28.5.19

Casarão do Boneco leva atrações ao Schivasappa

O coletivo de artistas e produtores do Casarão do Boneco realiza Mostra Cênica dando seguimento à campanha “Chão e Teto, Salve o Casarão do Boneco”, para arrecadação de recursos para reformas na edificação centenária sede de vários coletivos que se abre mensalmente ao público. A programação inicia às 18h, no Teatro Margarida Schivasappa do Centur. 

Ester Sá e Renato Torres abrem a noite no palco do Teatro Margarida Schivasappa, trazendo histórias musicadas no espetáculo “Tambor de Dentro”. Depois, na Praça do Artista do Centur, às 19h, Lucas Alberto mostra “Sorteio de Contos” e, entre um acontecimento e outro, entra em cena o Animador de Caixas Aníbal Pacha, com o espetáculo em miniatura “Yael”. Fechando o evento, às 20h, no palco do teatro, o grupo In Bust Teatro com Boneco apresentará “Pinóquio”, com Adriana Cruz, Cristina Costa, Dandara Nobre e Paulo Ricardo Nascimento.

A Mostra é mais uma das ações que compõem a campanha “Do Chão ao Teto, Salve o Casarão do Boneco”, iniciativa sonhada e realizada por muitas mãos, as que se agregam como coletivo de artistas, que compõem atualmente o corpo de habitantes do Casarão, e as de parceiros que colaboram com ações, doações e ideias nesse percurso de resistência e manutenção de atividades artísticas na casa.

“Estamos expandindo e compartilhando a necessidade de reformar por meio do que sabemos fazer e acreditamos, a arte! Para isso, saímos de casa para realizar no teatro do Centur com apoio da Fundação Cultural do Pará e outras parcerias que estão abraçando a campanha conosco”, dizem os artistas do coletivo. 

Iniciada no final de abril, com uma ação no casarão, e depois da mostra também inclui a realização de um show musical, no dia 22 de junho, no espaço Insano Marina Club, na Cidade Velha, a Campanha “Chão e Teto Salve o Casarão do Boneco” já tem apoio da Funtelpa – Cultura Rede de Comunicação e Fundação Cultural do Pará – Governo do Estado, blog Holofote Virtual, Projeto Circular Campina Cidade Velha, Estúdio Casa, Ná Figueredo, Sol Informática, Panificadora 16 de Novembro e Design Criações.

SOBRE O CASARÃO DO BONECO

O Casarão do Boneco abriga, hoje, diversos artistas e grupos da cidade de Belém, em uma dinâmica de gestão colaborativa. 

Os grupos investem tempo de trabalho voluntário, parte de seus cachês de apresentações e/ou incluindo ações nos projetos aprovados em editais, que possam reverter algum valor para ser aplicado em contas cotidianas (da água ao IPTU) e em melhoria dos espaços da casa. 

Nisso também se aplicam as arrecadações de eventos do casarão - como o Amostraí -, porcentagens das temporadas de espetáculos, das festas, das oficinas, ou seja, o público ajuda a financiar/manter o espaço. Além disso, no decorrer dos anos, muitas ações entre amigos foram realizadas com a finalidade de angariar fundos para pequenas reformas.

SOBRE OS ESPETÁCULOS DA MOSTRA CÊNICA

Tambor de Dentro -  O projeto busca olhar os cantinhos escondidos onde repousa a criança nos adultos: mães, pais, familiares, professores, todos os que são potencialmente parceiros na jornada da infância. 

O jogo, e seu impulso social primordial, é uma das ferramentas fundamentais do projeto, que estabelece a sedução necessária ao envolvimento entre artistas e plateia. Memória, poesia, natureza e imaginação, territórios que o projeto percorre e que também restaura e ressignifica, transversalizando-os em suas criações e apresentações. Com  Ester Sá e Renato Torres. 

Pinóquio – É o décimo quinto espetáculo do In Bust Teatro com Bonecos, que se põe a recontar a narrativa de Carlos Collodi. A história do boneco de madeira que, por merecimento, se transforma em menino de verdade, vem à cena no estilo do grupo, com muito bom humor e misturando atores e bonecos. A Dramaturgia de Adriana Cruz, baseada na novela de Collodi, tem direção do Maurício Franco e produção de Cristina Costa. Os bonecos, cenário e figurinos são de Anibal Pacha. A Sonoplastia concebida por Paulo Ricardo Nascimento e Dandara Nobre. A narração é de Marton Maués. Adriana Cruz e Paulo Ricardo Nascimento assumem ainda a função de atores manipuladores.

Sorteio de Contos - O público é convidado a acompanhar tudo como em uma grande aldeia em torno do contador, que traz consigo diversos contos de regiões díspares e é com um Sorteio de Contos que o espetáculo inicia. 

Ubirá o organizador do jogo traz consigo tantas histórias que prefere que o público as sorteie. Através de cartas que representam contos do continente africano, da Ásia e da America Latina o público se torna testemunha da viagem de uma princesa hindu que luta para se conhecer, entre na mata fechada e lute contra espíritos malignos, perde-se nos longínquos desertos árabes e canta durante a esperançosa primeira colheita da nova terra. 

A caixa “Yael” - Criado por Anibal Pacha, em 2010, o espetáculo faz parte de experimentações dramatúrgicas realizadas pelo Coleitvo Animadores de Caixa. O Mensageiro anuncia um mistério dentro da caixa que está acoplada ao seu corpo, tem um ar sereno e olha nos olhos das pessoas. 

Serviço
Mostra Cência “Do Chão ao Teto, Salve o Casarão do Boneco". Nesta sexta-feira, 31, às 18h, no Teatro Margarida Schivasappa  (Av. Gentil Bitencourt, 650 - Batista Campos). Ingressos: R$ 25 / Meia: R$ 12 ,00.

27.5.19

Amazônia Doc abre sua 5a edição nesta semana

A abertura contará com homenagem à professora e crítica de cinema Maria Luzia Miranda Alvarez e exibição do documentário “Torre das Donzelas”, da diretora Susanna Lira - vencedor do melhor documentário no Festival do Rio em 2018, e bate-papo após a sessão. O 5o Amazônia Doc abre nesta quinta-feira, 30, às 18h30, no Teatro Maria Sylvia Nunes e vai até 7 de junho, com atividades de formação e debates, além de duas mostras competitivas, sessões especiais e lançamentos.

O festival ocorrerá em mais de um espaço da cidade. O Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes e o Cinema Líbero Luxardo sediam as exibições de filmes, já o Sesc Ver-o-Peso recebe as oficinas e mesas-redondas, numa programação que acompanha as mudanças da tecnologia e da sociedade. “Percebo uma grande mudança na realização de documentários e existe hoje uma diversidade de formatos e de protagonismos dessa produção, que é imprescindível para estabelecer uma reflexão profunda sobre o documentário contemporâneo”, afirma Zienhe Castro, coordenadora geral do evento, após sete anos de pausa desde a última edição, em 2012. 

Além das mostras competitivas, com 30 filmes, entre longas, médias e curtas metragens, o evento também traz sessões especiais apresentando temas urgentes e estéticas inovadoras, que vão desde o clássico até o documentário experimental. Estão programados também quatro painéis de debate, três dias de masterclass com Alice Riff para alunos da Escola Pública Estadual e uma oficina sobre “Documentários de Impacto”. 

Mostras competitivas 

O evento recebeu 350 inscrições de filmes dos nove países da Pan-Amazônia, com grande número de documentários brasileiros, e diversidade de formatos. Na Mostra Pan-Amazônia, 21 filmes estão concorrendo, entre curtas, médias e longas, vindos de estados brasileiros e de outros países como Peru,  Bolívia, Equador e Colômbia. Para a Mostra Amazônia Legal, são nove filmes, também de formatos variados, sendo seis documentários de cineastas paraenses. 

A seleção foi realizada em abril pelo comitê de seleção formado por por Manoel Leite, Zienhe Castro, Felipe Pamplona, Marco Antônio Moreira e Carol Abreu. Os vencedores serão conhecidos no dia 07 de junho, na Sessão de Encerramento, durante a cerimônia de premiação nas categorias “Júri Oficial” e “Público”, quando serão entregues os troféus de miriti feitos pelo artesão Ronaldo Guedes. 

Os painéis/mesas iniciam dia 3 de junho com a exibição de “Caminho da Vacina” e “Doença de Chagas: encontrando uma geração”, com Victoria Servillano, produtora do Médico Sem Fronteiras e mediação de Zienhe Castro. O “Mercado Audiovisual”, com Marina Pompeu (Canal Brasil), Renée Castelo Branco (GLOBO News) e Angélica Coutinho (ANCINE) e Mediação de Carol Abreu, será no dia 5; e no mesmo dia às 18h30 a mesa “Nós Documentaristas” reúne Susanna Lira (cineasta), Ursula Vidal (secretária de Cultura – PA), Alice Riff (cineasta) e Keila Serruya (cineasta), com mediação de Zienhe Castro. 

No dia 6, a mesa aborda “Projetos que mudam o mundo”, com Josi Campos (Plataforma VideoCamp), Lívia Almendary (PlataformaTaturana) e Lília Melo (Cineclube TF), trazendo relatos sobre produção/realização de filmes com DNA Social e os impactos que os mesmos causam na sociedade.

Mulheres em foco

Tendo a concepção do cinema como uma ferramenta política,  esta edição tem o foco nas mulheres - seja na predominância da equipe, com 75% de nomes femininos na produção do evento, seja na escolha do júri totalmente formado por mulheres, ou mesmo na seleção dos documentários para as mostras competitivas. 

“Nosso Júri Oficial este ano é constituído por 10 mulheres incríveis, nossa produção conta com 17 mulheres na equipe e 10 homens e nossos painéis/debates serão formados por mulheres, e ainda, dos 30 filmes selecionados para as Mostras Competitivas, 12 filmes são de diretoras mulheres. Temos uma forte representação da mulher nesta 5a. edição. Era um desejo antigo possibilitar esse momento de encontro, de conversa entre nós realizadoras, produtoras, diretoras, roteirista, professoras e críticas de cinema”, explica Zienhe Castro. 

O festival também terá lançamentos de novas produções audiovisuais, como a pré-estreia de “Explosão da Ilha”, de Leo Chermont, e “Boi Pavulagem é Boi do Mundo”, de Ursula Vidal e Homero Flávio. No encerramento serão lançados o curta “Perspectivas”, produzido pelo Cine Clube TF com direção de Arthur Costa, e o longa documentário “Amazônia Groove”, do diretor Bruno Murtinho. 

Confira programação completa: http://amazoniadoc.com.br/

24.5.19

Novas tendências e caminhos ao futuro dos museus

Fotos: Cristina Lacerda
À convite do Oi Futuro, o Holofote Virtual esteve no Rio de Janeiro, na última quarta-feira, 22, participando do lançamento de uma pesquisa inédita sobre a percepção dos brasileiros sobre os museus nacionais. O trabalho foi realizado pelo instituto de inovação e criatividade da Oi, em parceria com a Consumoteca.

Vou pegar carona na letra de "O Tempo não Para", de Cazuza. O Brasil é um "museu de grandes novidades". Assim nos demonstra o resultado da pesquisa encomendada pelo Instituto Oi Futuro, que teve como objetivo trazer questões e apontar novas tendências que sirvam para o desafio de repensar o papel das instituições e acervos museológicos do país, para engajar o público e atrair mais visitantes.

Os pesquisadores queriam saber ‘O que o público pensa atualmente sobre os museus brasileiros, por que muitas pessoas não os frequentam, como os museus podem atrair mais público, como a tecnologia pode ajudar, qual é o papel da escola nessa relação e como o museu pode estar conectado com a comunidade.

600 brasileiros, frequentadores e não frequentadores de museus, das classes A, B e C, moradores de cinco capitais: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife e Belém, responderam às questões, sendo ouvidos no segundo semestre de 2018, em setembro, logo após a tragédia ocorrida com o Museu Nacional.

Dados quantitativos e qualitativos confirmam o que já suspeitávamos há tempos. 50% dos entrevistados acham que museus são lugares para visitar uma só vez, os vêm como locais elitizados, monótonos e sem novidade. Em relação ao papel da educação, a pesquisa revelou que muita gente teve o primeiro contato com museus em excursões escolares. E o que era para estimular, porém, acabou gerando frustração. 

55% dos entrevistados disseram que voltaram para casa com uma visão de rigidez, entendendo os museus como locais onde não se pode tocar em nada nem fazer barulho, e onde a aprendizagem ocorre de forma passiva, tendo como objetivo a transmissão de conhecimentos a serem cobrados em provas.

A situação que se repete é agravada na contemporaneidade em meio à velocidade de um cotidiano absorvido pela tecnologia. Isso exige dinâmicas e mais poder de atração do público. Fui a museus com a escola, e era ótimo aprender e ver coisas novas fora da sala de aula. Nunca perdi meu interesse por esses espaços, mas os tempos eram outros.

A pesquisa diz nas entrelinhas que as instituições precisam colocar a criança no dia a dia do museu e que se deve investir na preparação dos professores e participação das famílias, incluindo-os nos movimentos de criação e recriação do museu. A comunidade deve se ver representada, sendo uma peça viva daquele espaço.

Seis especialistas em áreas como museologia, patrimônio, educação e história participaram do levantamento. Eles acreditam que é preciso que os museus se reinventem como espaços onde o público possa viver experiências, que não podem ser reproduzidas virtualmente, com ciclos mais dinâmicos de exposição, inspirados na rotina dos centros culturais.

Já disponível para download, o levantamento traz essas e muitas outras informações e dados que são fundamentais para os 3.000 museus brasileiros registrados no IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), com o público. É preciso buscar novos caminhos e reverter esta realidade.

Especialistas debatem os resultados da pesquisa

No auditório do Oi Futuro do Flamengo, que lotou com público formado por estudiosos da área social, da museologia e da educação, além de autoridades, imprensa e público em geral, foi realizado um bate papo sobre a pesquisa.

Conduzido por Bruna Cruz, museóloga do Instituto Oi Futuro, contou com a participação de Michel Alcoforado, do Instituto Cosumoteca, que apresentou detalhadamente a pesquisa, além dos especialistas Marília Bonas, historiadora e mestre pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e de Mário Chagas, diretor do Museu da República (RJ), poeta, museólogo e ativista, Mestre em Memória Social pela Unirio e doutor em ciências sociais pela Uerje.

Mario Chagas é responsável por uma experiência inovadora no Museu da República do Rio de Janeiro, hoje considerado um Museu Clube, que desperta o gosto e o amor do público pelo lugar, encadeando uma relação afetiva e amorosa entre ambos. “Hoje, as pessoas até fiscalizam os cuidados com o espaço”, diz Mário Chagas que dirige o museu, buscando, aos longos dos anos, compreender e inovar o espaço museológico como um espaço também de relações sociais. 

“Compreendi que, se a museologia que não servir para a vida, não serve para nada. Falo da vida social e, neste sentido, o nosso desafio é pensar e praticar a museologia como espaço de relação e convivência", disse.

Ele, porém, ressalta que cada caso é um caso e cada espaço tem suas especificidades. "O Museu da República é diferente de um museu sem um jardim. Então fiz uma operação conceitual muito simples. Havia práticas e falas das pessoas de que o Museu da República era o Museu do Catete, e não é isso. O palácio chama-se Palácio, o jardim chama-se Jardim, o cinema chama-se Cinema e tudo isso é o Museu da República”, continuou o diretor. 

Para ele museus não são só acervos, e deve viver promover práticas sociais e discutir sobre elas. Mário Chagas disse que após essa mudança conceitual, o Museu da República, que antes estava abaixo do quinto lugar, subiu para o terceiro no rank do IBRAM, com mais visitação no país. 

Um dado que chama atenção de Marília Bonas, em outras pesquisas, é o conceito sobre acervo. Tudo que está dentro do museu ou do centro cultural, inclusive as próprias pessoas, pode ser considerado acervo.

“Os museus são repositórios vivos de humanidade, e com objetivo vivo, ativo e ativadores de territórios como camadas de memória”, diz a especialista. Ela explica que o objeto imaterial só existe porque há camadas e camadas de materialidade e vice-versa.

“Um objeto tem uma vida que te antecede e te sucede, foi passado por muitas mãos invisíveis, muitos elementos da natureza, técnicas, saberes e fazeres, é um vetor de relações humanas. Isso é um vetor que ativamos trazendo estas camadas de informações materiais”, diz ela que também acredita que hoje, um objeto vivo pode ser melhor preservado e divulgado ainda com o uso das novas tecnologias. 

“Já tivemos oportunidade para discutir museus e pertença, pertencimento. Já temos esse legado, e agora é pensar como esses objetos podem ser ativados em novas perspectivas e abordagens. Por isso, a discussão da cultura digital é muito importante.

O que você, na sua trajetória, pode trazer as diversas janelas que abrem um objeto. Algumas te pertencem e outras não. Acho que essa discussão do objeto vivo e do papel do museu e sua ativação como um espaço de fato devotado à sociedade é absolutamente integrante”, continua. 

A pesquisadora diz que os museus adiantam tendências, respondem a tendências e precisam seguir comprometidos com o seu tempo e suas questões “a partir de vetores que podem ser objetos materiais ou imateriais, e aí dentro desse contexto é muito interessante pensar a facilidade da tecnologia para este uso. Dentro dessa discussão, um objeto vivo traz camadas e camadas de informações e isso precisa ser preservado. Antigamente, era mais difícil, mas hoje com um celular o público também pode trazer essas informações e ajudar a preservar a memória e pensar o objetivo vivo”, conclui.

Identidade e história no Museu das Telecomunicações

No campo dos museus, o instituto Oi Futuro atua através do Museu das Telecomunicações – pioneiro em interatividade e gamificação – e na geração de conteúdos e articulação de redes para formação de novos públicos, promovendo pesquisas, seminários e cursos.

Para 2019 estão previstos o upgrade tecnológico e modernização em suas instalações físicas e expográficas, com novas atrações de interação e gamificação para o público, além do lançamento do edital “Hipermuseus”, com foco na formação de profissionais para os desafios do museu do século 21.

Também tivemos a oportunidade de visitar o museu, que já tem 12 anos de história, é pioneiro no uso de interatividade e tecnologia integradas à museologia no país, recebendo cerca de 19 mil visitantes por ano, com entrada gratuita.

O espaço reúne passado, presente e futuro de forma arrojada em um mesmo ambiente e leva o visitante a uma viagem pela história da comunicação humana no Brasil e no mundo. Em 210m², ele traduz o conceito moderno de museu, com o máximo de informação no mínimo de espaço, causando experiências de identificação no público de visitantes.

São cerca de 130 mil itens, entre objetos, fotografias, gravações e documentos de diversas épocas. É possível viajar no tempo por meio de um acervo que traz telefones, aparelhos de telex, cabines telefônicas, além de vídeos, fotografias de época, textos e programas interativos, permitindo ao público navegar por uma infinidade de janelas de conteúdos diversos.

Entre os principais objetos em exposição estão uma réplica do aparelho experimental criado por Graham Bell, aparelhos telefônicos de diversas décadas, incluindo a coleção de telefonia pública, uma das mais completas do Brasil. Há também listas telefônicas digitalizadas que revelam os endereços de cariocas ilustres e arquivos sonoros inéditos, com vozes de Clarice Lispector, Freud e Thomas Edison, entre outros.

Um passeio pelo Espaço Oi Futuro do Flamengo

Antes da coletiva de imprensa realizada no Café Teatro, houve uma visita ao espaço Oi Futuro do Flamengo, onde estão em cartaz três exposições temporárias e que podem ser vistas até domingo, dia 2 de junho. Em "Ressonâncias", experimentamos, sentimos e exploramos a obra sonora "Neurocórdio", de Paulo Nenflidio.

Incitado pela relação entre o corpo e a tecnologia, cada visitante cria a própria expressão a partir dessa criação inovadora. A obra criada especialmente para o projeto, efetiva a proposta da poética do artista, a interação e participação do público. 

