
Em Castanhal, o principal foco era a cultura indígena, mas a primeira visita foi até a casa do pesquisador Luiz Fernando Carvalho, que possui um impressionante acervo de arte, mais de duas mil peças, entre livros e trabalhos em processo, de autoria de artistas da região e também nacionais. Ele diz que ama o efêmero e que vê, na caricatura, uma arte das mais genuínas. Possui nove mil e quinhentas delas em suas coleções. Foi por muitos anos, júri do Salão Internacional de Humor da Amazônia, do cartunista e amigo, Birtan Porto.
"Eu prefiro o processo do que a arte final, propriamente dita, por isso, aqui você vai encontrar muitos desenhos e croquis. Nas minhas curadorias, eu sempre acompanho os artistas em seus processos", diz Luiz Fernando, que ganhou caricaturas suas, feitas por inúmeros e renomados cartunistas, como Ziraldo, Jal, Laerte, Millôr e Jaguar, por exemplo, sem falar dos paraenses Junior Lopes, J. Bosco, Waldez e do próprio Biratan.

O espaço criado pela artista e ceramista Izer Campos foi escolhido pela produção por trazer um território de acolhimento junto a floresta, condições que geraram o clima para o inicio de noite, quando a roda de conversa colocou no centro das atenções a questão indígena no Brasil.
A jornalista Dominik Giust, convidada pelo evento, falou sobre sua pesquisa de mestrado, que investigou as Estratégias Transmidias dos povos indígenas - o caso Tembé-Tenetehara. A roda de conversa trouxe ainda a indígena Márcia Kambeba, que relatou, a partir da história de resistência de seu povo, as questões indígenas hoje no país. Ela também apresentou cantos e poemas autorais, com que difunde mundo afora a cultura Kambeba.

De um lado esses relatos, de outro o esforço em traduzir para o alemão o que a indígena contava entre um som de tambor e um poema declamado. As falas trouxeram maior clareza aos artistas. Os europeus encontraram no debate uma realidade diferente da imagem que é repassada no exterior sobre terras e luta dos povos indígenas.
A roda de conversa, que já estava prevista na programação, ganhou reforço a fim de preencher uma lacuna. Deveria ter sido feita visita a uma aldeia indígena, situada em Santa Luzia, no entanto, as tensões que envolveram a floresta, mais recentemente, fizeram com que a ação fosse cancelada.
Programação segue com atelier aberto e nova exposição

Desde que chegaram em Belém, no dia 15 de setembro, os artistas também fizeram imersão nas olarias do Paracuri, em Icoaraci e no Marajó, onde visitaram a Comunidade Quilombola Pau Furado, em Soure. Já houve ação na orla da Vila Sorriso. Uma performance, da artista Lucia Gomes, soltou pipas pela Paz. Era a Pipaz, da artista.
Ana Cristina Mendes, Wilson Neto, Herbert Rolim e Galvanda Galvão, são de Fortaleza (CE); Cledyr Pinheiro, de João Pessoa (PB), morando no Pará, e os paraenses Izer Campos, José Viana, Lucia Gomes, Michelle Cunha, Nina Matos, Mariana Rossy e Werne Souza, anfitrião do evento, com a produtora e pesquisadora Auda Piani.
A programação iniciou na quarta-feira, 18, na Galeria do CCBEU, com a exposição homônima, que reúne trabalhos de todos os artistas envolvidos, 25 ao todo, e onde permanecerá aberta ao público até dia 30 de setembro. Vai lá que está ótima, a curadoria e coordenação de montagem foi de Pablo Mufarrej! A realização do Encontro Territórios é do espaço Na Casa do Artista, e da Ponte de Cultura da Alemanha.
PROGRAMAÇÃO
DIA 27- SEXTA-FEIRA
09h - Mural com Michelle Cunha Na Casa do Artista
09h as 13h - Atelier aberto – Estação de Icoaraci
15h as 18h - Atelier aberto – Estação de Icoaraci
16h - Instalação de obra/painel de Sarah Wood e Benoit Flamand
Local: Em frente do Ateliê da Estação de Trem de Icoaraci
09h as 20h - Montagem da exposição Na Casa do Artista
DIA 28 – SÁBADO
09h - Apresentação do mural de Michelle Cunha
Local: Na Casa do Arista
20h - Encerramento - Música regional e Coquetel com degustação de sabores paraenses - Convidados.
DIA 30 SEGUNDA-FEIRA
9h - Exposição "Territórios", Na Casa do Artista - aberta ao público até dia 30 de outubro.
Serviço
O espaço Na Casa do Artista fica R. Padre Júlio Maria, 163, próximo a Orla de Icoaraci. A antiga Estação de Trem localiza-se na mesma rua, número 937-995. Mais informações, pelo WhatsApp: 91 98134.7719.
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