5.11.14

Experimentalismo do PSM chega no Sesc Boulevard

Definir o que é o Projeto Secreto Macacos, o PSM (mas não confunda com Pronto Socorro Municipal, quando vir esta sigla), é difícil até mesmo para quem está na origem da criação da banda. O melhor é chegar lá no Sesc Boulevard, onde nesta quinta-feira, 6, a partir das 18h, ele será a atração, com entrada franca, e acompanhar aqui o papo/entrevista com Jacob Franco, um dos integrantes que fundou o grupo.

“Acho um pouco complicado definir o estilo do projeto já que é uma coisa muito inconstante, pois a banda sempre passa por mudanças dentro do experimentalismo, sempre estamos mexendo na estrutura das músicas e vivendo em constante mutação, sendo bem cosmopolita', diz Jacob. 

Tem pequena influência de música brasileira, jazz, noise music, rock, hardcore, rock alternativo garage. É uma banda instrumental experimental”, define o músico que foi o responsável por tudo isso, pode-se dizer.

O que dá pra dizer é que  som da banda é resultante da mistura de guitarras, sintetizadores, teclados e efeitos vocais, que acabou chamando atenção, fazendo com que se chegasse a segunda colocação nas Seletivas do Festival Se Rasgum, em 2010. A partir daí, novas experimentações surgiram.

PSM, na atual formação
A atual formação tem Jacob Franco (kaospad, Escaleta e Efeitos vocais), Clécio Dub (Programações e Efeitos), Arthur Cunha (Guitarra), Junior Feitosa:(Bateria), Rodrigo Ferreira (Teclados e sintetizadores) e Ribamar (baixo).

Músicas inéditas - A banda vai mostrar no show desta quinta-feira, 06, um repertório autoral, que estará incluído em seu primeiro CD, atualmente em fase de gravação e que eles pretendem. “Queremos lançar este trabalho no final de 2014 ou começo de 2015, e depois queremos circular pelo Estado difundindo o projeto. Estamos em busca de recursos para isso”, observa Jacob Franco.

O trabalho virá no tempo certo, pois a banda vem ganhando chão e se encontrando cada vez mais, mesmo com todo o seu experimentalismo. Desde que surgiu, o PSM tem feitos shows em projetos consistentes, passando por Belo Horizonte (show no Parque Municipal de BH) e Rio De Janeiro (no Circo Voador), e participou de eventos específicos e coletâneas virtuais como “Yo no Hablo su Língua”, na qual a banda foi a única brasileira a participar. Em maio deste ano, o PSM foi uma das bandas selecionadas pelo projeto Música na Estrada, que circulou por cidades no sudeste paraense.

O PSM no Música na Estrada
Banda ou projeto? - O nome do grupo gera curiosidade, mas eles preferem assim. “Acho legal as pessoas ficarem curiosas e interpretarem do jeito que elas quiserem”, diz Jacob Franco, um dos responsáveis pela criação do grupo, em 2009.  

Ao todo, o Projeto Secreto Macacos é formado por seis músicos. Todos eles compõem e possuem uma relação de amizade, mas para chegar a atual formação, foram inúmeros os encontros e desencontros que tiveram. E além do entra e sai de músicos na banda (na entrevista que segue abaixo você vai entender melhor isso), eles adoram ter participações, já que o lance é experimentar mesmo. 

“No primeiro show que fizemos, na festa de estreia da extinta MTV Belém, chamamos o Pro Efx, o Mc Gaspar e o Rui Montalvão (o Rato Boy, do Coletivo Rádio Cipó). No Grito Rock Belém, convidamos o Tom Salazar (A Euterpia) para tocar guitarra em duas músicas. E também teve o conexão, no Rio de Janeiro, quando chamamos o Maestro, um fera groove pra tocar guitarra no show”, explica Jacob.

Para saber mais sobre a formação do PSM, foi com ele que conversei, Jacob Franco, músico autodidata, com a origem no hardcore e que um dia, ao fazer uma pesquisa musical deu início ao Projeto Secreto Macacos, banda que curti na primeira escuta e recomendo aos que gostam do gênero experimentalismo sem culpa! Além de ler o papo, escutem os caras aqui no soundcloud da banda.

