15.1.21

Legítima Defesa chega com clipe nas plataformas

Foto: Mácio Ferreira
Composição de Naldinho Freire, letra de Escurinho, percussão de Loba Rodrigues e interpretação de Mariza Black. Gravado em Belém, em novembro de 2020, mês da Consciência Negra, o trabalho ganha lançamento nesta sexta-feira, 15, com clip e mini doc, nas plataformas digitais da Na Music e dos artistas. 

Legítima Defesa é música inspirada em ritmos afros, oriundos de Cabo Verde e da Nigéria, além de uma mistura cultural brasileira interessante ao reunir artistas do Pará, Paraíba e Pernambuco. A letra fala sobre como é viver num país que foi colonizado como o Brasil, mas embora já tenham se passado séculos, ainda se vive aqui, situações de racismo e violências que se refletem principalmente nas periferias. 

Para Mariza Black, paraense nascida em Belém, foi um prazer gravar a música. “Foi uma honra gravar essa música, ainda mais pela mensagem que ela nos repassa de luta e resistência da cultura negra, em nosso país”, diz ela, que possui voz inconfundível.  A artista, que sempre mergulhou no samba, interpretando obras de grandes compositores, agora segue um caminho mais autoral. Há dezessete anos cantando profissionalmente, em 2019, lançou seu 1º álbum intitulado “Samba Parauara”. 

Mariza Black, uma das maiores intérpretes de samba paraense, tem 17 anos de carreira, com presença marcante nos palcos, cantando e encantando ao som da percussão e do cavaquinho na cadência de composições do samba local, bem como na interpretação de grandes clássicos nacionais. A paraense também é uma das raras mulheres puxadoras de samba enredo com atuação nas escolas de samba Caprichosos da Cidade Nova (Ananindeua), Piratas da Batucada (Belém) e Crias do Curro velho (Belém) e do Bloco Unidos da Pedreira (Belém). Atualmente, ela coordena o Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba no Estado do Pará. 

Naldinho Freire reuniu talentos na obra

Foto: Léo Eccard
O convite para gravar Legítima Defesa partiu de Naldinho Freire, parceiro do músico e poeta Escurinho, artista paraibano como ele. Compositor e também letrista, o músico lançou em 2019, em Belém, o álbum “sem chumbo nos pés”, como uma das ações de um projeto de intercâmbio realizado pela UFPA, e que aproxima, pelo viés do turismo cultural, Belém e Cabo Verde. Em 2020, o intercâmbio também teve desdobramentos, ocasião em que Mariza Black é convidada para uma de suas ações, estreitando assim a relação profissional entre os artistas. 

“Quando li essa letra, lembrei imediatamente do ritmo da Tabanca, que conheci a partir do meu encontro com o músico cabo-verdiano Mário Lúcio, e que se parece muito com o Ijexá. Pensei imediatamente na Mariza Black para interpretá-la”, diz Naldinho.  “E também convidamos a percussionista Loba Rodrigues”, complementa ele que em 2010, através da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, realizou shows na cidade de Praia e São Domingos. 

Loba diz que eles se reuniram para fazer o desenho rítmico da música e ela foi inserindo outros elementos. “Eu me inspirei nos grupos de afoxé, os mais diversos, e também no ritmo da Tabanca, que Naldinho me apresentou. Fiz uma pesquisa e o que ouvi mais, foi o trabalho do grupo Sementeira, do qual participou o músico Mário Lúcio, que esteve em Belém em 2019”, comenta.

A Tabanca é um ritmo binário, executado por tambores, cornetins e búzios, estes geralmente em três registos diferentes (grave, médio e agudo) responsáveis pelo ostinato rítmico-melódico, cuja tessitura geralmente é de uma sexta. Já o Ije’xa, é oriundo da cidade da Nigéria, mas foi trazido para a Bahia pelo enorme contingente de iorubás escravizados que aportou neste estado do final do século XVII. Esse ritmo vem desde então sendo executado na música brasileira por artistas diversos.

O autor da letra, Escurinho, é artista pernambucano radicado na Paraíba. Nascido no Sertão de Pernambuco,  Escurinho acabou se mudando com a família para a cidade Catolé do Rocha, na Paraíba, onde passou a maior parte da infância e adolescência e onde tem os primeiros contatos com o fazer musical.  Foi nesse contexto que conheceu o jovem Chico Cesar que passou a ser um parceiro, e, mais tarde, em João Pessoa, Naldinho Freire, cantautor paraibano, cujo trabalho remonta aos anos 90, quando lançou o LP Lapidar. 

Além do lançamento do single, também será disponibilizado nos canais de Youtube dos artistas, clipe e mini doc mostrando os bastidores da gravação. Os vídeos têm a direção de Vinicius Fleury - Flemi Filmes e a canção tem a participação de Marcel Barretto (violão / Aço, synth bass, gravação e masterização – Budokaos). 

Serviço

Lançamento do single e clipe de Legítima Defesa, música de Naldinho Freire, com letra de Escurinho e interpretação de Mariza Black. Dia 15 de janeiro, às 19h, nas principais plataformas digitais da música e YouTube dos artistas.

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