Composta por um leitor de ondas cerebrais, um módulo de controle, 10 monocórdios infinitos, amplificadores e circuito eletrônico com bluetooth é um instrumento que produz música a partir da leitura das ondas cerebrais do visitante. O leitor de ondas cerebrais (EEG) é um capacete que mede o estado de concentração e o piscar de olhos do usuário, e ainda envia as informações por bluetooth para o módulo de controle. Conforme pisca os olhos, o visitante pode escolher com qual monocórdio infinito deseja interagir. Cada monocórdio possui uma corda com afinação de uma nota musical diferente em uma escala crescente. 

Já em "Narrativas", do artista carioca Chico Cunha, com a curadoria de Alberto Saraiva, outra experiência.  A instalação de 52m2 com esculturas feitas de balas transparentes coloridas e dois vídeos é de encher os olhos de cores e a boca d´água. As figuras produzidas com as balas são personagens inspiradas nas pinturas do artista renascentista Pieter Bruegel e do pós-impressionista Henri Rousseau.

As obras referem-se às pesquisas pictóricas e espaciais desenvolvidas por Chico Cunha desde a década de 1980 até os dias de hoje, em que trabalha com as possibilidades da narrativa na pintura.

Por fim, "Palavra-Movimento", de Eduardo Macedo, que integra o Programa Poesia Visual e Digital, com curadoria de Alberto Saraiva, vislumbramos 17 poemas dos artistas, relacionados à palavra ou à ideia de "movimento". O público assiste a sequências de movimentações feitas pelo autor e exibidas em 10 monitores. Os áudios dos poemas estão em off no ambiente.

De acordo com o curador, “a poesia de Eduardo Macedo aborda as sensibilidades relativas ao corpo num espaço definido entre os movimentos propulsores da dança e a palavra ‘falada-escrita’. Seu corpo é o motor de seus poemas numa perspectiva que incorpora a tradição da dança passando pelo clássico até o contemporâneo”.

Eduardo tem influência do Poema-Processo de Wlademir Dias-Pino, que abordava o poema como uma produção corporal, performática, imagética; nesta direção e a partir dela, o artista construiu o poema aqui apresentado. “Trata-se de uma caligrafia corporal que separa a imagem do corpo de sua oralização no ambiente físico, criando um ruído entre aquilo que é falado e o que é visto, na tentativa de confrontar as duas nuances e reuni-las em camadas de imagem e de som”, completa Alberto Saraiva.


A programação da press trip Narrativas para o futuro dos museus contou com jornalistas convidados de veículos de comunicação de impressos e digitais, de Recife, Bahia e Belo Horizonte, além de Belém.

O blog agradece o convite da Oi Futuro e considera que a pesquisa relevante por chamar atenção da nossa contemporaneidade, que vem perdendo as referências do passado como peça de construção para um futuro melhor.

Numa prática que já vem há algum tempo causando perdas e danos a acervos importantes, mais recentemente vimos o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e a Catedral de Notre-Dame, em Paris, arderem em chamas. Acredito que enquanto o público não estiver ocupando, interagindo e se sentindo parte desses espaços, mais facilmente haverá motivos de descaso, por parte de governos que não possuem nenhum apreço pela história, pela memória ou muito menos pelo futuro da humanidade.

17.5.19

UFPA traz o inédito “Carta de Caminha” a Belém

“Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!”. Com esta frase, Pero Vaz de Caminha, escrivão português da frota de Pedro Álvares Cabral, narrou a primeira impressão sobre o território que viria a ser chamado, futuramente, de Brasil. A importância histórica e cultural do documento inspirou a criação do concerto musical “Carta de Caminha”, que será apresentado pela primeira vez no Brasil, neste domingo, 19, às 19h, no palco o Theatro da Paz, em Belém do Pará.

Reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a Carta de Pero Vaz de Caminha foi o primeiro documento escrito produzido em solo brasileiro. O espetáculo, que será aberto ao público, é uma realização da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Cátedra do Instituto Camões “João Lúcio de Azevedo” (I.P | UFPA).

Com duração de 1h45, o concerto musical se divide em 12 cenas e é de autoria do músico português Rui Castilho de Luna, barítono mozartiano, herdeiro da escola de canto lírico italiana, que já se apresentou em importantes salas de concerto da Europa, Oriente, Estados Unidos e Brasil. A obra musical será executada no piano, por Rui de Luna, acompanhado na percussão pelo músico português João Ferreira, que trabalha com o maestro Ennio Morricone.

Em paralelo à apresentação musical, haverá a leitura interpretativa da Carta de Pero Vaz de Caminha, a ser feita pelo ator brasileiro Leopoldo Pacheco. Com vasta experiência de atuação e direção de teatro, Leopoldo também é reconhecido por marcantes personagens em telenovelas de época. Seu último papel foi em “O Sétimo Guardião”, atual telenovela da Rede Globo na faixa das 21 horas.

Leopoldo Pacheco
Foto: Pino Gomes
A cenografia é composta por luz cênica e projeção de imagens históricas relativas à chegada dos portugueses no Brasil no ano de 1500, disponibilizadas pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo e selecionadas por Rui Catalão. O espetáculo tem a direção científica da professora Maria Adelina Amorim, da Universidade Nova de Lisboa, que também estará em Belém para a apresentação inédita do concerto.

A proposta é que partir de expressões artísticas do teatro e da música, o espetáculo “Carta de Caminha” permita ao público conhecer e refletir sobre a história do encontro entre Brasil e Portugal, processo marcado por trocas culturais, bem como por disputas e conflitos.

Desde o sucesso alcançado na apresentação de estreia em 2013, o concerto musical “Carta de Caminha” já foi apresentado em importantes eventos em Portugal, como as Celebrações Antonianas na Igreja dos Capuchos, em Lisboa; o Festival da Música da Casa de Bragança, no Panteão dos Duques de Bragança; e no evento de encerramento da exposição “400 Anos da Fundação de Belém do Pará”, no auditório da Biblioteca Nacional de Lisboa.

O concerto conta com patrocínio da Presidência da República de Portugal e tem o apoio do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa, Portugal), do Governo do Estado do Pará – por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SECULT) e do Theatro da Paz –, da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP), do Hotel Princesa Louçã e das empresas portuguesas Mister Man e BÁ Studio.

Uma carta que inspira

Rui de Luna, pianist
Foto: Divulgação
A Carta de Pero Vaz de Caminha original integra o acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa (Portugal), e é um dos seus mais valiosos itens. O mesmo só pode ser visitado mediante autorização e em horário restrito, sendo exposto ao público somente em ocasiões especiais.

