28.10.19

Café Fotográfico com Miguel Chikaoka e Luiz Braga

Ícones da fotografia no Pará, pela primeira vez, têm seus trabalhos reunidos numa exposição: “Encontro das Águas”, aberta na Casa das Onze Janelas, com curadoria de Armando Sobral. O Café Fotográfico é nesta terça-feira (29), às 19h, na Casa das Onze Janelas.

A história relata que no século XIX, após a revolução burguesa, as cafeterias francesas se constituíram como lugares cativos aos encontros e diálogos entre artistas, comunicadores e profissionais liberais. Já o imaginário brasileiro, traz o café como um momento para a reflexão, aquela pausa necessária na rotina dedicada ao convívio cotidiano.

Desse pensamento surge o Projeto Café Fotográfico, criado em 2008 pela Associação Fotoativa, que se constitui em um momento de debate, intercâmbio e um espaço para a livre manifestação de ideias, indagações e exercício conjunto sobre a fotografia. Desta vez, a ideia é abordar a produção e a trajetória dos dois fotógrafos, velhos conhecidos desde os anos 80, mas que somente agora tiveram a oportunidade de exporem juntos.

Armando Sobral, explica que a exposição surgiu primeiramente pelo nome, “Encontro das Águas”, que segundo ele, traduz a ideia de reunir dois grandes ‘afluentes’ da fotografia contemporânea na Amazônia. A partir da coleção dos fotógrafos no acervo do Governo do Estado, o curador se deparou com obras em preto e branco de Luiz Braga (mais conhecido pelo trabalho com luz e cores) e fotografias coloridas de Miguel Chikaoka (que trabalha mais na poética do preto e branco), um  contraste entre os dois trabalhos.

“Essa é uma exposição emblemática, já que os dois artistas nunca expuseram juntos. Assim, eu fiz a montagem na perspectiva de um espelho invertido, com um recorte bastante atípico na obra dos dois artistas”, conclui.

Para o café fotográfico, Miguel Chikaoka propõe falar sobre as percepções que os artistas guardam de seus processos a partir dos encontros e vivências que se produziram, notadamente no período que abrange os anos 1980 e 1990. Já Luiz Braga comenta que será antes de tudo um encontro de amigos de longa data. 

“Miguel foi até minha segunda exposição, Portfolio 80. Recém chegado da França. Estive na primeira mostra dele aqui. Atuamos juntos no Grupo Fotopará. Cada um à sua maneira contribuiu para a fotografia paraense ser reconhecida e valorizada”, relembra Luiz Braga. “O mais curioso é ser a primeira vez que participamos de uma mostra só os dois! E feita somente com o acervo do Estado”, completa.

Luiz Braga tem mais de 200 exposições no Brasil e exterior

Fotografia de Luiz Braga
Luiz Braga nasceu, vive e trabalha em Belém. Graduou-se em Arquitetura, mas nunca a exerceu a profissão. Trabalha com fotografia desde 1975. Suas primeiras exposições (1979 e 1980) eram compostas de cenas de dança, nus, arquitetura e retratos. Após essa fase, descobre as cores vibrantes da visualidade popular da Amazônia e viaja pela região aprofundando sua pesquisa sobre a cultura da periferia.

Sua abordagem passa ao largo das visões estereotipadas e superficiais sobre a região e junto com o domínio da cor o transformaram em referência na fotografia brasileira contemporânea. Realizou mais de 200 exposições entre individuais e coletivas no Brasil e no exterior. 

Suas obras estão presentes em importantes acervos privados e públicos. Em 2009, representou o Brasil na 53ª Bienal de Veneza. Sua exposição Retumbante Natureza Humanizada foi premiada pela APCA- Associação Paulista de Críticos de Arte, como a melhor de fotografia de 2014. Recentemente foi agraciado com Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia.

Chikaoka abre o diálogo coletivo da fotografia no Pará

Fotografia de Miguel Chikaoka
Miguel Chikaoka é de Registro (SP), vive e trabalha em Belém desde 1980, onde iniciou um movimento em torno do fazer e pensar coletivo da fotografia cujo desdobramento resultou na criação da Fotoativa. 

Fotógrafo independente, atuou junto ao Jornal Resistência da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e colaborou com a Agência F4, cobrindo fatos e eventos que envolveram organizações populares e o movimento nos anos 1980 e 1990. Em 1991, junta-se a outros fotógrafos e funda a Agência Kamara Ko Fotografias.

Como autor participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Suas obras transitam entre imagens, instalações e objetos de caráter conceitual, pautados na experiência de religação dos sentidos. Em 2012, recebeu o Prêmio Brasil de Fotografia e a Comenda da Ordem do Mérito Cultural (MINC) por sua contribuição à cultura. 

A programação do Café Fotográfico valoriza tanto a participação de autores locais, para divulgar as suas obras, como o diálogo com produtores de outros lugares, o que permite a articulação com o que é pautado nas discussões realizadas em outras regiões do país. São convidados artistas, curadores, editores, estudantes e profissionais da área de Arte, mas também é aberto a qualquer interessado na prática e discussão sobre fotografia e produção audiovisual na região amazônica.

Serviço
O Café Fotográfico com Miguel Chikaoka e Luiz Braga acontece nesta terça-feira (29), às 19h, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, localizado na Rua Siqueira Mendes, s/n - Cidade Velha. A entrada é gratuita.

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa do SIM)

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