31.3.14

Cia de Animação Tato estreia Tropeço em Belém

Depois de duas apresentações em Bragança, no último final de semana, e no Centro da Terceira Idade Palácio Bolonha, na segunda-feira, 31 de março, a companhia coloca em cartaz o espetáculo “Tropeço”, que ganha sessões nesta terça-feira, 01 de abril, na Casa Dirigível, quarta-feira, 02 de abril, no Espaço Cultural Coisas de Negro, em Icoaraci, e de 3 a 6 de abril no Sesc Boulevard, em Belém.

No Espaço Cultural Casa Dirigível (40 lugares), nesta terça-feira, além da apresentação do espetáculo, às 20h, a programação tem direito a mesa redonda onde para discutir temas como sexualidade e terceira idade, além do próprio processo de trabalho da Tato Criação Cênica.

Além dos atores, participarão da mesa: José Mattos Neto – Psicólogo, e Alessandra Santos Nogueira, Terapeuta Ocupacional, Atriz e Palhaça, representante da FUNPAPA / CRAS Cremação como técnica do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).

Tropeço traz à cena, mãos que executam toda a ação de um espetáculo em 50 minutos. À luz de vela, o espectador é convidado a entrar no mundo delicado e emocional de duas simpáticas velhinhas que moram juntas.  O cenário minimalista é adequado para a atuação e exibição do virtuosismo dos artistas.

Sem a utilização de palavras, as personagens possuem uma linguagem inventada. Ruídos, efeitos sonoros, instrumentos e temas musicais são executados vocalmente pelos atores. A exploração desses sons cria uma dramaturgia sonora que acompanha e complementa a física.

Uma mesa, baús e alguns pequenos objetos criam o ambiente que contraria a visão que temos da velhice: as pequenas ações rotineiras criam um universo de sutileza e extravagância, poesia e comicidade em mãos que andam, dançam, bebem, respiram, riem e choram.

O espetáculo estimula a imaginação do espectador ao recriar através de duas mãos a imagem de um ser inteiro. Tratar a velhice de forma não convencional com uma dramaturgia aberta na qual o espectador faz sua própria leitura foi um dos objetivos da Tato.

A linguagem é fruto da junção dos trabalhos corporais desenvolvidos por eles nas áreas de teatro, dança contemporânea, mímica e teatro de formas animadas.  “Caminhar pelo simples”, resume Dico Ferreira, um dos atores fundador da Tato.

Tropeço é parte de uma pesquisa em dramaturgia física, a fragmentação de parte do corpo que ganha personalidade através do movimento. “A construção dramatúrgica baseada em ações físicas é um importante aspecto da companhia”, explica Katiane Negrão, artista que divide com Dico Ferreira, a direção do trabalho que já soma uma década. “Essa dramaturgia física é criada durante o processo de trabalho, através de improvisações de cenas, com atenção na comunicação corporal”, diz Ferreira.

Prêmios - O espetáculo de animação para adultos Tropeço recebeu os prêmios: Troféu da FILA, Melhor Espetáculo do Júri Popular do Festival Internacional de Londrina – FILO em 2009, Troféu Gralha Azul, concedido pelo Centro Cultural Teatro Guaíra do Paraná como melhor espetáculo de 2008, e ainda o Troféu Epidauro, concedido pelo Consulado da Grécia. 

Também foi escolhido como Melhor Espetáculo pelo júri especializado no Festival Internacional de Bonecos de Belo Horizonte de 2007. Ganhou ainda melhor direção, dramaturgia, iluminação e sonoplastia no Festival de Teatro de Campo Mourão em 2006.

A circulação do consagrado espetáculo Tropeço, por cinco estados da região norte (Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Tocantins) faz parte do projeto de comemoração dos 10 anos da companhia e é patrocinado pela Petrobras e Ministério da Cultura através da Lei Rouanet.

A Cia Tato - Atualmente a companhia é sediada em Curitiba. Foi formada em outubro de 2004, por Katiane Negrão e Dico Ferreira, na cidade de Ouro Preto. Nesses dez anos de intensa atividade, a Tato criou dois espetáculos de teatro de animação: Tropeço para adultos, e E Se..., para todos os públicos. Com eles já percorreu quase todas as capitais brasileiras e 10 países em 3 continentes: Argentina (2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011), Chile (2010 e 2013), Colômbia (2012), Equador (2012), Espanha (2005), França (2005), Macau, China (2012), México (2013), Paraguai (2013) e Portugal (2005 e 2011). Com ajuda deste projeto, a companhia percorrerá o restante dos estados brasileiros que ainda faltam, e ao completar sua primeira década, contará mais de 1.000 apresentações, em todos os estados do Brasil.

FICHA TÉCNICA

TROPEÇO
Teatro de animação para adultos
Duração: 45 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos
Concepção e atuação: Dico Ferreira e Katiane Negrão
Colaboração dramatúrgica: Juliana Capilé
Figurino: Luciana Falcon
Produção nacional: Luciano Porto e Katiane Negrão
Produção local: Tainah Fagundes / Cia. Madalenas
Design Gráfico: Eduardo Santos

Serviço
Cia Tato convida para a mesa redonda precedida da apresentação de Tropeço. Nesta terça-feira, 1º de abril, às 20h, no Espaço Cultural Casa Dirigível (R. Padre Prudêncio, 731 – entre Carlos Gomes e Gama Abreu). No dia 02 de abril, ás 20h, a apresentação é no Espaço Cultural Coisas de Negro – Icoaraci.  Em Belém, Tropeço tem apresentação de 03 a 06 de abril, no Centro Cultural SESC Boulevard, às 21h. Todas as apresentações terão entrada franca, os ingressos começarão a ser distribuídos uma hora antes da sessão na bilheteria dos locais. Mais informações:  8327-6779 (produção).

29.3.14

La Fábula tem rainha que se alimenta de histórias

Há mais de uma década na estrada cênica da vida, a Companhia de Teatro Madalenas vem contemplando o público com espetáculos que trazem reflexão e o encontro do homem consigo mesmo. Exemplo disso é o La Fábula, em cartaz no Casarão do Boneco, neste sábado, às 19h, o grupo propõe um mergulho no universo mágico presente em contos da literatura universal. A programação é do Pirão Coletivo, projeto Sábado Tem. Domingo que Vem.

“Lá Fábula” é um convite a um reino mágico e onírico, que faz refletir sobre a importância da contação de histórias para o desenvolvimento humano e de como ouvir histórias pode nos despertar a imaginação e a paixão pela leitura.

A encenação, que toma por base o teatro de rua, leva o espectador a um passeio pelo mundo do ‘faz de conta’. A dramaturgia se utiliza de motes fabulescos para fazer ponte com a literatura.

É lá que estão imersos personagens como Dom Quixote e sua ingenuidade, o Homem de Lata e o seu coração generoso, além do intrigante Velho do Saco,  que alimentam a Rainha Altiva, que se alimenta de suas histórias. Em cena, ale de Altiva, três súditos que exercem a função de contadores de histórias. 