O documento que inspirou o espetáculo, depois de ter sido enviado ao Rei de Portugal por Caminha, ficou arquivado por mais de dois séculos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, tendo seu valor histórico e literário reconhecido somente em 1773 pelo estadista José Seabra da Silva e noticiado pelo historiador espanhol Juan Baptista Muñoz.

Em 1817, o documento foi publicado pelo padre e geógrafo Manuel Aires do Casal, na Corografia Brazilica, primeiro livro editado no Brasil. A partir dessa publicação, a Carta despertou interesse e gerou grande repercussão, sendo tema de palestras, estudos, além de ter sido traduzida para diversos idiomas. Em 2005, a Carta foi reconhecida pelo programa Memória do Mundo da UNESCO, como patrimônio histórico em âmbito nacional e internacional.

A carta permite conhecer as primeiras representações feitas pelos portugueses a respeito da fauna e da flora que avistaram em terras brasileiras, assim como dos povos que aqui viviam. Assim, além de um marco nas relações de cooperação cultural e acadêmica entre Brasil e Portugal, a vinda do espetáculo “Carta de Caminha” para Belém proporcionará um importante exercício de reflexão sobre um acontecimento histórico que transformou para sempre a história dos dois países.

Livro denuncia um massacre ocorrido há 32 anos

"Encurralados na ponte: o massacre dos garimpeiros de Serra Pelada", do jornalista e escritor Paulo Roberto Ferreira, será lançado na quarta-feira, 22 de maio, a partir das 18 horas, na sede da Editora Paka-Tatu, localizada Rua Bernal do Couto, entre Generalíssimo e Dom Romualdo de Seixas.

Há 32 anos, forças policiais do Estado do Pará abriram fogo, sob ordem ou conveniência do governador Hélio Gueiros, contra mais de 300 pessoas, entre eles garimpeiros, mulheres grávidas, jovens e crianças que estavam na ponte rodoferroviária de Marabá, por onde transitava o minério de ferro da Vale, em 29 de dezembro de 1987. Havia uma negociação em curso para desocupar a ponte, mas ela foi interrompida com a abertura do fogo. 

Encurralados na ponte: o massacre dos garimpeiros de Serra Peladas atualiza a histórica, com base em inúmeras entrevistas e ampla pesquisa documental no Arquivo Nacional, na Biblioteca Nacional, na Câmara Federal, na Fundação Casa da Cultura de Marabá e nos acervos digitais dos grandes conglomerados da mídia do Brasil

O livro revela, ainda, o modus operandi, inclusive com paralelo ao Século XXI, sobre as relações entre o Estado brasileiro e os grandes projetos internacionais de ocupação da Amazônia para explorar o minério, terra, água, energia, madeira e outras commodities exportadas que deixam mínimos benefícios para o País, a região e as comunidades. 

“O texto resgata a memória da luta dos garimpeiros, conclama a sociedade à resistência e à participação social. A publicação é uma denúncia viva dos conflitos gerados por um modelo de desenvolvimento e de consumo que expropria os direitos da população local, afeta a cidade e o meio rural e não garante a sobrevivência das futuras gerações e do planeta. Ficam buracos, desaparecidos, mortos e cruzes fincadas pelas terras, pontes, estradas e rios da Amazônia paraense”, assinala Paulo Roberto.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

16.5.19

Antígona na adaptação do grupo GRUTA de Teatro

Fotos: Marcelo Lélis
“A Vida que sempre morre que se perde em que se perca?”, adaptação da tragédia grega de Sófocles está em cartaz de quinta, 16, a sábado, 18, às 20h, e domingo, 19 de maio (19h), no Teatro Waldemar Henrique, Ingressos a R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia), ou R$ 20,00 antecipadamente, na lista amiga.

No repertório do grupo há 30 anos, o espetáculo está de volta para comemorar o meio século da companhia de teatro, com direção de Henrique da Paz. Traz em cena Monalisa da Paz, que também assina a assistência de direção, Waléria Costa e o próprio Henrique da Paz, autor da adaptação, além de novos integrantes, os atores Paulo Marat e Leoci Medeiros.

A peça original vai contar a história de Antígona que desobedece a um decreto de Creonte, e decide enterrar seu irmão Polinice, morto durante uma batalha, mas paga esse ato com sua própria vida. Na adaptação do diretor e ator Henrique da Paz, o espetáculo discute temas atuais como o abuso do poder e a condição da mulher, na sua luta em busca de empoderamento numa sociedade machista, autoritária e conservadora.

Em 1989, quando Lula perdeu para o Collor nas eleições para presidente, "A Vida..." foi uma resposta do Gruta às circunstâncias. A adaptação de Henrique da Paz foi a maneira que o grupo encontrou para se expressar.

“Eu queria dizer alguma coisa contra aquela situação a que o país estava submetido. O texto era emblemático para aquele momento e é assim agora, quando estamos vivendo um outro momento obscuro da história, e resolvemos nos posicionar novamente com o mesmo espetáculo”, diz Henrique da Paz.

O espetáculo estreou em 1990, logo após as eleições que fizeram de Collor presidente do Brasil. “Acho importante voltar com este espetáculo. Estamos rememorando o teatro dos anos 1970 e 1980, e de como a gente vive e resiste de fazer teatro na cidade”, diz Monalisa da Paz. Para ela , Antígona representa muito bem o caso da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio.

O diretor avisa que há mudanças visuais e de elenco, mas a essência de um teatro reflexivo, que assume sua postura de agente social, que leve as pessoas a pensarem, permanece. 

“Embora estejamos fazendo tragédia grega e como na primeira montagem, demos as costas para os Deuses, eles não entram na história. Os elementos da tragédia, como o uso da máscara, estão presentes, mas tiramos deuses, como o autor da peça original também queria, e repassamos aos próprio homens a responsabilidade pelos seus atos, e não mais aos Deuses. O figurino traz a camiseta e o jeans, embora a gente mantenha os panos coloridos fazendo alusão às vestimentas gregas da época”, diz Henrique. 

Sófocles desacreditava do sistema político e religioso da Grécia. “Ele tira de cena a predestinação e a culpa dos Deuses, e os faz mais humanos. De uma maneira geral, a peça é uma forma de protesto, retomamos a função social do teatro, de preparar o povo para a revolução ou melhor a ensaiar a revolução”, encerra o diretor, citando Augusto Boal.

