodoal.

Montagem incentiva a viagem pela poética de Cao...
Um sopro - "Ver é uma Fábula" mostra toda a poética e a originalidade de Cao Guimarães, reafirmando sua sensibilidade e inquietação. 

Quem tiver oportunidade de visitar, o faça. É uma bela viagem, feita de luz, cores, movimentos e sons, nos levando a inúmeras reflexões. 

"Um sopro poético na alma", como citou o artista Milton Aires, que também esteve na exposição. Em cada vídeo você constrói a própria fábula. Saiba mais sobre a exposição, no site do Itaú Cultural.

Café com Verso e Prosa está de volta à cena

Após 10 anos parado, o projeto receberá, nesta terça-feira, 28, os escritores Alfredo Garcia-Bragança e H.G. O sarau literário, além do bate papo, recebe intervenções cênicas de obra dos escritores convidados, estimulando a prática da leitura e formando leitores. Ao final do evento, é servido um coffe break aos participantes que, então, literalmente tomam um café com o escritor. 

O evento é promovido pela Biblioteca da Escola Zulima Vergolino Dias, localizada na Cidade Nova, vinculada ao SIEBE (Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares), com o patrocínio dos próprios professores da escola. Segundo o Prof. Helder Bentes, coordenador do projeto, a literatura é um tipo de texto artístico construído sobre a matéria-prima da linguagem. 

“Como arte, a literatura requer um tipo específico de atenção. Hoje, com o crescimento dos recursos de comunicação digital, há uma tendência, principalmente entre o público jovem, de preferir o filme ao livro ou se contentar com o resumo de leituras que jamais deveriam ser classificadas como obrigatórias”, explica o professor. 

O objetivo do projeto é, portanto, combater essa tendência, valorizando o livro impresso como suporte de um tipo de conhecimento que pode e deve funcionar como reflexão crítica sobre a realidade. Para isso, todo mês o professor forma e coordena uma equipe de debatedores voluntários, garimpados entre estudantes, sobre a obra de um escritor convidado.

Os estudantes recebem aulas de teoria literária e técnicas de entrevista, leem a obra do autor convidado e têm a incumbência de compartilhar as novidades que vão aprendendo. 

Há um bate-papo prévio com o escritor, ainda na fase de preparação do evento mensal, para que os estudantes o conheçam pessoalmente e sintam-se à vontade para tomar um café com ele e o público. São formadas equipes de recepção, divulgação, audiovisual, coffe break, decoração temática, teatro, tudo para garantir que o público tenha uma experiência estética e saia do sarau realmente incentivado a consumir literatura. Os escritores convidados são escolhidos mediante sugestão de pauta enviada à coordenação do projeto. 

Os autores deste mês são pai e filho. Alfredo Garcia é paraense de Bragança, neto e pai de escritor. Iniciou sua carreira no gênero da literatura infanto-juvenil e depois foi se aventurando por outros gêneros, identificando-se principalmente com o conto. Com 27 anos de atividade escrita, Alfredo é jornalista, especialista em Teoria Literária e Mestre em Estudos Literários. 

Essa formação acadêmica para a escrita, certamente influenciou positivamente a qualidade de sua obra, o que justifica a fortuna crítica assinada por nomes de peso na área da literatura no Brasil, como Acyr Castro, Ignácio de Loyola Brandão, Ildefonso Guimarães, Joel Cardoso e Helder Bentes, que foi o primeiro crítico brasileiro a escrever sobre a obra Três Extremos, conto de H. G. 

Neto, filho de Alfredo Garcia, publicou na coletânea Epifanias (2009), que reúne contos dos dois autores. 

No artigo “As epifanias de um jovem escritor”, o crítico afirma: “A narrativa vale pelo devir de uma surpresa que testa as expectativas do leitor. O caminho traçado por H. G. Neto daria muito trabalho ao pesquisador que se lançasse à aventura de desvendar os passos da imaginação de um leitor, na tentativa de preencher concretamente as lacunas deixadas ao longo do texto”.

Serviço
Café com Verso e Prosa. Convidados: Alfredo Garcia-Bragança e H. G. Neto Data: 28 de maio de 2013 (terça-feira) Hora: de 18h00 às 19h30 Local: Auditório da Escola Zulima Vergolino Dias (Cidade Nova, em frente à Praça da Bíblia).