Apesar destes personagens estarem fora de suas estórias originais, a essência deles continua a mesma, como explicou Ester Sá, contadora de histórias e diretora do espetáculo: “A gente pegou a essência desses personagens e trouxe para o universo da fábula, do imaginário. Os deslocamos de suas estórias, mas criamos outra em que eles se encontram”. 

Montado em 2011, La Fábula foi contemplado com o Prêmio Myrian Muniz de Teatro 2012, categoria Circulação, por meio do qual fez 13 apresentações em praças públicas de 12 cidades do Pará, como São Caetano de Odivelas, Vigia, Santo Antonio do Tauá, Igarapé-Açu e Teresina, além de chegar também ao Maranhão e Piauí.

A direção e dramaturgia é de Ester Sá, coordenação geral de Leonel Ferreira, direção musical de Armando Mendonça, produção executiva de Flavio Furtado e Tainah Fagundes, concepção de figurino de Aníbal Pacha e confecção de Mariléia Aguiar. O elenco conta com Dina Mamede (Rainha Altiva), Gilberto Ganesh (Homem de Lata), Leonel Ferreira (Homem do Saco) e Rodrigo Braga/Cleber Cajun (Dom Quixote).

Serviço
Neste sábado, 29 de março. La Fábula. Espetáculo da Cia de Teatro Madalenas - Sábado Tem. Domingo que Vem, projeto do Pirão Coletivo. Às 19h, no Casarão do Boneco - Av. 16 de Novembro, 815. Entrada: pague quanto puder.

27.3.14

Abril traz festa estranha com gente esquisita

Personagens excêntricos e estilos musicais fora do padrão são a tônica do 11º Mongoloid Festival, que será realizado pela produtora Dance Like Trash, no próximo dia 4 de abril, no bar Red Pub, em Belém. Na programação: Molho Negro (PA), Vjölenza (PA), Manduca Na Roça (PA), O Lendario Chucrobillyman (PR), Mullet Monster Mafia (SP) e Merda (ES), além de DJs Igor Ribeiro e Dance Like Hell. Antes de fazer barulho, porém, os promotores do evento vão oferecer ao público, no dia 3 de abril, em um lugar na Rua da Olaria, periferia de Belém, sessão de cinema e comida vegana (texto enviado pela assessoria de imprensa).

A palavra ‘Mongoloid’ batiza o festival. ‘Merda’ é o nome de uma das atrações. Pornogrind é um dos estilos que dão o tom do evento. Definitivamente, o politicamente correto passa longe do 11º Mongoloid Festival. O nome do evento, controverso, lhe foi dado em homenagem aos americanos do Devo, em referência a música “Mongoloid”, do álbum “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!”, de 1978.

Na programação, os capixabas do Conjunto de Música Jovem Merda unem uma boa dose de escracho ao hardcore. “Nem todo mundo que gosta de futebol gosta do Neymar” é um exemplo do humor nonsense da banda que se apresenta pela primeira vez na capital paraense. 

A música faz parte do seu mais recente álbum, “Índio Cocalero” (2012), uma homenagem à Amazônia bem peculiar: junta sacoleiros do Paraguai, hinos religiosos do Santo Daime e versões punks de bregas de Frankito Lopes e Alípio Martins.

Mesmo não se levando a sério, Merda é uma banda respeitada no cenário hardcore. Criado em 2001 em Vila Velha (ES), o grupo formado por Fábio Mozine (guitarra e vocal), Japonês (baixo e vocal) e Alex Vieira (bateria), tem uma prolífica discografia, reunindo quatro álbuns oficiais e meia dúzia de splits, EPs e compilações, alguns desses lançados em países como Japão e Estados Unidos. 

A banda já fez turnê na Europa e a viagem está registrada no DVD “Breaking Brazilian Bones in Europe Tour”, de 2010, e aos EUA, em 2012. Sem contar que seus integrantes tocam em outros projetos como Mukeka di Rato, Zémaria, Morto Pela Escola, The Barlfly Surfers e Os Pedrero. Nada mal pra uma banda com um nome tão horrível, hein?

Quem também faz parte da programação é ‘The Mullet Monster Mafia’, outro tipo excêntrico: o grupo de surf music foi formado em Piracicaba, interior de São Paulo, três horas distante do litoral. Composto por Ed Lobo Lopez na guitarra, Emiliano Ramirez na bateria e Marcondez Verniz no baixo, a banda estreou em 2009 com o disco “Power Surf Orchestra”, à moda  de Dick Dale, um dos mestres do gênero. 

A banda também toca pela primeira vez na cidade durante o Mongoloid. Com apresentações em festivais como Abril Pro Rock (PE), Virada Cultural Paulista (SP), Psycho Carnival (PR), Festival PIB (SP) e Red Foot Stomp (PR) e duas turnês europeias na bagagem, o Mullet Monster Mafia apresenta aqui músicas do seu mais recente trabalho, “Adrenaline Explosion”, quarto álbum da carreira, lançado este ano.

Orquestra de bolso - Encarnado pelo paulista radicado no Paraná Klaus Koti, ‘O Lendário Chucrobillyman’ é uma monobanda, formato no qual o músico toca três ou mais instrumentos ao mesmo tempo, sendo um deles harmônico e outro percussivo. 

No caso de Chucrobilly, sua orquestra de bolso inclui bateria, violão e base eletrônica, mas no seu quarto e mais recente álbum “Man-Monkey”, de 2013, ele improvisou na percussão: entram em cena caixas de papelão, panelas e até escorredor de macarrão. 

O repertório mistura o punk, blues, rock de garagem e psycobilly, além de incorporar a viola caipira, base de sua pesquisa desde “The Chicken Album”, trabalho pelo qual foi indicado ao Prêmio Aposta, no Video Music Brasil da MTV, em 2011.

O barulho das bandas de cá - Entre as atrações paraenses, está o trio de fastcore Vjölenza, do distrito de Icoaraci, região metropolitana de Belém. 

Formada por Júnior Carioka (vocal), Daniel Ferraz (guitarra) e Olívio Portugal (bateria), o grupo tem um disco lançado, a demo “Los Hombres de Guadalajara”, de 2012.

‘O Manduca na Roça’ segue na linha do hardcore, só que mais explícito. Único representante local do subgênero pornogrind, o Manduca gosta de falar de sexo nas suas músicas. Um monte de sexo. Sua segunda demo, “B.D.S.M” (2012), toca em temas como sadomasoquismo, toda sorte de fetiches e pornografia, como a faixa “Kid Bengala”, por exemplo, em homenagem ao ator brasileiro de filmes adultos.

Já o Molho Negro faz um rock garagem, com influências de Black Rebel Motorcycle Club, Black Keys e The Vines. Formado por João Lemos (voz e guitarra), Raony Pinheiro (baixo) e Augusto Oliveira (bateria), o power trio paraense lançou em 2012 o seu disco de estreia, o homônimo “Molho Negro”, com produção de Gustavo Vasquez, que já trabalhou com Black Drawing Chalks e Macaco Bong. A banda faz um rockão tradicional, com letras que falam sobre garotas e festas, como "Ela prefere ouvir o DJ" e "Se ela não é lésbica, tem namorado".

