19.6.24

O Circulando Cinema no Boulevard da Gastronomia

Fotos: Cláudio Ferreira/Circular
Depois de desbravar o vão de concreto da Praça da Bandeira, neste sábado, 22, é hora de transformar o Boulevard da Gastronomia em um grande cinema a céu aberto. Haverá cadeiras, esteiras e pipoca de graça, além de interprete em LIBRAS. Tudo a partir das 18h.

O diretor Fernando Segtowick abre a programação com um bate papo com o público sobre Produção Audiovisual na Amazônia, assunto que ele conhece na prática. Em seguida, num grande telão, seis curtas serão exibidos.

A iniciativa é do Circulando Cinema, projeto da Associação Circular, idealizado por Adelaide Oliveira e selecionado no Edital de Cinema de Rua da Lei Paulo Gustavo/Secult-Pa. O ponta pé inicial foi dado, na semana passada (15), na Praça da Bandeira. Ela comenta os resultados.

“Primeira sessão foi lindamente executada, uma praça tão importante como aquela precisa de mais ações culturais. O Circular voltará ali, com certeza. Emoção extra de ver a comunidade Warao participando. A próxima acontecerá num espaço revitalizado, que também receberá sessão de cinema ao ar livre pela primeira vez, oportunidade principalmente para trabalhadores do entorno, além de turistas usufruirem do bate papo e dos filmes que serão exibidos”, diz Adelaide Oliveira, coordenadora do projeto e presidente da Associação Circular.

A ideia também é que o Circulando agregue parceiros do projeto Circular Campina Cidade Velha. Nesta edição, conta-se com o movimento Mulheres Por Elas, que entrega kits de higiene para mulheres em situação de rua pela capital paraense. O público pode contribuir. Voluntários estarão recebendo, antes e durante a exibição dos curtas-metragens, doações de roupas, desodorantes e shampoos, entre outros itens.

Fernando Segtowick Bate-papo ao ar livre 

Além de pipoca e de um telão de tirar o fôlego, o público também será contemplado, neste sábado, 22, com venda de comidas típicas e o primeiro bate-papo previsto nesta edição do Circulando Cinema, com o premiado diretor Fernando Segtowick, que falará sobre “Produção Audiovisual na Amazônia”.

Diretor do documentário “O Reflexo do Lago”, que estreou na Mostra Panorama do Festival de Berlim 2020, Fernando tem dirigido, desde 2000, curtas e séries de TV focados na Amazônia, incluindo “Matinta” (2010), premiado no Festival de Cinema de Brasília,  e “Sabores da Floresta” (2020). Mais recentemente, ele também assina a direção geral da série “Olhares do Norte: Pará”, criada pelo jornalista Ismael Machado, e que traz relatos, trajetória e um registro que reverencia e valoriza a fotografia como meio de comunicação e arte revolucionária.

Curtas da vez trazem temas culturais e livres

Os filmes deste sábado, 22, exploram temas culturais, históricos e místicos através de diferentes gêneros e abordagens. “Meu Nome é Maalum” (2021), uma animação de Luísa Copetti, abre a sessão com seus 7 minutos e 39 segundos de pura sensibilidade, trazendo a história de Maalum, uma menina negra brasileira crescendo em um lar repleto de amor e referências afrocentradas. A animação, com classificação livre, é uma obra-prima que deve tocar corações de todas as idades.

Logo após, “Ciranda Feiticeira” (2023), dirigido por Tiago Delácio e Lula Gonzaga, nos transporta para a Ilha de Itamaracá em um encantador ritual de pesca. Com 8 minutos de duração, este curta explora os ciclos da vida através dos olhos de Janaína e sua mãe, entrelaçando sonhos, poesia e música. Mais uma animação que promete envolver o público com sua narrativa lírica e visualmente encantadora.

“Benzedeira” (2021), de Sann Marcelo e Pedro Olaia, traz uma abordagem live action com 15 minutos de duração. Este filme nos apresenta a fascinante figura de Maria do Bairro, uma benzedeira e conhecedora de ervas que escolheu o silêncio como forma de dividir sua sabedoria. Ambientado na isolada comunidade de Tamatateua, no interior de Bragança, o curta é um retrato profundo e comovente de uma personagem única e de sua missão de cura.

A sequência continua com “Garotos Ingleses” (2022), um documentário dirigido por Marcus Curvelo. Em seus 15 minutos, o filme investiga a ancestralidade e as possíveis conexões de dois baianos com o Cemitério dos Ingleses na Bahia, reservado a cidadãos de origem inglesa. Este curta promete provocar reflexões sobre identidade, pertencimento e as complexas camadas da história e da memória.

“SolMataLua” (2022), dirigido por Rodrigo Ribeiro-Andrade, é outro documentário que se destaca na programação. Em uma odisséia de 15 minutos, o filme percorre territórios ancestrais e contemporâneos através de uma jornada mística que celebra vozes e presenças negras. Com uma mistura vertiginosa de sons e imagens, “SolMataLua” é uma verdadeira homenagem às poesias pretas que ancoram memórias e descobrem futuros.

Encerrando a exibição, “Cabana” (2023), de Adriana de Faria, nos leva ao coração da Floresta Amazônica. Live action de 14 minutos, o filme apresenta a história tensa e intrigante de uma mulher que recebe a visita inesperada de um guerrilheiro da Revolução Cabana. A narrativa promete explorar o impacto desse encontro em meio ao ambiente selvagem e misterioso da floresta.

Ao todo, o projeto em sua primeira edição, prevê a realização de três sessões, reunindo curtas metragens da mais nova safra da produção brasileira, incluindo entre estes, filmes de diretores paraenses. A curadoria é da jornalista e crítica de cinema Lorenna Montenegro. Depois da Praça da Bandeira (15) e do Boulevard da Gastronomia (22), no bairro da Campina, o Circulando Cinema fará a última sessão, na Cidade Velha, na Praça do Carmo, no dia 29 de junho.

Programação

Local: Boulevard da Gastronomia: 18h

  • Meu Nome é Maalum (Brasil – RJ, 7min39seg) – 2021 De Luísa Copetti – Animação – Classificação livre
  • Ciranda Feiticeira (PE, 8 min) – 2023 – De Tiago Delácio e Lula Gonzaga – Animação – Classificação livre
  • Benzedeira (Brasil-PA, 15 min) – 2021 – De Sann Marcelo e Pedro Olaia – Live Action – Classificação livre
  • Garotos Ingleses (Brasil-BA, 15 min) – 2022 – De Marcus Curvelo – Documentário – Classificação livre
  • SolMataLua (Brasil-SC, 15 min) – 2022 – De Rodrigo Ribeiro-Andrade – Documentário – Classificação livre.
  • “Cabana” (Brasil-PA, 14 min) – 2023 – De Adriana de Faria – Live Action – Classificação livre

Serviço

Circulando Cinema. Realização da Associação Circular e Projeto Circular Campina Cidade Velha, com apoio do Edital de Cinema de Rua da Lei Paulo Gustavo/Secult-Pa. Próximas sessões:  22 de junho, no Boulevard da Gastronomia, e no dia 29 de junho, na Praça do Carmo, sempre a partir das 18h. Entrada gratuita.

Nenhum comentário: