31.7.12

Chuva de mestres no Terruá do Theatro da Paz

Dona Onete e Laurentino, na coxia aguardando a vez de ensaiar
As ondas sonoras da diversidade musical paraense vão ecoar mais uma vez no Theatro da Paz. Depois de ser palco para as gravações do DVD de Mestre Vieira, em seus 50 anos de guitarrada, ele agora recebe de 1º a 4 de agosto, o Terruá Pará. 

Por volta das 13h, os músicos começaram a chegar. O ensaio propriamente dito, porém, só iniciou lá pelas 16h. Não foi problema. O clima nos bastidores do Terruá é de encontro. 
 
Além da nova geração em que se destacam Felipe Cordeiro, Lia Sophia e a Gang do Eletro, estavam lá prontos para ensaiar, Dona Onete, Mestre Laurentino, Pantoja do Pará, Manezinho do Sax, Mestre Curica, Mestre Vieira, Pipira do Trombone, mestres que marcarão e darão brilho certamente especial ao show que de lançamento dos CDs e DVDs gravados durante as apresentações no auditório do Ibirapuera em São Paulo, nos anos de 2006 e 2011. 

Houve muitos cabos, teste de luz e equalização de áudio, antes que finalmente o ensaio geral, com o carimbó do Uirapuru, de Marapanim, que tocam “Meu Barquinho”. O grupo faz a apresentação à frente do clássico painel da República, que ainda veta o cenário no palco que será revelado assim que os curimbós cessem. 

Paulo André Barata
O painel se abre e surge em meio a uma floresta de miriti, os cellos da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia, a energia percussiva do Trio Manari e Calibre, no contrabaixo, que integram a banda base do evento. 

Executam “Uirapuru”, de Waldemar Henrique. Manari toca em seguida, “Floresta”. Tudo parece se conectar. Em cena também, Jade (bandolim), Esdras de Souza (clarinete e flauta), engrossando o caldo sonoro para receber Sebastião Tapajós, que não esteve no ensaio desta segunda, mas que faz parte do espetáculo, em que tocará “Igapó”. 

Em seguida, ainda no palco, o violonista acompanha Paulo André Barata que entra cantando “Foi Assim” e, depois, “Nasci para Bailar”. A esta altura já estão também ali, Pio Lobato, na guitarra, Félix Robatto, tocando guirro; Edgar, no piano, e Edvaldo Cavalcante na bateria. Paulo André encerra sua participação e chama Pio, que manda a guitarrada que ele chamou de “Mestre Vieira”, em uma clara homenagem.

A música trilhou de 2003 a 2008, a abertura do programa Cultura Pai D´Égua, na Tv Cultura do Pará. Dona Onete aparece e, só pra variar, com sua voz poderosa rouba a cena cantando “Moreno” e “Jamburana”. Nilson Chaves, que também não pôde ir ao ensaio daquela longa tarde de segunda-feira. Vai cantar “Carimbó Modernista”. 

Toni Soares e Almirzinho Gabriel
Pelo que se viu ontem, um dos momentos que promete iluminar o espetáculo vem logo na sequência. Almirzinho Gabriel e Toni Soares, velhos parceiros, estavam em total sintonia. Depois de abrir a sessão, com "Balanço do Mar", um boi retumbante, Toni Soares chama ao palco, Almirzinho Gabriel. Juntos eles cantam "Clarão da Lua", de Almirzinho, que pede nesta hora o auxílio luxuoso de Pipira do trombone. Faz toda a diferença. E assim jogam tudo pro alto. Desafiando a gravidade, dançam, dão pequenos saltos, viram meninos e somam, movidos à musicalidade da região nordestina paraense. 

Final de mais um ato. O cenário de floresta some abrindo espaço para um bailinho de miriti, com rádios de pilha e bonecos, casais que reforçam o clima de festa. É avez de surgir Lia Sophia (“Ai Menina” e “Amor e promoção”), Mestre Solano (Abaetetuba), Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro (Fogo na Morena e Legal e Ilegal), Luê Soares ( Sei Lá) e Curica (Pedreirinha de Marituba). Vemos chegando Manezinho do Sax e Pantoja , que tocam “Mangabeira” e “Lambaridó, tendo ao lado dois cabeçudos do Bai Veludinho. 

Mestre Vieira e Mestre Curica
No final de mais um ato, Vovô assume a bateria e Mestre Vieira chega, nos fazendo vibrar com sua guitarrada. Toca “Viajando”, para depois compor um trio com Pio Lobato e Curica. A música, será uma das surpresas do show. Não estava o roteiro. 

Mais uma etapa chega ao fim. Sai bailinho e entra a aparelhagem, claro, feita de miriti. Vamos seguir para o final, com Mestre Laurentino, em mais momento que se promete vibrante. 

A música é “Lorinha Americana”, que ele canta, dança e toca harmônica com intensa versatilidade, matando de inveja muito moleque por aí. Gang do Eletro entra com ótima presença de palco. Keila Gentil, Willian e Maderito acontecem, representando um novo frescor para a música de aparelhagem, misturando batidas do eletrohouse com instrumentos do tecnomelody paraense e que, junto ao DJ Waldo Squash, eles são Eletromelody. 

Cyz Zamorano não resiste e dança com Laurentino
Feito isso, abre-se espaço para o brega na participação de Edilson Moreno. Ele canta “Vaza, Mana”.

Gaby Amarantos fecha o espetáculo cantando “Gemendo”e “Merengue Latno” e em seguida chamando todos os artistas para uma finalização coletiva e com muito carimbó. 

Participam também da banda base, Davi Amorim (guitarra, Adriano Souza (bateria). Hoje também começa o circuito Terruá pela cidade. 

Enquanto isso, nos bastidores do ensaio, produtores e técnicos agitam para que tudo dê certo nos próximos dias. Sandra Machado vai de camarim  em camarim. Está dando consultoria de figurino a toda esta tropa de artistas, além de criar diretamente os de Gaby, Felipe e Gang do Eletro. Quem não puder ir ao show vai ver tudo pela Tv e ouvir tudo pela rádio. A Rede Cultura de Comunicação transmitirá ao vivo na quinta-feira, 02. Nos outros dias a transmissão será apenas on line através do Portal Cultura.

Essa Gang é sucesso!
E não esqueçam, tem pocket show no Boteco das Onze, com o músico Adelbert Carneiro, de 13h às 14h. 

A programação segue amanhã também no IAP com debate e palestra, além de mais poketc show e festas que estenderam a conversa da música paraense para além dos múros neoclassicos do theatro da Paz. Ney Messias, secretário de comunicação do estado e produtor executivo do Terruá, sentado á plateia, vê o ensaio e confirma. "O circuito paralelo é para isso mesmo, para que as pessoas conversem, troquem ideias e não se limitem a convivencia do show", afirma. Veja mais detalhes, aqui.

30.7.12

Terruá lança CDs e DVDs com grande programação

Prepare-se para ser arrebatado pela música paraense. Amanhã, 31, a noite será para convidados, mas o público terá quatro dias para ver o Terruá Pará, com Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro, Lia Sophia, Mestre Vieira, Dona Onete, Paulo André Barata e muitos outros artistas de 1o a 4/08, às 20h, no Theatro da Paz. 

O show marca o lançamento dos CDs e DVDs das edições anteriores, apresentadas no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em 2006 e 2011.  A temporada tem entrada franca, com ingressos que poderão ser retirados na bilheteria do teatro, nos dias dos shows, a partir de 9h. A programação, porém, não se limita aos shows no Theatro da Paz. 

Paralelamente, estarão acontecendo pocket shows no Boteco das Onze, começando nesta terça-feira, 31, com a apresentação de Adelbert Carneiro, de 13h às 14h. Nos dias seguintes a programação terá Gente de Choro (dia 1o), Charme do Choro (dia 2) e Puget Blues (dia 3), sempre no mesmo horário. No sábado, dia 4, o grupo Carimbó Cobra Coral se apresenta na Saldosa Maloca, de 14h30 às 16h. 

No Instituto de Artes do Pará, haverão debates, sempre de 14h30 às 16h. Na quarta-feira, 1º, o papo é sobre “Música Tropical”, com Carlos Educardo Miranda, que é também o diretor musical do Terruá, Dago Donato e Waldo Squash. 

A mediação é de Vladimir Cunha. Na quinta-feira, 2, a conversa vai girar em torno do seguinte tema: “O Pará é o foco da nova música brasileira?”, com José Flávio Júnior, Ronaldo Evangelista e convidados, com mediação de Márcia Carvalho. 

Na sexta, 3, haverá a palestra “Circulação de artistas e marketing na Europa, Estados Unidos e América Latina”, com David Mcloughin (BM&A). O Circuito Terruá reserva ainda atrações musicais para o pôr-do-sol no Palafita: Camila Honda e Enquadro (dia 1o), Projeto Charmoso e Aíla Magalhães (dia 2) e Tony Brasil (dia 3) se apresentam entre 17h e 18h. 

Após os shows no Theatro da Paz ainda tem mais programação do terruá. O público poderá curtir Felipe Cordeiro e convidados no Boteco das Onze (dia 1o), o Baile Tropical com Dago Donato na Casa México, dia 2, e a Festa Se Rasgum com Laurentino e Os Cascudos + DJs convidados no Café com Arte, no dia 3. As bandas Turbo, La Orchestra Invisível, Projeto Secreto Macacos, Elder Effe e DJs Meachuta estarão no Açaí Biruta, no dia dia 4.

CDs e DVDs -  Com o lançamento dos CDs e DVDs do Terruá Pará, o público finalmente pode ter um registro inédito da variedade e originalidade da música paraense contemporânea. 

Cada show foi transformado em DVD e CD duplo, compondo um boxe com design e projeto gráfico de Bina Jares. Mas também é possível adquirir os produtos separadamente. Os CDs e DVDs do Terruá Pará estarão à venda no Theatro da Paz, durante a temporada do show, e também na loja Na Figueredo. 

No primeiro show, gravado no Auditório Ibirapuera, em março de 2006, estão Dona Onete, Mestres da Guitarrada, Nilson Chaves, Lucinnha Bastos, Grupo de Tubas da Amazônia, Arraial do Pavulagem, Toni Soares, Almirzinho Gabriel, Trio Manari, La Pupuña, Metaleiras da Amazônia, Gaby Amarantos, DJ Iran, Mestre Laurentino, Fafá de Belém, Boi Veludinho, Vovô, Pio Lobato, MG Calibre e Luiz Pardal.

No segundo show, gravado também no Auditório Ibirapuera em junho de 2011, estão Conjunto de Carimbo Uirapuru, Trio Manari, Sebastião Tapajós, O Charme do Choro, Dona Onete, Pio Lobato, Paulo André Barata, Orquestra de Violoncelistas da Amazônia, Lia Sophia, Solano, Felipe Cordeiro, Manoel Cordeiro, Luê Soares, DJ Waldo Squash, Gang do Eletro, Edilson Morenno, Gaby Amarantos, MG Calibre, Luiz Pardal, Luiz Félix Robatto, Adriano Sousa e Esdras de Sousa. 

Carlos Eduardo Miranda
Show - Com direção musical de Carlos Eduardo Miranda e direção artística de Cyz Zamorano, a edição deste ano traz ao palco artistas que participaram das duas primeiras edições: Sebastião Tapajós, Trio Manari, Orquestra de Violoncelistas da Amazônia, Paulo André Barata, Pio Lobato, Mestre Vieira, Mestre Curica, Dona Onete, Toni Soares, Luê Soares, Almirzinho Gabriel, Felipe Cordeiro, Manoel Cordeiro, Nilson Chaves, Lia Sophia, Mestre Solano, Gang do Eletro, Mestre Laurentino, Gaby Amarantos e Metaleiras da Amazônia, formada pelos músicos Manezinho do Sax, Pantoja e Pipira do Trombone.

Eles são acompanhados por uma banda base, formada por alguns dos melhores instrumentistas paraenses: Luiz Félix Robatto, Pio Lobato e Davi Amorim (guitarra), Adriano Sousa, Vovô e Edvaldo Cavalcante (bateria), MG Calibre (baixo), Esdras Souza (saxofone e flauta transversal), Jade Guilhon (violino e bandolim), Edgar Matos (teclado) e Trio Manari (percussão). O contrabaixista Adelbert Carneiro fará uma participação especial. 

“Um show com excelência na produção, artistas de altíssimo nível e de várias sonoridades, mostrando parte do que é produzido no Pará. Isso encanta qualquer plateia”, diz Adelaide Oliveira, presidente da Cultura Rede de Comunicação. “Nossa intenção é celebrar essa música brasileira feita no Pará. O Terruá faz a música paraense circular e atrai cada vez mais olhares para nós”.

Após a temporada no Theatro da Paz acontecem as apresentações fora do Estado, para o público de São Paulo – entre os dias 05 e 07 de outubro, no Auditório Ibirapuera – e do Rio de Janeiro, em data e local ainda a serem divulgados. Saudado pela crítica especializada como um dos melhores produtos culturais concebidos no Estado, o Terruá Pará deu enorme visibilidade à música paraense. 

Paulo André Barata
No ano passado, o show foi indicado ao 7° Prêmio Bravo! Bradesco Prime, um dos mais importantes da cultura brasileira. Grandes veículos da imprensa nacional, como O Globo, Estadão e Folha de São Paulo, revistas Trip e Rolling Stone, TV Globo e Rede Record participaram da divulgação e cobertura do show. 

Realizado pelo Governo do Estado do Pará, por meio da Cultura Rede de Comunicação e da Secretaria de Estado de Comunicação, o Terruá Pará integra a política pública de difusão e circulação da música paraense. As duas primeiras edições reuniram 99 artistas de diversos gêneros musicais, da lambada ao carimbó, do boi-bumbá ao eletromelody, mostrando ao público toda a originalidade sonora que só se encontra no Pará.

Serviço 
Terruá Pará 2012. Show de lançamento dos CDs e DVDs. Estreia dia 1o de agosto, às 20h, no Theatro da Paz. Temporada até dia 04, nos seguintes horários: dias 02 e 03, às 20h, e dia 04, às 18h. Entrada franca, com distribuição de ingressos na bilheteria do teatro, nos dias dos shows, a partir de 9h. Circuito Terruá Pará, com shows, festas, debates e palestra em vários espaços da cidade. Mais informações: www.terruapara.com.br.

27.7.12

IV Festival Cultura de Música ainda com inscrições

Com objetivo de divulgar e estimular a produção musical paraense, as inscrições do IV Festival Cultura de Música foram prorrogadas até o dia 24 de agosto. O IV Festival Cultura de Música é uma parceira entre a Rádio, Tv e Portal Cultura e a Associação das Rádio Públicas do Brasil (ARPUB) e visa estimular a divulgação e circulação da música paraense.

O concurso é uma forma também de abrir espaço na programação da Rádio Cultura (93,7 FM) para a veiculação de músicas inéditas produzidas pelos artistas locais ou residentes no estado. Serão selecionadas até 12 músicas em duas categorias diferentes: música com letra e música instrumental, totalizando 24 músicas que tocarão no rádio e concorrerão pelo voto dos ouvintes, até chegar às vencedoras. 

Além de tocar na programação da Rádio Cultura, os vencedores de cada categoria gravarão um Programa Conexão Cultura ao vivo, que será veiculado pela Rádio, Tv e Portal Cultura, divulgando e fortalecendo seu trabalho junto ao público. Além disso, os ganhadores da etapa local estarão aptos a concorrer à etapa nacional do Festival da ARPUB.

Grupos, músicos, ou bandas de qualquer estilo musical podem se inscrever, sem nenhuma restrição. O único requisito de inscrição é que a música seja original e inédita e possua até cinco minutos de duração. Para outras informações ligue: 4005-7727 (Produção da Rádio Cultura FM) e no Portal Cultura.

26.7.12

Compositor maranhense lança novo CD em Belém

Ele é compositor e violonista. Nosly está em Belém e lança nesta sexta-feira, 27 de julho, no Espaço Cultural Boiunas (bar do Mário Moraes - Rua dos Pariquis, entre Padre Eutíquio e Apinagés), o CD Parador, com produção musical de Zeca Baleiro. O show contará com participações especiais. A partir das 22h. 

Com 13 faixas e parcerias com Chico César, Sérgio Natureza, Fausto Nilo e os poetas Olga Savary e Celso Borges, além da participação de Zélia Duncan, Parador é o terceiro disco do compositor e violonista maranhense, Nosly. O título é uma referência ao trem que sai da Central do Brasil em direção à Zona Norte do Rio, e também uma homenagem ao Tio Neca, um tio do artista, já falecido, que morava na região.

"A idéia de gravar um disco com a produção de Zeca Baleiro é antiga. Ainda não tinha saído por causa da agenda dele e porque eu estava morando na Europa. Quando voltei em 2009, ficou mais fácil”, comenta Nosly. E o produtor Zeca Baleiro caprichou no time de músicos convidados: Tuco Marcondes (cordas), Fernando Nunes e Gerson da Conceição (baixo), Guilherme Kastrup (bateria e percussão), Adriano Magoo (teclados), Junior Gaiato (gaita) e Hugo Hori e Hombre Ceruto (metais) estão entre eles.

Além de parcerias com Zeca Baleiro (Oh Baby Perdoe e Versos Perdidos, dividida com Fausto Nilo), Chico César (Bilhete Azul Claro), Sérgio Natureza (Vôo Noturno), Vanessa Bumagny (Apesar de Doer), Olga Savary (Nome, com participação especial de Zélia Duncan), Fernando Abreu (Você vai me Procurar), Gerude e Luis Lobo (Parador) e Celso Borges (Aldeia, com participação vocal de Zeca), Parador traz três regravações: Aquela Estrela (Ronald Pinheiro e Jorge Thadeu), I ll Have to Say I Love You in a Song (Jim Croice) e I’ll be Over You (Toto). 

Autor de mais de 200 composições em diversos estilos, da MPB tradicional, passando pela Bossa Nova e pelo blues, até chegar aos ritmos dançantes como baião, reggae e funk, Nosly nasceu em Caxias, Maranhão, em agosto de 1967. Começou a compor na adolescência, já morando em São Luís. Autodidata, conquistou rapidamente os espaços culturais da cidade destacando-se em festivais. 

No início dos anos 80 iniciou parceria com Zeca Baleiro e em 1986 mudou-se para Belo Horizonte. Aprimorou seus conhecimentos como violonista estudando, entre outros, com Ian Guest, Nelson Faria e Cláudia Cimbléris, além de participar de workshops com Toninho Horta, Dori Caymmi, Hermeto Paschoal e Heraldo do Monte. 

Na capital mineira atuou por três anos como violonista na Orquestra de Violões do Palácio das Artes. Tocou também em shows de Toninho Horta, Lô Borges, Flávio Venturini e Paulinho Pedra Azul. 

