1.12.24

Circular: Ecocopo na 54a edição deste domingo

A 54ª edição do Circular Campina Cidade Velha abre o mês de dezembro na cidade com programação variada nos três bairros fundadores da cidade, Campina, Cidade Velha e Reduto, mas além de exposições, shows, gastronomia e muito mais, o projeto inova lança o seu Ecocopo, que será trocado por latinhas de cerveja e garrafas pets, neste domingo, 1 de dezembro.

Neste domingo, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a AIDS, além de uma programação que promove a diversidade e semeia o respeito, a 54ª edição do Circular Campina Cidade Velha também traz ações de sustentabilidade. O projeto conta com patrocínio do Banco da Amazônia e do Governo Federal do Brasil – União e Reconstrução, além do apoio do Fórum Landi/UFPA.

Quem estiver pelo circuito, poderá trocar 3 latinhas de cervejas ou 5 garrafas pet, por um Ecocopo Circular, criado especialmente para esta ação. O público precisa estar atento aos pontos de troca: Praça do Carmo, Ateliê Jupati (no Fórum Landi – Praça do Carmo), no Corredor Guaymiaba, na Félix Rocque, e na Casa das Icamiabas (próx. a Sé), ambos Cidade Velha, e na Vila Prana, no bairro do Reduto.

Das 8h às 20h, o público poderá circular em diversos espaços. Na programação, o Circular Apresenta oferecerá dois shows, um na Campina, às 11h, em frente ao banco da Amazônia, com a apresentação da cantora Railídia, paraense que retorna a Belém depois de longa temporada na capital paulista, e do mestre Ronaldo Silva, na Praça do Carmo, a partir das 18h, na Cidade Velha. 

Para as crianças, entre outras opções, tem a 11ª edição do Circuitinho Circular que convida todos e todas a conhecerem o patrimônio cultural da cidade. A concentração será às 8h30, na Praça do Carmo, antes de saírem numa caminhada até o Palacete Pinho.

O Circular destaca também a programação do Centro de Testagens e Aconselhamento de Belém – CTA. Neste domingo,  a unidade estará aberta para Testagens e Aconselhamentos. Haverá uma feirinha de artesanato e comidas, além de uma blitz de prevenção com distribuição de preservativos (masculino e feminino) e material informativo. Esta programação acontecerá das 8h às 14h, na Travessa Rui Barbosa, 1059 entre Boaventura da Silva e José Malcher.

Bairro da Campina: Arte, música, gastronomia

No bairro da Campina, a programação da Assembléia Paraense – Sede Social (10h às 15h), traz a exposição “Territórios e identidades: Paisagens em trânsito”. Curada por Nathália Almeida, a mostra conta com obras de Paula Sampaio, Miguel Chikaoka, Irene Almeida e outros artistas renomados. A exposição também traz música ao vivo a partir das 12h, acompanhada de uma seleção de comidas e bebidas, criando um ambiente perfeito para desfrutar da arte e da cultura.

Nas proximidades, a Associação Fotoativa (9h às 18h), na Praça das Mercês, traz a Marca D’Água e uma feira de impressões independentes. Expositores como Fillipe Rodrigues, Yza Dorian e Matheus Aguiar estarão apresentando seus trabalhos. Durante todo o evento, também será possível conhecer a exposição ao ar livre com cartazes de filmes e participar de oficinas de ilustração digital.

Para quem procura um toque mais refinado, a Casa Igá – Cozinha, Estúdio e Design (11h30 às 15h) traz o Cardápio de Afeto com uma refeição típica da Amazônia. Já a Avintura Vinhos Finos, na Rua Carlos Gomes (9h às 13h), oferece degustações de vinhos e opções exclusivas da região.

Às 11h, o Circular Apresenta no Calçadão da Presidente Vargas trará o show “Chegada”, com a cantora Railídia,  cantora paraense de volta a terrinha após quase 30 anos vivendo na capital paulista. Os músicos Gileno Foinquinos (guitarra), Príamo Brandão (baixo) e Marcos Santana (bateria) a acompanham.

No Espaço Cultural Banco da Amazônia (9h às 13h), a exposição “Tecnobarca Bailique” estará aberta ao público, reunindo fotografias e instalação sonora sobre as comunidades ribeirinhas do Amapá. A exposição foi premiada pelo edital de ocupação do Espaço Cultural do Banco da Amazônia e segue aberta até 20 de dezembro.

Cidade Velha: mergulho na história e cultura local

Em pleno coração de Belém, o Bairro da Cidade Velha traz atividades que fazem um passeio pela história e pela arte contemporânea. O Ateliê Jupati (9h às 16h), no Fórum Landi, apresenta a exposição “Duas Feiras”, dos fotógrafos Leo Jinkings e Walter Gomes, que trazem olhares distintos sobre a Feira do Açaí.

Durante todo o dia, uma feirinha criativa estará acontecendo no local, com diversos artesanatos e produtos feitos por artistas locais. Às 14h, um bate-papo sobre o 8º Toró Festival Audiovisual Universitário de Belém trará ainda mais reflexão sobre a produção cinematográfica local.

Na Casa Apoena (12h às 19h), a programação começa com um almoço e continua ao longo da tarde com feirinha criativa e apresentações de música ao vivo. Adilson Alcântara se apresenta às 14h, e, mais tarde, a DJ Nat comandará o som com uma seleção de vinil, em uma festa na calçada.

Ainda na Cidade Velha, a Confraria do Fraga (11h às 20h) oferece boa música e gastronomia para todos os gostos, enquanto a Feira Paraoara (10h às 17h), no Teatro Popular Nazareno Tourinho, na Praça do Carmo, traz a riqueza da cultura amazônica, com produtos locais e apresentações culturais. A programação no bairro encerra com o show “O Tambor Ilumina”, com Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem) e banda.