(com informações da assessoria de imprensa)

Análise sobre a série "Livrai-nos de todo o mal"

O trabalho de Wagner Almeida foi vencedor do IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Instigante  e de forte sensibilidade, o repórter fotográfico levou a premiação na categoria que dá tema a edição deste ano: "Homem Cultura Natureza".

A série pode ser vista até este domingo, 26, na Casa das Onze Janelas, junto a obras de mais 21 artistas visuais brasileiros, que este ano integram a exposição principal do prêmio. 

"Livrai-nos de todo o mal", que mereceu ótimos comentários do júri, formado por Luiz Braga, Armando Queiroz e Maria Helena Bernardes, agora recebe uma análise crítica da socióloga Marly Silva. Ela faz uma leitura sobre o que está por trás das imagens captadas por Wagner, atuante na área do jornalismo policial. 

A arte da reaparição nas fotografias de Wagner Almeida

Por Marly Silva*

Por que se grita tanto no Rock? Essa pergunta ocorreu ao jovem filósofo Charles Feitosa que, fascinado pelo grito na arte, perpetrado desde o célebre quadro de Eduard Munch (1893), procurou nos dar uma resposta. Dá-la ao público, pois o filósofo ligado no mundo sabe que o que lhe ocorre, muitas vezes está em milhares de outras cabeças, no caso: amantes, desafetos ou apenas curiosos do Rock, mas só os filósofos têm tempo, paciência e ferramentas conceituais para aventurar-se nessa procura do aparentemente prosaico, sem valor. Singela é a sua resposta. 

O grito aparece na arte porque é expressão da condição humana, ou melhor, é um meio de expressar variadas emoções: prazer, felicidade, revolta, dor, horror, “sensação de impotência, quando não se acredita em mais nada, ou pior, só se acredita no nada”. 

Agora, como o grito, tido pelos antigos como “coisa feia”, rompeu esta barreira (estética) e entrou para o campo artístico, é uma outra história. Mas na arte musical, não só os roqueiros gritam! Elis Regina também gritava escancaradamente nos Festivais da Canção dos anos 1960, expressando um misto de rebeldia, provocação e êxtase. 

Num show da banda Iron Maiden, no qual o vocalista incitava a plateia do Rock in Rio com o refrão: Scream for me, Brazil! (grite por mim, Brasil), nosso filósofo e mais dezenas de milhares de outras pessoas gritavam juntos “meio sem saber por que, mas felizes em se esgoelar até perder o fôlego”. Coisa de jovem, ora bolas! 

Situação oposta é aquela que encontramos na série de fotos em exposição do jovem repórter fotográfico Wagner Almeida. No lugar do grito harmônico ou hipnotizante do rock, o silêncio fúnebre de corpos silenciados a bala, executados em lugar ermo, abandonado, onde impera a lei do silêncio. 

Se houve gritos durante o sinistro não sabemos, nem as fotos revelam, mas podemos imaginá-los e ouvi-los como um eco que ressoa no grande salão da “Casa das Onze Janelas”, tão fortes são as imagens de Wagner, o que lhe valeu uma premiação no IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. 

O silêncio dos corpos tombados projeta o grito não só dos que foram executados, mas também dos que testemunharam e sobreviveram (sabe lá até quando, devem se indagar) às perseguições, às chacinas, às “batidas”, às emboscadas, aos tiroteios, às balas perdidas, às invasões arbitrárias e violentas de domicílios, aos aprisionamentos recorrentes dia após dia. Portanto, a paz que temos aí é a paz dos cemitérios... 

Nas fotos de Wagner, um enigma: corpos tatuados com imagens de santos católicos ao lado dos códigos de uma gramática violenta. O que significa essa relação aparentemente contraditória? Ele tenta decifrá-la. É difícil... Compartilho sua inquietação e me atrevo a uma aproximação possível no exame da relação que une a violência e o sagrado no contexto social vivido por jovens da periferia envolvidos em conflitos violentos. É um desafio que a própria antropologia religiosa teve dificuldades em responder satisfatoriamente até hoje.

