28.4.12

Conexão Dança compartilha experiência em Belém

No Dia Internacional da Dança, neste domingo, 29, o projeto realiza o “Trilhas Compartilhadas”, um espaço de compartilhamento, diálogo e fruição de dança, que convida o público interessado e os artistas de Belém para uma vivência dialógica sobre experiências vivenciadas. 

Dentro da programação, haverá exibição de vídeos e apresentação de performances, com Ícaro Gaya e Danilo Bracchi, da Companhia de Investigação Cênica. Há um ano, eles estiveram na Europa, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde participaram de diversos eventos ligados ao universo da Dança.

Já nos primeiros dias em Berlim, eles contam que puderam participar de programações importantes voltadas à dança e assistiram a estreia mundial de Pina, do diretor Wim Wenders, atualmente em cartaz no Brasil.  Foi oportunidade para trocaram ideias e experiências com bailarinos de várias nacionalidades. Enquanto estavam lá, Danilo foi entrevistado pelo Holofote Virtual e nos contou vários detalhes, de volta ao país, antes de retornar a Belém, eles ainda passaram pelas capitais paulista e carioca, com o mesmo objetivo.

Ícaro e Danilo, conexões da dança na Europa
As viagens fizeram parte da etapa internacional e nacional do projeto Conexão Dança, da Companhia de Investigação Cênica, dirigida por Danilo Bracchi, aprovado no Edital de Residência em Artes Cênicas da Funarte, e que agora chega ao ciclo em que haverá o compartilhamento destas vivências com o público paraense. 

“O Trilhas Compartilhadas será o momento em que iremos relatar as experiências da nossa viagem com a comunidade, fazer mostra dos vídeos das coreógrafas com quem tivemos contato, enfim, estamos organizando isto”, diz o bailarino Ícaro. 

“Eu e Ícaro vamos falar sobre o projeto conexão dança, falar sobre essa conexão lá na Europa com as coreógrafas Nina Dipla, Minako Seki e Maya Lipsker, e mostrar alguns vídeos delas e de experimentos que fizemos lá também. Vamos exibir o video Anna Halprin - Breath Mead Visible. E no final vamos apresentar a performance Bailarina Fassbinder", complementa Danilo, que avisa, porém, que esta não é uma finalização do Projeto Conexão Dança, mas um desfecho da Bolsa de Residência de Artes Cênicas da FUNARTE 2010. 

“Essa é apenas mais uma ação. O projeto continua com outras atitudes como as aulas abertas para atores e bailarinos ou pessoas interessados em dança”, explica Danilo, que dirige a Companhia de Experimentação Cênica. 

De acordo com ele, já estão participando desta nova ação, a Companhia de Teatro Madalenas e o Grupo de Artistas Independentes de Circo–GAIC, dentro do projeto Vertigem, que ganhou Prêmio Petrobrás Carequinha de Estímulo ao Circo 2011. Mas a Cia também já tem outros compromissos já agendados.

Aulas em Berlim
Em 2011, eles já tinham participado do Dancon Liga Cultural de Dança, que aconteceu em Governador Valadares e Belo Horizonte. 

"Là eu conheci o grupo Híbridos e o coreógrafo Vanilton Lakka, que nos enviaram vídeos para exibir neste domingo, além de ter feito grandes amigos, como Daniel Moura e Clênio Magalhães, da Bahia, que vêm dançar em Belém", diz. 

"Este ano, em julho eu participarei, em São Paulo, do Seminário Gestão, Criação e Curadoria em Dança: Lá em Casa, à convite do projeto Acervo Mariposa, que tem apoio do Fundo IBERESCENA. O Conexão Dança é isso, trocar , compartilhar, ouvir, produzir juntos", finaliza Danilo.

Serviço
Trilhas Compartilhadas. Dia 29 de abril, às 17h. . Diálogo e fruição sobre dança, aberto ao público em geral e para artistas de Belém. Exibição de vídeos, bate papo e performance. NO Estúdio Reator - Trav. 14 de Abril, 1053, entre Av. Magalhães Barata e Gov. José Malcher. Entrada franca. Mais informações: 91 8112.8497.

27.4.12

Renato Torres retoma as origens em trabalho solo

Apresentado ao público, na semana passada, “Vida é Sonho” está de volta ao palco do Centro Cultural Sesc Boulevard , hoje, a partir das 19h, com entrada franca, trazendo Renato Torres, acompanhado por uma grande banda e participações especiais. 

O show, que tem repertório autoral, é cheio de nuances sonoras, nos remete ao passado sem nos tirar do presente, representando o início de um projeto que lança o cantor e compositor, em carreira solo, depois de percorrer mais de 20 anos de uma estrada extremamente musical.

Na sexta-feira passada, os timbres acústicos tirados do violão, do bandolim, de muita percussão, de um piano e um contrabaixo encantou o público que lotou a plateia do Sesc Boulevard. Mas hoje haverá mais uma chance para quem quiser conhecer este Renato Torres solo, que se prepara para lançar o CD homônimo, ainda este ano, marcando definitivamente o início deste novo trabalho, em que o músico e compositor bebe tanto da música popular brasileira, quanto se reinventa nas sonoridades do Pará. É um espetáculo repleto de cor, luz e presença. 

Do primeiro show participaram Ronaldo Silva, Dulce Cunha, Ester Sá, Ricardo Jardim e Renato Gusmão. Nesta sexta, além deles, Renato ainda quer receber Juliana Sinimbú, Luê Soares, Sonia Nascimento, Arthur Nogueira e conhecendo bem Renato, poderá haver mais surpresas. 

“Tenho um impulso gregário e irreprimível. Preciso de muita gente em torno de mim, preciso trocar ideias, fluir em varias direções”, diz se justificando, como se fosse necessário.

Na banda estão com Renato, Rodrigo Ferreira (piano acústico), Rubens Stanislaw (baixo acústico), Diego Xavier (bandolim, voz, percussão), João Paulo (percussão), e Camila Honda (voz e sonoplastia). Os instrumentos acústicos que fizeram sucesso no rock progressivo dão o tom delicado que “Vida é Sonho” exige e respira, procurando alternativas sonoras, sem usar bateria ou guitarra. Os vocais são valorizados, a interferência poética é presente, reforçando a importância que a palavra sempre teve na obra do artista.

Entre as 12 canções, todas marcantes, várias chamam atenção, como “Cavalo Marinho”, que traz a participação de Ronaldo Silva no palco e é a primeira parceria entre os dois, feita num momento em que eles estavam concorrentes em um concurso musical. Ao se encontrarem nos bastidores foi imediato. Ronaldo puxou a letra do bolso, e Renato imediatamente se rendeu. “A música saltou na hora, de cada palavra, fluiu”, disse ao receber o músico fundador do Arraial do Pavulagem.

Em seguida, outra pérola tirada do baú,  “Que quer dizer Cativar” foi pinçada para o show e remete o Renato Torres do teatro. Na letra, o jogo de palavras, marca inconfundível da veia poética do músico, fala de príncipe, namorada, de fio da meada. 

“Esta música, fiz na época em que participei mais ativamente do movimento de teatro. Já atuei, dirigi, mas o que eu gosto mesmo é de fazer trilhas e esta música fez parte de um espetáculo baseado no Pequeno Príncipe, de Saint Exupéry”, conta Renato.

Em outra canção, Renato chama para o palco a instrumentista Dulce Cunha, flautista do grupo Charme do Choro. “Devia tê-la chamado mas pra participar da banda do show, o que a gente só se deu conta nos ensaios”, confessa. 