Zumbis, Veganos e Curiosos

O esquenta do 11º Mongoloid Festival será no dia 3 de abril, com direito a cinema, DJs e comida vegetariana. A edição especial da festa Veg Casa vai exibir “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, do diretor barriga-verde Petter Baiestorf, inédito em Belém. 

Continuação do cult movie "Zombio" (1999), da Canibal Filmes, considerado o primeiro filme brasileiro de zumbis, Zombio 2 conta a história de mortos-vivos contaminados por uma erva mate radioativa. 

A sessão dupla ainda exibe “Planeta Terror” (2007), do mexicano Robert Rodriguez. Depois de você se empanturrar com muita pipoca e pizza vegana, que serão distribuídas para o público, a festa continua com os DJs da Dance Like Hell e Copparola Records, tocando o melhor do punk, surf music, skinhead e reggae.

Serviço
O Veg Cine, edição especial da festa Veg Casa será no dia 3 de abril, a partir das 16h, na Rua da Olaria N°32, entre Roso Dani e Silva Rosado, Terra Firme. Ingresso: R$ 3. Acesse: http://goo.gl/X62xVM. O Red Pub, onde será realizado o 11º Mongoloid Festival, no dia 4 de abril, às 20h, fica na Av. Senador Lemos 252 B, esquina com a Av. Alm Wandenkolk. Ingressos: R$ 25, antecipados, e R$ 30, na porta. Posto de vendas: Xani Club, na avenida Nazaré, 441, e Abunai Shop, que fica na avenida Presidente Vargas, Galeria Comercial, 560. Contato: 83831757.  Acesse: http://goo.gl/Z5Z4lR.

"Una" traz o lado quente de ser Juliana Sinimbú

Cantora, mulher e o 1º CD. Juliana Sinimbú promete mostrar o feminino plural, fatal e materno, no Theatro da Paz, palco escolhido para lançar, nesta sexta-feira, 28 de março, às 21h, o álbum “Una”, que traz o selo Natura Musical, em um show com direção artística de Adriano Barroso e direção musical de Donatinho. Conversei com a cantora, após um dos incansáveis ensaios feitos para encantar o público. O ingresso custa R$ 10,00.

Ela é reconhecida por sua bela imagem, voz e presença de palco. Uma das musas da nova geração de cantoras paraenses, Juliana Sinimbú sempre trafegou por variáveis musicais, mas sempre mantendo a personalidade evidente. Iniciou a carreira cantando no saudoso bar Bodega, quando ainda funcionava na Rua João Balby, em Belém. O show, dificílimo, tinha um repertório bossanovista e o amparo do virtuose e exigente cantor, compositor e violonista, Floriano.

“Tive sorte e muita ajuda quando comecei. Pude contar com figuras que nunca vou esquecer, como os meninos da banda Clepsidra; o Flor (Floriano) e o Felipe (Cordeiro).  Aquele show no Bodega foi o meu primeiro, feito na calçada, na rua, com um repertório super xiita”, conta e ri, agora, a cantora experiente.

Lá se foram sete ou oito anos. Depois daquele episódio, Juliana esteve em vários palcos, um deles cantando com Billy Blanco (Teatro Maria Sylvia Nunes, em 2009), mas também nas memoráveis noites do CaféImaginário, com Felipe Cordeiro, ou no show “Barato Total”, que chegou em diversos espaços da cidade, carregando no repertório, o pop psicodélico brasileiro dos anos 1970. Versátil, sim, mas antes de qualquer coisa, compositora e Una. É o que vamos ver e ouvir nesta sexta-feira.

A atual viagem musical de Juliana Sinimbú iniciou em 2010, quando a cantora estava em uma turnê, pelo então, agora extinto, programa Conexão Vivo, na Bahia. “Comecei a olhar em volta e achei muito interessante esse negócio de ser mulher. 

Eu gosto muito desse universo, da gente se pintar, arrumar o cabelo, os ornamentos, da maneira que a gente pensa, de gerar uma pessoa, sentir o que a gente sente da nossa própria maneira, comecei a pensar sobre as mulheres presas nos corpos de homens e enfim, tudo que faz parte da mulher se revelou muito interessante pra mim. Tudo que é feminino é mais bonito”, vai disparando logo no início da entrevista.

Há algum tempo, ela já vinha compondo e pensando num primeiro disco autoral, voltado ao universo feminino. E foi em Salvador, num papo coma amiga e também cantora e compositora, instrumentista, Iva Rothe que surgiu o conceitual Una. “Fomos juntas nesta turnê e eu vinha dizendo que queria realizar um projeto que conseguisse unir tudo isso. Aí, a Iva me disse: tens que fazer o UNA. Gostei e o projeto iniciou assim, pelo nome”, lembra.

Em 2011, ela vive um fluxo de novas composições. Na verdade, Juliana lembra que havia muitas outras coisas prontas, mas na gaveta. “Tinha as minhas composições guardadas, era uma compositora tímida, e sempre tive essa coisa de compor no eu lírico feminino. Não sei se isso é natural por eu ser mulher”, reflete.

E como numa conspiração dos astros em favor da maré cheia, nesse mesmo ano, ela conheceu Donatinho, produtor musical e um dos mais versáteis e respeitados tecladistas de sua geração, além de filho do mestre João Donato, que aliás, vejam isso, participa do Una.

Aquele ano foi um marco, pode-se dizer. Juliana saiu da casa dos pais, casou e ficou grávida, e além de Flora, hoje com onze meses, ainda gerou este filho, o Una, quando aprovou um projeto pelo Natura Musical pra fazer o disco, um álbum de 11 faixas, com composições, a maioria, dela: Simpatia, Vodka (com participação de Otto), Abraça (em parceria com Renato Torres), Para um tal amor (do clipe Arrocha, que tem participação de Adriano Barroso, lançado em fevereiro deste ano), Delicadeza e Pra Você Voltar. E mais: Quero Quero, de Iva Rothe, Clarão da Lua, de Almirzinho Gabriel, Não me Provoca, de Dona Onete, e Ó (em que canta com Marcella Belas, Helson Hart, Tenilson Del Rey).

Ensaios no estúdio Ápice
O show de lançamento traz surpresas, que Juliana me contou na entrevista, mas me proibiu de revelar, sob ameaça não falar mais comigo (risos). Então, vamos ao que é permitido dizer. 

Sinimbú vai entrar toda mulher no palco, vestindo as canções que fez e interpreta. Não espere os tradicionais vestidos longos a la Theatro da Paz em noite de Terruá.

“Eu não estou ligando pra esse negócio de glamour, chega de longo, eu quero ser eu no Theatro da Paz. A gente muda tanto depois que a gente vira mãe. Faço tanta mamadeira de madrugada, tenho olheiras, lavo louça. Eu quero falar da minha música e que as pessoas se liguem nessa”, enfatiza.