Bairro do Reduto: patrimônio  e cultura 

Já no Reduto, o Espaço Vem (10h às 18h) será o palco da abertura oficial da temporada natalina, com mais de 40 empreendedores regionais e um restaurante preparado para servir pratos típicos da culinária paraense. A Mururé, o restaurante do local, oferecerá delícias como strogonoff de frango com jambu, maniçoba, camarão e caranguejo. Para acompanhar, uma cerveja gelada da galera do breja beer promete ser a escolha ideal.

Às 15h, a música fica por conta de Rock Doido Do Raul, com Raul Bentes tocando o melhor do rock paraense na calçada, criando uma atmosfera animada e descontraída para todos os públicos.

O Memorial dos Povos (9h às 13h), localizado na Av. Gov. José Malcher, estará com visitas guiadas e o projeto ENCANTA Brasil, com apresentações musicais e culturais, além de um evento que busca promover a ópera no Brasil. Por fim, a Vila Prana (10h às 16h) oferece uma série de atividades culturais, com destaque para o evento de gastronomia e vendas de produtos típicos da região.

Serviço

54ª edição do Circular Campina Cidade Velha. Das 8h às 20h, em diversos espaços situados nos bairros da Campina, Cidade Velha e Reduto. 

Consulte os detalhes: projetocircular.org

O projeto conta com patrocínio do Banco da Amazônia e do Governo Federal do Brasil – União e Reconstrução, além do apoio do Fórum Landi/UFPA.

29.11.24

Railídia estreia o show de Chegada no 54o Circular

Railídia
Fotos: Deborah Barros
Railídia compartilha as pontes culturais tecidas por ela entre as duas cidades que marcam sua trajetória artística e pessoal: Belém e São Paulo. Neste domingo, 01 de dezembro, ela apresenta o show CHEGADA, às 11h, pelo Circular Apresenta, do projeto Circular Campina Cidade Velha, no calçadão em frente ao Banco da Amazônia.

Após 27 anos vivendo na capital paulista, a artista desembarcou, em setembro, na cidade das Mangueiras, "trazendo na mala bastante saudade". Saudades de cá e de lá, sentimentos que transparecem no repertório da apresentação do show, em que ela estará acompanhada pelos músicos Príamo Brandão (baixo), Gileno Foinquinos (guitarra) e Marcos Santana (bateria).  

Em conexão com o projeto que mobilizou o olhar de Belém para o centro histórico, Railídia canta a poesia das ruas, as histórias, memória afetiva, encontros, as transformações na paisagem urbana, personagens, belezas e contradições das duas metrópoles. 

A artista revisita clássicos da música paraense, como Flor do Grão Pará (Chico Sena), e apresenta sambas como Saudades do Pará, do mestre paraense Kazinho, pouco conhecido em Belém, e que fez carreira na noite paulistana dos anos 50 aos 70 com seus sambas sincopados gravados por Germano Mathias, Demonios da Garoa, Ary Lobo.

Railídia também combina na apresentação obras de compositores emblemáticos como Waldemar Henrique, Nilson Chaves,  Joãozinho Gomes, Celso Viáfora, Vicente Barreto, Aldir Blanc, Guinga, Edmundo Souto e João de Jesus Paes Loureiro com nomes contemporâneos como o paraense Derny Tiago Pinheiro e os paulistas Douglas Germano e Kiko Dinucci. 

"Neste repertório vejo um ponto em comum entre eles, que é o olhar sobre as particularidades do Pará e da Amazônia assim como o convite a olhar para a sabedoria do povo brasileiro e os aprendizados que os modos de viver deixam para a reflexão no presente e no olhar para o futuro", refletiu Railídia.   

Railídia é uma cantora, compositora e jornalista paraense que um dia pegou o Ita no Norte. Nascida em uma família de Almeirim, no Pará, ela se mudou para São Paulo em 1997 e, em 1999, fundou a roda de samba "Inimigos do Batente" ao lado do cantor Fernando Szegeri. Esse grupo realizou apresentações regulares no bar Ó do Borogodó, na Vila Madalena, onde Railidia passou também a cantar suas raizes, dando um tempero todo especial às noites da pauliceia. 

Além de sua carreira no samba, Railídia integrou o grupo "Bando Afromacarrônico" de 2004 a 2008, idealizado pelo músico Kiko Dinucci, e participou do CD "Pastiche Nagô", elogiado pela crítica especializada. Em 2016, Railídia lançou seu primeiro álbum solo, intitulado "Cangalha". O disco percorre ritmos da região Norte, sua terra natal, e deságua no samba urbano, gênero em que se firmou como cantora em São Paulo. O álbum conta com 14 músicas e está disponível em plataformas digitais como Spotify e SoundCloud.

 Serviço

Circular Apresenta: Railídia, com o show Chegada. Neste domingo, 01 de dezembro, às 11h, no Calçadão da Presidente Vargas, esquina da Carlos Gomes, bem em frente ao Banco da Amazônia. A 54a edição do projeto Circular Campina Cidade Velha tem patrocínio do banco da Amazonia e Governod o Brasil - União e Reconstrução - e apoio do Fórum Landi/UFPA.

28.11.24

Seresta do Carmo no Boulevard da Gastronomia

João da Hora
Foto: Marcos Barros
A terceira edição da Seresta do Carmo será realizada nesta sexta-feira, 29, no Boulevard da Gastronomia, um edição especial, segundo a prefeitura, para celebrar o mês da Consciência Negra. Vai ter roda de conversa com o Zélia Amador de Deus, e apresentações musicais de Rosa Cor, Axé Dudu, Andréa Pinheiro, Galo Garnizé, João da Hora e Fábio Moreno. 

Chega cedo e te prepara. A programação inicia às 18h00 com a roda de conversa com Zélia Amador, no Espaço Belle Époque, bem ao lado do Point do Açaí, no É no Boulevard da Gastronomia!