Nos figurinos, batas indianas lideram o visual dos músicos, além de retalhos coloridos que confluem para a sonoridade e visualidade de todo o show, concebido pelo próprio Renato, junto ao grupo. “Já a luz é do João, o técnico Sesc. Não teve uma concepção prévia, o visual viaja no som”, decreta e o que se vai lendo com olhos e ouvidos é pura poesia, construída também naquela Página em Branco que o compositor mantém no universo virtual, alimentada por seu lirismo onírico muitas vezes. 

Dito isso, entra em cena a música “Manhã de Janeiro”, concebida anos atrás, quando ele e Maurício Panzera (baixista da Clepsidra), participavam de uma programação musical da Bienal de Ciência e Cultura da UNE, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. "É por aquela centelha corredeira/ estrela passageira, risco de alumiar/ é desafio, novelo da sentença/ carcaça da poesia reluzindo no mar/ corisco ardendo no ritmo do baque/ no muque do requinte que toco pra cantar/ cato regatos, igarapés, açudes/ cascatas de altitude pra poder mergulhar". Aqui a parceria é com o grande compositor e jornalista Edir Gaya.

E tem ainda "Amanhecer", parceria com Daiane Gasparetto, onde mais uma vez o entusiasmo poético explode em palavras , que falam em aprumar, galopar, cogitar... encerrando a música, uma batida percussiva, pungente.

Em meio ao show, Renato fala do momento atual de nossa música, festeja Felipe Cordeiro entre outros que estão neste mesmo caldeirão da emergente música paraense em cena nacional. E mais uma vez seu espírito múltiplo, coletivo, se revela. 

“A música do Pará vai muito além do que é folclórico. A guitarrada que está sendo recuperada, mas isso é apenas a ponta da lança. Somos plurais. É muito bom tudo isso, é esta multiplicidade que nos torna únicos. Somos um povo especial”. 

Em seguida vem “Quem faz uma canção”, em parceria com Jorge Andrade, e segue com outras belas canções, como "Boca de Luar", em parceria com Valéria Fagundes, "Ar", com Paulo Vieira; “O mar”, com Henry Burnett; “Comum de dois”, com Dionelpho Jr. 

Um pouco antes de encerrar, Renato canta “Vida é Sonho”, que dá nome ao projeto. Ele explica que a canção surgiu das correspondências que existiram anos atrás entre ele e a pianista mineira Alice Belém. “Tuas cartas, tuas cores me chegaram de manhã / e menino que sou, dei pulos de alegria / vim correndo pela trilha/ um caminho azul que brilha de manhãã.. / Tem um sol na tua palavra / tem um cheiro de café / vai me conta qual segredo / tem na gente ser quem é? / porque então a gente acorda/ pra tentar fazer o sonho acontecer?

A letra e a música não só revela, reforça o que Renato sempre deixou claro, a sua inspiração e admiração pela música concebida pela turma do Clube da Esquina. 

E isso vem mais latente quando ele chama a cantora e atriz Ester Sá para cantar “O que foi feito de Vera” (Milton nascimento, Fernando Brant). Escolha perfeita. Ester solta a voz numa interpretação de arrepiar.

Para fechar muito bem, sua escolha aponta para “Feito pra acabar”, de José Miguel Wisnik, Marcelo Jeneci e Paulo Neves. É proposital. Renato não dá um ponto sequer, sem dar o nó. “...A gente é feito pra acabar/ Ah Aah/ A gente é feito pra dizer/ Que sim/ A gente é feito pra caber/ No mar/ E isso nunca vai ter fim/Uh Uhhh". 

Perfeito! “Vida é sonho” é um show pra gente sonhar e ser feliz. Não deixe de ir! O Centro Cultural Sesc Boulevard fica na Av. Castilhos França, bem em frente a Estação das Docas.

(Fotos tiradas pelo público e enviada por Renato Torres)

26.4.12

Lenine chegando em Belém com a turnê "Chão"

Era 1997, quando caiu em minhas mãos o CD “O Dia em que Faremos Contato”, obra que imeadiatamente se tornou a trilha sonora preferida das noites em que reunia os amigos em casa, antes de cair no Baixo Reduto, onde a balada de Belém do Pará fervia na época, somada a um circuito de outros barzinhos memoráveis. "Hoje eu quero sair só" virou hit, claro. 

O disco marcava a estréia solo do compositor pernambunco, e tinha como destaque, ainda, "A Balada do Cachorro Louco" e "Dois Olhos Negros", entre outras canções que já traziam recursos da música eletrônica, fundindo maracatu com funk e pop. Futurista, como se percebe desde a capa do CD, aí acima.

Apesar de Lenine já ter se lançado em dois outros discos, "Baque solto” (1982/1983), em parceria com Lula Quiroga, e Olho de Peixe (1994), em parceria com o percusionista Marcos Suzano, foi só ali, naquele momento derradeiro dos anos 90, que tive a felicidade de ouvi-lo de forma intensa e desbravadora. Depois desses três trabalhos, vieram vários outros, sempre com o toque inventivo do compositor que, através de pesquisa musical apurada de tantas sonoridades espalhadas pelo país, nos traz como diferente um experimentalismo autêntico, que o coloca acima daquilo que se poderia chamar de senso comum da MPB. 

Agora é Chão - Ele já esteve aqui em várias outras ocasiões para nosso deleite, mas neste sábado, 28, Lenine estará novamente entre nós, desta vez com a festejada turnê intitulada “Chão”, que é também o nome do seu novo álbum, lançado em outubro de 2011. O show acontece no Teatro da Paz, às 20h30, e com toda certeza do mundo, é imperdível.

Chão parece ser um show no mínimo inusitado, pelo que já se fala dele em todo o país. A direção musical é do próprio Lenine, em parceria com Bruno Giorgi e JR Tostoi, que estão com ele no palco, e traz a reboque, ainda, uma parafernália de equipamentos eletrônicos e instrumentos, que reproduzem ruídos orgânicos que embalam nove das dez faixas do disco, como “Chão” (Lenine/ Lula Queiroga), “Invergo mas não quebro” e “Isso é só o começo” (Lenine/Carlos Rennó), além de antigos sucessos como “Jack Soul Brasileiro”, “Leão do Norte” (Lenine/Paulo César Pinheiro) e Paciência (Lenine/Dudu Falcão).  

Na última segunda-feira (26), Leline falou ao G1 sobre o show e disse que "Chão" difere bastante de outros trabalhos. "Chão é uma conjugação dos verbos ouvir e ver, necessariamente nesta ordem.

Adequa-se muito a teatros e está carregado de novidades e muitas coisas o diferem dos trabalhos anteriores. Esse show, por exemplo, não tem bateria e percussão porque estamos aproveitando todos os relevos sonoros e isso tem agradado muito ao público por onde a gente tem passado", explicou. 

Na entrevista Lenine falou também que toca as canções do novo CD e músicas já conhecidas, mas se mostrou ciente de que sempre ficam faltando aquelas que público pede na hora e decretou: “Se pedirem, eu vou atender, mesmo que não estejam no roteiro porque eu gosto de atender ao público". Ah, que ótimo saber disso. Assim a gente espera que ele faça aqui em Belém.

Serviço
Chão. No Teatro da Paz, às 20h30.  Informações: 91 4009 8751.

24.4.12

Cia. Cacos de Teatro em maio no Cláudio Barradas

Cinco anos de atividades irradiando o seu fazer artístico dentro da América Latina. O desafio da Cia. Cacos de Teatro, manauara e contemporânea, é transitar pelos vários campos das artes e convergir todas elas em um fazer cênico pleno. Para comemorar estes anos de atividades continuadas, resolve lançar-se numa pesquisa sobre o corpo, nas suas diversas linguagens, trazendo até Belém o projeto “Em Companhia de Um Só”, Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2011 – Circulação, que envolve apresentações artísticas e atividade formativa de 2 a 4 de maio no Teatro Universitário Cláudio Barradas. 