Além da direção musical de Donatinho, que também assume os teclados, Juliana traz na banda de lançamento do Una, Davi Amorim nas guitarras, Príamo Brandão no baixo, Edvaldo na bateria, Paturi (Manari) na percussão e Renato Torres no violão. Ah, sim, a luz é da iluminadora Patrícia Gondim que, na combinação com o Adriano Barroso, trará à tona o lado cênico da música de Juliana. Os demais detalhes estão em seguida, contados pela cantora, que além da música se mostra também uma ilustradora e designer talentosa... (Fotos no estúdio Apice: Thalita Garcia)

Com Renato Torres no violão e Elias Pinheiro, o roadie
Holofote Virtual: Pelo que você já contou, Donatinho foi determinante para o resultado do disco...

Juliana Sinimbú: O Donatinho foi uma pessoa que acrescentou muito ao meu projeto. Eu cheguei com um repertório lindo pra ele, mas de interprete. Tinham só duas músicas minhas. E aí ele dispensou um dia de pré-produção e disse que queria ouvir as minhas músicas. 

Fiquei meio assim, não e tal, mas tá, topei mostrar. Daí o que eram pra ser só duas músicas minhas, isso acabou predominando, num disco de onze músicas. Então o Donatinho me deu super coragem.

Holofote Virtual: E como foi que o cantor e compositor pernambucano Otto entrou nessa?

Juliana Sinimbú: Tinha muita coisa pronta, que eu já tinha cantado, mas que merecia um plus, como na música Vodka. Precisava alguém falando umas verdades ali no solo. Daí perguntei quem seria essa pessoa. O Donatinho disse, Juliana, Vodka é o Otto, ele vai chegar na hora e vai fazer. Daí ele realmente chegou com aquela energia louca dele, maravilhoso e me disse ‘você me psicografou, como pode mulher?’ (risos). Ele disse as verdades na música e tudo encaixou perfeitamente, depois disso ele se tornou meu parceiro, já fizemos outras músicas, mas pra projetos futuros.

Donatinho nos teclados
Holofote Virtual: Quem mais está em Una, Juliana...

Juliana Sinimbú: O Kassin participou do disco também, em três faixas, e João Donato, meu ídolo... Foi uma emoção imensa e já fui convidada para alguns outros projetos com ele. Vou já participar do projeto de seus 80 anos. Tem também os cordistas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Eles tocaram em Delicadeza e ficou bem bonito, numa faixa que é uma respiração no disco.

Holofote Virtual: Aliás, o repertório mudou completamente, mas algumas músicas de outros compositores ficaram. Quais os motivos dessas escolhas?

Juliana Sinimbú: Interpretei Clarão da Lua, que é do Almirzinho Gabriel, porque eu acho que pra um homem dizer que ‘o clarão da lua é cheia é pouco, porque te gosto’, ele só pode ter um lado feminino muito forte, muito genial, então eu acho que esta música sempre fez parte do Una, desde que ele era ideia.

Fiz Quero Quero da Iva, que desde o inicio também já estava escolhida, e Não me Provoca, da Dona Onete, que é de um feminino incrível. Tem ainda Nua Ideia, de Caetano e João Donato. São dois ídolos. Donato fez parte diretamente da minha história artística. E tê-lo tocando nessa faixa foi um presente tão grande que não precisei de aniversário.

Paturi, na percusa e Edvaldo, o batera
Holofote Virtual: E essa direção cênica do Adriano Barroso?

Juliana Sinimbú: Ah, eu adoro trabalhar com o Adriano, que já tinha feito o clipe do Arrocha. Eu adoro trabalhar com o os atores, embora ache que são pouco utilizados pela música, o que é um erro. Eles são maravilhosos e o Adriano é meu muso inspirador. No clipe que ele gravou, eu precisava de alguém pra fazer um canalha, o chamei e ele disse, em milésimos de segundos: é agora!

Daí o chamei pra dirigir, e de novo: agora! Então, enquanto eu puder tê-lo, assim será. É um dos meus ídolos.  O olhar de quem trabalha com teatro é apurado pra arrematar os exageros, a gente ganha logo um bom roteiro. Eu preciso, pois se me deixarem solta, sou terrível, vou quere dizer que liguei pra uma amiga, vou embora...

O Adriano me instiga, vai até o final e me diz, aqui não querida, aqui é horrível. E eu deixo, ele eu deixo e adoro! (risos, risos).  Para o show, criamos uma personagem, uma mulher que está saindo de uma festa e ali ela vai contar a história dela.

Mais cordas, com Príamo no baixo e Davi na guitarra
Holofote Virtual: Além da música, tens outro talento... Tem criação tua no projeto gráfico do CD então...

Juliana Sinimbú: Estudei arquitetura, cheguei a ser estagiária, mas nunca me formei. Faço desenhos, ilustração, designer gráfico, como freelances, mas pouco, fiz muita ilustração enquanto morava em SP com meu marido. Eu dirigi o projeto gráfico do meu disco e a Temple executou. As fotos são do Jonas Tucci, de São Paulo, um grande amigo. Optamos em fazer algo meio cru, por ser meu disco de compositora.

Holofote Virtual: Planos para uma circulação com o show, projetos novos?

Juliana Sinimbú: No Rio de Janeiro, estarei em 15 de maio, no Solar de Botofago, junto com Marcela Bellas. Vamos fazer alguns shows juntas, pelo Natura Musical. Em agosto devo estar em BH, também num festival do Natura. Ainda não é certo SP, mas acredito que entre final de maio e inicio de junho.

Estamos fechando show pra cá pra Belém. Vários, inclusive ao ar livre. E vou continuar com o projeto Elas por Elas, em que eu canto Gal, Camila Honda canta Nara Leão, Natalia Matos manda Elis e Nana Reis, Nana Caymmi. Já rolou no SESC Boulevard, mas vamos continuar com isso, acreditamos que ainda que tenhamos o nosso trabalho individual é muito bacana a reinterpretação de grandes compositores. Ano que vem pretendemos dar continuidade, mas escolhendo o repertório de outras cantoras. Este ano vou cuidar mesmo é do CD e levar adiante que já está aí.

26.3.14

Cronistas da Rua lança o 1º álbum da carreira

O show de lançamento do “Tekoha” é nesta sexta-feira (28), na Black Soul Samba, em Belém, com participações especiais, além dos DJs do Coletivo Black Soul Samba. Também na sexta, quem quiser vai poder ouvir e conhecer o trabalho do grupo, na integra, no perfil do Cronistas da Rua, no Facebook, acesse aqui. 

A mistura de ritmos vai dar o tom ao show de lançamento. A cantora Adriana Cavalcante, o DJ Pro.efx e o produtor musical Wagner Bagão acompanharão a apresentação do Cronistas. 

“Algumas canções serão apresentadas pela primeira vez ao vivo, como ‘Bem que te vi’, ‘Ela é’ e a própria ‘Tekoha’ - que dá nome ao trabalho. Vamos brincar com as batidas de funk, samba, brega e improviso, juntos com a música eletrônica”, adianta o rapper Dime Cronista. 