Nascida no município de Soure, localizado na Ilha do Marajó, Zélia Amador de Deus tem uma longa história, onde a educação, a arte e o movimento negro se fundem. Professora emérita da UFPA, atriz e diretora de teatro, ativista do Movimento Negro, é membro fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) e NEAB Grupo de Estudos Afro-Amazônico (GEAM/UFPA). Atualmente, ela é coordenadora da Assessoria da Diversidade e Inclusão Social da UFPA (ADIS).

Atrações musicais - E ao anoitecer, por volta das 20h, a programação musical inicia com a cantora Rosa Cor, seguida da apresentação do Bloco Afro Axé Dùdù, que realizarão uma homenagem ao Mês da Consciência Negra, apresentando canções que denunciam o racismo, as desigualdades sociais e exaltam a beleza e autoestima da população negra, especialmente no Pará.

Rosa Cor
Foto: Sandro Barbosa
“Eu quero mostrar o meu trabalho e divulgar a conciliação do canto, da arte com a luta dos direitos humanos. Especialmente por estarmos no mês de novembro, o mês da consciência negra, isso se potencializa. Então, esta edição da seresta será uma explosão de potência, onde falaremos, através das músicas, sobre a nossa resistência e sobre a luta de artistas negros na cidade”, declara a cantora Rosa Cor.

“Nós, do Bloco Axé Dùdù, estamos muito felizes em participar da seresta e levar a nossa mensagem através da nossa música. Somos um grupo que possui um trabalho político e pedagógico, e que utiliza a cultura como um instrumento de luta contra o racismo. Vamos finalizar o mês de novembro com muito axé e celebrando o mês da consciência negra”, reforça Elsa Rodrigues, integrante do Bloco. 

A partir das 21h15, a programação terá continuidade com a apresentação de Andréia Pinheiro, que apresentará um repertório eclético de compositores e interpretes negros, variando do MPB ao choro. Em seguida, às 22h, entra em cena o Grupo Galo Garnizé, um dos mais tradicionais grupos de Belém. Não acabou. A partir das 23h, sobe ao palco, para uma participação especial, o cantor João da Hora e, para encerrar a noite, a partir das 23h30, Fábio Moreno coloca todo mundo para sambar. 

A Seresta do Carmo - O projeto iniciou em Belém no ano de 1983  e seguiu até 1985, organizado pelo grupo de cultura da antiga Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), com a participação de artistas, trovadores, poetas, músicos, e outros artistas. 

O projeto foi reeditado durante os governos de Edmilson Rodrigues (1997 – 2000) e (2001 – 2004) na Prefeitura de Belém. Em 2024, a Seresta do Carmo retornou com realização da Prefeitura de Belém, por meio da Fumbel, via edital de patrocínio Banco da Amazônia e Governo do Brasil União e Reconstrução.

Andrea Pinheiro
Foto: Walda Marques
Este ano foram duas edições já realizadas, sempre na Praça do Carmo, que lhe dá inclusive o nome, mas nesta terceira, a Seresta do Carmo será no Boulevard da Gastronomia, um pedido do Prefeito Edmilson Rodrigues, como explica a presidente da Fumbel, inês Silveira, que coordena o evento. 

"Foi um pedido feito no dia da inauguração do Boulevard da Gastronomia, que uma das edições deste ano fosse realizada nesse território da cultura e da gastronomia. Assim, entregaremos uma programação especial ao público que celebrará a luta e a resistência de nossa ancestralidade”, reforça Silveira.

Serviço

3ª Seresta do Carmo. Nesta sexta, 29 de novembro, excepcionalmente, no Boulevard da Gastronomia, a partir das 18h. Evento gratuito. Os interessados em participar da roda de conversa devem se inscrever, via formulário, pelo link: https://forms.gle/5KDZsRthiMJMyELGA. São 40 vagas disponíveis e os participantes receberão certificado digital após o evento.

Programação

18h - Roda de conversa com Zélia Amador de Deus

Local: Espaço Belle Époque ( Ao lado do Point do Açaí no Boulevard da Gastronomia)

20h - Rosa Cor

20h30 - Bloco Afro Axé Dùdù

21h15 - Andréa Pinheiro

22h - Grupo Galo Garnizé

23h - João da Hora

23h30 - Fábio Moreno

(Acompanhem o Holofote Virtual pelo Instagram @holofote_virtual e @holofotevirtual)

Rafael Guerreiro se lança “Nas Asas do Uirapuru”

Rafael Guerreiro
Fotos: João Urubu
Celebrando o legado de Waldemar Henrique, o músico e violonista Rafael Guerreiro lança nesta quinta, em seu canal de YouTube, um novo clipe “Nas Asas do Uirapuru”. O projeto, realizado com apoio da Lei Paulo Gustavo, mescla tradição e inovação ao revisitar a obra de um dos maiores ícones da música amazônica. 

Gravado ao vivo no Pupuña Estúdio, com direção de Lorran Vale e mixagem de Felix Robatto, o clipe traz interpretações da clássica “Foi Boto Sinhá” e da composição autoral que dá título ao projeto.

A composição nasceu como um exercício de criação. "Foi um processo de variações rítmicas e melódicas sobre o tema de ‘Uirapuru’. Nada se cria do nada, sempre temos uma referência que nos embasa, mesmo que inconsciente. No caso dessa música, trago isso de forma proposital, buscando dar ‘asas’ à minha música através da lição contida na obra do maestro”, explica Rafael.

Antes do clipe, veio o single, lançado em setembro de 2023, com referências da obra "Uirapuru-canção amazônica", de Waldemar Henrique, que possui significativo legado. A canção foi uma das primeiras a levar a música paraense ao cenário musical nacional nos meados da década de 30 através da rádio e partituras e recitais que Waldemar e sua irmã Mara davam Brasil afora.

