7.10.19

Karina Martins realça a força feminina na Marujada

25 fotografias que narram a participação da mulher na Marujada. Premiada no edital do “Prêmio Branco de Melo – Apoio a produção artística” da Fundação Cultural do Pará (FCP), a exposição “Beneditas”, da fotógrafa Karina Martins, abrirá nesta quarta-feira (09), às 19h, na Galeria Theodoro Braga.  Entrada gratuita.

Elas dirigem e organizam a festa. Há sim os Marujos, mas a Marujada é formada em sua maioria, por mulheres. Elas comandam as danças, em ritmo do retumbão, mazurca e do bom xote bragantino. “Quando comecei a fotografar, em 2014, a festividade de São Benedito e a Marujada de Bragança pude observar o poder que a liderança feminina exerce tanto na festividade quanto na Marujada”, diz a fotografa Karina Martins.

A liderança nas danças, nas apresentações, nas procissões, nos ensinamentos é conduzida por uma mulher denominada “Capitoa”, a quem marujas e marujos devem obediência, respeito e lealdade. Karina observa que a Marujada é um matriarcado, onde somente mulheres podem exercer tal liderança, e que existe uma segunda liderança feminina na hierarquia, a Subcapitoa.

“Homens tem a função de tocadores de instrumentos musicais, acompanhantes nas danças e carregadores do andor de São Benedito. E tamanha autoridade é exercida por senhoras simples, de origem humilde, conhecedoras e guardiãs dos saberes de uma das manifestações cultural e religiosa mais importante do estado”, continua.

Saia vermelha, bem rodada. A blusa é de cambraia branca bordada, trazendo uma faixa larga de fita vermelha de gorgorão e uma rosa do mesmo material. O chapéu chama atenção. É de palha, forrado de tecido branco, e coberto por flores feitas de penas de pato. Das abas pendem fitas largas, de cores diversas e compridas. A mulher mais velha do grupo é quem está à frente de tudo e se destaca na vestimenta, pelo bastão dourado que ela carrega, um símbolo de autoridade.

Para a fotógrafa em uma época onde as mulheres são vítimas de todas as formas de violência e silenciamento possíveis praticados por uma sociedade machista, “Beneditas é uma homenagem às mulheres bragantinas fortes na fé inabalável em São Benedito, mulheres humildes e cheias de sabedoria, mulheres batalhadoras, mulheres que plantam e pescam, mulheres que comandam seus lares, mulheres resistentes por natureza, mulheres representadas em meu trabalho pelas marujas da Marujada, as quais dedico a exposição”, finaliza.

Vale conferir a exposição e para quem estiver querendo conhecer mais de perto a manifestação, a festa vai de 25 de dezembro ao dia 6 de janeiro, do ano novo. O ápice da Marajuda ocorre em dezembro, no dia 25, com as mulheres usando saias azuis e os homens com camisas da mesma cor. Já no dia 26, quando São Benedito é festejado, as mulheres usam as saias vermelhas, e os homens, a roupa branca.

  • Na Galeria Theodoro Braga - subsolo da Fundação Cultural do Pará, Av. Gentil Bittencourt, 650. Entrada franca.

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