Nos anos 90, Nosly participou de vários festivais pelo país, com destaque para o Canta Nordeste (Rede Globo, 1995) e o Festival do Carrefour (1992 e 1993). Em 1995, ao lado da banda Brasil Corcovado, da cidade de Colônia/Alemanha, fez 44 apresentações em turnê por cinco países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda e Suíça. Dois anos depois, voltou a Europa como convidado do compositor escocês Joe Hamilton, com quem tocou no The Garden London Jazz Festival, em Canterbury/Inglaterra.

25.7.12

Belém na rota dos espetáculos premiados no país

Depois dos Clowns de Shakespeare com "Sua Incelença, Ricardo III" (Natal-RN), do Cênica Corporal Uma (Manaus/AM) e de “A Mulher que Comeu o Mundo”, do Grupo UTA - Usina do Trabalho do Ator (Poa-RS), é a vez de Belém receber o "Protocolo Lunar", de Os Imaginário(Salvador-BA), que estará aqui em agosto. 

Com apresentações sempre às 20h, na sexta, 03, o espetáculo no sábado, 04, e no domingo, 05, também ganha sessão extra às 16h. O grupo “Os Imaginários” ainda realiza em Belém uma oficina gratuita de Teatro de Animação (9h às 13h)  e abre bate papo sobre sua pesquisa, com o público (17h), no dia 04. Tudo no Teatro Cláudio Barradas.

Os Imaginários já estão vindo de Salvador, Recife e depois de Belém, retornam à Bahia e se apresentam em Vitória da Conquista. O Pará tem sido rota obrigatória para inúmeros grupos de teatro que circulam pelo país. Os projetos chegam aqui contemplados com Prêmios da Funarte em Circulação, como o Myriam Muniz e Klauss Vianna de Dança, principalmente. Trazem não só com apresentações, mas também oficinas, workshop e outras ações que possibilitam a troca de experiências com artistas locais. 

Ambos os lados saem alimentados com o “ouro” do outro. Iniciativas de intercâmbio enriquecem e aproximam a cultura brasileira em sua diversidade de uma forma genuína e ampla.

Além da Funarte vemos que o Sesc também tem tido esta preocupação, com seu Palco Giratório, Amazônia das Artes e o Aldeia Sesc Círio. Fundamentais, eles devem assim servir de inspiração a tantos outros possíveis patrocinadores que podem apoiar mais editais ou projetos independentes que apontam nesta mesma direção. 

"Protocolo lunar" é um retorno às histórias que usam a imaginação como principal fonte para a criação, tendo como respaldo uma pesquisa meticulosa, sustentada, dentre outras, pela teoria de um dos pensadores mais reverenciados na contemporaneidade – Gaston Bachelard.

Tem direção, encenação e atuação da professora Sonia Rangel acompanhada pelos ex-alunos, graduandos e pós-graduandos da Escola de Teatro e Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Eles são Os Imaginários, grupo desenvolve pesquisa no campo das estratégias cênicas com atores, transitando pelas interfaces do Teatro de Imagem, de Objetos e de Animação. 

De apelo científico e aprumo intelectual de estética elaborada, Protocolo Lunar é dedicado ao público infanto-juvenil, só que de todas as idades e backgrounds culturais. É um espetáculo poético, lírico, que só se realiza com a mistura de sensibilidades de quem “faz” com a de quem o “assiste”.

A história se desenvolve a partir do encontro entre uma menina e uma velha. A menina com sede de conhecimento do mundo e querendo entender o que é a poesia e a velha traz em suas malas uma biblioteca inusitada, com livros que nem parecem livros.

Dentre os que ela mostra, encontra-se o “pergaminho” Protocolo Lunar, no qual se lê sobre a origem da Lua e histórias de amor – com a própria Lua em papel de destaque. E assim vai narrando histórias de quando a Lua ficava tão perto da Terra, mas tão perto, que se podia chegar até ela por uma escada portátil que se desenrolava no céu.

O fio condutor é uma história de amor que vai evoluindo e se transformando em novas e intrigantes situações, todas elas representadas cenicamente por objetos, bonecos, cenas filmadas, efeitos de computação gráfica e outros materiais. Há, também, dois músicos presentes na cena. Ao todo, são dez personagens – dois vividos por duas atrizes - mais oito personagens bonecos, dentre estes Dona Domingas que é um duplo da velha, animados por um elenco de sete atores. 

Prêmio Funarte Myriam Muniz, na categoria circulação 2012, e do Braskem, na categoria Prêmio Especial, pela iluminação de Pedro Dultra, que cria essa atmosfera onírica das conversas entre a menina e a velha, Protocolo Lunar é um tributo poético, uma aventura compartilhada entre palco e plateia. 

Oficina e bate papo - A oficina Teatro de Animação, tem 20 vagas disponíveis e 4 horas de duração. Propõe-se uma vivência com teatro de animação a partir da apropriação de jornais velhos. Sem pré-requisito, destinada a adultos e de crianças a partir dos oito anos de idade. No Bate-Papo “Os Processos Criativos em Protocolo Lunar” serão abordados aspectos teóricos, metodológicos e técnicos que deram origem ao terceiro espetáculo do grupo. 

Serviço 
Protocolo Lunar apresenta em Belém nos dias 03, 04 e 05 de agosto, no Teatro Universitário Cláudio Barradas – R. Jerônimo Pimentel com D. Romualdo de Seixas - Umarizal - às 20h. Aos sábados e domingos também haverá sessão às 16h. Mais informações, com Yarasarrath Lyra, pelos fones 71 8805.4404 (Oi) e 71 9217.1063 (Tim).

Geração "Rock Brasília" na tela do Cine Estação

O Cine Estação das Docas exibe o documentário “Rock Brasília - Era de Ouro”, com imagens de arquivo filmadas por Vladimir Carvalho desde o fim da década de 70 até os anos 2000. O filme estreia nesta quinta, 26 de julho, às 18h e 20h30. No sábado (28), a sessão acontece excepcionalmente às 19h. Isso porque após a sessão, haverá apresentação da banda Tomarock com músicas do Legião Urbana e outros hits do Rock Brasil 80. 

Como a geração dos jovens de Brasília dos anos 80, filhos de profissionais liberais cheios de utopia que se mudaram para a capital federal nos anos 60, mudou os rumos da música brasileira? 

Nesta terceira parte de uma trilogia sobre a formação histórica, política e cultural de Brasília – as outras são “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1991) e “Barra 68” (2000) –, o cineasta Vladimir Carvalho investiga as origens das grandes bandas de rock que tomaram de assalto o cenário musical brasileiro a partir de 1980, como Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso e outras.