A rua (e sua liberdade) é a inspiração do Cronistas da Rua. O duo formado por Dime Cronista e Alonso Nugoli mistura ritmos, tais como rap, samba, funk e brega.  Desde 2011, as rimas de Dime Cronista (voz/composições) e Alonso Nugoli (beat box) ecoam pela Cidade das Mangueiras e, também, pelo Brasil. O que iniciou como uma simples brincadeira entre amigos, a partir do improviso, garantiu o primeiro lugar em um festival de rap e resultou no álbum “Tekoha”. 

Com o sotaque daqui, traduzido em poesia e beats, o CD “Tekoha”, traz nove canções que expressam as influencias musicais do grupo. 

A palavra “Teko” significa modo de ser,  modo de estar, cultura, comportamento, hábito, terra sagrada, assim definida pelo povo Guarani. “Tekoha” é a “terra sagrada” do Cronistas. O registro passeia por sonoridades como rap, reggae, samba e brega aliados à música eletrônica e ao flow (jeito de rimar) peculiar. 

Idealizado por Dime Cronista, o grupo nasceu com vontade de propor novas ideias na cena rap, traduzindo vivências em arte e poesia. Com esta proposta, o Cronistas da Rua ultrapassa as fronteiras do Pará e chega à outros lugares do Brasil. Eles já subiram no palco da Mostra Terruá Pará, Meeting of Favela (maior evento de grafite da América Latina), Planet Rap e Festival de Sound System Dubatak (RJ). “Queremos levar nossa arte ao maior número de pessoas”, diz o rapper. 

O CD Tekoha, com selo Na Music, foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Audiofaya Produções (SP), por Wagner Bagão– que já assinou a produção da Tribo de Jah, nos álbuns “Refazendo” e “Live in Amazon”, gravado ao vivo em Belém (PA); Ponto de Equilíbrio; Dom Carlos (JAM); S.O.J.A. (EUA) e outros. A linguagem da rua presente no registro tem o toque do DJ e produtor paraense Pro.efx, Buiu Beat Box (PR) e Mr Break (RJ). 

Dubalizer (SP) - E a noite ainda terá a mistura de ritmos do projeto Dubalizer (SP), cuja sonoridade traz, na linha de frente, o produtor musical Wagner Bagão, acompanhado pelo MC Dom Lampa, que prepararam uma apresentação que mescla a musicalidade jamaicana com uma pitada brasileira. 

A dupla, desde 2005, destaca-se no cenário independente, com coletâneas e mixtapes. Nas lives, a ampla diversidade sonora prevalece nas bases de Wagner Bagão aliadas à voz de Dom Lampa – fundador do grupo de rap paulista Julgados. Juntos no Dubalizer, eles lançaram, em 2009, o CD "Sub Existência", que reúne uma mostra de dub e eletrônico aliados ao groove percussivo da música afro brasileira, com remixes assinados pelos produtores Stereodubs e Tsunami Wazahari. 

São clássicos do projeto, canções como “O Tapa”, “Rei dos Reis” e “Míseros Talentos”. O mais novo trabalho, Dubvibz, lançado recentemente, tem selo AudioFaya e traz versões com Solano Jacob, Astrid Hage, Jimmy Luv, Bruno B.O., Bandulu Dub, Sizzla Kalonji, Jah Dartanhan, DJ Vadim e Parly B.

Serviço
Show lançamento CD Tekoha – Cronistas da Rua. Participação projeto Dubalizer (SP) e DJs Black Soul Samba. Nesta sexta-feira (28), a partir das 21h, na Black Soul Samba, no Bar Los Piratas (Av. Tamandaré, Rua São Boa Ventura, próximo à Praça do Arsenal). Informações: (91) 9302.9407 ou 8091.8324. Ingressos: R$ 20 (com meia-entrada para estudantes).

(com informações da assessoria de imprensa)

25.3.14

Nó de 4 Pernas ganha remontagem em Belém

Um nó de quatro relações, entre elas um duplo adultério, que vai se desatando na medida em que um jovem padre chega à cidade não para desmascarar, mas garantir sua posição perante a cidade e seus pacatos fiéis. O desenrolar desses caminhos é o mote central da dramaturgia de Nó de 4 Pernas, clássica obra de Nazareno Tourinho, que ganha nova montagem de 27 a 30 de março, sempre às 21h, no Sesc Boulevard. Entrada franca.

Na cidadezinha proposta dentro da dramaturgia encontramos o prefeito, Coronel Menacê (Nilton Cézar), quem manda e desmanda na cidade, casado com Dona Iraneide (Marília Berredo), mulher firme e de princípios, mas que mantém um caso com líder grevista Zé Pedro (Arthur Santos), desafeto de seu marido. 

Iraneide não sabe, porém, que seu marido mantém um caso com a prostituta Ludovina (Thainá Cardoso), cuja fama na cidade, em especial na igreja, não é das melhores. 

Além destas, encontramos duas figuras pontuais para a cidade, como Seu Euzébio (Marcelo Andrade), devoto sacristão, cujo sonho sempre foi ser sacerdote da paróquia e Dona Nazaré (Giscele Damasceno), zeladora da igreja, viúva que deposita em Euzébio a esperança de um novo casamento. 

Os nós destas personagens irão se desenrolar após a morte do pároco da cidade, Tadeu, e o surgimento oportuno de um jovem padre novato na cidade, Elias (Raoni Moreira), que resolve, por fim, esse nó de quatro pernas. “É uma salada dos diabos”, pontua Nazareno Tourinho.

A primeira montagem iniciou seu processo em 2012 como parte integrante do projeto “Memórias da Dramaturgia Amazônida”, coordenado pela Prof. Dra. Bene Martins, ligada a Universidade Federal do Pará. O espetáculo estreou com a aceitação extremamente positiva pelo público. 

Este ano ele ganha novos ares, porém mantendo a essência que o consagrou tempos atrás e uma parte do seu elenco. Os Varisteiros assumem a direção do espetáculo pelas mãos de Leonardo Cardoso com assistência de Marcelo Andrade.

Um dos diferenciais mais importantes desta montagem é a relação da tríade teatro, música e vídeo em cena. Os vídeos, cuja direção de fotografia fica por conta do talento de Ana Mokarzel e edição de Pedro Tobias e Paulo Evander, ajudam a transportar o público para a realidade da pacata cidade. O que a cena no palco deixa implícito, o vídeo consegue elucidar para o público de forma a inserir um novo olhar sobre a mesma cena.

A direção musical, que inclui trilhas originais compostas para o espetáculo e executadas ao vivo ficam por conta do talento de João Urubu, que compôs trilhas especiais para cada um dos personagens, além de um tema que pontua a peça inteira.

Nó de 4 Pernas é um espetáculo de qualidade ímpar, não só pelo texto primoroso de Nazareno Tourinho, mas pela experiência multimidiática que proporciona através de talentos múltiplos reunidos em um mesmo trabalho final. Vale a pena conferir este clássico nesta nova roupagem inovadora e desatar os nós junto a eles a cada ato.