“Livrai-nos de todo o mal”, título que dá nome à série fotográfica premiada, constitui uma crônica da morte anunciada e consumada que nos instiga a pensar os porquês do crescimento desta violência destrutiva que paradoxalmente é convertida em objeto publicitário (“chicote neles” é uma das peças que nos remete ao anacronismo dos castigos aplicados aos escravos), vendida como se vende bens de consumo duráveis, a exemplo dos “cadernos de policia” e dos programas de “cobertura policial” (“Metendo bronca” é o mais sinistro) patrocinados por supermercados, cervejarias e até pela Prefeitura Municipal de Belém; será isso o significado do terceiro “S” da tríplice promessa de campanha do alcaide?

Parece-nos que vigora um pacto suprapartidário de exposição sistemática e agressiva do jovem pobre envolvido na economia dos negócios ilícitos onde a ausência de instâncias estatais regulatórias encontra na violência interpessoal e grupal a forma de resolução dos conflitos. 

Essa verdade levou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso a engajar-se na luta pela descriminalização da maconha que ele como presidente não conseguiu emplacar, ao contrário do nosso vizinho, o Uruguai de José Alberto Mujica Cordano. Por outro lado, são tantos os casos revoltantes de violação de direitos de simples suspeitos, detidos e inocentes, que já deveriam ter levado o Ministério Público Estadual a tomar providências contra o uso abusivo do poder policial e midiático que fere direitos constitucionais e universais da pessoa humana.

Exemplo inacreditável é o caso recente de uma mãe moradora do bairro do Guamá que, transtornada pela morte súbita da filha, é tida como suspeita de tê-la assassinado; é presa, algemada, escoltada até a delegacia, filmada, fotografada, e constrangida a responder ao vivo a uma repórter por um crime que não existiu; tenta-se frente às câmaras arrancar alguma confissão da pobre mulher! Quanta sensibilidade jornalística... 

Polícia e imprensa parecem atuar como cúmplices, construindo um cenário que beira a ficção. Além disso, tais programas ocupam um tempo extraordinário na programação local seguindo uma lógica banal: se a tragédia humana dá ibope, atrai uma multidão de curiosos, então, por que não explorá-la convertendo-a em “currículo áudio visual” com patrocínio do mercado e assim, incitá-la mais e mais sob o aparente pretexto de combatê-la?

Afinal, é certo que o resultado aparecerá no próximo sufrágio. O império desta razão cínica destrói, antes mesmo que nasça, qualquer possibilidade de instituição de uma ética do bem estar social comum na cidade, de onde poderia advir a esperança de uma condição de segurança pública que hoje não passa de miragem. Jean-Pierre Dupuy nos ensina, “se nos esforçamos sempre em aumentar a eficácia dos meios violentos para conter a violência, mais inatingível ele (o reino do amor) fica”. 

A história do século XX nós dá exemplos emblemáticos da verdade contida nestas palavras. Só os cínicos não vêem, porque a estupidez e a hipocrisia os cegou. A igreja, o crime organizado e o braço armado do Estado (segurança pública) são instituições poderosas que compõem a vida e o imaginário do jovem da periferia. Num sermão, ele ouve que durante mais de dois mil anos os profetas repetiram: Deus não quer sacrifícios. 

Na Bíblia, ele lê: não acreditem que eu tenha vindo trazer a paz sobre a terra: eu não vim vos trazer a paz e sim a espada (Mt. 10:34). Num lixão de papéis recicláveis, ele encontra uma reprodução da tela de Caravaggio baseada no texto bíblico em que Deus ordena Abraão (com a faca em punho) a sacrificar o próprio filho e o anjo lhe oferece a ovelha para livrar o filho da imolação pelo pai. Como ele processa todas essas falas e imagens, fragmentadas e contraditórias? 

Quem vai lhe explicar a exegese do texto sagrado e de como a vingança e os rituais de sacrifícios foram historicamente transformados em tribunal do júri e no sistema penal que temos hoje? O jovem pobre nasce excluído das possibilidades de entendimento da cultura em que vive. 