Uma história feita de depoimentos reveladores dos grandes protagonistas do período: Renato Russo (em imagens raras e inéditas), Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto, os irmãos Fê e Flávio Lemos e Philippe Seabra, além dos artistas que se aproximaram dessa turma, como Caetano Veloso. 

Uma história pontuada por momentos inesquecíveis, como o quebra-quebra no show do Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha em junho de 1988; e o show do Capital Inicial na Esplanada dos Ministérios em 2008, com Dinho cantando a música do colega Renato Russo: "Que País É Esse?". A história de um sonho que segue de perto a grande utopia que foi a própria construção de Brasília e da transferência da capital para o planalto central. 

O diretor - Um dos maiores documentaristas do Brasil, Vladimir Carvalho nasceu em Itabaiana, Paraíba. Em Salvador, é colega de turma de Caetano Veloso na faculdade de Filosofia nos anos 60, e torna-se um dos mais ativos membros da UNE (União Nacional dos Estudantes). 

Toma parte na vertente documentarista do Cinema Novo, ao lado de seus amigos Glauber Rocha e Orlando Senna. Em 1964, é diretor-assistente de Eduardo Coutinho em “Cabra Marcado para Morrer”, considerado por muitos críticos o melhor documentário brasileiro de todos os tempos. Em 1971, seu filme “O País de São Saruê” é retirado do Festival de Brasília pela censura federal. 

Após inúmeros filmes na década de 80, ele lança em 1990 “Conterrâneos Velhos de Guerra”, com depoimentos dos trabalhadores nordestinos que construíram a nova capital federal, consagrado como Melhor Filme no Festival de Brasília. Em 2000, é a vez de “Barra 68”, sobre a resistência da UnB durante o período militar. 

“O Engenho de Zé Lins” sobre a vida e obra do escritor José Lins do Rego, foi lançado em 2006. Depois de “Conterrâneos Velhos de Guerra” e “Barra 68”, “Rock Brasília” encerra a trilogia sobre a história da capital federal.

Rock Brasília - Era de Ouro Documentário. Duração: 111 min. Com Renato Russo, Herbert Vianna, Bi Ribeiro, Dinho Ouro Preto, Caetano Veloso, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá. Direção: Vladimir Carvalho. Censura: 12 anos. Veja mais no yutube 

Sessões
Julho: 26 (quinta), às 18h e 20h30 27 (sexta), às 18h e 20h30 28 (sábado), excepcionalmente, às 19h. Após a sessão, apresentação de banda de rock com músicas do Legião Urbana. 29 (domingo), 10h, 18h e 20h30. Agosto: 5 (domingo): às 18h 16 (quinta-feira): às 20h30 17 (sexta-feira): às 18h Ingressos: R$ 8,00 (com meia-entrada para estudantes). Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado.

24.7.12

Flávio Venturini faz shows esta semana em Belém

Um dos compositores mais gravados do país, Flávio Venturini retorna a Belém nesta quarta (25) e quinta (26) para apresentar o show “Não se apague esta noite”, a partir das 20h, no bar-teatro CamarIN Cultural. Venturini mostrará canções inéditas do CD “Fotografia de um amor” e um repertório de sucessos que foram trilha sonora de diversas gerações nas décadas de 80 e 90. 

A apresentação reúne de tudo um pouco e enche ainda mais de romantismo os corações apaixonados. 

“Toda a suavidade e o romantismo, característicos das minhas canções, podem ser conferidos no show que mostra novas músicas, fruto de uma fase apaixonada e feliz da vida, entremeadas por grandes sucessos que me acompanham desde os tempos do Terço, 14 Bis e Clube da Esquina”, avisa o cantor.

O nome do show também é o mesmo do último CD/DVD lançado por Venturini e reforça a velha máxima de que o palco é a extensão da casa do artista. Gravado entre o Museu das Artes da Pampulha – a casa de todos os mineiros – e a própria sala de estar de Venturini, o álbum percorre uma trajetória devotada à busca da melodia perfeita. 

Seja qual for o ambiente, o compositor se encontra ativo, em permanente reconstrução, alinhando novos temas aos sucessos que há gerações transbordam de sua nascente musical. E no rol de canções, é claro que não poderiam ficar de fora os consagrados sucessos que foram rilha sonora de diversas gerações durante as décadas de 80 e 90, como “Noites com Sol”, “Todo Azul do Mar”, “Mais Uma Vez”, “Cidade Veloz”, “Espanhola” e “Quando você chegou”. 

“Reservei outras surpresas para o público de Belém e incluí no show, músicas inéditas que vão estar no meu novo CD que sairá no final do ano. Entre elas estão ‘Fotografia de um amor’, tema que compus para a trilha do filme ‘As mães de Chico Xavier’, e ‘Até outro dia’. Também canto uma regravação ‘Leãozinho' do Caetano Veloso”, revela Venturini. 

“Tem uma música ainda inédita que acabei de compor com Ronaldo Bastos chamada Cais de Belém, que talvez apresente no show”, conta, revelando que a música tem inspiração paraoara, afinal, Flávio tem uma ligação forte com Belém. Vira e mexe está por aqui – a trabalho ou a passeio – reencontrando músicos e poetas amigos como Nilson Chaves e Marco André, ou curtindo a culinária e a arquitetura paraense. 

Serviço
Show de Flávio Venturini dias 25 e 26 de julho, a partir das 20h, no CamarIN Cultural (Senador Lemos, 252). Ingressos antecipados a R$ 30. Mesa para 4 pessoas R$ 200. Informações (91) 3349-0533 e 9985-1807.

22.7.12

O que rola na última semana de julho em Belém

"Pro Ensaio Geral", na quarta - Teatro Cuíra
Segue na Cidade Velha e na Campina, o 6º Festival Cultura de Verão, que durante todo este mês trouxe ao público shows, espetáculos e outras atividades artísticas. Então se você vai ficar por aqui, veja o que vai rolar. 

Na última semana de julho, o Festival Cultura de Verão recebe na Praça do Carmo, nesta segunda-feira, 23, a Big Band Abaeté Latin Jazz de Abaetetuba, a partir das 19h.

No Trapiche da Casa das Onze Janelas tem Simone Almeida, Projeto Charmoso e Banda Sayonara, na terça, 24, e Raiz de Cafezal, Quaderna e Pinduca, na quarta-feira, 24. Tudo a partir das 20h. Antes, às 19h, no paredão do Píer tem exibição dos filmes Brega S/A (terça) e A Moça do Táxi.

