29.2.16

IPHAN e Terreiros no mapeamento no Ver-o-Peso

Fotos: Lucivaldo Sena
Detentores dos conhecimentos das tradições de matriz africana e técnicos do IPHAN farão, nesta terça-feira, 01, às 9h, uma visita ao Ver-o-Peso para realizar levantamento dos lugares de rituais e de comércio de ervas, animais e outros produtos necessários para a manutenção das tradições de matriz africana na Amazônia. 

A intenção é realizar um mapeamento dos lugares de culto e do comercio de produtos utilizados pelos membros de comunidades de terreiros e também dos usos do espaço da feira e dos mercados para cada uma das matrizes de tradições oriundas da África Negra. 

A visita foi acertada durante reunião no IPHAN realizada na semana passada quando pais e mães de santo foram conhecer o projeto que a Prefeitura de Belém pretende realizar no Ver-o-Peso, preocupados com a possível perda de referências culturais após a reforma. 

O trabalho inicia pelo setor de ervas, espaço que melhor agrega a identidade da Cultura Amazônica, construída ao longo de gerações: o saber e o fazer sobre os recursos das matas e floresta, entrelaçados com crenças e costumes que carregam a mistura das ancestralidades de matrizes indígenas e africanas. 

“Vamos realizar esta visita para demarcação de espaços estratégicos para sobrevivência de nossa cultura. Para que com esta reforma esses espaços não sejam extintos, garantindo a permanência da circulação de nosso povo lá. E assegurar nosso costume de ir até o Ver-o-Peso fazer nossas compras mantendo assim, nossas tradições e relações com o local”, completa Denilson de Oxalá, do grupo de Juventude de Terreiros.

Serviço
01 de março (terça) - 9h - Visita técnica ao Ver-o-Peso a partir das 9h. Ponto de encontro Setor das Erveiras (ao lado do Solar da Beira). Mais informações: 91 98806 7351.

28.2.16

Texto de Denio Maués ganha montagem no Reator

“Em caso de emergência quebre o vidro” teve, neste sábado, 27, a última apresentação desta temporada no Estúdio Reator. Quem não foi ver, a boa notícia é que deve voltar em cartaz, até julho. A performance, um dos projetos selecionados no Concurso de Bolsas de Criação e Experimentação Artística da Casa das Artes da Fundação Cultural do Estado do Pará, em 2015, é uma adaptação para o texto homônimo do jornalista e escritor Denio Maués, paraense radicado há mais de 20 anos em São Paulo. Depois de ir ao espetáculo, o blog conversou com ele sobre o trabalho desenvolvido por Nando Lima, Pauli Banhos e Dudu Lobato, em cima de sua obra, e também para saber a quantas anda sua produção na capital paulista.

“Artes visuais, vídeo, teatro, performance e dança, com propostas sempre experimentais e arriscadas. Sempre que vocês ouvirem algo sobre o Reator, é este tipo de trabalho que vão encontrar”, resumiu Nando Lima, gestor do espaço, ao final de uma das apresentações de “Em Caso de Emergência Quebre o Vidro”.

Ele também assina a iluminação e a cenografia de Nando Lima. No elenco estão Dudu Lobato e Pauli Banhos, e no apoio, o artista Maurício Franco. Inspirada em radionovelas e intervenções quase imperceptíveis, com pequenos gestos e sombras, “Em Caso de Emergência Quebre o Vidro’ também pode ser integralmente ouvida em seus 45 minutos, mas para isso, é preciso achar um fone de ouvido, disponibilizado em algum canto do Reator. 

Em meio a isso, aos poucos, como que intuitivamente, vamos sendo levados à interagir no espaço, com os atores, dançando com eles, dá até pra bater papo, falar bobagens e tomar uma cervejinha. O público torna-se ator. Ir ao Estúdio Reator é aceitar um convite ousado. Não há legendas, nenhuma linha explicativas à tanta liberdade. 

Pauli Banhos e Dudu Lobato
Neste caso, quem foi assistir a performance se viu ora em uma loja de discos, onde parece haver uma festa, ora numa estação de metrô, no momento reflexivo da trama.

A projeção de fotografias e vídeos repletos de ambientes reais e ícones da cultura pop, tem como trilha o rock de bandas como The Smiths e The Cure.

“Em caso de emergência quebre o vidro” estreou em Belém, mas foi apresentado, pela primeira vez, em São Paulo, em 2013, em uma leitura dramática dirigida por Eric Lenate, diretor paulistano que recentemente dirigiu a peça “Mantenha fora do alcance do bebê”, da dramaturga Silvia Gomez, com a Débora Falabella no elenco. 

Após a leitura, Denio Maués conta que continuou a trabalhar no texto, fazendo algumas alterações, até publicá-lo em 2014, em parceria com a editora Patuá, que por meio de um edital de publicação do ProAC - Programa de Ação Cultural do Governo de São Paulo, lançou sete livros de autores do Centro de Dramaturgia Contemporânea. 

Na performance, o público interage
“Para o meu livro, selecionei três peças e uma delas é a ‘Em caso de emergência...’, uma história extremamente urbana, que flagra o reencontro de um casal, oito anos depois, em uma estação de metrô de São Paulo. A partir desse reencontro, vem à tona a desilusão do presente (as coisas não rolaram tão bem nem para um nem para outro nesses oito anos) e também as causas da separação”, explica Denio.

Denio Maué chegou em São Paulo já no final de uma década, em 1999. Dividindo seu tempo entre o jornalismo (assessoria de imprensa e também reportagens) e as atividades culturais e artísticas, desenvolve um trabalho que se complementa em sua multiplicidade, passando pelo audiovisual, mas dando ênfase à área da palavra: dramaturgia, livros e roteiros.

Na entrevista a seguir você vai conferir mais sobre esta trajetória de amor ao que se faz. Vai perceber que embora esteja há tantos anos longe, Denio vem cada vez mais a Belém, e continua muito conectado à produção cultural daqui. Recentemente colaborou com o roteiro do primeiro longa de Jorane Castro, "Amores Líquidos". E mesmo em São Paulo, suas conexões passam pela criatividade de paraenses, também talentosos como ele, e que também um dia saíram de Belém para realizar outros sonhos.

Um pub, uma loja de discos, um reencontro
Holofote Virtual: É muita coisa pra gente falar, mas antes da gente mergulhar na tua história, me conta mais sobre o casal encarnado por Pauli Banhos e Dudu Lobato, na montagem do Reator, um dos espaços que trazem inovações e muitas  ao público de Belém. Quem são estas personagens e como a trama é conduzida? 

Denio Maués: A história é que a garota foi para Londres trabalhar como garçonete em um pub. Ele optou por não tentar a sorte como imigrante latino e ficou em seu emprego, numa loja de rock inglês, em uma das galerias do centro da cidade.

Ela é determinada e, quando quer algo, se joga sem medo; ele vive um dia de cada vez, canta trechos de canções dos Smiths e cita Shakespeare. Em suas trajetórias, ambos conviveram com a violência, em escalas diferentes: ela sofreu preconceito lá e seu namorado inglês foi para a guerra; enquanto isso, no Brasil, ele foi vítima quase fatal de uma gang, dentro de um trem.

Holofote Virtual: E o que você achou da adaptação feito pelo grupo de Nando Lima?

Denio Maués: Sobre a adaptação, o Nando e o Dudu (Lobato) conheceram o texto pelo livro, tiveram a ideia de adaptá-lo para um projeto de radionovela e me perguntaram se eu topava. Claro que topei na hora, pois gosto muito do trabalho do Nando e também seria incrível poder mostrar um trabalho meu em Belém. 