Além disso, está assujeitado a estes poderes arbitrários, marcados por contradições e ambiguidades e tem de conviver com eles como alma aprisionada em múltiplos conflitos e violações cada vez mais destrutivas, numa espécie de “campo de concentração a céu aberto” (como bem define o sociólogo Edson Passetti), já em idade muito precoce, quando ainda não consegue alcançar o discernimento da miséria de sua condição social. E quando o alcança, se rebela ainda mais, e ao rebelar-se, se expõe às agressividades da repressão disciplinar e aos dispositivos da violência simbólica, acionados em viva voz como um teatro do absurdo nas telas da TV com as câmaras em close penetrando a retina dos seus olhos em corpos acuados.

Na condição de professora, conheci muitos que encontraram uma rota de fuga e resistência ao meio adverso e árido onde nasceram, mas muitos milhares de outros mantêm-se na sujeição e servidão. 

Portanto, não espere gentilezas quando um deles lhe anunciar um assalto na janela do seu carrão 4x4 com uma arma que pode ser até de brinquedo, só para “dar um susto” (jargão que compõe o repertório da cultura da violência e que circula em todas as classes sociais). 

Eles estão ali cumprindo ordens superiores, seja lá de onde for. Suas vidas são nervosas e impacientes desde quando nascem, numa cidade que lhes nega moradia e dignidade, mesmo em plena era do “Minha Casa Minha Vida”, o que denuncia a irresponsabilidade criminosa dos poderes públicos municipais em Belém. 

Poderes que também se mostram incompetentes para regulamentar leis que há muito vigoram em outras cidades, como a outorga onerosa, que obriga que parte da riqueza advinda do boom da indústria da construção dos condomínios de luxo, shoppings e espigões em geral se constitua em fundos públicos destinados à construção de equipamentos urbanos como centros culturais, teatros, bibliotecas, escolas de formação, laboratórios-oficina de arquitetura para soluções de habitação popular com conforto térmico nos bairros da periferia tropical. 

Por que a periferia não pode ser palco da filosofia, das artes e de uma economia cultural com geração de empregos? Não é dela que sai o operariado construtor de todas as riquezas arquitetônicas e a empregada doméstica que limpa a casa das madames? Por que filho de operário e empregada doméstica teriam de seguir o mesmo? Por que não pode ser filósofo, dramaturgo, arquiteto? Porque “artista” ele já é, na arte de sobrevivência no deserto cultural onde se impõe a lei do mais forte. 

Que venham outras premiações para o Wagner Almeida. Quem sabe tomadas instigantes de um show do Emicida nos bairros pobres da periferia de Belém onde a rapaziada possa cantar e gritar como deve ser: feliz da vida! com música de qualidade feita pensando nela, para ela. 


*Marly Silva. Socióloga, professora adjunta da UFPA. Faz um doutorado na área de sociologia da cidade brasileira na PUC-SP. A série de fotos Livrai-nos de todo o mal que compõe o IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia pode ser vista até amanhã 26 (domingo), na Casa das Onze Janelas, no horário das 10:00 às 14:00 horas.

23.5.13

“A Arte em seu Labirinto” com humor e ironia

Obra do Prof. Dr. Afonso Medeiros chega ao público nesta sexta-feira, 24, com lançamento às 19h, no Instituto de Artes do Pará. Na ocasião, além da venda do livro e da apresentação do autor, convidados farão leitura de trechos do livro. Entrada franca.

Em“A Arte Em Seu Labirinto”, Afonso Medeiros aborda os principais aspectos da arte contemporânea no Estado do Pará. 

O livro é recomendado por pesquisadores tão importantes quanto ele, como o Prof. Dr. em comunicação, Fábio Castro, o autor percorre debates filosóficos, estéticos, técnicos e históricos, tratados com leveza e ainda assim mantendo a profundidade do tema. 

"O livro vai colocando a questão da obra de arte com bom humor, alguma ironia e metáforas antológicas. O texto é quase uma extensão do Afonso falando: a certeza de uma conversa estimulante, repleta de pistas, inspiradora”, analisa Fábio Castro.