O projeto, que será realizado também em mais cinco cidades brasileiras e cinco países da América Latina, representa o passo inicial em uma pesquisa que busca estudar o fenômeno do espetáculo solo como manifestação de uma teatralidade contemporânea na amazônia, e se articula a partir do interesse particular em estudar o processo e desdobramentos da construção de um espetáculo solo e as possíveis relações deste com as pesquisas da companhia e seu grupo de intérpretes. O resultado são solos e monólogos instigantes, onde o ator não se encontra necessariamente sozinho, mas amparado pelas dimensões do acontecimento teatral. 

O processo de pesquisa que foi desenvolvido ao longo de nove meses teve como metodologia as abordagens em áreas como kung-fu, dança contemporânea, técnica vocal, tai chi chuan e danças urbanas. Durante o período de estadia na cidade, o público poderá participar de uma mesa com a companhia, que abordará seu processo de vivência, através das práticas ministradas respectivamente por José Vasconcelos, Ricardo Risuenho, Eli Soares e Rodrigo Reis, até o resultado final. Cinco solos ou monólogos compõem o projeto. 

“Cultura da carne: alteridade porco”, de Dyego Monnzaho, que versa sobre a alteridade do corpo numa mimética relação espetacular; “Mãe – in loco”, onde Carol Santa Ana mostra o lugar da mãe de forma inóspita, cruel e desregrada; “Trans”, com Ana Paula Costa, que o percurso da faz em troca da beleza ideal, que muitas vezes transforma, deforma e agride corporalmente; “Diário de um louco”, de Taciano Soares, que discute a relação esquizofrênica com que a relação humana tem discutido seus assuntos e o que nos determina reais numa sociedade caótica e “[OFF] Inferno ou Lave os céus para que eu morra”, com Francis Madson, onde a culpa, o caos, a intervenção, a mídia, a performance, as trevas e a solidão são conjuntos participativos de uma grande caixa de pandora. 

Programação

Quarta-feira – 02/05
18h às 19h: Mesa Redonda 
20h00: Espetáculo “Trans”

Quinta-feira – 03/05
20h00: Espetáculos “Diário de um louco”
e “[OFF] Inferno ou Lave os céus para que eu morra” 

Sexta-feira – 04/05
19h30: Espetáculo “Cultura da Carne: alteridade porco” 
20h00: Espetáculo “Mãe – in loco” 

Serviço
Projeto “Em Companhia de Um Só” da Cia. Cacos de Teatro (Manaus – AM) | Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2011 – Circulação. De 2 a 4 de Maio, no Teatro Claudio Barradas. Informações: 83465366 | (92) 81585579 | (92) 93476169.

Curadoria em questão no Café Fotográfico de abril

Marisa Mokarzel (foto: Irene Almeida)
Organizar e pensar criticamente uma exposição são as duas funções principais entre outras que devem ser desempenhadas por um curador de arte. A leitura crítica de uma mostra é fundamental para informar o público de forma didática, muitas vezes, a fim de provocar leituras diversas de quem visita as exposições. O bate papo abordará a compreensão do trabalho do curador, a partir das experiências vivenciadas pela pesquisadora Marisa Mokarzel, acontecerá nesta sexta, 27, a partir das 19h, no IAP, com entrada franca.

A curadoria é ainda mais complexa e traz também a preocupação com a montagem, o que exige do curador um olhar treinado para projetar a mostra dentro de um espaço específico. Este profissional pode também escolher os artistas para compor uma coletiva e selecionar as obras que deverão ser mostradas, a fim de criar um diálogo entre elas. 

A preocupação com o folder ou catálogo da exposição, que deve apresentar as obras que a compõe, e um texto de apresentação, também é obra do curador. E é sobre todos estes detalhes que a Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marisa Mokarzel vai falar com o público nesta sexta-feira, 27, no Café Fotográfico da Fotoativa, que acontecerá no IAP. 

Coordenadora Adjunta do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Universidade da Amazônia, Marisa é também professora de História da Arte dos cursos de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem; e de Moda, da Universidade da Amazônia e assume pela segunda vez a diretoria e curadoria do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas da Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará. Neste campo da curadoria ela vem construindo uma larga experiência. 

Já realizou juntamente com Rosangela Britto a curadoria da exposição inaugural do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e a idealização do Laboratório das Artes, sala projetada para atender mostras experimentais. Foi curadora do Rumos Visuais do Itaú Cultural 2005/2006, da Mostra Fiat Brasil 2006 e curadora adjunta da Bienal Naif de Piracicaba - SP 2006. Participou da comissão de seleção dos Projetos: Cultura e Pensamento (2006); Conexão Artes Visuais FUNARTE (2007); e Arte e Patrimônio (2007).

Participou como palestrante convida da mesa-redonda A ambigüidade na modernidade tardia, na ARCO8, 27ª Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri (2008). Tem realizado curadoria para exposições de jovens artistas do Pará. Entre as curadorias realizadas Contigüidades, arte no Pará dos anos 1970 a 2000, realizada no Museu Histórico do Estado do Pará (2008) e a individual de Jeims Duarte no Instituto Cultural Banco Real de Recife (2008). Foi também curadora do Arte Pará (2004; 2005; 2006; 2009). Mais recentemente, Mokarzel realizou a curadoria compartilhada de Midas, do artista visual Armando Queiroz, no CCBEU.

23.4.12

Mais tempo pra se inscrever no Salão Universitário

Em sua quarta edição, o Salão SESC Universitário de Arte Contemporânea abre mais uma vez, oportunidades para jovens artistas e incentiva a produção visual de obras contemporâneas. Ainda dá tempo de inscrever seu trabalho, até esta terça-feira, 24 de abril.

Este ano o evento conta com a curadoria da crítica de arte Marisa Mokarzel. Para Hugo Nascimento, estudante de artes visuais e selecionado na edição passada, “O fato de existir um salão para universitários já é uma grande coisa, porque é uma oportunidade de escoar a produção. Tu produzes e almejas continuar fazendo, então pra mim é um grande espaço que possibilita as pessoas explorarem e mostrarem seus trabalhos”. 

Cada participante pode inscrever até três obras em uma das categorias: desenho, pintura, escultura, gravura, fotografia, objeto e técnica mista e até duas obras em performance, instalação e vídeo. Os trabalhos selecionados ficarão expostos de 17 de maio a 1º de julho no Centro Cultural SESC Boulevard e receberão um incentivo de 200 reais, sendo que os três melhores serão premiados com mil reais cada. 

Para se inscrever, os interessados devem preencher uma ficha disponível de forma on-line em www.sescboulevard.blogspot.com ou em forma física no prédio do SESC Boulevard e entregá-la na recepção do Centro Cultural. Para ver o regulamento completo, acesse: www.sescboulevard.blogspot.com. Serviço: Salão SESC de Arte Contemporânea. Mais informações no Centro Cultural SESC Boulevard (Boulevard Castilho França, 522/523- Campina) - (91) 3224-5654/5305.

20.4.12

"Pro Ensaio Geral" está em cartaz na Casa da Atriz

As últimas aprsentações acontecem nesta sexta, 20, sábado, 21 e domingo, 22 de abril, sempre às 20h, na Casa da Atriz. Ingresso R$ 15 e 8,00. Não perca!

Comédia, drama, pastelão, escracho. Nada disso traduz o espetáculo “Por Ensaio Geral”, do grupo BAI - Bando de Atores Independentes. Ou, na verdade, seja tudo isso que o constrói para se contar uma história que aparentemente está limitada a vida de Divina, Científica e Durval, personagens que se entrelaçam em aproximadamente uma hora de apresentação.