Na quarta tem os curtas O Curupira, A Piraíba, Admirimiriti e Nossa Senhora dos Miritis. No Espaço Cuíra, na terça será apresentado La Fábula (Cia Madalenas) e na quarta, Pró-Ensaio Geral (BAI - Bando de Atores Independentes). A partir das 19h. Tudo entrada franca.

19.7.12

Documentário mostra o original Boi de Máscaras

Patrocinado principalmente pelo Banco da Amazônia e pela prefeitura de São Caetano de Odivelas, "Boi de Máscaras’ será lançado nesta quinta-feira, 19 de julho de no Instituto de Artes do Pará e no sábado, 21, na praça principal de São Caetano de Odivelas.
 
Nos fundos da casa da família Zeferino, em São Caetano de Odivelas, nordeste do Pará, um boi ‘descansa’ depois de um mês inteiro de atividades. Há mais de sete décadas pelo menos, é um ritual que se repete. O boi em questão é o ‘Boi Tinga’, uma das maiores tradições culturais de um município que ainda costuma acordar de madrugada ao som de uma banda de música que percorre as principais ruas da cidade. 

Ver e acompanhar o boi pelas ruas de São Caetano durante o período junino, sempre fez parte do universo da jornalista Angela Gomes. Um universo que continuou acompanhando a jornalista mesmo anos depois dela já não morar no município e que a ele agora retorna a partir de um documentário. “Boi de Máscaras”, co-direção de Cezar Moraes é, ao mesmo tempo, registro histórico e homenagem. Resgate e reconhecimento. 

Ao documentar a festa do Boi de Máscaras, uma espécie de “boi-bumbá”, que ocorre em São Caetano de Odivelas, município de quase 20 mil habitantes a 120 km de Belém, o filme se propõe a ser também um instrumento de valorização da cultura regional. Não é pouca coisa. 

O conhecimento que se tem sobre a origem da manifestação do ‘boi’ em São Caetano é o surgimento do Boi Tinga, na década de 1930 como uma brincadeira de pescadores da cidade que estavam na região do Marajó, e tiveram a ideia de “botar” um boi como brincadeira nos dias santos da quadra junina, que eram os dias em que não se trabalhava, os dias dedicados ao descanso e ao lazer ou à veneração aos santos do dia. 

Um dos pescadores era Laudelino Zeferino, que trouxe do Marajó uma cabeça de boi que compôs o primeiro cortejo. Como relíquia, os chifres ainda são preservados pela família de Laudelino no Boi Tinga. “Tudo começou quando um grupo de pescadores aproveitava os domingos para lavar os barcos de pesca. Desse momento de quase descontração entre eles surgiu a ideia de criar o Boi Tinga”, conta Lucival Zeferino, neto de Laudelino.

Depois dele, outros bois, como o Faceiro, por exemplo, passaram a fazer parte da tradição nas ruas de São Caetano. “Mas a verdade é que há pouco ou quase nenhum registro sobre a verdadeira história ou origem, dando margem a versões e memórias que se reproduzem e se perpetuam pela oralidade. Assim, ele atravessou gerações puramente por mérito da cultura oral, a exemplo do que ocorre com as tradições, crenças, lendas e mitos populares”, explica a diretora.

Com 52 minutos de duração, “Boi de Máscaras”, também é uma homenagem particular. A ideia surgiu em 2010, quando um grupo de amigos unidos por um programa de oficinas de audiovisual no Instituto de Artes do Pará, resolveu formar um “coletivo de cinema” para colocar em prática ideias e projetos. Angela lembrou tempos passados. A manifestação em São Caetano acabou sendo escolhida como foco. Em três finais de semana o grupo foi ao município. 

O resultado foram 20 horas de gravação. Inicialmente foi produzido em 2011 o documentário ‘Toda Qualidade de Bicho’, de 10 minutos, sobre o trabalho, a sabedoria e a história de vida do Mestre Dorrês, o artesão que foi por mais de 60 anos o único confeccionador dos bois usados na manifestação do boi de máscaras do município. O filme foi premiado no último dia 30 de junho no 3º Festival Curta Amazônia, em Porto Velho (RO), como o curta de melhor produção amazônica. 

Foi o quinto festival que o filme participou, tendo estado na competitiva de festivais em Recife e Manaus. Mas o fato é que o material era tão rico que o projeto tomou rumos maiores. Acabou virando um média metragem com 52 minutos de duração. No meio do processo, Bruno Assis, diretor de fotografia do documentário morreu em fevereiro de 2011. Um golpe duro de assimilar pela equipe. “O Bruno era o maior incentivador e catalisador da equipe. 

A morte dele foi uma espécie de balde de água fria para todos nós”, diz a diretora. Por conta da perda, o projeto só foi concluído em 2012, mais de um ano depois da morte de Assis. O documentário é também uma homenagem a ele.

A narrativa do documentário é desenvolvida a partir de depoimentos dos principais envolvidos na manifestação, como os responsáveis pelos bois, os descendentes das famílias dos fundadores, os artesãos que confeccionam as máscaras e capacetes dos pirrôs e as “cabeças” dos cabeçudos; os alfaiates das roupas típicas; e os músicos que formam as orquestras de boi quando junho chega. “Ou seja, a história contada por quem faz a manifestação, daí não haver opinião ou análise de ‘autoridade’ como de antropólogo ou historiador, sobre o boi. 

O documentário lança um olhar com o objetivo de constituir-se, não em um retrato, mas em um registro da manifestação e da cultura local, através de uma narrativa construída sobre entrevistas e imagens do cotidiano de quem preserva parte desse patrimônio imaterial,” diz Angela Gomes. 

 A participação no ‘boi’ é espontânea e natural entre a população. Qualquer pessoa pode participar e brincar. E foi a adesão espontânea da população que fez o boi de máscaras resistir ao tempo, deixar de ser apenas uma brincadeira de amigos e instituir-se como parte da cultura local, como ocorre com toda manifestação popular. 

A brincadeira foi absorvida e elaborada pelas gerações seguintes e, mesmo tendo nascido sob forte influência do tradicional boi-bumbá, ao longo dos anos adquiriu características próprias e hoje é uma manifestação que ocorre apenas no Pará, fato comprovado em pesquisa de doutorado do professor Guilherme Fernandes, da Universidade Federal do Pará (2004), que analisou manifestações do gênero no Norte e Nordeste.

