15.4.13

Ignácio de Loyola Brandão na Pan Amazônica

O autor do romance “Não Verás País Nenhum”, de livros como “O verde violentou o muro” e “O Menino que vendia Palavras” (prêmio de melhor ficção Jabuti de 2008), além dos contos “Obscenidades para uma dona de casa”, “O homem do furo na mão” e “O homem que odiava segunda-feira”, entre outros, estará em Belém no dia 26 de abril. Ignácio chega para a abertura da 17ª Feira Pan Amazônica, dia 26, e ainda dá uma esticadinha até Marabá, onde participa da programação da Pan dos Municípios.

Ele está com um livro novo e mais dois a ponto de saírem do forno. “Solidão no Fundo da Agulha" já circula reunindo uma coleção de lembranças do escritor. É um livro de memórias pautadas por músicas que marcaram de alguma forma sua vida. 

Foi lançado pela Fundação Carlos Chagas, pelo projeto Livro Para Todos, que tem como objetivo democratizar, de forma sistemática, o acesso e o hábito da leitura. Todos os anos um escritor é convidado a ser padrinho desta iniciativa. Em 2012, Ignácio aceitou o convite. Este ano o convidado é Milton Hatoum.

“É muito importante esta iniciativa, pois o livro ainda é muito caro, e boa parte de nosso povo tem acesso limitada”, acredita Loyola Brandão. A nova obra do escritor surgiu de uma conversa com uma amiga na Fundação Carlos Chagas. Em uma rádio tocava um bolero antigo. Ignácio conta que a música o fez lembrar de si mesmo, aos 20 anos de idade, diante do clube Araraquarense (ele nasceu em Araraquara, SP), aos 20 anos, no final de uma domingueira. A amiga então lhe disse "Você tem muito episódio da vida ligado a músicas? Por que não escreve um livro?". A sugestão se tornou um desafio que foi vencido.

O livro traz fotografias de Paulo Melo Jr. e um CD com 11 canções de compositores como Caetano Veloso e Dolores Duran, interpretadas por sua filha, Rita Gullo. Após a abertura da Pan Amazônica do Livro, na sexta, 26, ele estará, no dia seguinte, na primeira ação do Encontro Literário que acontecerá durante o evento, no Auditório Dalcídio Jurandir, para depois seguir ao sudeste do Pará, onde uma programação intensa o aguarda no dia 29.

É a sexta vez dele em Belém, a primeira em Marabá e a terceira na Feira Pan Amazônica, evento considerado o maior da área literária da Região Norte. 

Deve trazer alguns exemplares da nova obra na bagagem, mas não sabe se em quantidade suficiente para um lançamento por aqui. “O livro é um lançamento especial, então não sei como poderia levar em quantidade grande para fazer de fato um lançamento”, me disse ele, na ultima sexta-feira, por telefone. 

O certo é que ele nos contará, sim, boas histórias. Uma delas faz parte do livro, ainda inédito, “Os olhos cegos dos cavalos loucos”, que fala de seu avô e será lançado no ano que vem. “Vou conseguir lançar este livro, depois de anos. É sobre meu avô, que era marceneiro, um grande marceneiro, que conseguiu construir, no início do século passado, um carrossel e percorreu com ele cidades do interior paulista. Esta história eu vou contar aí em Belém, pois já terminei a primeira versão”. 

Colunista de Cultura do Estadão, aos 76 anos, Ignácio de Loyola Brandão é um autor contemporâneo, ligado aos acontecimentos reais do mundo. Para ele, o perfil do novo escritor brasileiro mudou um velho conceito de que para escrever era preciso se refugiar, se isolar. “O novo escritor brasileiro é itinerante, acabou aquilo de se isolar como se o mundo não interessasse. Estamos andando pelo país. Hoje o escritor está no mundo”, ressalta. 

Itinerante - Partindo deste princípio, Ignácio, que percorre o país filtrando com seu olhar e ouvidos atentos, excelentes e inesquecíveis histórias de pessoas que vai conhecendo e de situações que vivencia em lugares distantes que existem neste pedaço gigante de terra chamado Brasil. 

Assim, ele está planejando para o segundo a organização de um livro com as crônicas que vem publicando e que foram escritas durante suas viagens a diversas cidades brasileiras. Vai se chamar “O Mal de Ocara”. 

“Ocara é uma cidadezinha que fica no interior do Ceará, próximo de Fortaleza. Estive na capital participando de uma bienal do Livro e me convidaram a conhecer algo mais pitoresco. Fui e me emocionei. Conto esta história na crônica que acabou dando nome ao livro. Vou fazer uma da feira Pan Amazônica”, avisou. E ao ouvir algumas peculiaridades sobre Marabá, como a história do Cine Marrocos, onde vai acontecer a programação da Pan dos Municípios e outras que lhe fiquei devendo os detalhes, entusiasmou-se. “Quem sabe não acontece de entrar mais de uma crônica do Pará no livro”, brincou.

O projeto Pan nos Municípios vem acontecendo sistematicamente nos últimos anos. O objetivo é movimentar a cena literária, através do intercâmbio entre escritores locais, da capital paraense e, sempre que possível, com escritores nacionais. Ignácio acredita neste tipo de iniciativas que visam descentralizar o mercado literário no país e que possam derrubar as barreiras que distanciam os escritores espalhados pelo Brasil. 

“Este é um grande problema que temos. Existe ainda uma barreira muito grande entre nós. Temos que diminuir estas distâncias. Espero poder discutir isso em Belém e Marabá, pois precisamos derrubar estes muros. Eu do Pará conheço alguns escritores como o Benedito Nunes que é nacional, o Dalcídio Jurandir, o Vicente Cecim, por exemplo, mas acabo sabendo mesmo de novos autores quando eles chegam aqui (SP) ou eu passo por eles. Acredito que terei boas chances de conhecer mais autores paraenses participando da Feira Pan Amazônica do Livro”, finalizou. 

O encontro da literatura brasileira 

O escritor Daniel Leite
Há menos de 15 dias para a abertura, no dia 26 de abril, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, o evento vai reunir mais de 200 estandes e programação com debates, seminário de cultura indígena e voltados a literatura paraense, nacional e internacional, além de shows e espetáculos de teatro tendo como foco a leitura. 

A produção literária paraense será amplamente discutida, passando pela obra do escritor homenageado, Ruy Paratinga Barata e de autores consagrados, como Dalcídio Jurandir e Bruno de Menezes, e participação de escritores contemporâneos como Daniel Leite e Harley Dolzane. 

Entre os nacionais, já confirmados, estão Affonso Romano de Sant’Anna, autor (MG), José Castello (RJ), Cristovão Tezza (SC), Guilherme Fiúza (RJ), Tiago Santana (CE), Merval Pereira (RJ) e Tony Bellotto (SP). Nos próximos dias o site oficial entrará no ar com a programação completa. A Feira Pan Amazônica do Livro é uma realização Secult e Secretaria de Promoção Especial do Governo do Estado do Pará.

2 comentários:

Rui Nascimento disse...

Olá,
Gostaria de saber, se possível a hora prevista da apresentação do Autor na feira.
Sigo-nos no Facebook, mas lá não foi possível fazer comentário, se puderem publicar a informação na vossa página, agradeço.
Obrigado

Holofote Virtual disse...

Olá Rui, será no dia 27, às 19h, no auditório Dalcidio Jurandir - Hangar! Em breve postaremos aqui toda aprogramação.um abraço!