Para Rafael, "Nas Asas do Uirapuru" é mais do que um registro musical: é uma forma de honrar as raízes culturais do Pará. “A música de Waldemar Henrique é parte da minha formação musical. Lembro de aprender as primeiras notas de ‘Uirapuru’ aos 13 anos, quando comecei no violão”, relembra o artista. “Esse projeto busca reconhecer e revisitar a música como forma de valorizar o legado deixado por compositores como Waldemar Henrique, que fazem parte da construção da música paraense.”

A música do maestro inspirou Rafael artisticamente, mas também representa um elo essencial com a história cultural da Amazônia. “A música do maestro conta a história da nossa cultura. Assim como minha geração, as novas gerações ainda carecem de conhecer as origens culturais paraenses, e nada melhor do que a arte para nos conectar a isso”, reflete o músico.

Uma experiência colaborativa

Com uma trajetória que inclui colaborações em projetos como o “Laje Sonora”, de Lorran Vale, e passagens por bandas como Zebrabeat e Veropa Sessions, Rafael acredita que essas experiências enriqueceram sua abordagem no clipe. 

“Quando pensei nesse projeto, gravado ao vivo, lembrei imediatamente do Lorran. No ano passado, participei do ‘Laje Sonora’, e essa colaboração foi essencial para dar forma ao que planejamos”, conta.

O clipe busca transportar o público para um show ao vivo, uma experiência que Rafael considera única. “Espero que quem assista tenha a sensação de estar vendo um show ao vivo e que essa música seja uma via para viagens pelas paisagens amazônicas, trazendo leveza e contemplação.”

Novos horizontes

Além do clipe, Rafael já planeja novos projetos que exploram ainda mais seu lado violonista. “Sou mais atuante como guitarrista na cena musical e acabo deixando o violonista no armário às vezes”, brinca. “Já estou em estúdio gravando músicas para essa fase mais ‘violonística’, com referências em mestres como Sebastião Tapajós, Nego Nelson e Baden Powell.”

Serviço

O que: Lançamento do clipe “Nas Asas do Uirapuru”

Quando: Quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Onde: Canal oficial de Rafael Guerreiro no YouTube

Acesse: www.youtube.com/@rafael_guerreiro

21.11.24

A queda do céu já iniciou, mas ainda há esperança

A abertura do 10° Amazônia (Fi)Doc, nesta quarta-feira (20), no CCBA foi uma experiência histórica e profunda com a exibição do "A Queda do Céu". 
A exibição contou com a presença dos diretores Eryk Rocha e Gabriela da Cunha, do montador Renato Vallone e do protagnista do documentário Davi Kopenawa Yanomami.  

O líder indígena subiu ao palco à convite de Zienhe Castro, cineasta, produtora e anfitriã do festival, compartilhando reflexões sobre sua missão com os povos Yanomami e a urgência das questões ambientais, dando uma aula de sabedoria e resistência.

O Amazônia (Fi) Doc está só começando e nesta abertura já mostrou que cumpre com sua missão de amplificar as vozes sobre a região, em tempos de profundas transformações, onde a relação entre humanidade e natureza parece estar em seu limite. Nada mais certeiro que abrir o festival com “A Queda do Céu” , nos proporcionando esse mergulho no universo Yanomami. E melhor do que isso, na presença do protagonista e dos diretores, oportunidade que só costuma acontecer em festivais.

O Xamã e líder político dos povo Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami, ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, foi homenageado com um trofeu e trouxe ao público uma mensagem de alerta, resistência e reflexão. 

Com simplicidade e profundidade, ele destacou o papel fundamental dos povos indígenas na preservação da floresta, mas enfatizou que essa luta não pode ser travada apenas por eles. "Nós precisamos estar juntos", repetiu Davi, apontando a necessidade de uma aliança genuína entre indígenas e não indígenas.

Ele falou sobre a devastação causada pela exploração da floresta, criticando o desejo incessante do homem branco por riquezas que resultam na destruição da natureza. Em suas palavras, o problema não está apenas na crise climática, mas na ausência de sonhos e na falta de respeito pela Terra como um ser vivo.

Com relação à COP30 na Amazônia, Davi expressou ceticismo em relação às soluções práticas desses encontros globais. "Vocês sabem o que vai resolver? Nada. O problema é mais profundo", afirmou, sugerindo que a raiz da questão está na desconexão das decisões globais com o que interessa ao planeta, e com os valores tradicionais que priorizam a coletividade e a sustentabilidade.

Davi concluiu sua fala com um apelo simples, mas poderoso: que todos comecem a sonhar novamente, porque é nos sonhos que se encontra a força para transformar o futuro. “A queda do céu já começou,” alertou. Mas talvez ainda tenhamos tempo. Custa acreditar, como ele mesmo diz, mas talvez a resposta esteja em sonhar mais – e sonhar juntos.

Éryk Rocha: roteiro reestruturado na comunidade Yanomami

Durante o bate-papo realizado após a sessão, Eryk Rocha compartilhou os desafios e as surpresas que marcaram a produção do filme. Ele explicou que o projeto não nasceu exatamente como uma adaptação literal do livro homônimo de Davi Kopenawa e Bruce Albert, mas como um diálogo com a obra, buscando traduzir suas reflexões para a linguagem cinematográfica.

Inicialmente, o roteiro foi estruturado em torno dos três capítulos centrais do livro – diagnóstico, alerta e convite –, mas o percurso da produção trouxe mudanças inesperadas. O falecimento do sogro de Davi Kopenawa, durante o processo, foi um momento decisivo. Esse evento levou a equipe a ser convidada a registrar o Reahu.