Mais que uma publicação para a academia universitária, este novo trabalho de Medeiros chega ao público preenchendo uma lacuna na literatura sobre a arte contemporânea, especialmente aquela desenvolvida no Pará. O texto leve se amplia a todos, ao romper barreira de escrever para os pares acadêmicos e possibilitar a discussão das artes visuais na esfera atual. 

Considerado um dos maiores pensadores da arte no Pará, José Afonso Medeiros Souza é graduado em Educação Artística/Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará (1985); especialista em História da Arte pela Universidade de Shizuoka (Japão, 1988); mestre em Ciências da Educação/Arte-Educação, também pela Universidade de Shizuoka (1996); e doutor em Comunicação e Semiótica/Intersemiose na Literatura e nas Artes pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001), sob a orientação de Lucia Santaella. 

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, onde coordena o GP sobre Artes e Imagens do Corpo, é também membro pesquisador do GP sobre Crítica e Historiografia da Arte na Amazônia , ambos do PPG-Artes/ICA/UFPA/CNPq. 

Ocupa ainda a cadeira de presidente da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP), gestão 2013-2014. Entre 1986 e 1996, foi bolsista do Ministério da Educação, Ciência e Cultura do Japão, da CAPES (1997-2001 e 2003) e da Fundação Japão (2000). 

De 1998 a 2000 pesquisou o acervo de gravuras japonesas do Instituto Moreira Salles, cujos resultados constam de sua tese e de várias publicações. Foi co-fundador, vice-presidente e presidente da Associação de Arte-Educadores do Estado Pará (AAEPA, 1989-91), além de vice-presidente (1990-92) e Diretor de Assuntos Institucionais (2011-12) da Federação de Arte-Educadores do Brasil (FAEB). 

Foi Coordenador do Núcleo de Artes (2002-05), Diretor-Geral do Instituto de Ciências da Arte (2006-10) da UFPA e membro do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA, 2008-10). Dirigiu o Departamento de Ação Cultural do Município de Belém (FUMBEL, 1991-92), ocasião em que presidiu a comissão de criação do Museu de Arte de Belém (MABE). 

Tem publicado diversos capítulos de livros e artigos, principalmente nos seguintes temas: artes visuais, semiótica, cultura japonesa (artes visuais, teatro, literatura), teorias da arte (filosofia, crítica e história) e arte/educação. Organizou o I e o II Fórum Bienal de Pesquisa em Arte (2002/2004) e o 1º e 2º Colóquio Interartes (2010/2011). 

Serviço
Lançamento do livro “A Arte em seu Labirinto” de Afonso Medeiros. Nesta sexta, 24 de maio de 2013, às 19h, no Instituto de Artes do Pará, com leitura de trechos da obra e venda autografada de exemplares. Entrada franca. Mais informações: (91) 8190 8270 / 8889 3639 / 4006 2945

(com informaçõe da Assessora de Imprensa IAP – Dani Franco). 

22.5.13

Belém recebe Encontro Contemporâneo de Dança

De 24 a 26 de maio o Instituto de Artes do Pará (IAP) e o Teatro Waldemar Henrique serão palcos do III Encontro Contemporâneo de Dança, promovido pela Cia. Experimental de Dança Waldete Brito, que terá mesas de debate, oficinas e apresentações artísticas de grupos locais. 

Realizado nos anos de 2006 e 2008, o encontro contemporâneo de dança é direcionado a estudantes de dança, bailarinos, professores, coreógrafos e artistas em geral e busca promover o encontro de companhias que possuem trabalhos construídos diariamente nos espaços e ensaios, aperfeiçoando a utilização do corpo na cena e a técnica corporal. Nas duas primeiras edições, o encontro era promovido durante o período de três meses com debates, oficinas, grupos de estudos e processos de construção de projetos cênicos. 

“A finalidade era provocar os participantes a encontrarem metodologias particulares de desenvolver uma ideia em espetáculos. A importância da pesquisa como o caminho para materializar a dramaturgia da dança, e assim, contribuir para o volume de espetáculos de dança contemporânea se configurava como um dos objetivos do encontro”, conta Waldete Brito. 

Em 2006 e 2008 participaram os intérpretes-criadores Nely Brito, Caroline Castelo, Anderson Pantoja, Gemile O’ de Almeida, Suzy Guerreiro, Marilene Melo, Kleber Dumerval, Carlos Moraes, dentre outros artistas que apresentaram 20 espetáculos de dança.