A idealização e dramaturgia do espetáculo é de Maurício Franco e Sandra Perlim. Ele, ator, figurinista, diretor, artista plástico. No espetáculo ele é Divina, uma transexual que deseja realizar um grande sonho, ser atriz e montar um grande espetáculo. Ela, atriz que tem uma trajetória atípica no teatro, dedicando-se exclusivamente às artes cênicas desde 2009, quando volta aos palcos com o espetáculo “As Gatosas”, do Grupo Cuíra. 

Em "Pro Ensaio Geral", Sandra é Científica, mãe de Divina, que sonha em ser uma atriz de verdade. Finalmente consegue recursos e está produzindo sua grande aparição ao público. Durante o espetáculo, a plateia acompanha os momentos que antecedem a estreia. Em meio a isso, um drama de Cientifica vem à tona, quando ela recebe o resultado de exames de sua frágil saúde, mas não consegue contar à Divina com medo de estragar o glamour de seu sonho. 

Ela chega com a filha até o teatro, na noite do ensaio geral, mas não fica na plateia. 

“O enredo, aparentemente cotidiano, esconde os mistérios da vida, as relações humanas e como elas se desenvolvem, as disputas de poder no seio familiar, os sonhos de pessoas aparentemente comuns que trazem em si a alma do artista", diz Maurício Franco.

“Pro Ensaio Geral” entrou em cartaz no início de março e chega agora ao seu último final de semana, na Casa da Atriz, espaço alternativo que funciona por pura graça e paixão de uma família chamada Porto, um verdadeiro porto seguro a grupos que vem ousando em se apresentar com formatos pequenos, mas nem sempre curtos. 

A ideia é circular com a peça por outros lugares da cidade. "Construímos uma cenografia, iluminação e figurinos simples e que a gente consegue transportar em um carro. Então, podemos levá-lo pra qualquer lugar", diz Vandiléia que já recebeu propostas para apresentá-lo em uma escola de Belém. Os demais interessados em ter o espetáculo encenado em outro espaço, pode entrar em contato pelo telefone 91 8110.5245 e falar com Cristina Costa. 

Coletivo - Neste espetáculo, o grupo divide várias operações. A direção é de Vandiléia Foro, que opera a sonoplastia criada coletivamente. Sandra Perlim e Maurício atuam e assinam a dramaturgia. Malu Rabelo, que é Durval, uma espécie de faz tudo, na verdade uma solução cênica interessante para colocar Malu na cena, que é também responsável pela iluminação, elemento que dá todo sentido às cenas que seguem em ritmo frenético acentuado pelo texto ágil da fala dos atrores. A produção é de Rafael Couto, com a Consultoria de Crsitina Costa, da Produtores Criativos.

Maurício Franco é formado pelo curso técnico de ator pela ETDUFPA, vem realizando trabalhos junto a vários grupos, como o grupo de teatro da Unipop, o Papel Animado e a Dramática Cia. Participa ainda de coletivas de artes visuais e responsável, ao lado de Ester Sá, da concepção da Dramaturgia de “Quem vai levar Mariazinha para passear?”, cujo roteiro adaptado para um curta-metragem homônimo, foi premiado pelo edital Curta Criança do Ministério da Cultura, filmado ano passado em Belém e está prestes a estrear na TV Rede Brasil. 

Já deixou sua assinatura em figurinos de vários espetáculos, entre eles, “Paixão Barata e Madalenas” (ETDUFPA), peça que gerou o hoje a Cia Madalenas; “Orfeu” (Grupo de Dança da Unama), “Cuide Biscoito” (Unipop), “Os Quatro Temporais” (Independente), e “O Império de São Benedito” (Karine Jansen). 

Artista repleto de talentos, já dirigiu os espetáculos “III”, “O Outro e a Mulher Morta”, “Seismesesaqui” e POR A CAOS (Desabusados Cia), nos quais Sandra Perlim também participa, e realizou a Confecção dos bonecos e Direção de Arte do Espetáculo “À sombra de Dom Quixote” (Coletivo Miasombra), sucesso de público em sua temporada no Estúdio Reator, no início do ano passado. Enfim, vale conferir “Pro Ensaio Geral” e viver os momentos emocionantes da vida de Divina, Científica e Durval.

|Ficha técnica|

Direção: Vandiléia Foro Dramaturgia: Maurício Franco e Sandra Perlin
Elenco: Maurício Franco, Malu Rabelo e Sandra Perlin
Figurino: Maurício Franco
Iluminação: Malu Rabelo
Sonoplastia: O bando
Operação de sonoplastia: Vandiléia Foro / Rafael Couto 
Divulgação e Fotos: Luciana Medeiros 
Consultoria de Produção: Produtores Criativos
Produção: Rafael Couto

|Serviço|
Temporada: Nesta sexta-feira, 20, sábado, 21, e domingo, 22 de abril, às 20h. Na Casa da Atriz (Oliveira Belo, 95 - entre Generalíssimo Deodoro e Dom Romualdo de Seixas). Ingressos: R$ 15,00 e R$ 8,00. Informações: 91 8701.3909 / 8156.9636.

Ensaio Fotográfico na oficina de Octavio Cardoso

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia dá sequência a sua programação de oficinas. A partir desta segunda-feira, 23, serão abertas as inscrições para a oficina “Ensaio - Resumindo Uma Ideia”, com o fotógrafo Octavio Cardoso, que acontecerá de 14 a 24 de maio, no Instituto de Artes do Pará. 

Quais imagens escolher? Coloca-las em página inteira ou pela metade, abri-las ou não, muitas fotos pequenas ou poucas e grandes? Estas questões sempre surgem na hora de se editar um ensaio fotográfico numa página de jornal. Mas o que é isso um ensaio fotográfico? È basicamente uma história contada através de imagens, muitas vezes acompanhadas de legendas de texto, publicadas em revistas, jornais, on-line, e às vezes em formato de livro. 

Existem dois tipos de ensaios fotográficos, a forma narrativa, que conta uma história através de uma seqüência de imagens, que podem ser planejadas com antecedência, ou geradas enquanto documentava um evento. O segundo é o de temática, que reúne essencialmente uma coleção de imagens em torno de um tema central. De qualquer forma, conta-se uma história. No caso, a oficina ministrada por Octavio Cardoso trabalhará com temas, que serão escolhidos e discutidos para que os participantes desenvolvam dois ensaios fotográficos, tendo como objetivo editá-los numa página de jornal.

Para isso serão oferecidos exemplos e informações técnicas que, junto a um designer gráfico, serão assimiladas a fim de resumir os assuntos, limitando-os ao espaço de apenas uma página de jornal. “A ideia geral é aprofundar os conceitos de ensaio fotográfico, dando exemplos, mas a oficina será essencialmente prática. Vamos montar dois grupos e eleger um tema para ser desenvolvido por cada um e teremos várias saídas de campo em busca de captar as imagens dos temas relacionados na oficina”, explica Octavio Cardoso.

“Vamos discutir como é que se resolve um assunto, se fotos grandes são melhores de se usar, do que selecionar várias pequenas, dependendo do tema. A partir daí, vamos buscar soluções aos problemas que forem surgindo. Esta é uma demanda que acompanha o editor de fotografia constantemente, tanto em revistas quanto em jornais. Mas todo fotógrafo gosta desse exercício”, complementa. 

Para preparar os participantes, a oficina também trabalhará a teoria, utilizando vários exemplos de como se usar bem um ensaio fotográfico e mostrará alguns deles, por exemplo, realizados pela extinta revista Life Magazine. “Esta revista foi a primeira a usar ensaios fotográficos em suas páginas, portanto é referência. Selecionar imagens entre as opções de fotos trazidas do trabalho de campo e como definir aquelas que melhor vão contar a história escolhida, será nossa tarefa”, finaliza. 

