17.6.23

Arraial com dramas de Pássaros e Cordões Juninos

Pássaro Suidara, um dos grupos 
na programação.

O Tamo Junto e Misturado – Arraial de Belém promovido pela Prefeitura, por meio da Fumbel, iniciou na quinta (15), com apresentações quadrilhas, grupos paraflclóricos, carimbó, toadas,  bumbás, e show de Dona Onete, no Piano Palco e Cuia Acústica da Praça Waldemar Henrique; e segue com programação paralela de Pássaros Juninos e Cordões de Bichos, hoje (17) e no próximo sábado (24), no Teatro do CCBEU e na Biblioteca Pública de Municipal Avertano Rocha, em Icoaraci, a partir das 18h. Entrada gratuita.

O Pássaro Junino e os Cordão de Bichos são manifestações tradicionais e únicas da cultura paraense, mas nem todo muita entende muito bem a diferença entre as duas, porém, é simples. Basicamente, o Pássaro Junino é um teatro popular musicado, criado no Pará, ainda na Bélle Epoque. Foi feito para ser apresentado em teatro. Já o Cordão de Bichos é aquele que pode ser composto por Pássaros e outros animais da nossa floresta. 

O Cordão também traz como desenrolar, um destino com desfecho amoroso, ou trágico, decorrente da cobiça em torno do Pássaro, mas têm como uma das características a permanência em cena da maioria dos brincantes, colocados em semicírculo e, no centro, se desenvolvem todas as cenas. Os brincantes, na hora de suas cenas, dirigem-se ao centro do palco, voltando, em seguida, para suas posições de origem, e podem ser apresentados em qualquer espaço. 

Já o Pássaro Junino ou Pássaro Melodrama Fantasia – esta denominação, hoje, mais utilizada pelos grupos – requer espaço mais apropriado, com palco, camarim e cortina. É importante frisar que não há cenários e que o espetáculo estrutura-se a partir de quadros. Deu pra entender melhor? 

Neste sábado, no Teatro do CCBEU, às 18h, a programação inicia com o espetáculo do Pássaro Tucano, seguido dos grupos Pequeno Guará, às 18h50; Suindara, às 19h25; Ararajuba, às 20h; Tangará, às 20h50 e, encerrando com Beija Flor, às 21h30. Já na BPMAR, dois cordões de bichos se apresentam, a partira das 18h, abrinco com o Cordão do Peixe Bacú e encerra com a apresentação do Cordão de Pássaro Tem Tem do Outeiro.

Origem da manifestação no século XIX 

Pássaro Suidara/Foto: Divulgação

Vale (re)contar a história do surgimento dessa manifestação, no Ciclo na Borracha na Amazônia, período que determinou o desenvolvimento e intensa modernização de Belém. 

Os grandes barões queriam reproduzir por aqui a sofisticação e o luxo parisiense. A urbanização e a arquitetura à época tinham como referência a estética européia refletida nas praças, palácios e monumentos construídos. As damas das classes mais ricas de Santa Maria de Belém do Grão-Pará trajavam longos vestidos cheios de anáguas confeccionados na Europa, mesmo elas sabendo das condições climáticas do Norte brasileiro. 

Foi nesse mesmo período que a criatividade popular deu origem aos Pássaros Juninos, 'um dos mais complexos gêneros teatrais criados na cultura brasileira', como considera o professor, poeta e estudioso do imaginário amazônico, João de Jesus Paes Loureiro. Essa manifestação cultural exclusivamente paraense nasceu logo após a inauguração do Teatro Nossa Senhora da Paz (hoje conhecido como Theatro da Paz), em 13 de fevereiro de 1878, que recebia espetáculos de ópera, dança e teatro de companhias européias, principalmente de Portugal e França.

Do lado de fora ficavam aqueles mais pobres que não tinham condições financeiras para contemplar as representações. Alguns, porém, entravam e assistiam, não porque pagavam, mas sim porque eram empregados dos barões que eram convocados pelos patrões para 'vigiar', do alto do conhecido 'paraíso' do Teatro, suas jovens filhas, para impedi-las de namorar.

Era dessa forma que os mais humildes assistiam aos espetáculos e reproduziam as cenas em suas comunidades, originando uma dramaturgia própria com personagens de características híbridas, partindo de uma visão social popular, misturada a contos de fada e costumes da realeza. 

A programação do Tamo Junto e Misturado – Arraial de Belém segue até dia 30 de junho, quando encerra com a premiação das quadrilhas e misses juninas e ainda com show do mestre Pinduca, na Cuia Acústica da Praça Waldemar Henrique. Nos domingo, 18, 25 de junho e 2 de julho, uma novidade desse ano, a Praça Waldemar Henrique, que foi revitalizada para receber o arraial junino de Belém, também vai receber, com apoio da prefeitura, por meio da Fumbel, os shows de finalização dos Arrastões do Pavulagem, sempre às 11h30, na Cuia Acústica.

PROGRAMAÇÃO – PÁSSAROS E CORDÕES JUNINOS

Teatro do CCBEU – Tv Padre Eutiquio nº 1309 – Batista Campos.

Dia 17/06 (Sábado) 

18h Tucano

18h50 Pequeno Guará

19h25 Suidara

20h Ararajuba

20h50 Tangará

21h30 Beija Flor

Dia 24/06 (Sábado)

17h Japiim

18h Pavão

19h Uirapuru

20h Rouxinol

21h Papagaio Real

21h45 Tem Tem

BPMAR – Icoaraci

Chalé Tavares Cardoso - Icoaraci

Dia 17/06 (Sábado) 

18h Cordão do Peixe Bacu

18h40 Cordão do Pássaro Colibri (Outeiro)

19h Cordão do Pássaro Tem Tem (Outeiro)

Dia 24/06 (Sábado)

18h Cordão de Pássaro Pipira D’àgua Boa

18h40 Cordão de Bicho Oncinha

ENTRADA FRANCA

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