3.2.19

O universo feminino nos poemas de Adélia Prado

Evna Moura
Transbordando em cores, luzes, sons que vertem das imagens trançadas, tecidas e vividas, nove artistas visuais paraenses interpretam poemas de Adélia Prado e acabam dando vazão às suas verdades criativas, na mostra “Nós. Inteiras?”, que inaugura nesta terça-feira, 5,  no Espaço Cultural Banco da Amazônia.

Licenças poéticas paridas por Ana Catarina, Elza Lima, Evna Moura, Fatinha Silva, Luciana Magno, Marise Maués, Paula Giordano, Tília Koudela e Ursula Bahia em fotos e vídeo. Compondo um tributo à poetisa e filósofa mineira Adélia Prado, a mostra provoca um (re) fundamento do valor histórico da mulher na arte, como aponta a fotógrafa Ana Catarina: “Com a licença poética da Adélia desdobramos a sua matéria – poesia - nas esquinas, águas, pedras, chão a transbordar do peito. São mulheres vistas, sentidas por todas nós e nós mesmas”.

Ela acredita que mobilizar as melhores energias na construção dessa mostra é uma maneira de reconhecer a existência de um tempo e lugar hostis para muitas, mas que não se bastam quando as próprias mulheres se excedem e reivindicam, com a vontade de alegria da poeta, um lugar na história da arte. Essa reivindicação é feita tendo como aparato muitas vezes o próprio corpo, evidenciado em trabalhos como o de Marise Maués que dialoga na mostra com as outras abordagens desse cosmos feminino. “É um corpo que sofre os impactos do dia a dia, que luta para conquistar o devido respeito”, descreve.

Para Ana Catarina a mostra traz em si uma diversidade que enriquece na contemplação dos múltiplos olhares, configurando uma oportunidade ímpar de crescimento. Tília Koudela acrescenta que a mostra a levou a reconstruir o olhar sobre o universo feminino, refletir e fortalecer a luta pelo reconhecimento do valor de todas as mulheres.

Lume-fêmea

Elza Lima
Poemas da antologia “Com Licença Poética” – publicada em 2003 - inundam a exposição, com curadoria e edição de Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano. 

A potência da obra de Adélia o lume-fêmea que ilumina e inspira as 21 imagens fotográficas e um vídeo expostos pelo espaço, trazendo a água que pulsa pelas veias, pela carne e espírito diáfano dos retratos de Evna Moura e Elza Lima.  

Tília Koudela e Ursula Bahia registram como à risca, na pele, se traçam as marcas da região e a ancestralidade das amazônidas enquanto que o luminoso contorno das formas femininas revela-se perante Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano. Um caminho cheio de flores e espinhos é trilhado por Ana Catarina sem esmorecer, com a força e a alegria da mãe natureza. Por fim, com punhos em riste, para lutar sempre, a mulher que funda reinos, em Luciana Magno.

Ana Catarina
Assim as artistas vão se identificando com as mulheres retratadas nos poemas. “Não tenho mais tempo algum, ser feliz me consome!", escreveria Adélia Prado. E completa: “Que a poesia use de todos os meios de transporte para visitar os homens.” Ou no caso, todas as pessoas que assim permitirem ser visitadas pela sensibilidade da poeta e das nove fotógrafas paraenses.

Serviço
Mostra fotográfica “Nós. Inteiras?”. No Espaço Cultural Banco da Amazônia (Av. Presidente Vargas, 800 – Campina). Abertura nesta terça-feira, 5, às 18h30. Entrada Franca. Visitação: 06/02 a 05/04/2019 - Seg a Sex, das 09 às 17h. Agendamento de Escolas: (91) 99116-4988.

(Texto: Assessoria de imprensa)

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