Não acompanhei o processo de adaptação, mas pelo que conheço do trabalho multimídia do Nando e pelas fotos que já vi, acho que ficou muito bacana. E também cada vez mais penso o seguinte: o diretor que vai trabalhar num texto meu é, antes de tudo, um artista parceiro, que deve ter liberdade para criar também, trazer suas referências e seu olhar. Além disso, é interessante que um texto possa ter releituras diferentes: aqui em São Paulo, foi lido como peça; em Belém, é uma radionovela. Sensacional.

Nando Lima, Dudu, Pauli e Maurício Franco
Holofote Virtual: Você e o Nando já se conhecem de velhos e longos carnavais. Já tinham feito outras parcerias assim, dentro da área do teatro, ou mesmo outros trabalhos?

Denio Maués: Pois é, conheço o Nando há um tempão, mas nunca havíamos trabalhado num mesmo projeto. 

Fiquei muito contente quando ele propôs essa adaptação. Como falei, gosto muito do trabalho dele, no teatro, no vídeo, ou quando reúne essas duas áreas (como em “Anjos sobre Berlim”, no início dos anos 90, que é um dos espetáculos mais impactantes e contemporâneos que vi em Belém). O vídeo do Nando, que compunha o espetáculo, permanece instigante até hoje, com suas imagens melancólicas e aqueles personagens tão jovens, frágeis e curiosos sobre a vida.

Holofote Virtual: Além desse trabalho com o Nando, tens outras parcerias com Belém? Em São Paulo fizestes ou fazes alguns trabalhos com o Paulinho Faria, outro paraense do teatro sediado aí, como o Kil Abreu também, aliás...

Leitura dramática de " Escandinavos" 
Denio Maués: O Paulo dirigiu minha primeira peça, “Jardim inverso”, em 2009, escrita em parceria com mais dois dramaturgos do grupo (Drika Nery e Luis Eduardo de Sousa). Depois disso, meu grupo já fez mais dois projetos na sede do Pessoal do Faroeste, um de montagem e um de leituras dramáticas. Em 2013, o Cacá (Carvalho) me convidou para fazer a dramaturgia de uma peça da Casa Laboratório, o grupo dele, com atores jovens e ele na direção. 

Esse convite foi um daqueles presentes que raramente aparecem na vida. Fizemos uma adaptação de “Rei Lear”, de Shakespeare. Esses trabalhos com o Paulo e com o Cacá foram aprendizados que não têm preço. Eles foram muito generosos e pude acompanhar os ensaios, as discussões com os atores, as ideias para a luz, cenário, figurino, etc. Estar próximo da cena, saber como ela acontece, é fundamental para quem escreve. 

O Kil vem fazendo um trabalho fundamental de apoio à dramaturgia, com editais, montagens e leituras dramáticas no Centro Cultural São Paulo (CCSP). Em 2014, a convite do Kil, tive um texto lido no CCSP, “Escandinavos”, que está no meu livro, com a atriz Andrea Tedesco no elenco e direção de Nicole Aun. Foi a primeira leitura pública desse texto. Nesse mesmo dia, o Luís Indriunas, também dramaturgo do grupo, teve a leitura de um texto dele também, “61 m2”. 

Em 2015, estive aí como convidado do VI Seminário de Dramaturgia Amazônida, no teatro Cláudio Barradas, da UFPA, evento coordenado pela Bene Martins. Me senti honrado com o convite e pela possibilidade de falar do trabalho que venho desenvolvendo aqui.

Holofote Virtual: Você foi embora de Belém, no final dos anos 1990, pra São Paulo. O que te levou a isso?

Denio Maués: Saí de Belém porque bateu a certeza de que era aquilo que eu tinha de fazer naquele momento e não poderia adiar. Não estipulei uma data para retorno. Os motivos eram vários: a possibilidade de crescimento profissional, ser a maior cidade do país e o fato de minha filha, Cecilia, estar morando aqui. Então, tudo convergia para São Paulo. Aliado ao fato de eu gostar muito da cidade. 

São Paulo hoje é onde estou e trabalho e tenho um carinho muito grande por esta megalópole – embora não perca, de maneira alguma, o vínculo com Belém. São duas cidades importantíssimas para o Brasil. Sempre que posso, faço trabalhos relacionados à Belém e tenho procurado ir aí com mais regularidade. E gosto de usar o “tu” quando falo com alguns amigos paulistas e ver a reação de estranhamento deles (risos).

Holofote Virtual: Foi natural a tua inserção no cotidiano e no mercado paulista?

Denio Maués: Eu sempre digo que foi fundamental eu não ter começado aqui do “zero”, porque minha experiência em Belém foi grande, no jornalismo (tanto no jornal O Liberal, onde trabalhei muitos anos, quanto na assessoria de imprensa da Secult) e também na minha formação cultural, nos projetos que fiz aí.

São Paulo é uma metrópole gigantesca que vive “a milhão”, para usar uma expressão paulistana, então é importante entender isso. Os amigos também são importantes – os que você já tem e os novos que você faz. Em relação ao cotidiano, sempre vim muito a São Paulo, sempre que podia estava aqui, atraído pela sua vida cultural intensa, então minha adaptação foi fácil. Quando cheguei aqui, eu não estava numa cidade estranha. Até com os meses de frio me acostumei (risos).

Holofote Virtual: Você se formou em jornalismo, fomos contemporâneos... A partir de quando a literatura e o teatro se tornaram pontuais na tua vida profissional?

Denio Maués: Sempre assisti a muitas peças, em Belém e em São Paulo, mesmo antes de vir morar aqui. No teatro, o texto sempre me interessou, sempre gostei de ler dramaturgia e cheguei a escrever uma peça ainda em Belém e comecei uma segunda, mas esse material se perdeu com o tempo. Em Belém, minha relação com o teatro era como jornalista e como espectador – das peças de fora e dos amigos paraenses. 

Em São Paulo, resolvi, paralelamente ao jornalismo, escrever ficção com regularidade e isso coincidiu com a formação do grupo, em 2006, que reuniu pessoas que também queriam escrever e pesquisar dramaturgia. Com o tempo, começamos a mostrar esses textos, em leituras dramáticas ou montagens, uma consequência natural da escrita teatral. Alguns projetos ótimos aconteceram, como a residência artística que fizemos em Coimbra, em 2012, quando o grupo foi contemplado em um edital do Minc (Ministério da Cultura) e produzimos textos inéditos sobre a relação Brasil-Portugal no Teatro Académico Gil Vicente. Outro projeto foi a coleção “Palavras para Teatro”, em 2014, com livros de peças dos sete autores do Centro de Dramaturgia Contemporânea.

Holofote Virtual: Mas teu foco tem uma faixa etária, como foi esta escolha?

Denio Maués: A literatura infanto-juvenil, curiosamente, começou nesse mesmo período (2006). Antes, em 2002, fui co-organizador (junto com a Denyse Cantuária, pesquisadora paraense) de uma coleção infanto-juvenil sobre lendas amazônicas, com autores como Fanny Abramovich, Bartolomeu Campos Queirós e a cartunista Laerte. Em 2003, trabalhei na assessoria de imprensa da editora Ática, quando “mergulhei” mais ainda na literatura infanto-juvenil, por necessidade profissional.