“O trabalho é fruto da colaboração e boa vontade das pessoas de lá, que aceitaram contar suas histórias”, diz Angela Gomes. “É uma grande responsabilidade fazer um documentário retratando a história da própria comunidade, porque se cria uma expectativa enorme nas pessoas que serão retratadas ali, já que são histórias reais e não de ficção, são pessoas com quem continuarei convivendo durante o resto da minha vida. Sempre ‘vivenciando’ o boi”, diz.

Serviço
Lançamento do documentário Boi de Máscaras. Nesta quinta-feira, 19, às 19h30, no Instituto de Artes do Pará (IAP) – Praça Justo Chermont, 236, Nazaré – ao lado da Basílica de Nazaré. No sábado, dia 21, às 20h, na Praça da Prefeitura Municipal - São Caetano de Odivelas (nordeste do Pará).

17.7.12

Olho D'Água circula com espetáculo premiado

Vindo de Santarém, no Oeste do Pará, o grupo Olho D´Água está novamente em Belém para apresentar o premiadíssimo “’As Bondosas’ Mulheres Chordeiras”, nesta quarta-feira, 18, no Teatro Maria Sylvia Nunes - Estação das Docas - às 20h. A entrada custa 2 kg de alimentos não perecíveis. Recomendado para maiores de 14 anos, o espetáculo foi mais uma vez premiado, desta vez, contemplado com o Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro para circular pelo país.

O grupo ganhou o Prêmio de Teatro Myriam Muniz da Funarte, na categoria circulação, mas a verdade é que desde que o espetáuculo estreou em 2005, já esteve em várias cidades, participando de festivais e eventos teatrais, entre eles, o II Festival de Teatro da Amazônia, realizado em Manaus, no mesmo ano de sua estreia, e já saiu dali premiado - Melhor Espetáculo (Júri Oficial), Melhor Ator (Adriano Feitosa) e Melhor Direção (Elizangila Dezincourt).

O grupo foi inicialmente formado por Tamara Saré, Clodoaldo Corrêa, Rosinaldo Garcia, Amilton Matsunaga, todos fotógrafos que também faziam parte do Olho D’água Produções de imagens, agregando a eles Elder Aguiar e Elizangila Dezincourt, que iniciaram um trabalho na área teatral. Em 2002 montaram o primeiro espetáculo “As Dez Mais Do Córtez Cerebral”, uma comédia pastelão em um ato, seguido pelas “’As Bondosas’ Mulheres Choradeiras” e ainda “Contos, Cantos e Encantos Tapajônicos”.

Comédia de costumes - As Bondosas Mulheres Choradeiras é baseado no texto do ator, diretor, dramaturgo e produtor maranhense Ueliton Ronton. 

A história se passa no velório de uma aristocrata chamada Tereza e mostra na trama, as situações vividas pelas personagens Astúcia, Prudência e Angústia, três carpideiras, que traduzem sentimentos individuais universais do ser humano.

O espetáculo tem duração de 80 minutos e discute o mundo sob o ponto de vista das choradeiras que, interpretada por atores, fazem uma caricatura do feminino em favor da Sátira à hipocrisia, discutindo o mundo sob a ótica das questões existencialistas que atormentam a humanidade.

Os integrantes do grupo Olho D'águagua conheceram o trabalho de Rocon em 2004, ao participar da Mostra de Artes do Cariri, no Ceará. Na mostra, o grupo santareno apresentou seu primeiro espetáculo e assistiu a montagem de “As Bondosas”, encenado pela Cia. Lua, dirigida por Ueliton Rocon. Foi o início de um intercâmbio que resultou na montagem do Olho D’água.

No ano seguinte, o espetáculo foi apresentado no mesmo local. “O teatro ficou lotado. As pessoas já conheciam a montagem do Rocon e queriam ver como ficou a nossa versão”, lembra Elder Aguiar, produtor do GRUPO Olho D’Água, que bateu um papo com o Holofote Virtual.

Holofote Virtual: Pelo que li à respeito no portfólio de vocêss, o espetáculo foi montado pela primeira vez em 2006. É isso mesmo? Como surgiu o projeto de montagem?

Elder Aguiar: Fomos selecionados pelo SESC – Crato no Ceará para participar da IV Mostra de Artes que acontece no Cariri. Fomos com o espetáculo “As Dez Mais do Córtex Cerebral”, onde nos apresentamos num circuito chamado Over12 de Teatro que consiste em 12 horas de apresentações ininterruptas nos mais variados espaços do SESC. Antes da nossa apresentação, assistimos a este espetáculo com o título de “As Bondosas” e foi paixão a primeira vista, conversamos com o autor – Ueliton Rocon e em seguida já estávamos trabalhando nele. 

Holofote Virtual: Exato. O atual espetáculo foi baseado no texto do Ueliton Roncon, mas vocês deram um enfoque diferente e um toque mais do próprio grupo. Quais as diferenças? 

Elder Aguiar: Sim! Na montagem, o próprio autor fala que seu espetáculo tem característica de um teatro que ele denomina de Claustrófobo, um teatro mais “sombrio”, fechado com uma luz bem focada. Um figurino feito com pano de rede. Enquanto direção, no trabalho dos atores a Elizangila, se procurou um novo ritmo para o espetáculo, uma nova pulsação, com um tempo de comédia diferenciado.

Já no nosso figurino, buscamos algo que remetesse a nossa realidade. Foi quando surgiu a ideia de utilizar algo parecido com o figurino que a Saraipora (personagem da Festa do Sairé) usou no ano de 1986, iguais no modelo, porém, diferente nas estampas. Nossa luz é mais aberta, mais chapada no palco e também focamos muito na questão da linguagem, adicionando ao texto, expressões da mais regionalistas. 

Holofote Virtual: Houve algum tipo de investigação sobre estas mulheres carpideiras, que costumavam chorar nos velórios? O que o espetáculo traz da pesquisa? 

Elder Aguiar: A montagem tem um de seus eixos centrais a visão de mundo que essas carpideiras tem, assim, precisávamos retratar prática de trabalho que elas desenvolviam, foi difícil, mas conseguimos encontrar uma em Santarém, onde pudemos entrevistá-la e perceber como era o seu ofício, a partir daí ficou mais fácil transformar essa prática em linguagem teatral. 

Holofote Virtual: Em 2011, vocês ganharam o Prêmio Myriam Muniz de Circulação. Para onde vão ainda e onde já estiveram?