Ficha Técnica
  • Dramaturgia: Nazareno Tourinho
  • Direção: Leonardo Cardoso
  • Assistência de Direção: Marcelo Andrade
  • Elenco: Marcelo Andrade, Giscele Damasceno, Raoni Moreira, Thainá Cardoso, Marília Berredo, Nilton Cézar, Arthur Santos
  • Produção: Laíra Mineiro e Raoni Moreira
  • Assistência de Produção: Bruno Rangel 
  • Iluminação: Malu Rabelo
  • Direção de Vídeo: Ana Mokarzel, Paulo Evander, Pedro Tobias
  • Direção de Fotografia: Ana Mokarzel
  • Direção de Arte: Marcelo Andrade
  • Edição: Paulo Evander e Pedro Tobias
  • Direção Musical: João Urubu
  • Assessoria de Imprensa e Mídias Sociais: Leandro Oliveira
  • Arte Gráfica: Raissa Araújo
  • Cenário: Leonardo Cardoso e Marcelo Andrade
  • Figurino e Maquiagem: Thainá Cardoso

Serviço
Espetáculo Nó de 4 Pernas. De 27 a 30 de março, sempre às 21h, no Sesc Boulevard (Boulevard Castilho França, 522 – em frente à Estação das Docas). Informações: 8058 8940 | 9638 4495 - facebook.com/node4pernas. Link para teaser no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=8SV_QnvlBo0&feature=youtu.be

(Texto enviado pela assessoria de imprensa)

24.3.14

Ronaldo Nina num rolê fotográfico por Belém

O fotógrafo carioca, radicado em Porto Velho (RO), está em Belém e bate um papo, nesta segunda-feira, 24, com o público, no Estúdio Gotazkaen, a partir das 19h. 

Na estrada desde dezembro passado, munido de motocicleta, câmera fotográfica e muita tecnologia, o fotografo vai falar, entre outras coisas, do trabalho que vem desenvolvendo para formação de bancos de imagens.

A circulação de Nina iniciou em 21 de dezembro, com a ideia de conhecer e registrar de perto a realidade e as peculiaridades brasileiras.  Por onde passa, vai realizando atividades como essa que acontecerá aqui hoje. É a maneira que encontra para compartilhar suas experiências com a arte da fotografia. “Minha intenção é fotografar os diferentes grupos humanos, me envolver com uma comunidade e poder revelar seus aspectos mais íntimos para compartilhar a viagem com meus leitores”, explica.

Ronaldo Nina já passou por Itororó, na Bahia; Piripiri, no Piauí; Muriaé, em Minas Gerais; Açú no Rio Grande do Norte e agora na capital paraense, onde pretende compartilhar toda esta experiência que só acabará em Porto Velho.

“No bate papo de hoje eu vou falar dessas experiências da viagem, falar do meu planejamento, sobre o que é importante carregar, que lentes utilizar, enfim de toda esta nova tecnologia, como o wi-fi e formas de transmissão, falando um pouco sobre produzir fotos pra banco de imagens e de como gerar conteúdo para pós venda”, diz.

Ronaldo Nina gosta de descobertas e tem um fascínio pela Amazônia. Em 2005, foi participar do FestiCineAmazônia, o festival de cinema de Porto Velho, e por lá acabou ficando,há quase dez anos.

Foi nesse mesmo festival, que o conheci, ao lado do ator Marcos Palmeira, idealizador do documentário, naquela altura ainda inédito, A'UWE, e para o qual fez direção de fotografia. 

Produzido pela TVi – Televisão e Cinema e pela Fazenda das Palmeiras, o documentário deu origem à série A’Uwe na TV Cultura, mostrando uma expedição feita às aldeias xavantes São Pedro e Onça Preta feita.

O grupo, liderado pelo ator, tinha como objetivo traçar um diagnóstico da situação em que viviam cerca de 400 pessoas nestas aldeias. Na ocasião, eu estava cobrindo o festival junto com o jornalista Ismael Machado, para a Tv Cultura – Programa Cultura Pai D'égua.

Daquela época pra cá, o contato com Nina foi on line, da mesma forma que, na semana passada ele avisou que estava a 400 quilômetros de Belém e que seria recebido na Casa Fora do Eixo. “Trabalho com a Universidade Fora do Eixo de Rondônia, dentro da área de fotografia e vídeo. Então, tracei um percurso da viagem pensando em locais onde ela estivesse representada”, diz Nina.

Cena do documentário  Expedição A'UWE
O fotógrafo já conhecia a cidade. Esteve aqui em junho de 2013, quando veio participar do Encontro Norte Nordeste de Produtores de Fotografia e conheceu Miguel Chikaoka, da Fotoativa, representante como ele do eixo de fotografia na Conferencia Nacional de Cultura, pela Região Norte. Ele, por Rondônia, e Miguel, pelo Pará.

Em Belém, ele encerra a parte terrestre de sua viagem para seguir de barco para Manaus e de lá, retornar a Porto velho. “Fiz este planejamento quando estava na Conferencia de Cultura, a fim de percorrer lugares que estavam os representantes de audiovisual e fotografia e Belém estava nesse meu destino”, explica.

Aqui, além desse bate papo, Nina começou a produzir uma nova série de fotografias que serão levadas à Expor Amazônia Festival, em Portugal, na Galeria Amazônia, em Lagoa, na região do Algarves/Portugal, da qual ele participou em 2013, com cinco trabalhos selecionados.

Cinegrafista e fotógrafo freelancer desde 1992, Ronaldo traz no currículo a direção de vídeos documentais. Atuando principalmente nas seguintes áreas: documentação fotográfica e videográfica de projetos, direção de fotografia documental e publicitária, tecnologia social, agroecologia, ele vem documentando por todos estes anos a região Amazônica, a partir de Rondônia, onde é presidente de um Fotoclube criado por ele para fomentar mais ainda a atividade por lá. 

Para ver o trabalho do fotógrafo acesse seu blog, o Salada Visual: http://www.saladavisual.blogspot.com.br/. E para ver alguns dos registros fotográficos e ler o diário de bordo de suas viagens, acesse o blog Rolê pelo Brasil: http://rolebrasil.wordpress.com/ . O Gotazkein Estúdio fica na R. Ó de Almeida, 755 - Reduto, Belém - Pará, 66053-190, Brasil. Mais informações:
91 3347-6632.

19.3.14

Aventura e utopia clown na Floresta Amazônica

"Devagar e Sempre" é uma ode à vida na beira dos rios da Amazônia, só que na linguagem do palhaço. Encenado pela dupla de clowns Las Cabaças, o espetáculo ganha curta temporada em Belém, na próxima semana, com apresentações no Teatro Waldemar Henrique, na sexta-feira, 28, às 20h, e no sábado, 29, em duas sessões, às 16h e 20h. E ainda tem no domingo, a matinal, às 10h, e à noite, ás 19h.

