As peças de Ronaldo Guedes, nesta exposição, reproduzem formas humanas entrelaçadas aos formatos das raízes aéreas comuns de se ver na região ribeirinha amazônica, é característica visual e ambiental dos nossos mangues.
Feitas com cerâmica e madeira, vários rostos ou corpos se misturam não só à matéria prima com que foram produzidas, mas também ao próprio ambiente de onde a mesma foi retirada. É o que vemos nas belas fotos de Pierre Azevedo, fotógrafo que integra o projeto, contemplado pelo Prêmio Preamar de Cultura 2020, da Secult, Governo do Pará, com realização do Ateliê Arte Mangue Marajó e apoio do Programa Coroatá - UFPA/Campus Soure.
Ao percorrer as dezenas de imagens das peças dispostas no meio ambiente, na ilha de Soure, tive a sensação de viajar no tempo, visitando algum lugar da nossa ancestralidade que nos desperta a real importância de cuidar das nossas florestas e rios. E o próprio artesão reconhece que seu legado artístico está diretamente ligado a seus ancestrais. Eles são a sua inspiração.
“Tenho uma pesquisa em iconografia marajoara, me inspiro no estudo da forma dos grafismos e aplico isso nas peças. Também faço uso de pigmentos naturais, técnica muito usada por nossos antepassados. Não é simplesmente uma reprodução, mas sim a reinvenção da arte local”, considera.
Identidade e ancestralidade que movem o mestre
Foi em 2005, segundo a cartilha que está no site, que Ronaldo Guedes construiu o primeiro forno no ateliê, um importante passo para consolidar a produção da cerâmica no ateliê. O artista afirma que o encontro com sua ancestralidade com o manuseio do barro lhe permitiu liberdade para suas criações, um verdadeiro “alento para a alma”.
Adorei conhecer o site, dica da realizadora Zienhe Castro, que há alguns anos mantém um caso de amor com a arte marajoara. Em 2009 ela conheceu Ronaldo Guedes, e o convidou para esculpir o primeiro troféu do Amazônia Doc, um mega projeto audiovisual que ela idealizou, com foco no documentário produzido na Pan Amazônia. Desde então ninguém mais assumiu o posto, só deu o Ronaldo. A cada ano, o artista vem inovando com madeira e de cerâmica. Este ano, ele usou a acapu, muito presente no cotidiano de da ilha.
No site, logo na entrada, já é possível acessar a exposição ou a cartilha, que faz um recorte principal sobre a cultura marajoara e depois discorre sobre a criação do atelier Mangue do Marajós e a história profissional de Ronaldo Guedes. Este ítem também é o conteúdo que achamos na sala de pesquisa. Já no salão de exposição e no botão do próprio atelier, há, ainda, vídeos sobre o artesão e demais colaboradores.
É possível também fazer encomendar uma peça para compra, por meio digital. Caso você vá até o Marajós, em Soure, o Atelier Mangue Marajó e suas peças podem ser adquiridas nos espaços da Travessa 23 entre 12a e 13a ruas, bairro Pacoval e Travessa 14, prolongamento, bairro Umirizal.
E para acessar tudo isso, clique: www.artemanguemarajo.com
Ficha Técnica
Produção Executiva: Cilene Andrade e Luciane Bessa
Fotografias: Pierre Azevedo
Montagem: Beatriz Maia e Luciane Bessa
Trilha: Caio Andrade e Ronaldo Guedes
Projeto Gráfico Cartaz: Rebeca Pimentel
Projeto editorial da cartilha: Beatriz Maia
Cartilha educativa: Marcelle Rolim e Cilene Andrade
Web Designer: Beatriz Maia
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