Desse “mergulho”, surgiu a vontade de experimentar a escrita para essa faixa etária e, em 2005, apresentei uma proposta de um livro para a editora Escala, que estava à procura de novos autores. Trabalhei com as editoras Carmen Lúcia Campos (que já editou autores como Marcos Rey e Marçal Aquino) e Shirley Souza. Daí, lancei meu primeiro livro  Daí, lancei meu primeiro livro, “Gente nova no pedaço”, que conta a história (ficcional) de um garoto nascido em uma pequena cidade da Amazônia que se muda com os pais para São Paulo e se depara com o choque cultural. Depois desse, já vieram mais quatro livros, por editoras diferentes, entre eles uma peça, “Bullying: que brincadeira é essa?”. 

Holofote Virtual: Qual o trabalho mais recente? 

Denio Maués: O mais recente é um livro de contos de terror, “Conde Drácula e outros vampiros”, escrito com três autores tarimbados nessa área (Ivan Jaf, Manoel Filho e Shirley Souza). Saiu pela Panda Books em 2013 e foi selecionado para o acervo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil). Ressaltaria uma coisa fundamental: esses livros dão a possibilidade maravilhosa de conversar com estudantes nas escolas que os adotam. 

E é impressionante ver como os adolescentes sentem falta de um estímulo à leitura, além do trabalho que o professor faz em sala de aula. Por isso, a presença do autor no colégio é muito importante. Os alunos se sentem prestigiados por poderem conversar ao vivo com o autor do livro que eles leram e, para quem escreve, é uma experiência enriquecedora e emocionante.

Holofote Virtual: Neste momento, estás desenvolvendo algum novo projeto de livro?

Denio Maués: A escrita não para. Tenho um projeto de livro de ficção, mas ainda muito no início. Tenho uma peça nova quase pronta e também um roteiro iniciado. Vamos ver o que sai primeiro. Nem sempre é possível prever. Este ano, se tudo der certo, deve estrear aqui em São Paulo a peça “Escandinavos” – mas isso depende de alguns fatores e não sou eu quem está à frente do trabalho de produção. 

Outro projeto que começo a pensar é um livro com entrevistas que fiz para o caderno de Cultura de O Liberal. Era muito jovem na época, mas entrevistei pessoas incríveis, como Cazuza, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Arrigo Barnabé. Foram entrevistas longas, ping-pong. Mas é só uma ideia ainda incipiente, não sei a quem essa publicação poderia interessar. Alunos de jornalismo talvez?

Bia Toledo e Eduardo Parisi. em “O mundo lá fora”
Texto de Denio Maués - Projeto “Arquitetura da dramaturgia”
Centro de Dramaturgia Contemporânea
Foto de Wlad Raeder. Abril/2014 - 
Holofote Virtual: Tu continuas integrando o Centro de Dramaturgia Contemporânea (CDC) e, num perfil básico que vi teu pelo Google, também consta que você foi um dos cinco finalistas na seleção para novos dramaturgos do Círculo de Dramaturgia do CPT/Sesc...

Denio Maués: Sim, continuo no CDC, que completa 10 anos em 2016.  Devemos fazer alguma coisa para marcar a data, mas ainda estamos definindo isso, talvez um ciclo de leituras. Se conseguir estrear a peça “Escandinavos”, será ótimo e já fará parte dessa comemoração dos 10 anos.

Essa seleção do CPT faz tempo... Lembro que éramos 65 dramaturgos, eles fizeram várias etapas, daí ficaram 30, depois 10, depois 5 e, por fim, selecionaram dois. Não rolou o CPT, mas como fiquei entre os cinco na grande final (rsrsrs), foi bacana porque meu texto foi lido por muitas pessoas lá e ter passado por 60 autores não é uma tarefa fácil. 

Com isso, acabei ficando amigo até hoje de alguns autores do CPT e, curiosamente, já trabalhei/trabalho com muitas pessoas que passaram por lá, como a Paula Autran (hoje dramaturga do CDC e quem propôs a criação do grupo), o Eric Lenate (que dirigiu a leitura de “Em caso de emergência quebre o vidro”) e a atriz Gilda Nomacce (que leu meu texto escrito em Portugal). Sem contar o próprio Cacá Carvalho, que trabalhou com Antunes Filho antes do CPT.

Contribuição no roteiro de "Amores Líquidos" 
Holofote Virtual: Legal, e além da literatura e do teatro, tem o cinema. Este seria um elo a mais com Belém? Além de trabalhos feitos com a turma daqui, em São Paulo foste co-roteirista e co-diretor do documentário “Vila Madalena” e colaborador  no roteiro do filme “Voo Cego Rumo Sul”, dirigido por Hermano Penna, aí por São Paulo. O que mais?

Denio Maués: Em Belém, na área audiovisual, fiz vídeo principalmente, como o videoarte “Cenesthesia”, feito juntamente com Jorane Castro e Toni Soares, ainda nos anos 80; ou, nos anos 90, o roteiro do documentário “A escritura veloz”, do Mariano Klautau Filho, sobre a Maria Lúcia Medeiros. 

Quando trabalhei no MIS (Museu da Imagem e do Som), ganhei uma bolsa e fiquei quase um ano em uma emissora de TV no Japão e, lá, fiz um vídeo, “Blondies in kimono”. Em São Paulo, fiz esses dois trabalhos que citaste, o documentário sobre o bairro da Vila Madalena (em parceria com a diretora Ana Luiza Penna), em 2006, que ganhou um edital da prefeitura de São Paulo e foi exibido pela TV Cultura; e, antes, o filme “Voo cego rumo sul”, exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2004. 

Recentemente, fiz outros dois trabalhos, na área do audiovisual: em 2010, participei do projeto “Água – Mídia locativa”, da Val Sampaio, um trabalho com vídeo e tecnologia a partir de uma residência artística de dez dias, com vários artistas e pesquisadores, em um barco, sobre os rios Amazonas e Tapajós, uma experiência incrível; e, em 2015, colaborei no roteiro do longa-metragem “Amores líquidos”, da Jorane Castro, outro trabalho que gostei muito. O filme foi feito entre Belém e Salinas e será lançado este ano. E que mais roteiros venham em 2016!

24.2.16

MEP realiza terceira edição do “Beatles no Museu”

Sucessos de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, no concerto “Beatles no Museu”, do Programa “Bravíssimo!”. No MEP, domingo, 28, às 10h, com regência da Orquestra Quorum e do Coro Eduardo Nascimento. Entrada é gratuita, com retirada de ingressos.

Com as duas edições anteriores, o “Beatles no Museu” se consagrou como um evento de sucesso com ampla participação do público de todas idades. “A intenção do programa é aproximar o público do museu, por meio da música. E esse objetivo tem sido alcançado a cada edição, já que se trata de uma audiência que aprecia boa música e trabalhos bem elaborados”, comenta o produtor musical do concerto, Sergio Lobato.

O formato do concerto é o mesmo que vem agradando as pessoas que frequentam a Sala das Artes do museu ao longo da trajetória do programa “Bravíssimo!”. Esta edição fará releituras dos clássicos da banda com arranjos novos e a utilização de 20 instrumentos, incluindo sopro, corda e precursão. Além do vocal, a ocasião ainda conta com a participação de um coro de 12 vozes. “Os arranjos visam contemplar a utilização desses instrumentos e vozes, para concertos de câmara”, diz Sergio.

O “Bravíssimo!” busca levar ao público do MEP apresentações de diferentes gêneros musicais – erudito, popular, canto coral, música brasileira, música antiga e contemporânea -, além de promover um espaço de convivência para apresentações livres de música instrumental, com a participação direta da plateia.