O ritual fúnebre, a mais importante celebração realizada pelos Yanomami, onde são reforçadas alianças tendo como pano de fundo principal a homenagem ao morto, tornou o ritual o fio condutor da narrativa, acompanhada por áudios da voz de Kopenawa, refletindo várias questões e também de algumas passagens do livro.

As gravações ocorreram numa imersão de um mês naquela comunidade e isso foi essencial para captar não apenas o ritual, mas também o cotidiano das pessoas. Éryk também disse que durante esse período, a equipe filmava diariamente, dialogava com Davi e outras lideranças e refletia sobre as camadas de significado que emergiam. Ele descreveu essa vivência como “arrebatadora”, afirmando que a festa proporcionou uma compreensão mais profunda da relação espiritual e cultural dos Yanomami com a floresta.

Outro aspecto marcante foi a escolha de trabalhar com jovens comunicadores Yanomami como parte da equipe de produção. Eles contribuíram ativamente nas filmagens, trazendo perspectivas autênticas para o processo. Essa integração reforçou o compromisso do filme em ser não apenas sobre os Yanomami, mas feito com eles.

Na etapa de montagem, Eryk mencionou que o processo foi longo e experimental, com muitas reestruturações. Ele ressaltou o cuidado em equilibrar elementos do livro com as imagens e sons captados, além de incorporar arquivos sonoros e visuais, como transmissões de rádio e ruídos de helicópteros. Esses recursos criaram uma atmosfera de tensão que refletia as ameaças externas enfrentadas pelos Yanomami, sem que fosse necessário mostrar explicitamente cenas de violência.

O diretor concluiu que o filme se tornou mais do que uma adaptação do livro; “ele é uma extensão da obra, um novo capítulo que incorpora a ‘vingança da Terra’ mencionada por Davi”. Para Eryk, o filme reflete a revolta do planeta diante da exploração desenfreada, conectando a visão Yanomami com a crise climática global.

Festival reexibe "A Queda do Céu" no domingo

Seria apenas uma única exibição na abertura, mas ontem mesmo a direção do festival tomou a decisão de exibir, mais uma vez "A Queda do Céu",  trazendo agora a experiência no escurinho do cinema. Será única sessão, neste domingo, 24, às 15h30, no Cine Líbero Luxardo – Centur. 

Não percam. Além de tudo, o filme de Éryk Rocha e Gabriela da Cunha é um espetáculo estético e sonoro, uma imersão na essência Yanomami, um privilégio o acesso que a equipe teve à comunidade para realizar este trabalho, tornando possível que nós também possamos conhecer mais essa realidade pela tela do cinema na esperança em que a voz dos povos indígenas seja realmente ouvida. 

Noite de consciência para todos

A noite de abertura também foi marcada pela entrega de um troféu de homenagem à Zélia Amador de Deus, que celebrou com o público o Dia da Consciência Negra. 

“Estou muito feliz em estar aqui, agradeço ao festival. E estou mais feliz ainda porque hoje é dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, que pelo primeira vez, é um feriado. E isso é muito importante, porque o dia passa a ser nacionalizado e com isso uma consciência para todos, todas e todes”, disse a mestra. Zélia finalizou entoando a palavra Ubuntu: "Eu sou porque tu és, e tu és porque eu sou.", disse o significado aos presentes. Foi um chamado à união, tema central da noite. 

A programação do 10o Amazônia (Fi)DOc segue até 27 de novembro e traz em suas mostras, muitas outras vozes amplificadas pelo cinema feito na Amazônia. O festival, nestes 15 anos de existência e em 10 edições realizadas, cresce e aprimora seu olhar na curadoria, assim como na área da formação com a realização de debates, oficinas e workshops. 

Saiba mais e veja a programação completa

https://amazoniadoc.com.br/

20.11.24

Sabor e crise climática no As Amazonas do Cinema

Estreia do curta "Cozinhando no Calor, antes da
chuva, em outubro, no Cine Sesc.
Foto: Marcelo Rodrigues
"Cozinhando no calor antes da chuva", documentário de Auda Piani, retorna ao Cine Sesc Ver-o-Peso, nesta quinta-feira, 21, às 18h, participando da Mostra Competitiva do Festival As Amazonas do Cinema, promovido pelo  Amazônia (Fi)Doc, evento audiovisual que se espalha pela cidade até 27/11.

O documentário explora questões ligadas às tradições alimentares, crise climática e transformação cultural na Amazônia. Lançado oficialmente em 1º de outubro, o curta-metragem de 20 minutos foi recebido com entusiasmo em uma sessão emocionante, que reuniu equipe, personagens e espectadores apaixonados pela temática.

A obra destaca o protagonismo de 13 mulheres – pescadoras, cozinheiras e agricultoras – cujas histórias refletem os impactos da urbanização, mudanças climáticas e exploração ambiental sobre os saberes alimentares da região. O filme é fruto da longa trajetória de pesquisa de Auda, iniciada em 1996 com mestres ceramistas de Icoaraci e aprofundada a partir de 2012 com investigações sobre saberes culinários. 

3 progragonistas do filme, na ilha do Combu,
Auda e Patrícia Passos (produção)
Autora do livro Entre Panelas, Memórias e Sentidos (2022), a diretora viu no documentário uma nova forma de dar visibilidade às mulheres que guardam e transformam as práticas alimentares amazônicas. "Trouxe só mulheres para compor o filme porque esse saber está muito ligado ao feminino", ressalta Auda, que cresceu em uma família de cozinheiras.

Filmado entre março e julho de 2024, o curta revela um panorama sensível e realista das relações entre culinária, identidade e crise ambiental. Com locações em ilhas próximas a Belém e uma equipe técnica que inclui o fotógrafo Marcelo Rodrigues e a produtora Patrícia Passos, o projeto foi realizado com apoio da Lei Paulo Gustavo, lançado pela FUMBEL, Prefeitura de Belém, e contou com apoio de instituições como Sesc-PA, SEMEC, Fundação Escola Bosque e do MMIB.