Octávio Cardoso começou a fotografar em 1984, na Associação Fotoativa. Ganhou em 1986 juntamente com Ana Márcia Souza o Prêmio Esso de Jornalismo Regional Norte. Em 1990, fundou juntamente com Miguel Chikaoka, Patrick Pardini e Ana Catarina Brito a Kamara – Kó Fotografias, onde ficou até 1994. De 1990 a 1995 trabalhou como cinegrafista e diretor de fotografia na DCampos Produções e no projeto Academia Amazônia da UFPA. 

Em1995 criou com Walda Marques a WO Fotografia. Desde 1988 desenvolve trabalhos de documentação, arquitetura e publicidade. Atualmente é editor de fotografia do Jornal Diário do Pará. Os interessados em fazer a oficina devem baixar a ficha de inscrição que se encontra no site do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, preenchê-la e levá-la assinada ao escritório do prêmio (Av. Gaspar Viana 773). Os pré-requisitos são que o candidato tenha câmera digital e leve anexado à ficha de inscrição, um portfólio de 6 fotografias, de qualquer tamanho.

As aulas presenciais acontecerão nos dias 14, 17, 21 e 24 de maio, das 19h às 21h, no Instituto de Artes do Pará e as saídas fotográficas serão de 15 a 23 de maio, de forma livre. O período de inscrição será de 23 de abril a 10 de maio. 

A realização do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é do Jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e Governo do Estado. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas - SIM /Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e Instituto de Artes do Pará. Informações: (91) 3184-9327 / (91) 8128-7527.

19.4.12

Valmir Bispo é perda irreparável!


O historiador, ativista cultural e ambiental, lutador das causas indígenas, um grande amigo e cheio de vontade de viver a vida, Valmir Bispo foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira, 19 de abril, em sua casa.  Valmir era, e é difícil falar assim no passado, o atual Diretor do Núcleo de Arte e Cultura da UEPA, foi ex-superintendente da Fundação Cultural Curro Velho e o primeiro presidente paraense da UNE.

Valmir estava em plena atividade, preparando mais uma programação alusiva ao Dia do Índio. Ele que foi responsável pela realização da Semana dos Povos Indígenas, causa que tanto defendia, estava também se preparando para participar do Encontro Nacional da Setorial de Cultura do PT, no qual era filiado, com a possibilidade de compor o coletivo nacional do mesmo, no fim deste mês em Brasília. 

Em 2010 foi um dos principais mobilizadores do girto em prol do Custo Amazônico, em Brasília. É inaceitável qualquer hiótese de um crime contra a prórpria vida e de acordo com informações de Diógenes Brandão, amigo e blogueiro do Fala da Pólis, a polícia já descartou a possibilidade de suicídio. 

O velório dele será realizado no Centur e deve se tornar uma grande homenagem, feita de lágrimas e dor, sentida por todos aqueles que tiveram a sorte de seu convívio. Lamento e choro!

18.4.12

Aíla lança disco de estreia no Memorial dos Povos

Produzido no ano passado, o CD Trelêlê passeia por múltiplas referências, do brega da década de 80, até o hip hop, colhendo elogios dos ouvidos mais atentos. Para apresentar ao público o resultado de horas de experimentação, a cantora realiza um show de lançamento em Belém, nesta quinta-feira, 19,  no Memorial dos Povos. 

As lembranças que levam Aíla ao universo da música começam ainda na infância. De uma família apaixonada por arte, o caminho para o palco foi traçado naturalmente. 

"Cresci cercada de pessoas envolvidas com música, de ouvintes apaixonados até artistas mesmo, e isso com certeza determinou minhas escolhas e influências", relembra a cantora. De lá para cá, ela se enveredou por muitos ritmos até descobrir nas sonoridades regionais e latinas a fonte ideal de inspiração.  "Meu trabalho realmente reflete as minhas buscas. Faço música para o mundo, com o sotaque da minha terra, claro, mas sem delimitar barreiras ou criar estereótipos", explica. 

Lambada com batidas eletrônicas; guitarradas com elementos da música pop. Em seu primeiro disco, Aíla flerta com muitos experimentos e acaba fazendo música universal com o carisma amazônico que está ganhando cada vez mais o país. O disco possui 11 faixas, que passeam despretenciosas por estas vertentes, e conta com o elogiado Felipe Cordeiro, na produção e nas guitarras, tem músicas de grandes compositores e participação de Gaby Amarantos, a atual febre sonora do país.

No show de lançamento, Aíla terá participações especiais, entre elas, Dona Onete, que empresta sua forte voz à faixa "Proposta Indecente" no álbum. No show desta quinta, a maior parte dos músicos  já vêm acompanhando a cantora,  desde o ano passado, com exceção de algumas novidades. 

"No espetáculo conto com o apoio dos grandes amigos e músicos Adriano Sousa, na bateria; Rafael Azevedo, contra-baixo e samples; Bruno Habib, nos teclados, synths e samples; Davi Amorim e Tom Salazar, nas guitarras; e Joao Paulo Pires, percussão", conta. 

O cenário, assinado pela artista visual Roberta Carvalho, será multimídia, baseado em video-mapping, e em uma das músicas a projeção será feita colaborativamente, através de uma campanha on line, lançada pelas redes sociais para arrecadação das imagens. Empolgada em apresentar o resultado de seu árduo trabalho para os paraenses, Aíla espera captar vibrações positivas na apresentação.

"Escolhi lançar esse trabalho primeiramente em Belém, pois acredito que o calor e o carinho que receberei aqui em casa, refletirão boas energias para os futuros shows de circulação do trabalho Brasil à fora". 

Serviço 
Show de Lançamento do disco Trelêlê, da cantora Aíla. Quinta-feira, 19, no Memorial dos Povos, às 20h. Ingressos: R$ 15 antecipado na Loja Ná Figueredo/ Promoção: R$ 30 reais CD + ingresso.

Congresso de Música está com inscrições abertas

Estudantes de música de todo o estado e também do Brasil já podem inscrever trabalhos para serem apresentados no III Congresso Estudantil de Música da UFPA, que vai reunir professores e estudantes de todo o país em Belém entre os dias 23 e 25 de maio. As inscrições de artigos e outros trabalhos já estão abertas e podem ser feitas, até o dia 25 de abril, pelo email cemufpa@gmail.com.

Com o tema “Construindo uma educação musical”, o III Cemufpa tem como desafio debater uma educação musical que seja condizente com os novos tempos, com as necessidades da sociedade e dos profissionais e educadores da área. Pelo terceiro ano consecutivo o Centro Acadêmico de Música (Camus) da Universidade Federal do Pará organiza o evento, que vem se afirmando como uma iniciativa pioneira na região Norte no sentido de fomentar o debate e a reflexão sobre o ensino da música.

“Até então nós não tínhamos um espaço de debate que atendesse as necessidades do estudante”, comenta um dos organizadores, o estudante Sandro Santarém. Com a regulamentação da Lei nº 11.769/2008, que torna obrigatório o ensino de música na educação básica, a universidade tem não só o dever de discutir um campo profissional que se amplia como também o desafio de propor uma metodologia regionalizada do ensino. Para tratar do assunto estarão reunidas os professores Ricardo Catete e Jaqueline Malcher, ambos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e Ana Luiza Leal, da UFPA, juntamente com Marcos Guimarães, representante da Ordem dos Músicos do Brasil, Seção Pará. 

E a educação básica também se estende aos deficientes e portadores de necessidades especiais. O Cemufpa traz a Belém, para debater o assunto, a paulista Viviane Louro, uma das maiores autoridades em inclusão social para deficientes atualmente no Brasil. Louro, que tem vasta bibliografia e participa de vários programas de inclusão, estará dando uma oficina e também participará de uma mesa de debates ao lado dos professores Antônio Padua Sales e Áureo de Freitas.