Elder Aguiar: O projeto consiste em 11 apresentações, em 04 Estados do eixo Norte-Nordeste. Começamos pelo Estado do Maranhão, onde fizemos São Luiz, Santa Inês e Imperatriz. No Pará faremos Belém, Castanhal e Ananindeua. Vamos também para Amazonas, em Parintins, Itacoatiara e Manaus. Finalmente em Roraima, vamos estar Caracaraí e Boa Vista, mas não podemos deixar de apresentar em Santarém, onde encerraremos o projeto. 

Holofote Virtual: O espetáculo já foi mostrado aqui em Belém, no Teatro Gasômetro, em 2006. Há alguma novidade de lá pra cá dentro da montagem?

Elder Aguiar: Sim! A novidade além do figurino novo é o elenco que mudou com a entrada dos atores Ádrio Denner e Braz Filho com os personagens Prudência e Angústia, respectivamente, mudando completamente a cara do trabalho, comparando com as apresentações no Gasômetro. 

Holofote Virtual: O elenco trás vários fotógrafos, como é isso? (risos) 

Elder Aguiar: (risos) O único fotográfo profissional é o Ádrio Denner, que já expôs em várias universidades da cidade de Santarém, com projeto na área de fotografia, contemplado com bolsa do IAP 2011 e incentivado com a Lei Rouanet, na sua pesquisa intitulada Flâneur – Um Novo Olhar, mas todos os componentes fazem fotos sim, mas não de forma profissional. 

Holofote Virtual: Como é a produção de teatro em Santarém? As dificuldades de sempre em se produzir na Amazônia? Como é a cena teatral da cidade?

Elder Aguiar: Santarém tem em média uns 15 grupos de teatro, mas ativamente, apresentando sistematicamente, são pouquíssimos. Isso se dá realmente pela falta de incentivos principalmente do Governo que não tem política cultural para suprir a demanda da produção local, por isso grande maioria não apresenta seus trabalhos e acabam ficando mais no exercício do que propriamente na ação. Na Amazônia as dificuldades são imensas, haja vista que os custos são muito altos, além disso, estamos sentindo na pele a problemática da falta de espaços (teatros) para apresentar nosso trabalho.

Ficha Tècnica: Direção Geral, Figurino, Operação de Luz e Produção Executiva: Elizangila Dezincourt; Assistente de Produção: Kennedy Harilal; Ely Nunes; Maquiagem: O Grupo; Elenco: Prudência: Ádrio Denner; Angústia: Braz Filho; Astúcia: Elder Aguiar; Pesquisa musical: Levi Beltrão; Dramaturgia: Ueliton Rocon.

Serviço
Turnê das Bondosas Mulheres Choradeiras. Em Belém, nesta quarta-feira, 18 de julho, no Teatro Maria Sylvia Nunes, às 20h. Este Projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro. Apoio: Fundação Nacional de Artes – Funarte, Ministério da Cultura, Governo Federal, Brasil país rico é país sem pobreza, SESC – Pará, SECULT. A entrada custa 2 kg de alimentos não perecíveis.

Da Tribu mostra peças de papel machê e crochês

Nos modelos: Ana Marceliano, Michele Campos e Camila Honda
A coleção “O que vejo da minha janela”, da marca paraense de acessórios ‘Da Tribu’, será lançada nesta terça-feira, 17. Os acessórios contemporâneos são incríveis, impressionam. Trazem a assinatura da designer e artesã Kátia Fagundes. Às 20h, no Festival Cultura de Verão - Píer da Casa das 11 Janelas.

O trabalho é meticuloso e trazem cores que, aliadas ao intrínseco comprometimento com o meio ambiente, resultam em peças únicas e sofisticadas. Tendo a paisagem da sua casa como uma especie de ‘altar’, a designer capturou com seu olhar imagens e sons, transformando-os em colares, brincos, pulseiras, goleiras, anéis, casquetes e arranjos inspirados. 

A poética do que vê, ganhou nas mãos de Kátia ares de experimentação com materiais como o papel machê e o aprimoramento de técnicas de trabalho com o papel, além de muita pintura à mão livre. A pirografia e modelagem ajudam a dar uma forma delicada as peças exclusivas e carregadas de sentido. O interesse em resignificar materiais obsoletos que poderiam ser descartados, continua sendo uma preocupação presente na produção da Da Tribu. 

Os fios, tecidos e produtos que aparentemente não tem mais vida útil são matéria prima com a qual a marca cria e produz suas peças autenticas banhadas num conceito da Moda Sustentável. A coleção “O que vejo da minha janela” surge com peças sensoriais, que brincam com e integram a natureza com a cultura urbana, seja nos pequenos dramas cotidianos – como os moradores de rua que freqüentam a praça vizinha – ou na beleza dos traços dos Ipês. 

Cotidiano - Em paralelo à criação autoral, a marca desenvolve parcerias com outros artesãos, cujos produtos integram a coleção “Todo Dia”, perfeita para mulheres e homens modernos. Os produtos, para serem utilizados no cotidiano, privilegiam o conforto e a praticidade para todas as ocasiões, com estampas e design descontraídos e leves. 

A linha é clean e agrega qualidade à portabilidade, com objetos como Cases para notebook e net book, porta-celular, porta-carregador de celular, necessaire, carteira de mão, porta-cédula, porta-moeda, porta absorvente, organizador de bolsa, porta maquiagem, porta esmalte, e o que mais a imaginação permitir. 

Histórico - Presente no mundo virtual desde 2009, a Da Tribu aceita encomendas no blog e comercializa suas peças em bazares, mercados e feiras de moda como a Amazônia Fashion Week. Kátia, que gerencia a marca com a ajuda dos outros habitantes da oca ‘Da Tribu’, os filhos Tainah, Moahra e Kauê, resalta que o seu processo é orgânico e colaborativo. “O ateliê e a loja que estamos reformulando com a consultoria do Sebrae funcionam dentro de casa. Busco sempre fazer peças sustentáveis com acabamento refinado” acrescenta a artesã. 

Ficha Técnica: Criação: Kátia Fagundes e Walter Steel Fagundes; Produção: Kátia Fagundes, Walter Steel Fagundes, Iacy Steel Fagundes, Mariléa Aguiar; Pesquisa, argumento e texto: Moahra Fagundes; Marketing e vendas: Tainah Fagundes; Fotografia: Estúdio Lazuli. 

Serviço
Lançamento da coleção “O Que vejo da minha janela”. 6º Festival Cultural de Verão  - Da TribuDia, nesta terça-feira,  17 de julho, às 20h, no Pier das Onze Janelas. Entrada Franca. Mais informações: Blog: datribu.blogspot.com e (91) 8274-4770.