Mais que um retrato cultural, Cozinhando no Calor, Antes da Chuva traz um debate essencial para a COP 30, desde já, mas principalmente em novembro de 2025. Para quem está em busca de alternativas e soluções climáticas, a melhor dica é ouvir a voz de quem vive nesta região e sente na pele os efeitos dos crimes cometidos contra a floresta e o meio ambiente de forma geral.  A obra articula memória e atualidade para discutir os desafios enfrentados pelas comunidades amazônicas diante da modernização e da exploração ambiental.

Festival destaca o protagonismo feminino no cinema

O Festival As Amazonas do Cinema é uma iniciativa foca na produção cinematográfica dirigida por mulheres cis e trans da região Pan-Amazônica. Em 2024, o festival chega à sua segunda edição, integrando a programação oficial do Festival Amazônia FiDOC, que ocorre até 27 de novembro em Belém do Pará.

Além das exibições, o evento oferece mostras, oficinas, bate-papos e debates, enriquecendo o cenário cultural e cinematográfico da região. Na sua primeira edição, realizada em 2020, o festival selecionou sete longas e 14 curtas documentários para as mostras competitivas, evidenciando a diversidade e a riqueza da produção feminina na Amazônia. Com a continuidade do evento, espera-se fortalecer ainda mais a representatividade das mulheres no cinema amazônico e ampliar o alcance dessas produções.

Serviço

Mostra Competitiva do Festival As Amazonas do Cinema – Exibição de Cozinhando no Calor antes da chuva. No Cinesesc Ver-o-Peso, Belém. Entrada gratuita, limitada à capacidade do lugar. Fica no Boulevard da Gastronomia, na Castilho França – Campina – Belém-Pa.

Amazônia (FI)Doc com lançamento e homenagem

Belém sedia a décima edição do Amazônia (FI)Doc - Festival Pan-Amazônico de Cinema. 

A abertura será no dia 20, às 19h, no CCBA, com a exibição de “A Queda do Céu”, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. A programação vai até dia 27, com ações em vários espaços da cidade. 

O documentário de Eryk, filho de Glauber Rocha, é um lançamento em 2024. Estreou em maio na Quinzena dos Cineastas, no Festival de Cannes, passou por festivais brasileiros e já conquistou prêmios internacionais, como Melhor Longa-Metragem Documentário Internacional no GIFF (México), Prêmio Especial do Júri no DMZ Docs (Coreia do Sul), Prêmio Fundação INATEL no DocLisboa (Portugal) e Melhor Documentário na Vagalume Milano (Itália).

Chegou a vez de Belém ver o longa, baseado no livro do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, e aborda o ritual funerário Reahu, práticas culturais e desafios enfrentados pelos povos originários, como o garimpo ilegal. Após a sessão, haverá um bate-papo com os realizadores e a presença de Kopenawa, que será homenageado junto à professora Zélia Amador de Deus.

Com financiamento das leis Paulo Gustavo e Rouanet, o festival traz uma programação diversa, incluindo seis mostras competitivas e outras atividades como oficinas, masterclasses e mesas-redondas. 

No total, foram inscritos 820 filmes de nove países da Pan-Amazônia, abrangendo ficção, documentários, animação e videoarte. Destaque também para a Mostra de Cinema Indígena e sessões especiais que dialogam com a temática socioambiental da região.

Entre as oficinas, “Montagem Autoral com Foco na Pan-Amazônia”, com Renato Vallone, e “Desenvolvimento de Roteiro para Longa e Série Documental”, com Lúcia Tupiassú, debatem novas linguagens e caminhos para o audiovisual. Já as mesas incluem discussões sobre produção, cineclubes e a importância do audiovisual como ferramenta pedagógica. O estudo de caso sobre o longa "Flashdance TF" explora a produção em áreas urbanas periféricas e desafiadoras.

O festival, que começou focado em documentários, ampliou sua abordagem para incluir ficção em 2023, reafirmando seu papel como vitrine da produção cinematográfica da Pan-Amazônia. “O Amazônia (FI)Doc conecta narrativas, amplia vozes e fortalece a identidade cultural dos povos amazônicos”, destacou Zienhe Castro, diretora-geral do evento.

Consolidado como um dos mais importantes eventos do audiovisual da região, o festival reúne 820 produções inscritas, representando nove países da Pan-Amazônia, com destaque para filmes de ficção, documentários, animações e videoarte.

Serviço

Festival: Amazônia (FI)Doc - Festival Pan-Amazônico de Cinema

Data: 20 a 27 de novembro

Locais: Vários pontos de Belém

Atividades: Mostras, oficinas, masterclasses e mesas-redondas

Abertura: Filme “A Queda do Céu”

Data: 20 de novembro

Local: CCBA (Rua Manoel Barata com Campos Sales)

Horário: 19h

Capacidade: 100 lugares

Informações detalhadas da programação: https://amazoniadoc.com.br/ 

(Obs: As fotos da postagem são de still do documentário de Eryk Rocha)

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"Razões Africanas" estreia nos cinemas brasileiros

Dirigido por Jefferson Mello, o filme estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 21, em 14 estados do Brasil. O Holofote Virtual teve acesso à obra e já antecipa aqui, um pouco da essência dessa obra. 

Preparem-se para mergulhar nas raízes da diáspora africana e explorar as conexões entre três ritmos emblemáticos da música mundial: o jongo, a rumba e o blues. A produção transcende fronteiras geográficas ao estabelecer pontes culturais entre Brasil, Cuba e Estados Unidos, enquanto resgata memórias e histórias que encontram sua origem na África.