FICHA TÉCNICA
Direção Geral: Henrique da Paz 
Assistente Direção: Monalisa da Paz
Iluminação: Sônia Lopes
Assistente de luz: John Rentes 
Máscaras: Aldo Paz 
Fotos: Marcelo Lelis

Elenco: 
Waléria Costa - Antígona
Paulo Marat - Creonte
Monalisa da Paz - Ismênia
Leoci Medeiros - Hêmon
Henrique da Paz - Tirésias

Serviço
Data: 16, 17, 18 e 19 de maio. 
Hora: 20h de quinta a sábado e 19h no domingo.
Local: Teatro Waldemar Henrique 
Valor: R$ 30,00 inteira e R$15,00 meia
Reservando com antecedência você entra na lista amiga e paga R$20,00
Contato: 981630775

Lia Sophia está no primeiro FestSESI de Música

O Teatro do SESI realiza, entre 30 de maio e 1º de junho, o primeiro FestSESI de Música – edição Carimbó, que contará com uma extensa programação de oficinas de música, aulas de dança e shows musicais do grupo Sancari, Som do Pau Oco, da cantora Lia Sophia, encerrando com Pinduca.

O projeto é realizado pelo Teatro do SESI com a intenção de fomentar a cultura no estado do Pará e valorizar personalidades que marcaram a história musical em diversos segmentos. A abertura será dia 30, quinta-feira. Na sexta-feira, 31, a atração será a cantora e compositora Lia Sophia, que apresenta o Carimbó, um dos ritmos mais contagiantes do país, em sucessos como “Ai Menina”, trilha sonora de “Amor, Eterno Amor”, novela da Rede Globo e “Incendeia”, trilha da novela global “A Força do Querer”.

No palco, a cantora estará acompanhada por Adelbert Carneiro na direção musical e contrabaixo, Igor Capela na guitarra, Marcio Jardim na percussão, Daniel Delatuche no trompete, Jó Ribeiro no trombone, Marcelino Santos no banjo e Edvaldo Cavalcante na bateria. O show “Carimbolando” conta com a participação especial do Balé Folclórico da Amazônia e dos alunos da oficina de percussão ministrada no festival. 

Como uma pororoca de ritmos que vão do Carimbó ao Pop, “Carimbolando” faz dançar e ao mesmo tempo refletir sobre temas como liberdade e prazer feminino. O espetáculo segue o caminho de valorização das identidades sonoras brasileiras, especialmente o Carimbó, fazendo uma fusão dos sons da Amazônia a um contexto global, que é marca da artista.

Indicada ao Prêmio Da Música Brasileira como melhor cantora regional, edição 2018, Lia Sophia tem cinco álbuns, três singles e um DVD Ao Vivo com participação de Fafá de Belém e Pinduca. Em suas composições, utiliza temas típicos relacionados ao gênero musical, como a dança, as saias rodadas, os tambores, buscando valorizar e difundir essa cultura. 

Serviço
O show “Carimbolando”, de Lia Sophia, com participação especial do Balé Folclórico da Amazônia será na sexta, 31 de maio, às 20 horas, no Teatro do SESI (Av. Alm. Barroso, 2540 – Marco – Belém/PA). Ingressos a R$ 20 na bilheteria do Teatro ou no sesipa.org.br. Informações no email teatrosesipa@gmail.com.  

10.5.19

Casarão do Boneco em mais Amostraí neste sábado

Todo segundo sábado do mês tem AMOSTRAÍ.  Neste do dia 11, além da programação cênica, o público também visita a loja Dell’Arte, com mil possibilidades de presente para o dia das mães que curtem arte. Tudo a partir das 17h55 e sem pagamento de ingresso. “Pague quanto puder” na saída.

A Costureira é Nanan Falcão, que faz teatro desde 1997, é atuante do coletivo Casarão do Boneco, mantenedora do Atelier de Nanan - componente da Loja Dell’Arte - e técnica em figurino cênico pela Escola de Teatro e Dança da UFPa. Ela contará “As Histórias Que Meu Guarda- Roupa Guarda”.

Imaginem se as roupas falassem? O que aquela blusa de duas décadas atrás contariam sobre você? E aquele vestido de sua avó, como ele contaria a história de sua família? Pensando assim, quantas histórias será que cabem em um guarda-roupa? Nanan traz sua pesquisa pessoal sobre figurino e atuação e re-conta, com calças Saruel, os fios que tecem a linha do tempo da humanidade, em uma narrativa que passa pela China, onde descobriram a calça mais antiga do mundo, e vai até as costuras da atual América.

Em seguida, a Companhia Cênica de Cínicos mostra “ContRação De Histórias: A Cigarra e a Formiga”, espetáculo lúdico para todas as idades e baseado na dublagem de fábulas infantis populares em discos de vinil das décadas de 60, 70 e 80. Direção da Companhia, sonoplastia de Beto Benone e Figurino, de Zezé Furtado. Na cena,  Xirley Tão, a persona de Adriano Furtado, que experimenta a diversidade poética, estética e cômica de uma Drag Queen.

Para finalizar a programação deste Amostraí, o  palhaço Black, um punk-rockeiro, bobo e romântico, enquanto revela algumas histórias de três familiares dentro do quarto dele, te perguntará: Quer Bolacha? 

Para homenagear a mãe, o pai e o tio, entre saudades e lembranças, num ar descontraído e brincalhão, o espetáculo mistura as linguagens do teatro, do palhaço e das técnicas circenses, conhecimentos e vivências adquiridos em sua trajetória no grupo Palhaços Trovadores/PA e na Escola Nacional de Circo/RJ. Romana Melo opera o áudio do espetáculo. Suani Corrêa dirigiu com assistência de Adriana Cruz. Aníbal Pacha criou o figurino e o Marcello Villela fez os vídeos.

Na edição de maio, a produção é de Adriana Cruz e do Maurício Franco e a arte, do Lucas Alberto. Na função do dia estarão, ainda, Andrea Rocha, Cincinato Marques, Fafá Sobrinho e Leonel Ferreira. A montagem e operação técnica será de Thiago Ferradaes e Paulo Ricardo Nascimento. Todos integrantes do coletivo atuam em de forma voluntária.

Campanha

Lançada no finalzinho de abril, a campanha “Do chão ao Teto, Salve o Casarão do Boneco” pretende arrecadar recursos para reformas no corredor e telhado da casa e  prevê três ações: a criação de uma Vaquinha ‘on line’, campanha de financiamento coletivo que deve ser lançada ainda este mês, como a Mostra de Teatro, que será realizada no dia 31 de maio, no Margarida Schivasappa, e um show com várias bandas, no Insano Marina Club, no dia 22 de junho. Tudo que for arrecadado na bilheteria será revertido à obra que chega a quase 20 mil reais.

Outras formas de contribuição vêm de parcerias que já são de longa data. “Contamos com apoios do Holofote Virtual e da Panificadora 16 de novembro. Ou seja, esta é uma realização coletiva e colaborativa que faz o Casarão do Boneco, mesmo com 116 anos, estar aberto para a cidade e em funcionamento”, diz Marina Cruz, artista que integra o coletivo do Casarão.