Todos os sábados, às 10h, desde 2007, quando a parceria entre a orquestra e o coro se firmou, os músicos promovem ensaios abertos ao público, com o objetivo que quebrar barreiras entre os artistas e as pessoas que visitam o museu. Os ensaios acontecem no interior do museu, onde o publico interage com os músicos, inclusive pedindo músicas. “Ver a sala com tanta gente é maravilhoso. Não tem outro adjetivo. Isso mostra que o público, fiel e seleto, gosta do que estamos propondo”, conclui Sergio Lobato.

Criado há doze anos, o Grupo Quorum já realizou inúmeros concertos e atividades musicais, destacando-se no cenário artístico paraense como a mais importante orquestra de câmara para eventos sociais, tanto pelo ineditismo dos arranjos, quanto pelos ensaios abertos ao público. O Coro Eduardo Nascimento integra o grupo, que faz apresentações regulares no MEP, nas manhãs de sábado. Num trabalho inédito, interpreta desde música barroca, clássica e valsas até pop, rock e música brasileira.
Ingressos

Ingressos - A retirada de ingressos para a 3ª edição do concerto “Beatles no Museu” - 1 (um) ingresso por pessoa - pode ser feita até sexta, 26, das 10h às 15h. E no sábado, 27,  de 9h às 13h.


Serviço
Concerto “Beatles no Museu” – Programa “Bravíssimo!”. Domingo, 28 de fevereiro, às 10h, na Sala das Artes do Museu do Estado do Pará. Entrada franca. Informações: (91) 4009-9812.

20.2.16

Lucas Estrela faz show de lançamento do 1º disco

Fotos: Gustavo Aguiar
“Sal ou Moscou” será ouvido, ao vivo, hoje (20), a partir das 20h, na Sala Mestre Laurentino, na loja Na Figueredo (Gentil - entrada franca). Além da apresentação, o lançamento também é on line, nas principais plataformas digitais, incluindo iTunes, Spotify e Deezer.

O álbum é instrumental. Traz nove faixas, em que Lucas experimenta guitarrada e tecnobrega, ritmos que remetem a visualidade de praias populares do Pará e pintam experiências urbanas da cidade de Belém, como a vida na feira do Ver-o-Peso entre outras cenas do cotidiano paraense.

As matérias primas do álbum independente recebem influências do músico Pio Lobato, ídolo e parceiro de trabalho, e imprimem as visões sensoriais, referências e linguagem próprias de Lucas, deixando o ritmo mais pop, apontando em direção à consolidação de uma nova leitura para a guitarra paraense.

Duas músicas que introduzem o disco, “Sal ou Moscou” e “Te Abicora” foram resgatadas de produções já existentes. A terceira faixa, “Atalaia 2000” é uma homenagem à popular praia de Salinópolis, um dos balneários paraenses mais visitados nas férias. “Eletrocarimbó”, “Saudades de Belém” e “Esquina do Veropa” são as faixas que consagram o disco como um produto paraense. 

Da parceria com Pio Lobato há registro também na música “2x2”, em que ambos assinam a composição, lançada no disco homônimo de Pio, em 2015. A mesma música fecha o disco com releitura produzida pela dupla de rappers ingleses Mixtape Brothers. 

A parceria entre os dois, fruto de uma amizade iniciada em São Paulo, rendeu ainda uma música cantada, com letras que falam de belezas brasileiras. O disco homenageia os tecnobregas românticos com “Brega da Babi”, completando o álbum de estreia de Lucas Estrela.

As guitarras foram gravadas em seu home estúdio, ainda em São Paulo, e deram corpo à textura de Sal ou Moscou, que ganhou corpo a partir de experimentações com os sintetizadores de computador, já anunciando a estética final do trabalho. A outra metade da produção foi feita em Belém, tendo finalização do engenheiro de som paraense Assis Figueiredo.

Sobre o artista - Lucas Estrela tem apenas 23 anos, mas já desenvolve um dos trabalhos mais curiosos da cena contemporânea de música paraense. Experimentando a música instrumental, o músico também é apaixonado por audiovisual, produzindo em 2015 o cine-concerto “Arboreal”, que apresenta imagens de diversas cidades brasileiras e de Buenos Aires, com música ao vivo, sendo composta para traduzir os lugares em “paisagens sonoras”. 

Para chegar até alguns desses sons, o músico desenvolveu instrumentos próprios, que são usados no show/exibição do longa, que integrou a programação do 10º Festival Se Rasgum, também no ano passado. Residindo em Belém, Lucas integra a banda do parceiro Pio Lobato e da cantora Liège, com a qual divide composições que complementam o trabalho da artista.

Serviço
Show "Sal ou Moscou". Neste sábado, 20 de fevereiro, a partir de 20h. Na Figueredo – Av. Gentil Bittencourt, 449, entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Dr. Moraes – Nazaré. Entrada gratuita.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de Imprensa - Gustavo Aguiar)

18.2.16

Clei Souza de volta às origens "À plenos pulmões"

O lançamento será neste sábado, 20, no bar Sabor Gentil, abrindo com um sarau de poesia, seguido das apresentações das bandas Folha de Concreto, Khoan e Muitos Séculos de uma Vez, além da participação de Josi dos Santos - voz e violão.

Não é só um livro. "Ã Plenos Pulmões" vem acompanhado de um CD, com as canções, cujas letras de autoria de Clei de Souza alimentaram trabalhos das bandas Coisa de Ninguém, Folha de Concreto e Kem Pariu Eutanásio. O livro-musical, digamos assim, reune uma produção que se encontrava até então dispersa. "É um diálogo com as minhas origens poéticas, pois o primeiro contato com a poesia se deu por meio de algumas letras de canções, inicialmente no rock, depois na MPB", diz Clei. 

"Em grande parte, foi o contato com essa produção que me levou a buscar conhecer mais profundamente a poesia nos livros. Isso também influenciou na minha decisão de fazer meus livros artesanais e vendê-los na cidade, e de aceitar o convite para ser letrista de banda”, revela.

Embora se trate do mesmo letrista, as composições se diferenciam, ao se adequarem às propostas dos grupos. As letras para a banda Coisa de Ninguém são as mais antigas e mais conhecidas, em que a dicção poética é mais ácida. Em seguida temos as letras feitas para a banda de blues Kem Pariu Eutanásio? -  com uma atmosfera mais boêmia e maldita.

As letras mais recentes são para a banda Folha de Concreto, criada em 2012 pelo autor em parceira com Jeová Ferreira, do Coisa de Ninguém. Clei diz que há uma forte tradição brasileira no que diz respeito à poesia cantada. O Escritor afirma que no Pará, essa tradição já era forte desde Waldemar Henrique.

Sobre o autor - Clei Souza é poeta, Mestre em Estudos Literários. Autor de contos, poesias e poemas publicados em livros autorais e antologias. O primeiro o livro de poemas "Úmido", foi lançado pela Fundação Tancredo Neves, resultado do prêmio literário Dalcídio Jurandir, em 2012.

Em 2009, premiado pelo edital Literatura da Escola de Governo do Pará na categoria de poesia visual. No ano de 2010, recebeu menção honrosa no prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura e o prêmio Inglês de Souza de Literatura, da UFPA, na categoria poesia.

Em 2011, gravou o álbum Folha de Concreto e no ano seguinte, ganhou o concurso de Literatura de Castanhal. Em 2013, menção honrosa no prêmio de poesia Belém do Grão Pará e realizou a Mostra Universitária da Canção Paraense. Em 2014 organizou o ciclo literário Conversa com Versos, com diversos poetas e também a II Mostra Universitária da Canção Paraense, em Marabá. Ano passado, lançou "Asa Que-Brada", seu segundo livro de poemas.

