25.7.14

Últimos mergulhos no universo da Drag "Transophia"

Deveriam ter sido apenas seis apresentações, mas com a de hoje, o espetáculo performático “Transophia”, de Pedro Olaia, vai completar a nona exibição. Na próxima semana, de quinta a sábado, tem mais, encerrando o projeto Yellowcake, que o Estúdio Reator realiza sempre no mês de julho, em Belém do Pará. A partir das 21h. Depois disso é claro que a personagem sobreviverá, mais exatamente nas ruas, ambiente em que ela nasceu.

Na antessala de espetáculo, uma exposição traz bonecos incríveis de personagens das histórias em quadrinhos. É plus a mais da programação. O público já entra no Reator tendo o que ver e, se quiser, também o que beber. No bar há cervejinhas. Por isso dá pra chegar a partir das 20h, embora o espetáculo inicie ás 21h.

Ao entrar no espaço de apresentação, o público, mais uma vez, é surpreendido, sem saber muito bem onde se colocar, pois a proposta é livre. No topo da estrutura de cenário, o ator lá em cima, já inicia sua performance. Por alguns minutos as pessoas precisam olhar para o alto a fim de acompanhar o início da performance.

Trazendo referências musicais e audiovisuais instigantes, em cena, uma Drag Queen questiona o consumismo exacerbado de tecnologia nos dias de hoje. A questão é trazida para o universo da personagem que se constrói em cena, utilizando ferramentas que estão em nosso cotidiano tecnológico, enquanto o público é deixado à vontade no espaço multifacetado do Reator.

O espetáculo mostra um pouco do universo de uma Drag, aborda a questão do lixo tecnológico, e faz assim, de certa forma, um link entre a transformação artística de uma Drag e a transformação desse lixo tecnológico, entrelaçados nas gambiarras eletrônicas utilizadas na Amazônia. 

Durante uma hora vemos à frente, ou pelo lado, a personagem que se expressa através de uma performance arrebatadora, mostrando, em um pequeno palco, momentos de altos e baixos na vida de uma Drag, ao mesmo tempo em que vemos como ela vai associando a seu corpo, diversos elementos que formam computadores, celulares e de outras invenções da tecnologia.

O cenário pode ser um camarim ou o quarto da personagem. “É um espaço fechado. O único momento em que ele sai dali é quando se senta à beira da estrutura. Pedi ao Pedro nesta hora para sentar como se fosse uma cabocla nativa, sentada na beira do rio. É assim que ele invade um pouquinho o espaço dos espectadores. Então, embora ele se mostre o tempo todo, há sim uma quarta parede de teatro ali”, explica Nando Lima, diretor do espetáculo.

A música é importante na cena. Há horas que é agitada, depois entra um Caetano e nós nos acalmamos na plateia, enquanto vemos Sophia sofrer e ser feliz em sua jornada. Na trilha, temos música de Brian Eno e da Spiritualized, banda de space rock inglesa formada em Warwickshire. 

Preste atenção das músicas “Maquillage”, do Vive La Fête, grupo fundado em 1997, e ainda na canção “Estou Triste”, de Caetano Veloso, que integra o disco 'Abraçaço'. Elas dizem muito sobre Sophia. E ainda há “Lady Grinning Soul”, de David Bowie, a última faixa do álbum Aladdin Sane, lançado em 1973.  Entre os filmes, são utilizados fragmentos de curtas metragens feitos no final da década de 70, que tratam de temas como a sexualidade e a violência, com uma fotografia expressionista e temas recorrentes nas obras de Lars von Trier.

É a primeira vez que Sophia sai das ruas e vem para um espaço fechado, mas isso não altera a essência do trabalho desenvolvido pelo artista, que traz na bagagem, inúmeras outras performances de rua, sempre criticando o consumismo, voltando o olhar para a reutilização de materiais diversos.

O primeiro trabalho em teatro, no ano de 2006, foi realizado com o Usina Contemporânea de Teatro, mas foi ao conhecer o artista Nando Lima, em 2006, que Olaia deu início a uma nova etapa desta trajetória. Naquele ano monta com ele o espetáculo Frozen.  Em 2008 e 2010, também com Nando Lima, Olaia trabalha em duas edições do Festival Territórios de Teatro. Atualmente, a parceria, que segue firme, nos trouxe “Transophia”. Vá assistir. 

Para ver mais sobre Pedro Olaia, acesse:

Barato é aqui:

De-Leite:

Serviço
Transophia. Nesta sexta, 25 de julho, às 21h. Ingressos R$ 20 (R$ 10,00 para estudantes e classe teatral). O Reator fica na Travessa 14 de Abril, 1053, próximo à Gov. José Malcher.  Ingressos na entrada: R$ 20,00 a inteira, e R$ 10,00 para estudantes e classe teatral. Mais informações: 91 8112.8497. Realização: Estúdio Reator. Apoio de divulgação: blog Holofote Virtual.

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