O Amostra Aí também faz parte da arrecadação que ajuda na manutenção do espaço, aberto há 15 anos à comunidade. As contribuições espontâneas dos frequentadores, com o Pague Quanto Puder, são divididas em partes iguais, que ficam para as contas do casarão e para os artistas cênicos que apresentam no dia. “Tudo que é vendido de lanches e da lojinha Dell'arte, também é dividido e somam  para as doações às contas da casa”, diz Paulo Nascimento, da In Bust Teatro com Bonecos.

Serviço
Amostraí, neste sábado, 11, às 18h. Pague Quando Puder, no Casarão do Boneco - Av 16 de novembro, 815. Batista Campos. Belém-PA.

Naldinho Freire lança CD com várias participações

Após três anos de uma gestação cuidadosa, com apresentações musicais por vários estados brasileiros, além de Cabo Verde e Portugal, Naldinho Freire lança hoje (10), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, o seu 4o álbum, que traz 12 faixas, que resultam de parcerias diversas com poetas, compositores do Pará,  Rio de Janeiro, Maranhão, Maceió e Paraíba. O Ingresso custa R$ 2,00 na bilheteria.

Os paraenses Ramón Rivera, Lucas Torres, Natália Matos, Juliana Salgado, Gláfira, Pedro Vianna e Andrea Silveira, além dos Mário Lúcio, ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde, e Manuel di Candinho, guitarrista, e atual Verador de Cultura e Turismo da Câmara de São Domingo, estarão no palco com Naldinho Freire.

O álbum foi gravado em mais de uma cidade, passando por mais de um estúdio, extrapolando as fronteiras do Brasil. Em Cabo Verde, gravou a guitarra de Manuel di Candinho, a voz guia de Mario Lúcio, e todo o seu violão, também guia para a música "Pretty Down", faixa que com programações eletrônicas da instrumentista e produtora musical paraense, Beá Santos, e do músico e produtor musical, Marcel Barretto, além da participação do músico paraense Leo Chermont (Strobo).

Natalia Matos, que integra a safra de artistas paraenses com trabalhos cosmopolitas, canta “Surreal”, música feita em parceria com a maranhense, Kelcy Ferreira, comunicóloga, psicóloga e especialista em artes visuais. Nesta faixa, Freire mantém responsabilidade pelas bases eletrônicas, as assinaturas de Beá Santos e Marcel Barreto, que também deixou registrado na obra o som de sua guitarra.

Natália Matos
“Hoje não, nada De Tv” é parceria com Álvaro Maciel, artista cultural carioca, que está em Belém para conferir a apresentação de lançamento do disco, nesta sexta-feira.  

A participação de voz é da paraense Glafira, uma das fundadoras do Fórum Nacional de Música, junto com Freire, além do rapper cabo-verdiano James Tha Costa.  A produção musical e as guitarras são de Marcel Barreto, com a participação da baterista paraense Juliana Salgado, graduada em música pela UFPA.

“O Não Lugar” é parceria com o paraense Pedro Vianna, que estará no show. É a primeira parceria entre os dois. A oitava faixa é Oásis, com Pedro Cabral, composta na cidade da Praia em Cabo Verde, por ocasião de uma digressão do compositor Freire. O alagoano Pedro Cabral é poeta, artista visual e arquiteto, um dos autores de Maceió que têm canções em parceria com vários compositores de Alagoas.

Ramon Rivera
Biruta, parceria com o poeta Lau Siqueira, ganhou participação de Pinduca. Composta a partir do poema homônimo que está no livro “Livro Arbítrio”, do poeta gaúcho radicado na Paraíba, a música traz o encontro com o rei do carimbo paraense com Naldinho Freire, sob a regência e programação eletrônica de Marcel Barreto, junto com as guitarras de Lucas Torres.

A canção “Genuflexão”, parceria com Ricardo Cabús, um dos principais poetas de Alagoas na atualidade, é composta a partir da Leitura do Livro Cacos Iconexos. Participam da canção, o guitarrista Alex Mono e cantora paraense Camila Honda, que também assina a direção artística do concerto de lançamento do CD sem chumbo nos pés.

Em “Data Venia”, com Antonio Ronaldo, cantor, compositor, poeta e escritor Potiguar, a participação é da flautista Andrea Silveira, paraense radicada em Natal (RN), que está em Belém para fazer sua participação ao vivo na canção. A produção musical é de Marcel Barreto.

“Eu canto música de amor”, de  Naldinho Freire em parceria com Pedro Osmar, artista multimídia de João Pessoa (PB), que já tocou com Vital Farias, Cátia de França e Zé Ramalho. A faixa traz o paraense Dan Bordallo e sua experiência com sintetizadores.

“Trova de madeira e cordas” traz a parceria com Ubirajara Almeida, poeta nascido no Rio de Janeiro, radicado em Maceió (AL), onde dedicou-se ao ensino da língua portuguesa e publicou os livros Inventário do Silêncio – Editora Graciliano Ramos e Dez Lírios & Tremifusas (edição do autor).

Essa canção tem a participação de Chico César, que integrou o Grupo Jaguaribe Carne e aos 21 anos mudou-se para São Paulo, onde se dedicou ao seu trabalho musical e se tornou um dos principais artistas brasileiros. Nesta canção há programações eletrônicas de Marcel Barretto, músico Nascido em Toulose (França), radicado em Belém.

Camila Honda
A dobradinha com Fernando Mendonça, maranhense, que se radicou no Rio, a canção “A cidade” é uma revisita realizada por Naldinho Freire, a partir da leitura do livro Dinâmica Urbana – Crise Utopia, de Edmilson Rodrigues. Participa da canção, a cantautora Ana de Hollanda, os guitarristas Marcel Barreto, Lucas Torres e Rubens Guilhon que assina a produção musical.

A última canção do disco é Pássaros, que intitula o disco, em outra parceria com Pedro Osmar. A participação é dos paraibanos e musiclubeanos Adeildo Vieira, Glaucia Lima e Déa Limeira.  A violoncelista, também paraibana, Mayra Ferreira passeia pela canção com o seu instrumento em diálogo com o violão de Naldinho Freire, os sintetizadores de Beá Santos, as vozes percussivas, e o aboio de Pedro Osmar. Pássaros propõe voos além horizonte e nos deixa sem chumbos nos pés.

Pedro Viana
O disco conta, ainda, com a produção executiva da MM Produções, iluminação de Patrícia Gondim, projeções do VJ Lobo, apresentação de Marcelo Pinheiro e marketing do projeto Caos e comunicação do Holofote Virtual.

Serviço
Lançamento de “sem chumbo nos pés”. Dia 10 de maio, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa do Centur. Ingressos à venda pelo sympla a R$ 2.50 (http://bit.ly/sympla_semchumbonospes) ou no dia do show, na bilheteria do teatro – R$ 2,00. Mais informações: http://bit.ly/show_lançamento.

