23.10.14

Histórias para adultos ganham espaço no Sesc

Intitulada “Contação de Histórias para Adultos”, a programação teve, na última terça-feira, 21, o ator Milton Aires, que nos contou várias histórias em seu "Makunaíma - Cosmogomias Ameríndias”.

O ator trouxe de volta um trabalho que iniciou em 2010/2011, com uma pesquisa que resultou na curta cena “Makunaíma: Em a Árvore do Mundo e a grande enchente”, apresentada em São Paulo, na Sede Luz do Faroeste, e depois no 12º Festival de Cenas Curtas, do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.

Para a contação de história no Sesc, Milton fez adaptações. Agregou à narrativa, a voz, para contar histórias que envolvem Macunaíma, um mito brasileiro, imortalizado pela obra de Mário de Andrade que o chamou de Herói sem Caráter. A ideia, porém, é dar continuidade à montagem do espetáculo, que explora basicamente ruídos e movimentos corporais.

A contação de histórias funcionou como um despertar de retorno para Milton que, em Makunaíma: Em a Árvore do Mundo e a grande enchente, se desdobra em cinco personagens na cena. Baseando-se nas histórias sobre a origem do mundo contadas a partir dos mitos indígenas, o espetáculo mostra as aventuras de Macunaíma e seus irmãos em busca de comida numa época de escassez na Amazônia.

As histórias do espetáculo fazem parte do trabalho do estudioso alemão, Theodor Koch-Grünberg, publicadas em Berlim no início do século passado. Theodor viajou várias vezes pelo Brasil, a primeira delas em 1896, como membro da expedição liderada por Hermann Meyer, que buscava alcançar a foz do Rio Xingu. 

Sua contribuição é fundamental para o estudo dos povos indígenas da Amazônia, seus mitos e suas lendas. Suas observações e relatos de viagem constituem uma importante fonte para a antropologia, a etnologia e a história indígena.

Os mitos transcritos por Koch-Grunberg também foram utilizados por Mário de Andrade no seu Macunaíma – o herói sem nenhum caráter (1928), que transcreveu, às vezes literalmente, as narrativas registradas pelo etnólogo ao narrar muitos dos episódios vividos por Macunaíma e por outros personagens desse romance marco do modernismo brasileiro.

Na torcida para ver o espetáculo para o qual tive o prazer de contribuir, no processo de pesquisa, iniciada em abril de 2011, logo depois que Milton retornou de São Paulo, onde estava fazendo o curso “O Visível e o Invisível no Trabalho do Ator-Dançarino”, ministrado pelos professores Carlos Simioni (LUME) e Tadashi Endo (Mamu Butoh Centre), realizado no Teatro de Tábuas (Campinas-SP).

O que já rolou - As contações de história para adultos já acontecem há quase dois anos. Em 2014, entre outras histórias, a programação já contou, em junho, com "A Pratinha é Ouro", com as atrizes Sandra Perlim e Márcia Lima e, em setembro, com o texto "Maria Dagmar", história contada por Adriana Cruz e Gil Ganesh. 

Baseada no texto homônimo de Bruno de Menezes, "Maria Dagmar" é mulher, paraense, pobre, bela, igual a muitas outras da cidade de Belém, porém, nascida da palavra do nosso escritor em 1950. A narradora, Adriana Cruz, apresenta a narrativa como quem lê um livro, utilizando música e narração de poesia para criar uma atmosfera poética.

Atentos - "Esse projeto já acontece há uns dois anos e hoje podemos dizer que há um público crescente e fiel participando, assim como há grandes talentos em nossa região como o Milton, que precisam de espaço e apoio para difundir seu trabalho", diz José Maria Vilhena, gerente do Sesc Boulevard. 

A ação faz parte do projeto de literatura do Sesc Boulevard, que também oferece contação de histórias infantis todos os sábados de manhã. As contações de histórias para adultos rolam uma vez por mês. A próxima ainda não está divulgada. Mas fica ligado que a programação é sempre em uma terça-feira, às 18h, no Cine Teatro do Sesc Boulevard.

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