Serviço
Lançamento do Livro Música de Clei Souza. Neste sábado, 20 de fevereiro, a partir das 20h, no bar Sabor Gentil - Av. Gentil Bittencourt, entre as ruas Alcindo Cacela e 14 de Março (próximo ao bar Botequim. O livro estará disponível para venda: R$ 15,00.

17.2.16

Allan Carvalho lança o primeiro CD da carreira solo

Unindo suas influências locais com a música brasileira e do mundo, o músico, compositor e cantor, lança “Oura", nesta sexta, 19, às 11h, ao vivo, pela Rádio e TV Cultura, e no sábado, 20, no Espaço Cultural Apoena, às 22h. O trabalho teve início ainda em 2010, de forma independente, com apoio de amigos e familiares, além do selo Na Music, Rede Cultura de Comunicação e do edital do Programa Seiva, de projetos artísticos, da Fundação Cultural do Pará.

“Eu mandei fazer uma bandeira de ouro amarela/para hastear quando for mês de junho/verão”, diz a letra da toada de boi em homenagem a Mestre Cardoso e ao Arraial do Pavulagem. "Bandeira", que abre caminho, anuncia chegadas e abençoa partidas, na faixa de abertura de “Oura”, álbum de estreia de Allan Carvalho, é carregada de simbolismo. A canção dá título ao disco exalta as raízes musicais do artista e pede passagem à cultura popular para trilhar outra jornada.

“Eu quis iniciar com a tradição de uma toada de boi-bumbá apontando para o futuro, pela singeleza dos meninos. Por isso os trouxe para o CD, de cara, na primeira canção. É uma forma política de entoar uma sonoridade tradicional no meio de uma de tendências descartáveis no mercado”, explica o compositor paraense, que canta a faixa ao lado dos filhos Heitor, 13, e Hermeto, 5. O mais novo, ao tentar pronunciar a palavra ouro, acabou ajudando a cunhar o nome do álbum.

A toada prepara o ouvinte para um diálogo com a cidade e sua confusão de sons e olhares. No decorrer de nove composições, Allan faz sátiras das modas radiofônicas e televisas, alfineta a indústria de massa, posiciona-se contra as armadilhas do mercado e à intolerância do mundo. 

Inspirando-se na poesia de ontem e de agora para absorver toda a forma de arte e apresentar sua própria versão, "Oura" é um disco que canta o amor. O cafona, o brega, o que dilacera e alucina. O clichê. O amor em todas as suas possibilidades. 

“Tento encontrar, no meio das minhas produções com outros parceiros (do fazer tradicional), uma outra forma de olhar o meu lugar e seus fenômenos. Encontrei nesta forma mais solta de compor e olhar, me debruçando sobre o modo descartável das modas, porém necessários de investigar, uma saída, uma fresta... E não podia deixar de tirar uma onda com esse modelo massivo.  Usei desses esquemas pra criar uma FM paralela em minha música, com letras leves, especialmente sobre o amor, com ritmos - inclusive ‘inventei’ uns- bem badalados deste circuito”, explica o artista.

Da canção de abertura, o trabalho segue com a brega-rock “Tá Russo”, que traz inserções de Menudos até Arrigo Barnabé.  “Ela dá uma alfinetada na comunidade artística que se sujeita ao modismo, vendendo a aura ao capeta capital”, comenta o artista. Na sequência, a tango-bossa “Que Brega É Você?” narra o drama de uma personagem cafona às voltas ao ter de admitir que o amor é maior que seu status e intelecto.

No bilhete amoroso, com toque anos 80, “Corticoide”, declarações e entrega. Na balada “Sei Lá, Entende?”, o romance e o desespero para manter sempre pulsando o afeto estão presentes na carta de amor à mulher, Aninha Moraes.  

O romance também marca “Vai”, balada com cara de trilha sonora de novela das sete. “Vem pra falar de um amor escondido, proposto a viver num paralelo mundo afora”, completa o músico. Em “Tudo”, o artista canta a devoção amorosa, capaz de tudo pelo outro. E, para falar novamente sobre amor, há “Tchê-Tchê-Tchê”, em uma levada reggae-axé music, o peso da oralidade na letra em citações musicais e poéticas, com inserção das vozes de Manuel Bandeira e Ronaldo Silva.

“Profissionais do meio artístico, produtores, familiares, amigos de longa data e os mais recentes, que contribuíam com seus trabalhos e recursos para que o CD nascesse. Amizade mesmo! Isso tornou o caminho mais tranquilo, embora duradouro”, comenta Allan. Com a amizade, ele encerra o disco com “Tá, meu bem?”, canção-bandeira em defesa dos amigos gays. um funk-sumba em homenagem a todas as formas de amor.

Serviço
Disco “Oura”, de Allan Carvalho. Lançamento, dia 19, às 11h, pela Rádio e TV Cultura, canal 2. No dia 20,  de fevereiro, no Espaço Cultural Apoena (Av. Duque de Caxias n°450), a partir das 22h. Ingresso: R$ 10 + 1kg de alimento não perecível. Valor do disco: R$ 20,00.

16.2.16

Shows apoiam percussionista Arythanan Figueiredo

Arythanan Figueiredo recebe solidariedade e carinho dos amigos, que em apoio ao artista fazem um show dia 18, a partir das 21h, no espaço Fiteiro, e ainda uma feijoada pra sambar muito no dia 28 de fevereiro, domingo, a partir do meio dia, no Templários. Veterano e companheiro de grandes jornadas musicais, ele recentemente passou por uma intervenção cirúrgica e vai ficar uns seis meses de ‘molho’, por recomendação médica. As iniciativas têm como objetivo ajudá-lo a obter um fundo financeiro ao tratamento, até que volte a ativa! E ele voltará, com toda a força de um tambor!  

Intitulado “Batuque da Alma”, a apresentação da próxima quinta-feira, 18, no espaço Fiteiro, conta com participação de vários músicos. Já estão confirmados Adilson Alcântara, Félix Robatto, Márcio Montoril, Mundo Mambo, Pedrinho Cavallero, Vitor Lima, Alcyr Guimarães e Maurício Nery, entre outros. No domingo, 28, vai ter banda Jorge Ben Cover, Pedrinho Cavallero, Pedrinho Callado, Cabinho Lacerda, Bilão e Convidados.

Além das duas apresentações, também está on line uma campanha de financiamento coletivo, pelo site Eu Patrocino (http://www.eupatrocino.com.br/arytana-e-a-base). O público ganha duas belas oportunidades para homenagear o percussionista e ainda pode contribuir com valores bem acessíveis, aderindo à campanha, podendo ganhar, entre outras recompensas, CD´s, livros e DVD´s de artistas paraenses, companheiros de trabalho de Arythanã, que gentilmente estão cedendo seus produtos ao projeto.

Depois de passar o final de 2015, de 24 a 31 de dezembro, com uma apendicite que supurou, e realizar uma cirurgia delicada, que levou 25 pontos por dentro e por fora, Arythanan espera que todas as iniciativas tragam este apoio financeiro que está sendo uma grande preocupação, já que seu ganha pão, a música está comprometido com seu estado de recuperação. 

“Não posso me queixar dos amigos colegas e da família. Só tenho que agradecer. É como dizia minha mãe Pura (falecida aos 88 anos ) ‘quem quer fazer por mim, que faça em vida, porque depois , não preciso de nada’. O pior já passou só não posso fazer esforço algum, por isso peço essa ajuda porque a recuperação vai durar meses, e só me recuperando direito é que aí sim vou poder trabalhar e fazer o que mais gosto na vida, que é musica e a arte da percussão”, diz o artista.

