6.9.12

Nó Cego no “Independência e rock” de Icoaraci

A festa vai reunir as bandas Folha de Concreto, de Marabá; Sequelas e Novos Camaleões, ambas de Icoaraci e Nó Cego, de Belém, cujo baixista bateu um papo aqui com o Holofote Virtual. A noite também vai ter Midiatática Sonora Iqoaraci, que vai transmitir tudo que rolar no palco, via Web Tv. É nesta sexta-feira, 07, a partir das 21h, no Espaço Coisas de Negro (Av. Lopo de Castro, 1082 Proximo a Sexta-rua), com ingresso a R$ 5,00. Tô achando que o 7 de Setembro nunca mais será o mesmo depois disso. 

“Vamos tocar músicas recentes e antigas. Estamos muito bem ensaiados e as músicas estão rápidas, energéticas, pesadas, estuporantes e porradásticas”. É assim que o baixista Cláudio (Caco) Darwich descreve o que vai rolar no show. Mas já dá pra ter um gostinho também aqui

A banda surgiu nos idos 1980 em apresentações no velho Vadião da Universidade Federal do Pará, se espalhando na cidade pelos porões, escolas públicas, Teatro Waldemar Henrique, quando o rock ali era super bem vindo, e no saudoso Adega dos Reis. Naquela época, os ensaios rolavam na residência dos Darwichs, uma casa ótima e bem frequentada, ali na Magalhães Barata. Tarde longas, musicais e inesquecíveis aconteceram ali. A Nó Cego, porém, nunca saiu de cena completamente e agora já está preparando vários singles de músicas inéditas. Algumas delas serão apresentadas no show desta noite de independência.
 
Nó Cego em ação (Foto: Rogério Uchôa)
Na formação atual, além dele, a banda traz seus irmãos Sérgio, vocal de origem e maior letrista da banda, além do caçula Pira (gibe), na guitarra e de André Formigosa, na bateria. 

Caco, apelido que não o larga nem que ele queira, desde aqueles tempos, é jornalista, além de músico (ele também toca piano). 

Passou pela Funtelpa e Diário do Pará, nos anos 1990, quando editou o tablóide "Animal", focado nas linguagens mais ecléticas do universo jovem. Caco continua no Diário, mas no DOL, como editor de jornalismo on line.

Fã de quadrinhos e blues, ele divide o trabalho na imprensa tocando na noite, atualmente na temporada do Old School, que já marca território, com o show “Red House – blues, rock e levitação”, ao lado de Daniel Du Blues (guitarra) e Henrique Penna (batera), sempre às quartas feiras. 

Pois então. Não vamos mais nos deter neste texto de quase desnecessária apresentação. Quem quiser saber como foram aqueles dias que antecederam tudo que banda traz hoje na trajetória, indico o “Decibéis Sob Mangueira”, do jornalista Ismael Machado, que àquela altura acompanhava tudo de perto, inclusive em Icoaraci, um berço natural do rock independente de Belém. Aqui no Holofote, Caco fala do momento atual, relembra um tanto do passado e aponta para o presente da Nó cego. Vamos ao bate papo e aos shows no Coisas de Negro que é melhor! 

Caco, também vocal (Foto: Túlio Contente)
Holofote Virtual: O estilo punk rock continua sendo o carro chefe da banda? 

Cláudio Darwich: Acho que sim, mas não sei o que você chama de punk rock. De qualquer forma, o “nosso” punk rock não é muito fiel a nada. 

É o som que sai do nosso jeito mesmo. Mas com certeza, é rock, é pesado, é rápido e é porrada, isso eu garanto. Temos músicas que têm aquela batida um pouco mais lenta e que têm um pouco aquela cara de “punk77”, como Resiste Madruga, por exemplo, que não podemos deixar de tocar, porque as pessoas curtem e pedem e tal.

Essa eu poderia chamar de punk rock, embora os timbres que a gente usa nos instrumentos sejam mais rock clássico mesmo, já que o Pira usa uma Les Paul com amp valvulado, idêntico aos Vox 30 classicões, só que ele usa distorção no talo, estilo “Mesa Boogie”, no canal limpo, então fica daquele jeito, já viu. 

Eu uso Fender Jazz Bass, nada mais clássico, mas também uso drive no baixo. Outro som que se poderia chamar de punk rock é Frankenstein, mas tem batida dobrada em alguns trechos, então já foge um pouco. As outras músicas são todas muito mais rápidas. É tipo um hardcore, mas sem muitas variações ou passagens.
 
Mas sinceramente, não nos preocupamos nem um pouco com a categorização do som, a gente simplesmente vai lá e toca, ensaia o que estiver a fim, nada mais punk do que isso. Lembre que já tocamos muitos funks e até reggaes, então tudo é possível. O que posso dizer é que é um som porrada, rápido, poucas passagens, poucos solos, músicas curtas, é um som mais apoiado na energia mesmo. 

O No Cego, quando se retomou nos anos 2000
Holofote Virtual: Há novas composições? Quais vão rolar no show, entre novas e antigas? 