O filme é conduzido pelas trajetórias de três artistas que representam esses estilos musicais: Lazir Sinval (jongo, Brasil), Eva Despaigne (rumba, Cuba) e Terry ‘Harmonica’ Bean (blues, Estados Unidos). Por meio de imagens do cotidiano, danças e depoimentos de especialistas, Jefferson Mello apresenta as influências africanas que moldaram a música contemporânea, ressaltando como esses ritmos tornaram-se ferramentas de preservação cultural e resistência.

Razões Africanas também expande sua narrativa para as próprias terras africanas, com filmagens realizadas em Angola, Congo e Mali, que revelam as origens dos ritmos abordados. Segundo Mello, o documentário não é apenas uma celebração da música, mas um convite à reflexão sobre reparação histórica e a importância da contribuição africana na cultura global. "É um resgate da memória e uma homenagem à contribuição africana para a cultura mundial", afirma o diretor.

Fotógrafo e cineasta, Mello - que também assina o roteiro da produção - estreou como diretor de documentários em 2014 com “Samba & Jazz”, inspirado em seu livro de fotografias “Os Caminhos do Jazz”, que o levou a 18 países, entre EUA e Japão, para retratar o gênero ao redor do mundo. 

“Minha trajetória profissional sempre esteve ligada à diáspora africana, em especial na música. Sendo assim, logo depois que finalizei o ‘Samba & Jazz’, comecei a produzir o ‘Razões Africanas’”, explica. 

Premiado internacionalmente em festivais como o Cinema on the Bayou (EUA) e o Festival Internacional de Cinema Africano da Argentina, o documentário já foi exibido em sessões especiais em Angola e integrou eventos importantes no Brasil, como a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. 

A estreia de Razões Africanas ocorre em um momento significativo, um dia após o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, que homenageia Zumbi dos Palmares e marca a luta contra o racismo e pela valorização da cultura negra. 

A produção dialoga diretamente com os temas dessa data, ao abordar a música como memória e resistência. No Brasil, o jongo preserva elementos das tradições africanas que deram origem ao samba; nos Estados Unidos, o blues ecoa histórias de escravidão e luta por direitos civis; e, em Cuba, a rumba exalta raízes africanas em celebrações de identidade cultural.

Produzido pela Tremè Produções em parceria com a Carmela Conteúdos, o filme conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale e da A&M Álvares Marsal.

Veja o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=-o0eavY9zaU

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19.11.24

Denise Fraga traz "Eu de Você" ao Theatro da Paz

Denise Fraga, uma das atrizes mais admiradas do teatro brasileiro, chega a Belém para uma curta temporada de sua aclamada peça "Eu de Você", no Theatro da Paz, nesta sexta (22) e sábado (23), às 20h, e no domingo (24) de novembro, às 18h. 

Em turnê pelo país, a peça  promete levar o público a uma profunda reflexão sobre a vida, o humor e as conexões humanas. Ingressos na bilheteria do teatro.

Para Denise Fraga, apresentar o espetáculo no Theatro da Paz é mais do que uma escolha de agenda. "Estar em Belém, nesse ícone nacional, é muito especial. Já me apresentei no Teatro Municipal de São Paulo, no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, e no Teatro Amazonas, de Manaus, e agora poder trazer essa peça aqui é uma honra.", diz a atriz. 

"Eu de Você" é uma obra que transita por diferentes dimensões da arte. Mistura música, poesia, literatura e histórias reais, criando uma experiência imersiva e única para o público. “A arte ajuda a gente a viver. Quem lê Dostoievski e Fernando Pessoa, no mínimo, vai sofrer mais bonito”, afirma Denise Fraga, sobre o papel da arte na vida cotidiana.

Em uma carreira de 40 anos marcada pela dedicação ao teatro, Denise considera essa montagem uma das experiências mais transformadoras de sua vida artística. 

Criado a partir de uma intensa colaboração em sala de ensaio, "Eu de Você" rompe com a formalidade teatral tradicional, apostando na proximidade entre público e cena. O formato rompe a tradicional “quarta parede”, "Eu de Você"  faz o público sentir-se íntimo da história, de modo que a plateia se torna um personagem dentro da trama.

Denise, porém, deixa claro. Embora o espetáculo dialogue diretamente com a plateia, ele não é interativo no sentido convencional. A obra reforça o vínculo humano por meio de histórias universais. "A peça nos lembra o tempo todo que estamos ali, compartilhando algo essencial sobre a vida", comenta. 

O enredo de "Eu de Você" foi construído a partir de relatos do público. Denise pediu histórias pela internet e colocou anúncio em jornal. Resultado: quase 300 histórias que foram bem difíceis de escolher, mas as que ficaram, vão além das narrativas individuais. 

Denise destaca a força de histórias simples e comoventes, como a de uma mãe enfrentando o Alzheimer ou a de um professor pedindo desculpas a um aluno. "Eu me pergunto: o que é comum a todos nós nesse país polarizado? E percebo que ninguém escapa dessas emoções compartilhadas."

Música, poesia e improviso

Sob direção de Luiz Villaça, "Eu de Você" é uma celebração do coletivo, num processo criativo que envolveu a dramaturgia de Rafael Gomes, a direção musical de Fernanda Maia e contribuições de uma equipe multidisciplinar. 

A peça mistura música, poesia e improvisação, rompendo com métodos tradicionais e oferecendo a Denise uma nova forma de fazer teatro. "Eu sempre tive medo de improvisar, mas isso inaugurou uma maneira inédita de criar para mim", revela.

Embora tenha surgido a partir de uma ideia simples, o espetáculo se transformou em um grande coletivo artístico, com a participação de músicos, atores e criadores. A banda, formada por músicos que estão em cena ao lado da atriz, também é parte essencial da narrativa. 

"Somos 10 pessoas viajando juntas, e a peça nasceu dessa convivência e do prazer de criar em grupo. É um trabalho que fortalece a fé no poder do coletivo e no teatro. A peça acabou sendo um mix de música, improviso e provocações. Cada cena carrega um pedaço da vida de todos nós", conta Denise. 