Jacob Franco
Holofote Virtual: É muita história, Jacob. Como foi afinal que a banda surgiu?

Jacob Franco: Bem, eu sou músico autodidata e já venho tocando desde 1995, em bandas de punk hardcore, como Suicida, Neurose, Aneurisma, Dubcoreattack, Delinqüentes e Rennegados (atuante). Daí comecei a fazer uma pesquisa musical sem pretensão e bem pessoal e ao mesmo tempo, eu e Clécio, que tocou comigo na banda Dubcoreattack e DHD, além do Junhão, que tocava no Garagem 32, estávamos a fim de montar um projeto paralelo e tocar juntos. 

Começamos a marcar alguns ensaios sem pretensão de fazer algum show ou mesmo de se tornar uma banda, era só pra distrair e experimentar outros gêneros musicais e a partir disso foi que chamamos outros amigos para participar, como o Fabrício Gabi e o Bruno Habib e as coisas foram tomando forma e fui percebendo que o grupo estava em sintonia. 

Comecei e expor as ideias de minha pesquisa pessoal, as que havia feito um tempo atrás e levei para o grupo. Tudo foi se encaixando perfeitamente e decidimos tocar em público, pois você não pinta um quadro pra deixá-lo guardado em um baú. 

Quando percebemos, estávamos com nossa própria identidade sonora. Gravamos uma Demo, com três músicas, que começaram a tocar na Rádio Cultura e na Rádio Unama, além de algumas Rádios Comunitárias, que não recordo o nome agora...

Show nos primórdios...
Holofote Virtual: E quando o projeto tomou corpo, digo, vocês começaram a fazer shows, foram selecionados para o projeto Música na Estrada este ano, circularam pelo interior do estado e até por outros Estados...

Jacob Franco: Sim, começou a pintar os convites de fazer shows nas casas noturnas da cidade e pocket shows, programas de rádio e TV, festivais locais. Aí o projeto paralelo deu certo, fixando o nome de Projeto Secreto Macacos. 

Holofote Virtual: Vocês na verdade foram mudando e acrescentando a formação até chegar a atual. Vocês experimentam até nisso? (risos)

Jacob Franco: É. E a banda começou a sofrer mudanças de integrantes e, naturalmente, sonoras. O Arthur Cunha, que toca na banda LETRAC foi chamado pra assumir o baixo (mas hoje está na guitarra) e encaixou muito bem no projeto. Já nos conhecíamos da cena independente da cidade sempre tocando ou trabalhando na técnica em coletivo. Depois veio o Junhão, que teve que se ausentar em seguida da banda para viajar para a Europa. Daí entrou o Bráulio Habib para substituí-lo na bateria e Clécio deixou a banda. Recrutamos o Yuri Pinheiro para assumir a guitarra. 

Aí a banda ficou com outro formato sem perder a essência e sua assinatura. Mas aí, o Bruno Habib e o Bráulio Habib saem da banda e o Yuri tem que viajar pra estudar fora e sai da banda também...

Uma das antigas formações
Holofote Virtual: Nossa, que saga.... (risos)

Jacob Franco: É... e tem mais... A banda ficou um tempinho parada para justamente fazer algo mais experimental, uma espécie de laboratório de nós mesmo. 

Recrutamos Raphael Raiol, um amigo de longa data, que tocou com Rennegados e está na atual Deliquentes, além da Melly Rossas, uma amiga também,e  para assumir as baterias no estilo Dubledrums (duas baterias), chamamos  Alessandro Baccni, que tocou na banda Viés e é amigo de Arthur Cunha. Para assumir a guitarra, Rodrigo Ferreira (músico formado pela UFPA, professor de música e amigo de Alessandro Baccni) 

É quando o Clécio retorna à banda para assumir os samples e ficando com parte eletrônica do grupo. O Junhão retorna da Alemanha e assume seu posto. Melly Rossas sai da banda e Alessandro tem que morar no RJ. Então o Arthur assume a guitarra. Finalmente chamamos o louco (risos) do Ribamar Carneiro (formado em psicologia e músico), que é amigo do Alessandro Baccni, os dois tocaram juntos na banda Chá de Bagana, para assumir o baixo. E agora estamos aí, com a atual formação e querendo tocar, gravar e circular.

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