Cláudio Darwich: Há novas composições sim. O set deve ser Tomahawk Cruise; Fã; Eu Sou Cachorro Sim; Resiste Madruga; Frankenstein; Benzinho; Crocodilo; Tio Surf e talvez Cabeças Cortadas. Frankenstein, Benzinho e Tio Surf são antigonas. Cabeças Cortadas e Crocodilo são recentes. As outras são recentes também, mas não tão recentes. Mas todas são posteriores ao dilúvio.

Holofote Virtual: Como vocês se viram para ensaiar já que a banda não está com uma agenda permanente? Ou está? 

Cláudio Darwich: Não temos problemas para ensaiar. Quando queremos, marcamos e ensaiamos, é simples. Claro que temos trabalhos “normais” então temos que conciliar horários, mas nada demais. Não temos uma agenda permanente, tocamos de vez em quando. Eu adoraria tocar mais com o Nó Cego, eu amo a banda e nosso som, mas nem sempre rola, pois isso depende muito do Sérgio querer e/ou poder. 

Há alguns anos, estávamos mais atuantes, mas o Sérgio ficou desempregado, a mulher do Pira ficou grávida e a do André também! Demos um tempo, isso foi natural, mas agora os moleques estão com uns dois anos, o Sérgio virou professor da Uepa, então é também natural que a gente volte à ativa.

Holofote Virtual: É meio nostálgico, não? Nó Cego é da mesma época em que em Icoaraci surgiam várias como a própria Novos Camaleões, que também toca nesta sexta, mas tinha também a Falsos Adeptos e Anjos do Abismo. Como era aquele momento pra vocês? Tu lembras, heim (risos).

Cláudio Darwich: Sim, eu me lembro de tudo muito bem haha. Eu não acho nostálgico não, acho uma coisa normal. Naquele tempo a gente tocava e curtia o que a gente estava a fim, hoje em dia a gente faz a mesma coisa! É algo natural, nunca tivemos um motivo para deixar de tocar e de curtir as coisas que a gente, enfim, curte. 

A galera de Icoaraci sempre gostou do Nó, tanto antigamente, quando agente tocava um som mais funkeiro e coisa e tal, até hoje em dia, quando o som é bem mais pesado. Sempre fomos muito bem recebidos lá e gostamos demais de tocar no setor e tal. A única diferença é que estamos todos muito idosos, mas ainda dá pra tocar de bengala. E não pagamos passagem de ônibus, isso eu acho legal.

Holofote Virtual: A banda Nó Cego vem tocando em um e outro evento. Vocês vão lançar Cd? 

Cláudio Darwich: Lu, estamos justamente em estúdio, gravando! Posso dizer que as músicas estão saindo como a gente quer, eu estou pirando no som. Acho que a galera vai pirar também. Já fizemos bateria e baixo, até agora são cinco músicas. Falta fazer guitarras e vocais. Estamos gravando no Cléber, em Icoaraci, veja só como são as coisas. Em uma sessão, fizemos todas as bateras e baixos. 

Acho que em mais umas duas sessões de estúdio a gente termina. Aí vai ser editar, mixar e masterizar. Não vamos fazer um CD. Vamos lançar como singles, pelo menos é essa minha ideia. Quero fazer singles, lançar o áudio, depois lançar um vídeo. Aí lança outra música, faz outro vídeo e vai assim. Talvez entre mais uma ou duas músicas nessa brincadeira. 

Família rock'n roll (Sérgio, acima)
Holofote Virtual: Tu andas fazendo um trabalho mais voltado ao blues. Quais os projetos neste campo da música? 
  
Cláudio Darwich: É, eu posso dizer que sou um blueseiro também. Tenho tocado blues sempre em bares de Belém e São Paulo, desde os anos 90, direto, quase sem intervalos, com diversas galeras. Atualmente, estou com o power trio Red House, formado pelo guitarrista Daniel Dú Blues, o baterista Henrique Penna e eu no baixo. 

Temos a participação, eventual, do vocalista Gustavo Bandini. É maneiro, estamos em temporada desde abril no Old School Rock Bar, sempre às quartas-feiras, sendo que antes eu tinha uma dupla de blues, com violão e guitarra, com o próprio Daniel, que a gente chamava de OBA (Orquestra de Blues da Amazônia hehe). A OBA fazia shows às quartas-feiras no mesmo local, então uma coisa meio que emendou na outra. Esta temporada atual deve ir até outubro, depois não sei ainda.

Talvez eu grave alguns blues autorais. Tenho alguns jazzinhos também, vou gravar eles. Devo atuar como tecladista, com a banda Presidente Elvis, mas não sei quando, tudo o que sei é estamos muito ativos no e-mail hahaha. Eu curto a Presidente e estou muito a fim de um novo show com eles, mas não é blues né, é mais rock mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nó Cego detona!!

Anônimo disse...

Nó Cego detonou geral foi foda eu vi. :)