De acordo com a análise de Waldete Brito, existem poucas companhias permanentes de dança contemporânea em Belém que tentam sobreviver mesmo sem políticas públicas de editais de produção, difusão e circulação dessa arte no Estado.

“A falta desta política reflete na baixa produção nesta área de criação, e com isso, fragiliza a formação de público. A dança contemporânea paraense, na sua singularidade, vai aos poucos encontrando a diversidade da estética contemporânea”, conclui Waldete. 

3ª edição  - E é para estimular a criação artística a partir da diversidade que será realizado o III Encontro Contemporâneo de Dança. O convidado especial desta edição é o pesquisador, diretor e intérprete-criador João Andreazzi, de São Paulo. As inscrições ainda estão abertas no Espaço Experimental de Dança Waldete Brito.

A programação começa às 16h com o credenciamento no dia 24, no teatro Waldemar Henrique. Em seguida, às 19h, inicia a abertura do evento com a mesa temática “Companhias independentes de dança: desafios da produção cênica em mais de uma década”, com Jaime Amaral, João Andreazzi e Waldete Brito.

Às 20h os grupos Companhia Moderno de Dança, Ribalta Cia. de Dança e Grupo Coreográfico da UFPA apresentam os espetáculos “Enquanto instante”, “Eutônus” e “Redemoinho”, respectivamente. No dia seguinte, 25, o encontro continua no IAP às 9h com a oficina de crítica cultural, ministrada pelo jornalista Ismael Machado e às 10h30 com a oficina de dança contemporânea, ministrada por João Andreazzi (SP).

No Waldemar Henrique a programação começa às 18h com a mesa de debate “Os desafios da produção cultural”, com Tânia Santos. Em seguida, às 20h, apresentam-se a Companhia de Ballet Jaime Amaral, com “Matintas”, Companhia Mirai de Dança, com “Cinesiofagia urbana” e Companhia Compassos de Dança, com “E se as cabeças fossem quadradas”. Já no domingo, 26, o encontro inicia às 9h no IAP com o segundo dia das oficinas de crítica cultural e dança contemporânea.

No teatro Waldemar Henrique haverá, às 18h, a mesa de debate “Dança e políticas públicas”, com Ana Claudia Costa. Às 20h a Cia. Experimental de Dança Waldete Brito apresenta o espetáculo “(Des)Vestido”, inspirado no poema “O caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade.

O III Encontro Contemporâneo de Dança encerra com “LA.B”, solo de improvisação de João Adreazzi utilizando procedimentos criados para o espetáculo “Na infinita solidão dessa hora e desse lugar”, inspirado no texto de Bernard-Marie Koltès e na Rua Augusta, de São Paulo.

Para participar - As inscrições seguem abertas e podem ser feitas no Espaço Experimental de Dança Waldete Brito (Rua Domingos Marreiros, 1775, entre 14 de abril e Castelo Branco), das 15h às 20h. Basta solicitar a ficha de inscrição pelo email ciaexperimentaldedancawb@bol.com.br. 

O investimento é de R$ 10 para estudantes e R$ 20 para professores, diretores e coreógrafos. As mostras de dança no Teatro Waldemar Henrique são abertas ao público em geral e os ingressos custam R$ 10 com meia entrada para estudantes. 

Serviço
III Encontro Contemporâneo de Dança. De 24 a 26 de maio no Instituto de Artes do Pará e no Teatro Waldemar Henrique. Mais informações: http://www.ciaexperimentaldedancawb.blogspot.com.br/ e (91) 3246-4698.

Concerto com Márcia Aliverti e Adriana Azulay

Ao lado da pianista Adriana Azulay, Márcia Aliverti, uma das sopranos de maior destaque do canto lírico paraense, volta aos palcos depois de quatro anos ausente, afastada da cidade para a conclusão de seu doutorado em Música. A apresentação é logo mais, nesta quarta-feira, 22, às 20h, na Igreja de Santo Alexandre, com entrada franca.