Em circulação pelo Prêmio de Teatro Myriam Muniz, a peça mostra a aventura de dois palhaços perdidos em plena Amazônia. Pensem nisso. Quando eles adentram na mata algo estranho vai acontecendo pelo caminho. Já começo a rir, antes de ver. Mas o espetáculo além de engraçado tende a despertar o imaginário amazônico no espectador, quando conduzido por Bifi e Quinan.

Eles procuram por um lugar utópico e desconhecido, mas à medida que caminham as coisas vão se transformando. As cenas vão mostrando o dia a dia no rio, na canoa e nas terras por onde a dupla passa. Tem encontro com a onça pintada, pesca, os sons da floresta, a solidão e o medo.

A paixão pelo teatro e a vida girando pelo país, não é recente. dupla Las Cabaças surgiu em 2006, na cidade de São Paulo, formada pelas atrizes Juliana Balsalobre (palhaça Bifi) e Marina Quinan (palhaça Quinan) que, há quase cinco anos, moram Alter do Chão (Santarém/Pa), lugar que adotaram como sua casa e sede de trabalho, depois de ter vindo parar por aqui, em circulação com um outro espetáculo. 

O primeiro projeto itinerante, intitulado Brasil na Cabaça, era  uma viagem de estudo e pesquisa prática pela região Norte e Nordeste do Brasil para promover o encontro com palhaços e público de outras regiões, coletando e estudando gagues, estórias, diferenças e semelhanças nas formas de atuação dos fazedores de palhaçadas, bem como a convivência com novas situações socioculturais.

“Viajamos durante sete meses, só com recursos próprios e como fruto dessa experiência, criamos o espetáculo Semi-Breve, apresentado até os dias atuais”, conta Marina Quinan.

Em 2008, em parceria com os Doutores da Alegria (SP), realizam o segundo projeto itinerante, Palhaças Amazônia Adentro, percorreu comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas dos estados do Acre, Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão, durante 10 meses, exercendo o ofício de palhaças, apresentando seu repertório de gagues e palhaçaria, improvisando situações cênicas junto às pessoas de cada lugar.

A experiência foi tão intensa, que em 2009, decidiram mudar para Alter do Chão, em Santarém/PA, e aprofundar a pesquisa na região Amazônica, mergulhando ainda mais na cultura e imaginário local.

Em 2012, a dupla se uniu à Cia do Feijão e circulamos, com o projeto Tietê-Tapajós, nas comunidades e cidades que margeiam os rios Maró, Tapajós e Arapiuns no Pará e rio Tietê, em SP". 

"Foi uma experiência de troca artística e discussão com outro grupo, que também está em busca de um país, tão diversamente rico em contrastes, e que ora emociona e inspira, ora revolta e entristece”, conclui Marina.

Serviço                   
Divagar e Sempre, no Teatro Waldemar Henrique - 28/03 (6ª feira), às 20h; 29/03 (sábado), em duas sessões: às 16h e 20h; 30/03 (domingo), em duas sessões: às 10h e 19h. Ingressos na bilheteria do Teatro: R$ 1,00 + 01 kg de alimento não perecível. Informações: (91) 8177.7502 – Andréa Rocha / 8824.0170 – Nanan Falcão / produtorescriativos@gmail.com / www.facebook.com/ProdutoresCriativos / www.lascabacas.com.br / Informações: Produtores Criativos:   (91) 8110.5245 (tim) / 8805.0595 (oi) / 9326.3101 (vivo).

17.3.14

Cine-papo sobre a ditadura militar no Brasil

O CLIC – Cultura Linguagem e Interface Contemporânea - abre programação especial, nesta quarta-feira, 19, no Sesc Boulevard, tendo como tema “Os 50 anos do início da Ditadura Militar no Brasil”. O projeto inicia com a fala do Prof. Dr. Pere Petit (UFPA), sobre os conhecidos anos de chumbo, e com exibição do filme “O dia que durou 21 anos”.

Em parceria com a Associação dos Críticos de Cinema do Pará – ACCPA e o Sesc Boulevard, a ideia do CLIC é apresentar, a cada mês, um bate papo e um filme trazendo temas estético, cultural e políticos acerca da ditadura militar,

Em todo o país, diversas programações estão sendo realizadas para lembrar os 50 anos de ditadura militar no país. Em Belém, não é diferente. Não se pode esquecer aquele 31 de março de 1964, quando teve início no Brasil, um dos períodos de maior turbulência social e política, no país, com cassação de direitos civis, censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas. Começava a Ditadura Militar, que só chegaria ao fim nos últimos anos da década de 1980. 

Esse contexto dará o tom da palestra do Prof. Dr. Pere Petit (UFPA), seguida da exibição do filme “O dia que durou 21 anos”, documentário de Camilo Tavares, que mostra a influência do governo dos Estados Unidos no início dos anos de chumbo no Brasil.

Em entrevista à Folha de S. Paulo ano passado, o diretor Camilo, filho de Flávio Tavares (um dos 15 presos políticos libertados em troca do embaixador norte-americano sequestrado em 1969, Charles Elbrick), explicou a motivação.

“Queria entender por que sequestraram um americano. A gente tem pouca noção de quanto os Estados Unidos interferiram [no golpe]. Então o filme foi uma busca por essa resposta”, afirmou. Apresentando documentos secretos e gravações originais da época, o documentário mostra como ações da CIA e da própria Casa Branca, especialmente com o presidente John Kennedy e Lyndon Johnson, embaixador dos EUA no Brasil na época, influenciaram e apoiaram a destituição do então presidente João Goulart do poder e o início do governo do marechal Humberto Castelo Branco. 

O palestrante - Pere Petit possui graduação em Geografia y Historia (Universidad de Barcelona), mestrado em Historia de América Contemporânea (Universidad Central de Venezuela), doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado Universidad de Salamanca-Espanha.

Professor Associado da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará e nos Programas de Pós Graduação em História Social da Amazônia (PPHIST-UFPA) e de Linguagens e Saberes na Amazônia (UFPA-Bragança), é autor de livros como “Chão de Promessas: Elites Políticas e Transformações Econômicas no Estado do Pará pós-64” (Belém, Paka-Tatu, 2003) “Lula !dónde vas!: Brasil, entre la gestión de la crisis y la prometida transformación social, em colaboração com Pep Valenzuela” (Barcelona, Icaria, 2004) e editor, com José M. Santos, do livro “Amazônia Brasileña en Perspectiva Histórica” (Salamanca, Usal, 2006). 

Serviço
Palestra “Os 50 anos do início da Ditadura Militar no Brasil”, com Prof. Dr. Pere Petit + exibição do documentário “O dia que durou 21 anos”, de Camilo Tavares. Nesta quarta-feria, às 18h30, no Sesc Boulevard (Boulevard Castilhos França, Campina, Belém) . Entrada franca com direito a certificado. Inscrições prévias (para facilitar envio de certificado) gratuitas em https://meustickets.com.br/ Mais informações em https://www.facebook.com/events/1448715702029513.