André Hosoi (Barbatuques)
Também na área do debate sobre educação musical, mas dessa vez no campo superior, o evento traz a Belém Lucas Robatto, professor titular da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que vai debater os desafios do ensino na universidade. Ele debaterá com os paraenses Lia Braga (UEPA), Claudio Trindade (UEPA) e Ana Margarida Camargo (UFPA). 

Outro nome de grande repercussão nacional é o do paulista Fernando Sardo, músico multi-instrumentista e luthier experimental que vem ministrar oficina de construção de instrumentos. Também de São Paulo vem a professora de canto Diana Goulart, que desenvolveu um método de grande repercussão no ensino do canto popular. Os dois estarão discutindo a História do Ensino Musical no Brasil ao lado de Lúcia Couceiro e Marcelino Moreno (UFPA).

Para discutir as interfaces da música, estão junto na mesma mesa o produtor e jornalista Elielton Nicolau Amador, membro do Colegiado Setorial de Música do Minc, e Miguel Santabrigida, produtor e diretor de teatro. Juntamente com eles, estará o professor Marcos Cohen. Para encerrar o ciclo de debates, o professor Antônio Maciel, pesquisador do carimbo, Georgett Lago (UEPA), Paulo Murilo (UEPA) e Sônia Chada (UFPA) vão discutir Etnomusica, um debate que não poderia passar em branco em qualquer produção acadêmica na Amazônia. 

As oficinas terão ainda a ilustre participação de André Hosoi. Compositor, multi-instrumentista e artista gráfico, formado em música popular pela Unicamp, Hosoi foi diretor da Auê – Núcleo de Ensino Musical durante doze anos, e é integrante do grupo Barbatuques há mais de dez anos, onde coordena o núcleo de educação musical. 

Sandro Santarém (organizador do CA de Música)
O III Cemufpa conta com a parceria da Escola de Música da UFPA (Emufpa), ICA, PROEX, e tem como apoiadores culturais a Zarabatana Produções Musicais, Núcleo Barbatuques, MM Produções, Doceria Abelhuda e portal Pará Música (um projeto patrocinado pelo Conexão Vivo, através da Lei Semear). Entre as atrações musicais, cuja programação ainda está sendo fechada, estão confirmadas as bandas Álibi de Orfeu, Zarabatana Jazz e Dayse Addario, Nanna Reis, Groovedelic, o pianista Leonardo Coelho de Souza e a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia, entre outros. Confira a programação das mesas e das oficinas. 

Serviço
Inscrições de trabalhos para o III Cemufpa. Até 25 de abril pelo e-mail: cemufpa@gmail.com. Maiores informações podem ser obtidas pelo blog do evento: www.cemufpa.wordpress.com. E 91 8803 4453. 

(com informações da assessoria de imprensa do evento. Fotos: divulgação)

17.4.12

Múltiplo e indivisível nos seus 23 anos de carreira

Entrevistar Renato Torres é uma tarefa de fôlego. Artista múltiplo, de alma trêmula e inquieta, ele é músico, compositor, cantor, poeta, produtor, diretor musical e muito mais, como vocês vão entender na reportagem abaixo, com informações sobre sua trajetória, com + de 20 anos, entremeadas com depoimentos seguidos de um bate papo.

A carreira de Renato Torres está complentando mais de duas décadas que serão comemoradas com um show, antecipando o lançamento de seu primeiro CD solo, nos dias 20 e 27 de abril, no Sesc Boulevard. O repertório autoral  revela a atuação de Renato Torres, intensa, pessoal e colaborativa junto à história cultural da cidade. 

Ele não fica parado nunca, nem mesmo quando se diz que a maré não está pra peixe. Está sempre criando uma nova banda, tocando nas noites de Belém do Pará, fazendo voz e violão, produzindo um CD, arranjando trabalhos de inúmeros parceiros, pensando ainda uma galeria de arte ou escrevendo pensamentos poéticos no excelente blog “A Página Branca”. E muitas vezes, até, ele faz tudo isso ao mesmo tempo, acreditem. 

Aos 13 anos já escrevia poemas e com 17 aprendeu a tocar violão. A partir daí, vieram canções com letra e música e foram acontecendo as bandas, várias delas. A primeira, na verdade, ele formou aos 16 anos. “Sempre fui uma pessoa solitária e tímida, mas com um senso de coletivo muito forte. Por isso tive muitas bandas e demorei um bocado pra fazer coisas sozinho no palco”, diz o músico. 

Múltiplo e indivisível!
Remis'n'Blue (1989-1991) foi a primeira, formada por ele na extinta Escola Técnica Federal do Pará. “Banda de nome estranho, uma gíria inventada pelo meu parceiro guitarrista Sérgio Cardoso, que significava várias coisas: maluco, lerdo, chapado, etc. Ele "ouviu" a expressão, segundo consta, no fim de uma música dos Beatles do álbum branco ‘I'm So Tired”’. 

A banda teve vários músicos na formação, até chegar na formação clássica, com Rubens Stanislaw e Alexandre Lima e trazia um som centrado no rock e no blues, “com letras nonsense e cheias de malícia adolescente. Havia já uma pontada de influência da MPB aqui e ali”, conta Renato. 

A parceria com Rubens e Alexandre seguiu mais à frente, na Moonshadow (1992-2000). “Nome emprestado de uma história de quadrinhos inglesa (sempre fui fã de HQ). Com essa banda, levei a cabo um projeto experimental ao extremo, misturando nas apresentações música, teatro, poesia, performance, artes plásticas, vídeo”. 

Misturando rock, pop, MPB e trazendo experimentalismo, com forte influência literária e de outras vertentes da arte, além do trio de músicos, a banda tinha participação de quatro atores e outros agregados que auxiliavam na produção dos espetáculos. “Com Moonshadow fiz, em 1993/1994, minhas primeiras incursões fonográficas, gravando a demo tape Arte Cínica no Estúdio Edgar Proença, da Funtelpa, com produção de Beto Fares”, lembra o músico.

Com Sonia Nascimento no show Invento (2010)
Paralelamente à Moonshadow, Renato participou do surgimento de outras duas bandas que marcaram uma época em Belém, como a Jardim Elétrico (1995), que trouxe ao palco uma grande parceira, a cantora Sônia Nascimento. 

“Com seu carisma no palco, ela nos tirou do underground e viramos a prata da casa do Bar Go Fish - um dos melhores espaços culturais da história de Belém”. A banda durou pouco, abrindo espaço a empreitada seguinte, a “Florbela Spanka” (1996), que teve carreira não menos meteórica. Na formação, tinha mais uma vez Rubens e Alexandre, além de Elísio Eluan (teclados) e Claudio Costa (percussão).

Foi também na era Go Fish, paralelo ao trabalho do Florbela, que surgiu outro projeto de Renato, criado com a vocalista lírica Valéria Fagundes, trazendo como percussionistas Dionelpho Jr. e Cristiano Costa, além do baixista Maurício Panzera, que se tornaria mais um parceiro de longa data. Falamos do “Boca de Luar”, que unia a tradicional MPB à mais ousada música pop, mas com arranjos vocais que, segundo Renato, eram “irresistíveis”. “Eram trabalhos onde havia um cuidado com figurino, luz, roteiro, escolha de repertório, e até maquiagem. Algo entre o glam, o pop, o rock, e a MPB, em ambas as bandas”. 

Com tanta atividade e atitude assim, suas obras ganharam a mídia. “Estávamos toda semana nos jornais e programas de TV. Essas duas bandas foram responsáveis por nos tornar músicos conhecidos na cidade, e sermos convidados, posteriormente pra outros trabalhos”, lembra. O projeto Boca de Luar levou Renato e parceiros ao Festival de Inverno de Ouro Preto, em 1996. “Circulamos nos bares, nos apresentando. Foi a primeira vez que saí de Belém com um trabalho musical”. 