Pioneiro na arte e cultura da percussão

Em sua trajetória, Ary, como é carinhosamente chamado pelos amigos, já integrou grupos igualmente pioneiros na cena musical paraense como o Sol do Meio Dia, na década de 1970, Os Panteras, nos anos 1980, fundando em 1987, o Arraial do Pavulagem e banda Warillou, em 1990.

Pai de dois filhos, sendo que um deles também é músico como ele. Ytanaã Figueiredo, formado pela Fundação Carlos Gomes e UEPA, com Licenciatura em Música, tem especialidade em canto Lírico e é percussionista, que fez carreira tocando na banda La Pupuña e que hoje acompanha Félix Robatto. “No show de quinta-feira, ele vai cantar uma música minha chamada ‘Pera Eu’, gravada pelo Pavulagem na voz do Rui Baldez, em 1997, no primeiro CD do Arraial”, conta Arythanan.

Já o segundo filho, Oranyan Moraes é desportista. “Ele enveredou para o lado dos esportes, mas os dois na realidade vieram com o meu DNA, porque se eu não fosse artista, teria sido um desportista, que sempre foi algo presente na minha infância”, confessa.

Carreira de 45 anos

O artista tem 45 anos de carreira, formando outros músicos e com vasta pesquisa de ritmos amazônicos. “São pesquisas não só de ritmos Amazônicos, mas qualquer ritmo que venha contribuir pra minha vida como músico”, enfatiza. “Durante esses anos elas só têm me ajudado a entender que todos os ritmos são irmãos, apesar das diferenças de continentes. É como diz Eliakim Rufino, tudo índio tudo parente”, diz o músico.

Atualmente ele também trabalha para a realização de um projeto Lítero-Percussivo, que reúne poemas do livro Batuque, obra do poeta Bruno de Menezes. “Esse trabalho começou em 2008, era uma ideia antiga, pois eu sempre fui apaixonado pelos poemas do Bruno de Menezes, sempre gostei de desafios e esse é um deles, musicar poemas. Ainda falta muita coisa pra finalizar o trabalho, até porque não é algo comum, e tive e estou tendo algumas dificuldades, mas isso não vai me impedir de concluí-lo. Gostaria de registrar o apoio forte do Ná Figueiredo, Thiago Leite e de dos poetas e dos músicos que vão fazer deste CD, um marco na historia do PARÁ”, explica.

Filho do Marajó, nascido no dia 3 de março de 1958, Arytanan é um símbolo vivo da diversidade musical amazônica. Já gravou e tocou com a maioria dos artistas dessa região, como Ruy e Paulo André Barata, Nazaré Pereira, Waldemar Henrique, Guilherme Coutinho, Nilson Chaves, Luccinha Bastos, Marco Monteiro, Eloy Iglesias, Alfredo Reis, Sebastião Tapajós, Daniel Benitez, Adermo Matos, Guimarães de Barros, Altino Pimenta, Álvaro Ribeiro, Orlando Pereira, Grupo Anestesia Geral, Pinduca, Banda Nova, Fafá de Belém, Alípio Martins, Beto Barbosa, além de Cláudio Nucci, João do Vale, Márcia Ferreira, Orquestrar Sinfônica do Teatro da Paz. A lista é interminável. 

Teatro e arte de construir instrumentos

Ary trilhou ainda espetáculos de dança, com Vera Torres e Clara Pinto, e espetáculos de grupos marcantes da história do teatro em Belém, como o Cena Aberta e o Experiência, Clara Pinto. 

“As experiências são muitas e me ajudaram na formação desse aprendizado, como as manifestações populares. Cito, por exemplo, o cordão de pássaro, do boi, de peixe, grupos folclóricos, escolas de samba, grupo de dança, de teatro, terreiro de macumba. Do Arraial do Pavulagem fui um dos fundadores, junto com Ronaldo Silva, Júnior Soares e Rui Baldez, todos fizeram parte da minha vida”, conta Ary.  

Arythanan também é um mestre na confecção de instrumentos.  Foi um dos primeiros a construir instrumentos de percussão, até porque na época em que iniciou a carreira não havia muita facilidade em se adquirir um por bom instrumento por aqui. “Era década de 60. Quem constrói ou transforma tem que ter um olhar mais sensível e estar atento no que pode ser transformado, então hoje sou um transformador que constrói com alma de Luther. Vocês vão ter oportunidade de vê-los, em breve”, revela, finalizando a entrevista.

Serviço
Show Batuque da Alma, nesta quinta-feira, 18, a partir das 21h. No Fiteiro: Av. Visconde De Souza Franco, 555 (Av. Senador Lemos e Av. Jerônimo Pimentel), Ingressos ON LINE já à venda R$ 20,00. Mais informações: Telefone (s): 91 9819.08453. Feijoada no Templários, no dia 28 de fevereiro (domingo), a partir do meio dia - Rua Vinte e Oito de Setembro, 1155 - Reduto, Belém - PA, 66052-355
Telefone:(91) 3224-4070.

15.2.16

Dramaturgia de Ilo Kruglí chega em solo paraense

Fotos: Cacá Bernardes
Circulando pela primeira vez na Região Norte, a Cia. São Jorge de Variedades (SP) traz ao público paraense o espetáculo “São Jorge Menino”. Elaboado pelo diretor Ilo Krugli, fundador do Teatro Ventoforte (SP), à convite da companhia, a dramaturgia inédita surge a partir da figura legendária do cavaleiro São Jorge. A programação, que inclui também uma oficina de teatro, será realizada em Santarém Novo e Belém,  nos dias 16 e 17, e 19 e 20, respectivamente. Tudo gratuito e aberto ao público de todas as idades. 

O dramaturgo llo Krugli ao falar de seus trabalhos infantis – inúmeros e de excelência incontestável – diz que trata-se de um teatro feito para crianças de até 100 anos. Um dos maiores artistas do teatro brasileiro, Ilo tem em sua trajetória larga experiência em movimentar o imaginário de todas as idades.

A circulação também é comemorativa aos 15 anos de existência da companhia, que se aventurou numa experiência artística voltada para o público infantil e seus familiares. Com esta montagem, o grupo concretiza o sonho antigo de criar uma peça em que as crianças e seus familiares participam ativamente da apresentação, festejando a possibilidade de encontro e sonho que o teatro proporciona.

O texto de Ilo Krugli, São Jorge Menino, conta a história de Jorge, um menino de rua, que dorme em cima de uma estátua de São Jorge no momento de sua inauguração. Ao retirar os panos que cobrem a estátua, todos ficam em dúvida sobre o verdadeiro santo, o menino ou a estátua. E assim, Jorge começa a caminhar e a levar o público por uma verdadeira saga de São Jorge. 

Já na saída, a grande mãe, a nossa mãe da rua, o batiza de São Jorge e o menino segue a sua trajetória por uma imensa rua de papel que surge aos olhos do público. Jorge conhece os pintores Candinho e Dica, que pintarão o futuro e o passado dentro do espetáculo, uma homenagem clara aos pintores Candido Portinari e Di Cavalcanti.

Uma imensa Lua traz o descanso, os momentos onde Jorge dorme e pode sonhar. O menino conhece também os habitantes de um muro, onde estão presos como escravos, índios, e trabalhadores. Jorginho conversa com o muro e com as pessoas que estão presas atrás dele, sonhando um dia poder libertá-las.