9.5.19

Bianca Levy na transitória liquidez da performance

Ouvir o chamado da água, que não se contenta em permanecer estática, se espraiando em diferentes estados naturais e formatos, seja na vida ou na arte. Esse é o convite de “Elemento TransitóRIO- Caminho de volta para o mar”, exposição da artista paraense Bianca Levy, com lançamento nesta sexta feira, 10, às 19h, na Galeria Theodoro Braga, na Fundação Cultural do Pará.

“Elemento TransitóRIO” é fruto do processo de pesquisa desenvolvido pela artista no Mestrado em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes- UFPA). Contemplado pelo Prêmio Proex de Arte e Cultura da Ufpa, o projeto aborda a relação da artista com a água e com os arquétipos relacionados a este elemento, especialmente os presentes na mitologia iorubá. Foram cinco anos de mergulho poético, investigação e vivência consciente do elemento água em diferentes campos e linguagens até a concepção da exposição. 

“É difícil demarcar onde começa e onde termina um processo criativo.  Suas continuidades, descontinuidades e tangentes. Mesmo quando se ‘conclui’, ele segue em plena expansão e atualização. Inconscientemente já trabalho esta relação com a água antes mesmo de me reconhecer artista. A exposição vem para marcar o retorno dessa grande jornada, com uma inundação de obras produzidas nos últimos dois anos. É um fechamento desta fase de água, fechamento iniciado com o lançamento do meu livro ‘Aquífera’ em 2018, e que se encerra- pelo menos por hora, com Elemento TransitóRIO”, explica.

A arte atravessando a ancestralidade

Trabalhando no campo da performance nas Artes Visuais, Bianca propõe em suas obras a atualização dos arquétipos míticos da água em consonância com as pautas político-sociais contemporâneas, trazendo também a reflexão a respeito do corpo do performer em diálogo com os espaços públicos da cidade e a instauração de um tempo-espaço cósmico, onde a cidade (especificamente Belém, metrópole ribeirinha da Amazônia brasileira), exerce o protagonismo dela na criação das obras.

“É uma trama que parte de uma relação pessoal, de um retorno à minha ancestralidade e imanência, mas completamente atravessado pelos dramas e devires da cidade e nossa sociedade. Em sua universalidade, a água, nos arquétipos trabalhados na obra fala sobre todos nós” resume a artista.     

Com curadoria do Artista Visual e Professor Dr. Orlando Maneschy, a exposição conta com obras que transitam pela linguagem das artes visuais, especificamente da performance, com trabalhos nos formatos de vídeo-arte, fotoperformance e instalação. O caráter cíclico da água em suas mudanças de estados naturais e a jornada poética que o conjunto da obra apresenta, conduziram também o desenho da curadoria, que propõe um mergulho no universo da água em suas variadas formas e arquétipos, rumo ao encontro e comunhão total com este elemento.

Batismo Caminhar Ogrum Beira Mar
Foto: Mariory Cabrita
Além da parceria com Orlando Maneschy, Elemento TransitóRIO é marcado por encontros com artistas que inundaram o processo criativo com seus olhares no registro das performances; ou como Bianca gosta de enfatizar, artistas que performaram com ela por trás das câmeras. 

São eles: Juan Silva, Charles Vasconcelos, Maryori Cabrita, Marise Maués, André Mardock, Roger Elarrat e Melissa Barbery. “O olhar de cada um deles foi fundamental para a concepção das obras. Eles captaram o chamado da água e mergulharam nesta experiência comigo”, resume a artista.

Serviço
A exposição “Elemento TransitóRIO- Caminho de Volta para o Mar” fica em cartaz até o dia 7 de junho, na Galeria Theodoro Braga, no subsolo da Fundação Cultural do Pará - Av. Gentil Bittencourt, entre Quintino e Rui Barbosa. A entrada é gratuita.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

8.5.19

Luis Girard faz um ensaio para lançar álbum solo

Foto: Carlos Borges
O artista vai lançar "Colossal" num espetáculo que já nasce premiado, pois é resultado do Projeto de Pesquisa e Experimentação “Nave do Tempo – Uma Viagem pelos Bailes da Saudade”, idealizado pelo artista e contemplado no Edital do Programa SEIVA – 2018 de fomento à cultura na área musical, realizado pela Secretaria Estadual de Cultura através da Fundação Cultural do Pará e a Casa das Artes. Nesta quinta-feira, 9, ela faz um ensaio aberto ao público, no Zabumba, a partir das 21h.

“Na pesquisa busquei as referências da música ao vivo dos bailes noturnos dos anos 60 aos 80 na periferia de Belém. Também colhi depoimentos de pesquisadores e busquei a memória emotiva de artistas, seresteiros e de simples amantes dos bailes noturnos da época. Nisso, foram identificados os principais gêneros, estilos e timbres usados naquelas noites, além da importância da dança e dos ambientes daquelas festas. E toda a diversidade percebida no trabalho me inspirou na criação das canções que, cada uma na sua medida, espelha a sonoridade latina e caribenha da música paraense e a arremete à contemporaneidade”, explica o artista.

O nome Colossal traz a referência das vinhetas sonoras dos carros de publicidade que ainda hoje circulam pela periferia de Belém anunciando as festa de aparelhagem. Colossal também é a recriação experimental de um ambiente saudoso com obras inéditas revivendo um tempo em que muitas canções se tornaram eternas na memória afetiva de parte da população. 

Assim, ritmos como o merengue, a salsa, o bolero, o carimbó e o samba local são exemplos musicais do período e que formam um repertório que serviu de inspiração na produção do COLOSSAL, agora materializada na apresentação que acontece no Zabumba, onde Girard toca acompanhado de Marcelo Ramos, no violão multicordas e Marcio Jardim, na percussão. "O resultado desse trabalho é uma sonoridade de gafieira com o sotaque paraense, que combina metais, cordas e percussões, numa recriação experimental de um ambiente saudoso", completa Girard. 

O show de lançamento do novo trabalho, nas plataformas digitais e em CD acontece dia 07 de junho, no Apoena. Colossal foi gravado no Estúdio Z, é composto por 11 faixas. Luis Girard assina a autoria única de três canções e mais seis em parceria de Allan Carvalho, sendo que uma destas ainda tem a participação de Aninha Moraes. O álbum se completa com um merengue inédito de Ronaldo Silva e um carimbó que ganha versão única na voz de Girard. A produção tem a direção musical de Manassés Malcher, produção musical de Allan Carvalho e técnica de gravação de Thiago Albuquerque.

Serviço
Ensaio Aberto Show Colossal. Nesta quinta-feira, 9, a partir das 21h, no Zabumba, Trav. 14 de março, 1060. Umarizal. Entrada gratuita.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)