(com informações da assessoria de imprensa do CLIC)

16.3.14

O fim de semana foi e continua sendo das crianças

Esse público, além de comparecer, interage, aplaude e sai cheio de sonhos a cada espetáculo. Várias programações coloriram o sábado, mas a festa continua. Veja só quanto riso e quanta alegria. Pela manhã já tivemos Os Notáveis Clows e Fragmentos de Sonhos do Menino da Lua, mas agora de tarde ainda dá pra ver mais de “Fragmentos...” e ainda tem “O Pato que partiu”, do Coletivo Dirigível de Teatro, e “Fio de Paõ”, do In Bust Teatro com Bonecos.

O In Bust, que lotou a apresentação de “Pinóquio”, ontem, no Casarão do Boneco, mostra logo mais, a partir das 17h, no São José Liberto (Praça Amazonas), um de seus espetáculos mais assistidos,  “Fio de Paõ”, um versão do grupo para a lenda do Cobra Norato. É de fazer a gente rolar de rir, não perde. A entrada também é gratuita. Para saber mais sobre este espetáculo, clique aqui.

O In Bust tem uma trajetória sólida, é dono de um carisma que não só conquista, como possui um trabalho contínuo e sério de formação de público. Não é de hoje que abre as portas desse seu casarão para o público ver e conhecer seus espetáculos e os de outros grupos. Agora engrossando o caldo, se abre também como um das sedes do Pirão Coletivo, cujo projeto "Sábado Tem. Domingo que vem" aos sábados (no Casarão) e domingos (na Praça da trindade, ás 11h), alternados, tem se tornado rotina na agenda do povo de Belém.

O resultado desse trabalho intenso pôde ser visto mais uma vez, ontem.

Ao chegar no Casarão do Boneco, vi a muvuca armada já na entrada. Um público miúdo e alvoroçado corria, falava, estava na expectativa de ver “Pinóquio”, o mais novo espetáculo do In Bust, uma versão pra lá de bem humorada da clássica história do boneco de madeira, que acaba se tornando um menino de verdade, mas isso depois de passar por poucas e boas. 

O momento em que ele busca o pai Gepeto no fundo do mar, é impagável. Adriana Cruz e Paulo Ricardo Nascimento, que fazem toda a encenação aparecem com uma baleia em punho e munidos bóias. A criançada adulta também se esbalda.

Entre os vários falatórios, escutei uma garotinha dizendo “eras eu nunca tinha vindo ao teatro”, um pouco antes de correr para o anfiteatro. Eram 19h15 quando todos já estavam acomodados no anfiteatro dos Tajás, que fica nos fundos do casarão situado na Avenida 16 de Novembro, 815, um lugar cheio de histórias a serem contadas.

Todos sentados, atores e bonecos entrando em cena e eis que São Pedro não deu trégua. Não adiantou abrirem os guarda-chuvas, pois a água caiu forte e todos foram levados ao interior do Casarão. 

Quem disse que queriam ir embora?  Lá dentro ficaram pacientes, enquanto Dandara Nobre, da equipe técnica, comentava: “Acho que seguramos a chuva muito cedo”, disse ela, referindo-se à Mariazinha de papel pendurada atrás da porta desde as 16h, como amuleto contra a chuva.

O comentário dela demonstra que o quanto o grupo leva á sério a brincadeira. Como não amá-lo? A chuva passou já eram 20h, e o espetáculo foi apresentado, aplaudido e curtido como se nada tivesse acontecido. Esse é o In Bust Teatro e este é o clima do Casarão do Boneco, lugar que já faz parte do circuito cultural da cidade.

Mais Fragmentos hoje 
e Notáveis Clowns no próximo domingo

Pois é, no Sesc Boulevard, os Notáveis Clowns mostraram hoje, às 11h, “Cada qual com seu Barril”, mas quem perdeu este espetáculo anota aí. Os Notáveis voltam à cena nos dias 23 e 30 (sempre domingo, às 11h, com o espetáculo “Rir é o Melhor Remédio”.

No Teatro Estação Gasômetro (Magalhães Barata, no Parque da Residência), a farra infantil está sendo com a peça “Fragmentos de Sonhos do Meninoda Lua”, que ainda tem mais duas sessões neste domingo, às 16h e 18h. O espetáculo veio de Brasília e já realizou três sessões aqui em Belém, duas ontem, e outra agora pela manhã. Tudo entrada franca.

“Fragmentos...” fala da fuga pela fantasia e pelo sonho. Representa a fuga de um mundo muitas vezes difícil e inóspito. O menino da Lua é uma criança sensível e contemplativa e que se refugia nos sonhos para esquecer um pouco a chatice da escola e dos adultos.

A peça conta a história de Miguel Moreno, um menino melancólico, que tem algumas tristezas que o levam a isso, entre elas, o fato de nunca ter conhecido os pais. Mas algo de inusitado acontece com ele todas as noites. Pura magia, ele é levado pela Lua para viagens fantásticas e poéticas. 

“Ele sonha com a Ópera da Lua, onde todo mundo sobe no palco para cantar e dançar, um lugar de celebração e de igualdade”, diz Miriam Virna, diretora premiada, que vem se destacando na cena teatral brasiliense, onde já dirigiu e adaptou espetáculos de grande sucesso de público e crítica.

Dirigível encena texto do escritor Alfredo Garcia

Também pra hoje, o grupo Dirigível Coletivo de Teatro apresenta, na Estação das Docas, o espetáculo infantil “O pato que partiu”, atração do projeto Por do Sol , a partir de 17h30, com entrada gratuita para o público.

Inspirado no conto “Um dia, um pato”, do escritor paraense Alfredo Garcia, o espetáculo conta a história de um pato criado em uma fazenda no interior do Pará, que despertava ciúmes nos outros animais do local por receber tratamento diferenciado de seus donos.

O que eles não sabiam é que o motivo destas regalias era que o pato estava sendo criado para presentear uma família de Belém, na época do Círio de Nazaré. Mas ao chegar o momento de ir para a panela, o protagonista resolve mostrar aos donos que não é um simples pato, mas que também é cantor e bailarino. Diante das habilidades do animal, a família decide investir nessa carreira, tornando-o um famoso artista que passa a se apresentar nas festas de aparelhagem em Belém.

Todos os adereços utilizados na composição do espetáculo, como máscaras e bonecos, são feitos de materiais reutilizáveis, confeccionados pelo próprio grupo de teatro. Luciano Lira, integrante do Coletivo, explica que a ideia é transmitir uma mensagem de preservação e reutilização para o público. “A gente pensa na criança na hora de fazer o espetáculo, para que elas vejam que aquele objeto é feito de resíduos sólidos, como as máscaras de garrafa PET, e possa fazer a sua em casa”, explica.


O coletivo é formado atualmente por 12 artistas, que se conheceram na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (Etdufpa) e se revezam de acordo com o espetáculo. Neste domingo, “O pato que partiu” será apresentado pelos atores Maycon Douglas e Luciano Lira.