Renato, Panzera e Kunz, a Clepsidra com Henry Burnett
Renato diz que o período foi fértil. E em meio a isso tudo, ele ainda montou uma banda de funk e soul, a “Pai Ubu”, com Rubens Stanislaw, mais uma vez, e trazendo Ulisses Moreira na bateria. Foi outra que teve curta duração. E a esta altura, a Moonshadow também encerrava seu ciclo, chegando ao ano 2000. 

“Passei um tempinho órfão de bandas, até formar com Maurício Panzera, em 2001, a Clepsidra: o projeto mais relaxado e, a longo prazo, que já tive, reflexo de um período em que estava em busca de uma nova direção musical, experimentando música produzida em computador, com samples e sequenciamentos”. A Clepsidra lançou, em 2004, o CD “Bem Musical” (Ná Records), que reúne sete canções em arranjos eletrônicos e eletroacústicos.

“A música eletrônica de pista estava bastante em voga na época, com o álbum de estreia de Otto, por exemplo, tocando muito, mas o que buscávamos não era o som de rave (que também nos agradava) queríamos uma música liberta de rótulos”, explica. Em 2006 veio o segundo CD “Tempo Líquido” (Ná Records), “já sem samples e computadores, e entre os músicos convidados estava Arthur Kunz, que um ano depois, em 2007, se juntou definitivamente à banda”.

A entrada de Kunz na banda deu início a uma nova fase nesta trajetória e Renato passa a trabalhar com toda uma geração que vem despontando no cenário musical nacional como Felipe Cordeiro e Aíla Magalhães, além de incluir em seus planos de trabalho velhos parceiros, como Iva Rothe, Henry Burnett, Gláfira Lobo e Joelma Kláudia, sendo para eles, junto aos seus projetos e parceiros, uma referência de sonoridade e concepção musical. 

Agora, ele alça este novo vôo, que poderemos conferir nas duas próximas sextas-feiras, 20 e 27, no Centro Cultural Sesc Boulevard (entrada franca, sempre às 19h), acompanhado por uma super banda além de ótimas participações de Juliana Sinumbú, Luê Soares, Ronaldo Silva, Sônia Nascimento, Arthur Nogueira, Ester Sá, Dulci Cunha e Renato Gusmão. Segue abaixo o bate papo com o músico.

Holofote Virtual: Como está este show? 

Renato Torres: Vida é Sonho é um show eminentemente autoral, com arranjos centrados em timbres acústicos, ou seja, ele tende a privilegiar um som mais próximo da MPB tradicional, com ritmos e levadas que passam pela balada, o baião, ijexá, marabaixo, mas também com canções épicas em compassos ternários, e até em compassos ímpares. Sempre haverá um clima experimental no que faço, porque, na verdade, sempre persigo a tal "música", liberta de rótulos. 

Holofote Virtual: Afirmando isso não seria dizer que este show traz um pouco de tudo que você já vem fazendo? 

Renato Torres: Falar em MPB, em pop, em rock são só referências pra aproximar (ou não) as pessoas do trabalho. Mas o melhor mesmo é ouvir e tirar as próprias conclusões. O que posso dizer, seguramente, é que é um show baseado conceitualmente na delicadeza e na beleza de canções e de poemas, no prazer e na alegria de que existam essas formas de expressão artística e humana, daí o nome Vida é Sonho. 

É um título emprestado (faço isso um bocado! rs) de uma peça do espanhol Calderón de la Barca, La Vida es Sueño, mas a canção traz um questionamento existencial: porque acordamos pra tentar fazer o sonho acontecer? Isto é, se o sonho é uma dimensão da realidade - e não uma mentira, ou uma ilusão, como muitos creem - porque o tomamos dessa forma, como se fosse uma coisa descolada da dimensão, dita, real, física? é fato comprovado que durante os sonhos, nossa atividade biopsíquica é equivalente ao estado de vigília... Portanto, a proposição é de que vivamos mais essa dimensão, em especial, através das manifestações artísticas.

Renato com Juliana Sinimbú
Holofote Virtual: Quem está contigo? 

Renato Torres: O show conta com Rodrigo Ferreira (piano acústico), Rubens Stanislaw (baixo acústico), Diego Xavier (bandolim, voz, percussão), João Paulo (percussão), e Camila Honda (voz), além das participações especiais. É um show composto quase que exclusivamente por composições minhas em parceria com Paulo Vieira, Dionelpho Jr., Jorge Andrade, Daiane Gasparetto, Alice Belém, Edir Gaya, entre outros.

Holofote Virtual: Grandes parceiros na vida e na música... 

Renato Torres: Sempre tive a felicidade de ter grandes parceiros, e gosto de parcerias, de qualquer forma, mesmo que seja, às vezes, por um único show, uma simples canja num bar. A música, pra mim, é realmente uma forma de amar as pessoas, e torno o meu público, no rito do espetáculo, também meu parceiro, na cumplicidade do olhar, e no envolvimento profundamente espiritual das canções.

Holofote Virtual: Já falamos de vários deles, mas sabemos que há bem mais.... 

Renato Torres: A lista de amigos e parceiros é imensa, e certamente vou esquecer de alguém, mas, somando aos já citados nessa entrevista, incluo Vital Lima, Júlio Freitas, Floriano, Leandro Dias, Fabiana Leite, Lu Guedes, Ana Flor, e tantos outros... 

Costumo dizer que só trabalho com quem admiro. Sou fã dos meus parceiros, dos músicos que convido a tocar ou gravar comigo, por vezes certamente mais do que eles de mim, ou do que eles supõem que eu seja! (risos). É que nunca me abandona um certo deslumbramento de fã pela música que acontece em qualquer pessoa, sou mesmo apaixonado por isso, e sempre que possível, me declaro fã mesmo, pra demarcar esse espaço de devoção. Importante citar também a influência e incentivo de pessoas como Adolfo Santos, Beto Fares e Ná Figueredo, não só na minha carreira, como na de muita gente.

Com Arthur Nogueria e Antonio Cícero
Holofote Virtual: A tua relação com a música sempre foi muito intensa. O que isso representa intimamente? 

Renato Torres: A música é, indubitavelmente, a mais espiritual das linguagens artísticas, a que mais nos aproxima a todos do imaterial, e meus parceiros são seres que me auxiliam nessa grande busca de aprimoramento e foco, dentro de uma proposta artística e humana. Sei que soa um papo muito zen, e vai ver é mesmo, mas acredito que é preciso fazer valer essa dádiva (palavra que prefiro a "dom", porque me parece mais democrática...). 

Acho mesmo que a música (como qualquer forma de arte) pertence a todos, é uma dádiva humana, universal. Nós, que enveredamos pelo caminho de maneira mais objetiva e produtiva, sendo músicos e compositores, temos uma grande responsabilidade nesse processo. 

Holofote Virtual: Trabalhas na Galeria Theodoro Braga, fazes música, adentras no teatro... És poeta. Fala de como tudo isso converge na tua carreira.

Renato Torres: Sou uma pessoa múltipla, por natureza, e por sina. Quando criança, queria ser artista gráfico, desenhava o dia todo. Pré-adolescente, fui tomado pela poesia. Aos 16/17, a música ficou em primeiro plano (e daí, não saiu mais), mas paralelamente a isso, conheci o teatro e a dança, ainda na ETFPa. Cheguei a fazer o curso de formação de ator na ETDUFPa, dar oficina e a dirigir teatro.

