13.3.19

Assurini traz agenda Awaeté a Belém e Castanhal

O Despertar Consciência Humana a partir da Re Conexão com os Povos das Águas Terras e Florestas em Belém integra um circuito de troca de Saberes e Práticas, que fazem parte da Agenda Awaeté criada com objetivo de discutir perspectivas e caminhos de (re)ativar conexões para melhorar as relações em comunidade e com os povos indígenas. Nesta quinta-feira, 14, na Casa Sete, com Timei Assurini, Carla Romano e Norma Lacerda e, no dia 6 de abril, em Apeú-Castanhal, na Arte Fazenda Renascer. No dia 21 de março, tem ainda o Cine Debate "Depois da Inundação de Belo Monte", um papo com Carla e Timei, no Lab Pará, no centro histórico de Belém.

Intervenções, vivências e trocas de saberes num diálogo sobre a criação de possíveis caminhos e portas para a reconexão com a essência humana. Quem somos? Qual nossa cultura? Podemos cocria-la juntos? Vivemos para consumir ou podemos nos reconectar com o que nos matem vivo? São perguntas que impulsionarão a roda de conversa e as vivências com Timei Assurini, indígena Awaeté, como seu povo se autodenomina, e Carla Romano, uma carioca que mergulhou nessa questão que hoje é mais que urgente e necessária. 

Os Assurini do Xingu têm apenas 48 anos de contato, com histórico de resistência e luta junto aos impactados do contato com a civilização não indígena. Eles vivem no Médio Xingu  foram encontrados, de acordo com informações de Timei e Carla, pelos padres, no ano de inauguração de Rodovia Transamazônica, em 1972. De acordo com eles, "os anos seguintes foram marcados por envenenamentos durante a ditadura quando chegamos a 52 indígenas nos anos 80". 

Na sequência, segundo informa Timei e Carla, "o assédio de pesquisadores acadêmicos, governo, madeireiros, mineradores, empresários e evangélicos só pioraram com a construção da Hidrelétrica de Belo Monte e a mineradora Canadense Belo Sun".

"Agora mais do que nunca, necessitamos, para nossa sobrevivência física e cultural, construirmos um outro diálogo, decolonizado, com a sociedade brasileira pois salvaguardamos conhecimentos e territórios fundamentais para nós e para o mundo", diz ele que vem, há 4 anos, buscando entender a cultura que chega na aldeia.

Foi com esta intenção que foi criado o projeto “Agenda Awaete - Troca de Saberes Assurini do Xingu/PA”, que consiste no circuito “Descobrimento do Brasil”, que já percorreu 4 estados brasileiros​, realizando mais de 300 atividades.

A jornada, contam eles, iniciou sem muita pretensão, de forma autônoma. "Nesta caminhada, destacamos atividades como 'Tecendo Saberes' e  'Vivência de Cerâmica', onde buscamos a valorização das práticas e os saberes tradicionais do nosso povo. Além de atividades de Permacultura e Agrofloresta, onde nos conectamos com grupos e pessoas conscientes da importância da recuperação de conhecimentos tradicionais que já estão no movimento de diálogo com outras culturas, trocando saberes com os karai difundindo conhecimentos de formas sustentáveis de ocupar o planeta", explicam.

Em novembro de 2018, Timei recebeu um chamado de seus ancestrais e se tornou Pajé, sendo um momento de retorno ao seu território para frutificar a experiência e conhecimento adquiridos na jornada, com seu povo e, depois disso, começar um novo ciclo.  Além da aldeia de Timei, há cerca de 11 etnias na mesma área, além de ribeirinhos e demais povos da terra e da floresta. 

"Nosso objetivo é unir forças para a decolonização​ de nosso povo e demais povos da floresta frente a conhecimentos autodestrutivos que buscam a nossa aculturação para o fortalecimento do capital industrial", diz Timei. 

Nesta nova etapa, o objetivo maior é arrecadar recursos para iniciar um processo de base para a regulamentação do grupo, logística e construção de uma Casa de Troca de Saberes, sendo este um ponto de conexão na floresta da Agenda Awaete. 

"Para isso precisamos continuar trocando saberes e constelar mutirões locais para a criação e envolvimento com processos autônomos a partir da união dos conhecimentos tradicionais a demais tecnologias sociais nas áreas principalmente de saneamento ecológico, agrofloresta, energias renováveis, além de uma estação de monitoramento territorial", finalizam.

A narrativa completa sobre a Agenda Awaeté, você pode ler no evento criado no facebook. Clique aqui: http://bit.ly/2Uvgp0A

Novo governo traz mais injustiças à causa indígena 

A questão indígena hoje no país se agrava. Em janeiro deste fatídico ano, em carta enviada ao atual presidente do Brasil, lideranças indígenas dos povos Aruak Baniwa e Apurinã, do Amazonas, escreveram: "Quem não é indígena, não pode sugerir ou ditar regras de como devemos nos comportar em nosso território e em nosso país. Temos capacidade e autonomia para falar por nós mesmos". 

A carta foi escrita depois que o atual governo determinou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ficasse responsável por identificar, delimitar e fazer as demarcações de terras indígenas, função antes da Fundação Nacional do Índio (Funai), numa clara manobra para beneficiar o agro negócios e a invasão de terras indígenas. E mais, a atual ministra Tereza Cristina, com apoio de Bolsonaro, autorizou a entrada de 54 agrotóxicos no mercado brasileiro. Outra autorização, de 11 de fevereiro, foi publicada no Diário Oficial da União pelo Ministério da Agricultura, para 19 produtos, dos quais 12 classificados como extremamente tóxicos. 

Ainda que diante de tantos desmandos a nossa constituição tenha sido rasgada, nunca é demais lembrar que o "direito dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional configura-se como um direito originário e, consequentemente, o procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas se reveste de natureza meramente declaratória. 

Portanto, a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos da Constituição Federal de 1988".

Agenda Awaeté 

Roda de Conversa
Nesta quinta-feira, 14, com participação de Carla Romano e Norma Lacerda, a partir das 19h, na Casa Sete – Travessa Eneas Pinheiro , 721 – Pedreira - Belém. Ingresso sugerido como colaboração a aldeia Janeraka – R$ 30,00. Mais informações: 91 972616638.

Cine Debate - "Depois da Inundação de Belo Monte"
No dia 21 de março, às 18h - contribuição sugerida de R$ 30,00 - No Lab Pará - Trav. Campos Sales, 705, Campina - Belém.

Vivência
Em abril, no dia 6, das 8h às 21h, também haverá uma vivência com Timei Assurini e Carla Romano, em Castanhal. O investimento é de R$ 250,00 (Diária com almoço e fogueira) ou R$ 350,00 (pernoite), na Arte Fazenda Renascer. Mais informações: 91 991912067

SABER MAIS E/OU PARTICIPAR DO PROJETO?
Fale com a gente agendaawaete@gmail.com
(21) 972616638

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