O espetáculo oferece acessibilidade, com serviços de LIBRAS, audiodescrição e monitoria para pessoas neurodiversas. Para informações sobre esses serviços, o público pode contatar a produção pelo e-mail comunicacao@niafilmes.com.br. 

A realização de 'Eu de Você" é da NIA TEATRO e o patrocínio da Bradesco Seguros, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Serviço

Espetáculo: Eu de Você

Datas: 22, 23 e 24 de novembro de 2024

Local: Theatro da Paz, Praça da República, Rua da Paz, s/n, Centro, Belém - PA

Ingressos: Bilheteira do Theatro da Paz e site Ticket Fácil

Preços: R$ 20,00 a R$ 140,00

Classificação indicativa: 12 anos

Duração: 90 minutos

17.11.24

Sobre Momo e Alberto Silva Neto

Por Ismael Machado, com 
fotos de Samia Oliveira e Wlad Lima.

O psiquiatra José Ângelo Gayarsa, que se notabilizou por fazer ‘sessões e consultas’ na televisão, costumava dizer que a família- pelo menos a nossa família tradicional ocidental- era fonte das nossas maiores mazelas e traumas psíquicos ao longo da vida. Creio que Nelson Rodrigues assinaria embaixo dessa afirmação com um largo sorriso no rosto. 

É difícil olhar ao lado ou mesmo internamente e não ter uma sensação de que nossas fissuras emocionais não são causadas por esses anos de convivência familiar, negociando emoções, suprimindo dores, alimentando fantasmas de rancores, invejas e solidões. Há saída? Difícil dizer.

Alberto Silva Neto encontrou uma. Ou não, vá se saber, numa filosofia caetânica, de resto um ícone na vida de Alberto. Expor as fraturas e as feridas de um relacionamento com o pai e, por tabela, com um avô não conhecido (e que personagem fascinante) foi um modo de o ator Alberto exorcizar o pai, o avô, a família. Prestar homenagem ainda que às vezes sombria, foi uma solução para alguns demônios, anjos noturnos que podem atravessá-lo em noites perdidas, deitado na rede e olhando a cidade do alto.

Momo, o espetáculo exorcismo, o monólogo das entranhas, a peça divanesca, o teatro testemunho, ou qualquer outra definição que queiramos ou possamos dar é, antes de tudo, um atravessar por um terreno pedregoso. Sim, estamos vendo as águas do mar, a praia lá adiante, mas para chegar até ela, é necessário talvez cortar os pés nas pedras afiadas que nos separam dessa suposta recompensa. Não, não nos iludamos. Como o personagem em determinado momento, precisaremos arrancar fora os calçados e encarar os passos nus.

Alberto Silva Neto é um monstro. É um artista-ator que chegou a um momento de plenitude dramatúrgica onde a palavra assombro talvez seja a melhor a nos definir quando o assistimos em cena. Sou testemunha disso. Alberto fez parte de meu primeiro longa de ficção, Flashdance TF e eu, que sempre o cogitei para o papel desde a escrita do roteiro, admito não estar preparado para o que presenciei de forma tão íntima e tão intensa. Cláudio Barros, outro gigante amado, não me deixaria mentir.

Em Momo, Alberto se despe e se veste. Se traveste de armaduras e as joga longe. Ao encarar a vida e a morte do pai, entre cartas, recortes, missivas que mais parecem uma garrafa jogada ao mar, ele nos amarra ao pé da mesa da escuta. Só que essa escuta não é isenta de dor. Ela nos leva aos nossos próprios assombros, nossos escuros, ali onde algo nos escava feridas, nos atropela memórias.

É dor feito gozo, como cantariam Gonzaguinha ou Djavan, que já abordaram essas funduras em letras musicais. Ou aquilo que Caio Fernando Abreu sempre dizia, sobre a dor de criar algo que é verdadeiro, no sentido não da palavra verdade, mas aquela coisa que não nos deixa mentir quando o espelho nos mira de volta nos sombrios momentos de solidão urbana.⁷

O que Alberto busca e ele costuma enfatizar isso, é ultrapassar a barreira do mero ser-estar ator e ir um pouco além. Ou muito além. Alberto grita e chora e ri e sussurra e se cala. E entre os olhos umedecidos ele sorri e confessa ser teatro o que faz. Mas é uma armadilha também, pois nunca é só teatro. A vida pulsa. No efêmero e no eterno.

Há vícios e virtudes no caminho de qualquer artista. Egos impelidos a criar e dizer e mostrar algo que são como portas entreabertas, janelas que iluminam porões empoeirados, onde o fogo que queima gera uma cinza pouco acessível. Não é uma tarefa fácil sacudir os esqueletos de cada armário.

Em Momo há as compreensões e incompreensões sobre os papéis de cada um numa história masculina. Paternar. O pai, o filho, o desamparo materno, o pai que somos, os filhos que fomos, o futuro e o passado que se embolam. Onde o abraço? Onde o encontro? A voz tonitruante imperativa. A voz do pai. A voz do medo. Da distância, do afeto suprimido. Pai. Descasquemos as peles, arrancando as cascas de ferida. O que nos sobra?

Alberto entrega e pede de volta. Reclama compreensão e aceitação. Esse sou o eu descarnado. Talvez não seja. Talvez seja apenas teatro. Mas se teatro é vida, é a vida que está sendo jogada em nós? 

Ou é simplesmente mais uma folia de momo num carnaval de ruas desertas?

O palhaço chora. E eu o observo de meu próprio picadeiro. Alberto?  Esse quer se equilibrar na corda lá em cima. A pergunta que me faço é: há rede para amparar a queda, se houver?

Ave, Alberto. Te saúdo. 

(Ismael Machado)