Na Ufpa resolvi fazer Artes Visuais, ou seja: busquei uma formação múltipla em arte, e apesar da música seguir ocupando um lugar central em minha vida, por conta de seu poder social e comunicativo, continuo tendo esse interesse múltiplo. Acho isso bom, porque me ajuda a ter perspectiva e referência em muitos processos nos quais me envolvo, e muitas vezes, isso faz a diferença na hora de achar soluções ou dirigir alguma produção. O conhecimento em arte é fundamental, creio, pra qualquer pessoa do ramo, mas minha alma é de um diletante e apaixonado pelo assunto, sempre me considero aprendiz de tudo... como Alberto Caeiro. 

Holofote Virtual: E ainda fazes direção e produção musical e tens teu nome na ficha técnicas de inúmeros trabalhos... 

Renato Torres: A direção e a produção foram surgindo naturalmente em minha vida, como uma consequência de minhas buscas e experiências, mas são atividades que exerço também de forma diletante. Muitos não me considerariam um "diretor de verdade", e não os tiraria a razão... Por outro lado, gosto do que faço, e sei que muitos resultados interessantes podem advir de um trabalho feito com cuidado e foco.

Holofote Virtual: Quais os trabalhos já realizados neste campo? 

Renato Torres: Comecei, claro, com minhas próprias produções, desde que comecei a gravar e a ser convidado pra tocar com outros artistas, como instrumentista. Os arranjos foram esse primeiro passo, porque sempre me surgiram muitas ideias musicais, que tentava modelar em frases e paisagens sonoras pra uma determinada canção. 

O segundo passo surgiu quando comecei a lidar com a produção de música no computador, no início dos anos 2000, interesse que só fez crescer ao longo dos anos, e resultou na montagem de um home studio. Assim, depois de shows com Iva Rothe, Henry Burnett, Florbela e Boca de Luar, Tony Soares, Luis Girard, passei a ser chamado pra arranjar canções em estúdio, como no CD Furta Cor de Júlio Freitas, co-produções e arranjos nos CDs Não Para Magoar e Retoque de Henry, Estrela D'água de Lu Guedes, e mais recentemente, no CD Dias Assim, de Joelma Klaudia, Mundano e Mundano+, de Arthur Nogueira, Aparecida, de Iva Rothe. 

Holofote Virtual: E em direção musical? 

Renato Torres: Juliana Sinimbú foi a primeira artista a me chamar pra dirigir e produzir primeiro um show, Intimidade, junto a Aíla Magalhães, e depois seu primeiro disco, o ainda inédito Sonho Bom de Fevereiro, uma grande escola pra mim, produções que participei da concepção à finalização.

Presentemente estou envolvido na produção e direção do CD de estreia de Gláfira Lobo, do segundo CD de Arthur Espíndola, e do novo projeto de Juliana, Una, em parceria com Arthur Kunz. Além disso, esse ano começo a produção do meu primeiro CD solo, “Vida é Sonho”.

Holofote Virtual: Também tocas em barzinhos, tem muito disso na tua trajetória. É um contato mais visceral com teu publico? 

Renato Torres: O bar é, já muito se disse, uma escola e um caminho inevitável para o músico que quer formar um público, e encontrar seu som. Dá cancha, promove experiência, e também é, de certo modo, uma alternativa financeira... Mas sendo bem franco, nunca foi uma paixão pra mim. Poucos bares onde já toquei em minha carreira eu lembro com saudade, infelizmente... E isso se dá por um motivo simples, e bem conhecido: nenhum músico gosta de tocar sem atenção do seu público. Isso é bem pior do que um cachê ruim, na minha opinião. 

Holofote Virtual: Entre outros que podemos citar, deste nipe, tivemos o já tão falado aqui, Go-Fish, mas também o Café Imaginário e agora o Espaço Cultural Boiúna... 

Renato Torres: Quando tocávamos no Go Fish, nos gloriosos anos 90, nem cachê ganhávamos!... Era puro prazer de tocar, e também um investimento na formação do público, e na produção de um espetáculo de qualidade. Hoje em dia só tenho tocado num único bar, que é onde encontro um público interessado no meu som, e onde sinto muito prazer em tocar. Tenho alguns amigos que abandonaram completamente o bar, como perspectiva de espaço e não os culpo... Se os bares em Belém fossem como o Go Fish ou o Café Imaginário, seria um paraíso!... Mas já ajudaria bastante se extinguissem TVs passando Vale Tudo, enquanto os músicos se apresentam.

Holofote Virtual: E o CD sai quando e como? Falta patrocínio ainda?

Renato Torres: O CD Vida é Sonho sairá, espero, ainda esse ano! O projeto ganhou uma carta da Lei Semear, e está em fase de captação. Sim, falta patrocínio, e estamos em busca deste, ou destes, que viabilizarão o projeto. Será independente na medida em que não sairá por nenhuma grande gravadora, obviamente. Hoje em dia, até o Chico Buarque é um artista independente! 

A ideia é levar o projeto, que inclui música e poesia, também para escolas públicas, não ficar apenas nos espaços tradicionais de apresentação, para formar plateia, e cumprir uma função social. É preciso levar alternativas musicais, culturais diversas, enfim, aos jovens da periferia. 

Holofote Virtual: E como fica a banda Clepsidra?

Renato Torres: Apesar de estar numa espécie de recesso, a banda continua existindo, e estamos na fase de finalização de nosso terceiro CD, Independente, que deverá sair ainda nesse primeiro semestre. Sempre tivemos partos difíceis de nossos CDs, e este não foge à regra. Mas também estamos numa fase em que cada um dos componentes do trio está desenvolvendo projetos pessoais.

Oficialmente, a banda não terminou. Devemos fazer o lançamento do CD e entrar com um projeto de circulação pra ele em breve. Por ora, é possível que o público nos veja no palco mais cedo acompanhando a Juliana Sinimbú, que não abre mão do nosso som. 

Holofote Virtual: O teu blog é algo que se constrói para um projeto futuro de um livro? 

Renato Torres: A Página Branca continua ativo e o projeto do livro também está em andamento! O livro, que se chamará Inventania, já tem um projeto tramitando na lei Rouanet, e tem possibilidades reais de ser lançado ainda esse ano, é esperar pra ver, e ler! Com ele também quero circular escolas e feiras literárias, dando conta de uma linguagem que, ao fim e ao cabo, sempre foi a minha expressão primeira: a poesia.  Tudo, em minha vida, sempre nasceu da palavra... e mesmo quando era criança, com minha paixão por desenhos, observo hoje que escrevia meus poemas imageticamente... sempre tive um olhar lúdico e onírico sobre as coisas, sobre a vida. 

Holofote Virtual: O que você gostaria de dizer agora ao teu público e a todos em geral, que acompanham ou nem tanto o teu trabalho? 

Renato Torres: Quero convidar a todos a conhecerem mais o meu trabalho, através do show Vida é Sonho, do CD homônimo que virá, e do livro Inventania, já em processo de produção. É absurdo que, ainda hoje, muitas pessoas, inclusive do meio musical, tenham uma visão parcial do que faço, inserindo-me num contexto pop ou rock - que não renego, são minhas origens, mas também está nas minhas origens uma profunda identificação com a música brasileira, e também uma pluralidade de referências, que sempre me lançou ao experimentalismo e a fusão dessas mesmas referências. 

Convido todos a ouvirem algumas canções que estou gravando em home studio nos seguintes links: http://renato-torres.conexaovivo.com.br/, na fan page do facebook: http://www.facebook.com/renatotorresmusica e também a lerem meus textos no blog: http://apaginabranca.blogspot.com.br/ e no Overmundo: http://www.overmundo.com.br/perfis/renato-torres.

Esse é um ano especial, porque completo 40 anos de vida, exatamente 23 de carreira, e virá o CD solo, além do novo do Clepsidra, e as produções dos meus amigos que estou dirigindo, co-produzindo. 

(fotos de Fabiana Leite, Ana Flor e de Divulgação)