No recital “Emoções em Contraste”, a soprano e a pianista reuniram peças tão diversas quanto seus autores. No repertório há Antonio Vivaldi, Franz Schubert, Gabriel Fauré, Manuel De Falla, Oriano de Almeida e Heitor Villa-Lobos, entre outros. 

“Para este retorno a Belém, decidi escolher um repertório com as peças que eu mais gosto e me identifico. São canções e árias que não têm um tema em comum, a não ser exatamente essa minha vontade de cantá-las, e da Adriana de tocá-las. Há peças que cantei várias vezes, do mesmo modo que têm outras que nunca cantei. É o caso de ‘Agitata da due venti’, da ópera La Griselda, de Vivaldi, que é rápida e de alto grau de dificuldade, exigindo muitos ensaios”, conta Márcia Aliverti. 

O recital “Emoções em Contraste” abre as comemorações dos 50 Anos da Escola de Música da UFPA (Emufpa) e acontecerá na próxima quarta-feira, dia 22, às 20 horas, na Igreja de Santo Alexandre, com entrada franca. Para a pianista Adriana Azulay, que até o ano passado era diretora da Emufpa, as comemorações têm um gostinho especial. 

“Muitas coisas aconteceram durante estes 50 anos. Um dos pontos que destaco é que levou todo esse tempo para termos um prédio definitivo para a Emufpa. E ele já está em fase final de construção. É uma vitória. 

A importância do recital em si, é que é sempre uma satisfação fazer música. E confesso que durante os dois anos que estive na direção da Escola, não pude me dedicar o quanto gostaria ao ‘fazer música’, mas agora está sendo um retorno importantíssimo para nós duas”, conta.

Dona de uma voz de soprano lírico de brilho notável, Márcia Aliverti foi aluna do tenor espanhol Alfredo Krauss, mestre cuja técnica inigualável muito influenciou sua atual performance vocal. É violinista formada pelo Conservatório Carlos Gomes e iniciou seus estudos de canto em Belém com o maestro Adelermo Mattos, passando em seguida a estudar em Goiânia com a professora Honorina Barra. 

É uma das cantoras líricas mais reconhecidas e ativas do Pará, tendo ganhado dezenas de prêmios e concursos desde o final dos anos 1970 quando começou a atuar. Como professora, atua tanto no canto lírico como no popular, exportando talentos para a Europa e ministrando aulas para grandes nomes da música popular paraense como Lucinha Bastos, Luciano Jr., Heraldo (da banda Fruta Quente), Edmar da Rocha (Mosaico de Ravena), Gabriela Pinheiro (ex-Álibi de Orfeu), Adriana Cavalcante, Patrícia Lia e Flávia Anjos (Batom Carmim). 

Já se apresentou em Portugal, Espanha, Itália, Suíça, EUA, Argentina, França e em quase todas as capitais brasileiras, participando ativamente do cenário musical paraense. Tem especialização em canto lírico na Arts Academy de Roma (Itália) e é mestra em Musicologia pela USP de São Paulo e doutora em Execução Musical pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) – para realizar esta última pós-graduação ausentou-se dos palcos paraenses nos últimos quatro anos. 

Adriana Azulay, por sua vez, iniciou seus estudos de piano aos seis anos com a professora Dóris Azevedo, onde concluiu o 2º grau em piano pelo Conservatório Carlos Gomes. 

Em 1999 participou da Academia Internacional de Piano na classe da professora Fany Solter em Karlsruhe (Alemanha), recebendo ao final do curso a seguinte crítica do jornal Badischeneue Nachritchten: “A pianista brasileira Adriana Azulay desenvolveu em ‘Festa no Sertão’, de Villa Lobos, um fogo brasileiro aliado a uma imensa sensualidade sonora.” 

Concluiu em 2000 o curso de Bacharelado em Música na classe da professora Glória Caputo, da Fundação Carlos Gomes (UEPA) e desde então vem participando dos mais diversos concertos como solista e camerista. Concluiu com nota máxima o mestrado em Música de Câmara na Universidade de Karlsruhe (Alemanha), na classe dos professores Michael Uhde e Fany Solter. É doutora em Música de Câmara pela Universidade de Saarbrücken (Alemanha), pela classe da professora TatevikMokatsian.