A interação público sempre foi uma característica dos espetáculos e das contação de histórias de Ester Sá, mas com a pandemia e a impossibilidade temporária de estar nos palcos, de forma presencial, a atriz começou a olhar de outra maneira para o audiovisual, uma linguagem artística que já estava presente em sua trajetória. “Quem vai Levar Mariazinha para Passear”, por exemplo, era só um espetáculo em 2008, mas acabou ganhando adaptação para um curta-metragem de animação e saltou do palco para as telas da TV e do cinema. Ester conversou com o Holofote Virtual, confira.
“Eu amo. A linguagem audiovisual já vem influenciando meu trabalho desde muito tempo. Por exemplo, o Iracema voa, que é um dos meus espetáculos mais conhecidos, vem de uma pesquisa com a linguagem documental no cinema. Teve o 'Mariazinha', que foi a aventura de filmar um curta, e também muito me alegra ter vivido o que vivemos juntos no set e em todo o mais. Muito aprendizado. E tem o parceiro de vida que é o Mardock, que é um grande profissional da linguagem audiovisual e que juntamos nesse momento de vida essa vontade de ter um canal, que era uma vontade antiga, mas que nunca "tinha tempo" pra gente fazer”, diz Ester Sá.
Ela abre cada vídeo com muita delicadeza, convidando o internauta a participar de sua contação. “Dá licença de entrar? Abre a porta da emoção que a história atravessa do meu pro teu coração”. E se você fechar a luz e estiver em um lugar silencioso parece até quando a gente sentava na porta de casa para ouvir histórias, só que desta vez, a contadora está dentro da tela, onde a história é tecida e desenhada por palavras e alguma visualidade.
Na série Histórias da Cultura Popular, Nina Brincadeira de Menina conta histórias de vida e arte da saudosa artesã Nina Abreu, famosa por suas criações em brinquedos de miriti. E Uma história das histórias de Boi Bumbá é um espetáculo narrativo livremente inspirado na descrição das brincadeiras de boi bumbá nas ruas de Belém na década de 50, feitas pelo autor Bruno de Menezes, no livro Boi Bumbá - Auto Popular.
Ester Sá é também integrante da Rede de contadores de história do Pará - Recontah. Para realizar o canal ela conta com várias parcerias. Mardock assina a idealização e a realização do canal, com ela. “É um resultado de um amadurecimento nosso, em amplos aspectos, agora estamos prontos para fazer esse projeto acontecer. Nessa primeira série, estreada em outubro, tivemos as mãos dadas com outros artistas que eu admiro muito”, continua.
Cleber Cajun, também contador de histórias, assina a identidade gráfica do projeto. Andrei Miralha, animador que também foi parceiro no curta Mariazinha, compôs a animação da vinheta de abertura da série. Já Fábio Cavalcante criou a trilha sonora original da vinheta; e Maurício Franco, o figurino.
“Todos parceiros de longa data, que uniram suas artes e amizade ao projeto. Teve também o Laboratório Beneficente de Belém, que entrou nessa primeira série com um apoio cultural, que ajudou a gente a alavancar as coisas".
Da estreia a agenda para 2021
Eu já fui dar uma espiada no canal e olha o que já tem por lá. O Segredo do Anel, um conto de tradição oriental, autoria desconhecida, e A história das Longas Colheres, em que você é levado a uma importante reflexão sobre a vida no coletivo. Tem também O Monge Destemperado, que fala da raiva como uma energia. E Um Sino Soando, que faz uma outra reflexão, desta vez, sobre a verdade. Será que tudo que concluímos é verdade? Será que é possível acreditar em algo que foi criado pelo medo? E por aí vai.
Tem ainda “A Pedra no Caminho”, na qual nos deparamos com as dificuldades que encontramos em nossas vidas. O mais recente é “Um Encontro com o Sábio”, que fala da busca da sabedoria numa densa floresta. E é isso. Em meio às mazelas, a pandemia trouxe também uma enxurrada de coisas de qualidade disponibilizada em um território que ainda era pouco explorado por artistas mais comprometidos com a arte. “A gente tem essa fogueira criadora, e faz verão em tudo que é lugar!!”, finaliza Ester.
Acesse o Canal Ester Sá: http://bit.ly/EsterSa
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