Das lágrimas de Jorge surge Glauber, uma referência ao cineasta Glauber Rocha, que o ajuda a enfrentar os dragões da Maldade e o ensina sobre utopia. Por fim - após perder a visão na luta com os dragões ao tentar libertar sua amiga, Mariela do Campo Limpo, que estava presa num arranha-céu moderno, espelhado e muito alto - Jorge volta à estátua de São Jorge, se encaixando na mesma posição do início da história. 

Nesse momento, Mariela do Campo Limpo retorna após fugir da ‘Torre’ e de suas lágrimas Jorge volta a enxergar. A peça termina com a festa de casamento de Mariela e Jorge. “São Jorge Menino” é apresentado em espaços abertos e acontece no formato de um grande cortejo cênico que se desenvolve no percurso de uma ponta à outra de uma “rua”. Em cima da concretude empoeirada da cidade, desenvolve-se a história e constrói-se uma rua poética. 

Em Santarém Novo, o espetáculo será apresentado no Ginásio da cidade e em Belém, na área aberta do Centur, na Fundação Cultural do Pará. A peça investiga o tempo/espaço dos rituais e das festas, numa manifestação artística onde a plateia interage diretamente na encenação celebrando o encontro. Crianças e seus familiares são também protagonistas da obra tanto quanto os artistas em cena. A montagem conta com dez atores e quatro músicos que regem a festa no intuito de transformar a encenação numa grande e gostosa brincadeira.

A direção geral  é de Rogério Tarifa.  A direção musical é de Lincoln Antonio, que também é integrante do grupo A Barca. As composições são de Jonathan Silva , o cenário é assinado pelo Ateliê La Tintota e os figurinos por Anahí Santos.

Todo o cenário e os figurinos são confeccionados com diferentes tipos de papéis. Já que no espetáculo são prestadas homenagens aos pintores Cândido Portinari e Di Cavalcanti, a ideia é que esses corifeus junto com seu coro (público), literalmente pintem o cenário. 

Como a encenação acontece em uma “rua” feita de papel, ela é construída diariamente junto com o público e ao final de cada apresentação temos uma rua diferente numa grande instalação construída por todos. Nessa via, as crianças conhecem os pintores Dica e Candinho,  participam com os atores da apresentação e descobrem que o teatro é invenção de mundo, é jogo, é uma relação criativa com a vida.

Oficinas - Além das apresentações, a Cia. São Jorge de Variedades oferece também gratuitamente a oficina “Ao Coro Retornarás” para interessados em geral. A oficina é ministrada por integrantes do grupo e aborda temas e processos que fundamentam a criação do espetáculo e a prática artística da Cia. São Jorge.

Todas as atividades são realizadas com o apoio da FUNARTE, pelo Prêmio Myriam Muniz – Circulação de espetáculos de Teatro. No Pará o espetáculo tem parcerias com a Fundação Cultural do Pará, Casa Sesc de Artes Cênicas, Secretaria Municipal de Assistência Social e Diretoria de Esporte e Lazer de Santarém Novo.

Serviço
  • Em Santarém Novo
  • Dia 16/02 (terça) – Oficina “Ao Coro Retornarás” – de 15 às 18 h, no Salão do CRAS (Av. Francisco Martins, Centro) – Inscrições Gratuitas.
  • Dia 17/02 (quarta) – Apresentação do espetáculo – às 19 h, no Ginásio Municipal – Entrada Franca.
  • Em Belém
  • Dia 19/02 (sexta) – Oficina “Ao Coro Retornarás” – de 9 às 12 h, na Tv. Pe. Eutíquio, próximo ao Shopping Pátio Belém, Batista Campos - Inscrições Gratuita.
  • Dia 20/02 (sábado) – Apresentação do espetáculo – às 19 h. na Praça do Povo do CENTUR – Entrada Franca.
Informações: 
Isabel Soares / Produtora – (11) 99644-8014
Isaac Loureiro / Prod. Local – (91) 99993-2613 / 98191-6690

14.2.16

Uma história de amor em plena floresta amazônica

Utilizando elementos do universo clown e música ao vivo, "A Poção do Amor", espetáculo infantil do grupo Art Palco (TO), será apresentado no próximo final de semana, no Teatro Waldemar Henrique, com três sessões: às 19h, no sábado (20) e, no domingo (21), às 15h e 17h. O ingresso custa R$ 20,00, mas cada sessão tem 50 lugares gratuitos destinados a crianças de ONGs e escolas públicas de Belém. Mais informações: (91) 98327 6779.

Adaptação de "A Poção Mágica", do dramaturgo mineiro, Mauro Alvim, o espetáculo que chega agora ao público paraense, traz a história de uma pombinha que deseja conquistar nada menos que o amor do Uirapuru, o pássaro mais lindo e de canto mais belo de toda a floresta Amazônica.

Para conseguir seu amor, ela conta com a ajuda de sua amiga Maritaca. O que a pombinha não sabe é que o Dr. Carcará, o feiticeiro mais malvado da floresta, fez uma poção do amor justamente para conquistar o coração dela, criando assim uma grande aventura ao lado do ganancioso Urubu.

Com direção de Luiz de Lima Navarro, e adaptação de George Henrique e Tatiane Cristina, "A Poção do Amor" está em sua primeira circulação. Após as apresentações em Belém, ainda passará pelos estados de Roraima, Amazonas, Maranhão, encerrando a turnê no Tocantins, na cidade de Araguaína, onde o grupo hoje é sediado, desde 2012.

Em 2013, o espetáculo chegou a ser indicado aos prêmios de Melhor Iluminação e Melhor Trilha Sonora no Festival Ipitanga de Teatro, na cidade de Lauro Freitas, Região Metropolitana de Salvador - Bahia e, em 2014, foi aprovado na categoria Circulação de Espetáculos pelo Edital da Fundação Cultural do Estado do Tocantins – Prêmio Arnaud Rodrigues. 

No mesmo ano participou da Mostra Cultural Aldeia Jiquitaia (SESC) e do Festival de Esquetes (SESC) em Palmas/TO, no qual arrebatou prêmios de Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Direção.

Para as apresentações em Belém, o grupo ressaltou sua importância social, destinando 150 ingressos para estudantes de escolas públicas e ONGs, colaborando assim tanto para a formação de plateia quanto para inclusão social de uma parcela da sociedade que pouco tem acesso ao teatro. Com 55 minutos de duração, A Poção do Amor é um convite para toda a família, unindo a leveza de uma história de comédia romântica com a linguagem do clown.

Nascido em Uberlândia - MG, a origem do Art Palco está relacionada diretamente a um projeto chamado "Amigos da Escola". Em 2002, partindo para espetáculos de autoria própria, monta "Um dia a casa cai" (Saulo Gonçalves), "Uma história real" (George Henrique) e "Adolescência" (criação coletiva). No ano seguinte estreia "Apocalipse: Entre o Bem e o Mal" (Tatiane Cristina), um drama comportamental com uma repercussão muito positiva.

Em 2004, o espetáculo “Cadê o riso do palhaço” propõe uma reflexão lúdica sobre os benefícios do sorrir e entre 2005 e 2010, o grupo monta a série de espetáculos chamados "Casos Insanos', com os quais circulam pelas mineiras de Horizonte, Prata, Monte Alegre de Minas, Patos de Minas, Araxá, Araguari e Uberaba, recebendo, em 2009, o prêmio de Melhor Espetáculo pelo júri popular no 1º Festival de Comédia de Uberlândia - MG.

Serviço
Espetáculo infantil A Poção do Amor -  Grupo Artpalco (TO). No Teatro Waldemar Henrique – Praça da República s/n. Sábado, 20 de fevereiro – 19h. Domingo, 21 de fevereiro – 15h e 17h. Ingressos: R$ 20,00. Informações: (91) 98327 6779. Produção local: Companhia de Teatro. Apoio: Casa de Antônia, Navegantes Bar e Restaurante, Rádio Cultura - Funtelpa e EcoPousada Miriti. O patrocínio é do Atacadão, via Lei Rouanet.

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa local: Dani Franco)

12.2.16

Cia AfroMundi traz suas obras premiadas a Belém

Desenvolvendo a dança afro-contemporânea e amazônica, a companhia nos apresentará os espetáculos de dança "Lágrimas Secas" e "Nascente em Chamas", um seguido do outro, com pequeno intervalo entre eles, hoje (12) e amanhã (13), no SESC Boulevard, sempre às 19h - Av. Castilhos França, 522. Informações: (91) 3224-5654.

A AfroMundi, que já se apresentou em várias capitais do país, na Colômbia e nos EUA, é uma das frentes do projeto "Rios de Encontro", que, desde 2009 vem desenvolvendo um trabalho social na comunidade ribeirinha afro-descendente Cabelo Seco, na ponta entre os Rios Tocantins e Itacaiúnas, na cidade amazônica de Marabá, que sofre o terceiro maior índice de violência no país. 

Afirmando excelência artística, ação comunitária e colaboração internacional para advogar direitos humanos e cuidado eco-social em defesa de uma Amazônia sustentável, o projeto "Rios de Encontro" tem coordenação artística de Dan Baron, dramaturgo, teórico cultural e arte-educador inglês, que vive há muito anos no Brasil, desenvolvendo trabalhos nesta área, e é formado por jovens gestores inseridos em micro-projetos artístico-culturais da comunidade Cabelo Seco, apoiados por um núcleo gestor de suas mães produtoras na sua Casinha de Cultura. A gestão cultural do projeto é de Manoela Souza.

O "Rios de Encontro" tem, hoje, em seu repertório, o grupo musical Latinhas de Quintal, o projeto de jornalismo social Nem Um Pingo; o coletivo audiovisual Rabeta Videos, um Cine Coruja, Folhas da Vida: bibliotecas familiares e pela Cia  AfroMundi Pés no Chão, cujas apresentações de hoje (12) e amanhã (13) se tornam uma oportunidade única de ver de perto como a arte é um fator irreversivel de transformação social e ambiental.

O solo "Nascente em Chamas", que será mostrado nesta sexta-feira, teve estreia aqui mesmo, com a dançarina fundadora da AfroMundi, Camylla Alves, no final do 2015. A apresentação foi realizada com o Prêmio "Projetos Artísticos 2015", do Programa de Incentivo à Arte e à Cultura (SEIVA), da Fundação Cultural do Estado do Pará.

O espetáculo dialoga sobre a tragédia ecológica e social em Mariana, Minas Gerais. Após a recente classificação do rompimento das barragens como a pior catástrofe na história da mineração no mundo, e o deslizamento de mais lama em Mariana no dia 27 de janeiro, 'Nascente em Chamas' vem se tornando símbolo pela preocupação mundial sobre o futuro do planeta.

"Nascente em Chamas" dramatiza a noite quando a dançarina Mariana volta ao seu bairro 'revitalizado', e perdida, desce à margem do Rio Tocantins e cai num vinco de memória profunda na Orla. Vivencia a história feminina oculta da violação da Amazônia e começa entender o descuido, medo e silêncio do presente. Lutando para respirar nas fumaças da seca, Mariana se alivia no rio tóxico e contaminado, se transforma em uma alerta poético mundial. "Inspirado por artistas africanos e lendas amazônicas, o espetáculo relaciona a cicatrização do povo afro-descendente com a proteção dos rios amazônicos.

Já o "Lágrimas Secas ', amanhã, foi lançado também no ano passado numa balsa no Rio Tocantins durante o IV Festival Beleza Amazônica,  com  Camylla Alves, Lorena Melissa e João Paulo Souza, e recebe sua primeira temporada em Belém. 

"No espetáculo, nossa vida e as lendas do rio pegam fogo", explica Dan Baron, diretor artístico de AfroMundi. "Tudo seca, até a própria nascente. Buscamos situações extremas e poéticas para estimular nossas plateias reconhecerem sua realidade cotidiana que muitos pensam não podem transformar." Com 'Lágrimas Secas', AfroMundi foi contemplada com prêmio 'Novos Talentos 2014' da Funarte, do Ministério da Cultura.

A coragem da Cia AfroMundi de tratar questões sensíveis, a perda de comunidade e do equilíbrio ecológico, vem inspirando outros países se solidarizarem com a preservação da Amazônia e vislumbrar bairros excluídos como fontes de sabedoria e transformação social a partir da cultura popular. Depois de Belém, Camylla Alves e Dan Baron levarão 'Nascente em Chamas' e darão oficinas eco-culturais na China e em Nova Zelândia no mês de Abril.

11.2.16

AF exibe animação e drama do cinema francês

Em fevereiro, o Cine Club AF Belém exibe a animação “O Rei e o pássaro” (Le Roi et l'oiseau), de Paul Grimault e o drama Renoir, de Gilles Bourdos. Sessões, respectivamente, no dia 14, às 10h, no Sesc Boulevard e no dia 21,  às 15h, no Cine Líbero Luxardo. Entrada Franca.

A programação é promovida na cidade pela Aliança Francesa de Belém em parceria com o Centro Cultural Sesc Boulevard, o Governo do Estado do Pará por meio da Fundação Cultural do Estado do Pará, a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e o Institut Français, que por meio da plataforma online IFcinéma disponibiliza ao público paraense clássicos e contemporâneos da produção cinematográfica francesa.

O Rei e o pássaro (França, 1980) - No mundo dos desenhos animados, há um reino chamado Taquicardia. Nele, o rei é muito vaidoso, caprichoso, um tanto quanto cruel e, mesmo tendo uma péssima pontaria, adora cometer a crueldade que é caçar passarinhos. Como todo rei, esse também tem súditos falsos que realizam todas as vontades de Sua Majestade. Tudo muda quando em uma noite as estátuas e os personagens dos retratos do Rei ganham vida e se divertem pelo castelo e pelo mundo em volta.

Renoir (França, 2012) - Ambientada em 1915, a produção retrata os últimos anos de vida do pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir, quando passa pelo tormento da perda da esposa, as dores de artrite e velhice, e a terrível notícia de que o filho Jean foi ferido em batalha. 

Neste triste cenário, uma jovem entra no mundo de Renoir, que é preenchido com uma energia nova e totalmente inesperada. 

Em chamas com a vida e beleza radiante, Andrée vai se tornar sua última modelo, além da fonte de um rejuvenescimento notável. De volta à casa da família para convalescer, o filho Jean também cai sob o feitiço da nova estrela ruiva do pintor. Mesmo com a forte oposição do pai, o jovem se apaixona pela moça. Enquanto isso, dentro de um Jean de vontade fraca, ainda abalado pela batalha, um cineasta começa a crescer.

  • O Rei e o pássaro

Data: 14 de fevereiro
Hora: 10h
Local: Centro Cultural Sesc Boulevard (Blvd. Castilhos França, 522)
Em francês com legendas em português
Entrada franca.

  • Renoir

Data: 21 de fevereiro
Hora: 15h
Local: Cine Líbero Luxardo (Av. Gentil Bitencourt, 650)
Em francês com legendas em português
Entrada franca.