max martins
________________________________________
M/W
Indo para o Norte
E se fracassares?
Se o êxtase do punhal não alcançar a alva
seda boreal e a bala
errar o morto e o morto apodrecer em paz
no alvo
iate, âncora para sempre, liquidado o mar
o mar cediço
passadiço?
Antes do tiro
antes do fim (— o teu princípio) todo o trigal já estava louco
os corvos indo
e vindo idem
agora sobre a cova
do sol Do teu poema?
Enquanto danças nesta noite às bruxas
às tuas viúvas
uma
folha na relva se corrompe
frutos se viciam, pecam
e se laceram
— o céu em cima
a terra em baixo —
Nada se associa
Eco de Lawrence Durell
Nada está perdido
para sempre amada
o que não se disse
restou
no coração — música
sob o silêncio
eco onipresente — pássaro
indecolável
M/W
Max/Wax
ex
sangue
o
SexO
sobra nódoa nada no óleo — o olho
(rastro da cobra)
cavo no chão
a pá
lavra no vão:
o não-ser indo
o não-ser vindo
o não
inserido e exarado grão
o grão-ser será serôdio/ cera
expermeável só?
— ser
(se há)
se mente
Uma letra veio
Um M e outro
(gêmeo)
e agora este
abrindo sulcos
veios
para a transa
da viagem: A voz
agora úmida
eriçando o campo
o último
de se ir às sombras
dum crepúsculo ao fundo
ígneo
— esse M
e as suas duas
sílabas-ímãs
de trazerem à boca
e à língua as frutas
se entreabrindo às águas
ao seu murmúrio
(De onda em onda
aonde
as letras morrem
— ou uma sobrenada
e se detona: Imagem)
Um lume-olho novo luxo
belo se irisando
veio dos lábios
Veio da pedra ressequida
e desta arma
a espadanada sede sobre a página
Dina: força e movimento: poesia
Todos os pincéis. E o corpo todo inacabando-se.
A teia é o que se vê: se faz. Ateias
o abismo dessa pele. Tocas
a flor do orgasmo
o ânus sinuoso da beleza.
O corpo. Por ele cantas.
Cresce nele um sopro — um olho
roxo
Escorre o seu discurso —
o lume de teus dedos que te escrevem.
Ouro
desmoronando
gozo.
Tudo é interdito. Ou não se vê
tão perto
— teu país-paul, terra de raízes
dociácida espuma, esponja, teu suor e mancha.
Lilás o branco deste campo
atravessando
alga amarela, talvez vermelha
nua
contra o medo: motim
navio
boca
e o frio silêncio tátil duvidando-nos.
Revide
A cada fim
seu recomeço: Um broto
no galho morto
Numa sonda estreita
Desfazer-se do
que era
o conteúdo
enfiando as estações
a vida indo
devagar
com algum
apoio musical
da lua
longe
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M/W
Indo para o Norte
E se fracassares?
Se o êxtase do punhal não alcançar a alva
seda boreal e a bala
errar o morto e o morto apodrecer em paz
no alvo
iate, âncora para sempre, liquidado o mar
o mar cediço
passadiço?
Antes do tiro
antes do fim (— o teu princípio) todo o trigal já estava louco
os corvos indo
e vindo idem
agora sobre a cova
do sol Do teu poema?
Enquanto danças nesta noite às bruxas
às tuas viúvas
uma
folha na relva se corrompe
frutos se viciam, pecam
e se laceram
— o céu em cima
a terra em baixo —
Nada se associa
Eco de Lawrence Durell
Nada está perdido
para sempre amada
o que não se disse
restou
no coração — música
sob o silêncio
eco onipresente — pássaro
indecolável
M/W
Max/Wax
ex
sangue
o
SexO
sobra nódoa nada no óleo — o olho
(rastro da cobra)
cavo no chão
a pá
lavra no vão:
o não-ser indo
o não-ser vindo
o não
inserido e exarado grão
o grão-ser será serôdio/ cera
expermeável só?
— ser
(se há)
se mente
Uma letra veio
Um M e outro
(gêmeo)
e agora este
abrindo sulcos
veios
para a transa
da viagem: A voz
agora úmida
eriçando o campo
o último
de se ir às sombras
dum crepúsculo ao fundo
ígneo
— esse M
e as suas duas
sílabas-ímãs
de trazerem à boca
e à língua as frutas
se entreabrindo às águas
ao seu murmúrio
(De onda em onda
aonde
as letras morrem
— ou uma sobrenada
e se detona: Imagem)
Um lume-olho novo luxo
belo se irisando
veio dos lábios
Veio da pedra ressequida
e desta arma
a espadanada sede sobre a página
Dina: força e movimento: poesia
Todos os pincéis. E o corpo todo inacabando-se.
A teia é o que se vê: se faz. Ateias
o abismo dessa pele. Tocas
a flor do orgasmo
o ânus sinuoso da beleza.
O corpo. Por ele cantas.
Cresce nele um sopro — um olho
roxo
Escorre o seu discurso —
o lume de teus dedos que te escrevem.
Ouro
desmoronando
gozo.
Tudo é interdito. Ou não se vê
tão perto
— teu país-paul, terra de raízes
dociácida espuma, esponja, teu suor e mancha.
Lilás o branco deste campo
atravessando
alga amarela, talvez vermelha
nua
contra o medo: motim
navio
boca
e o frio silêncio tátil duvidando-nos.
Revide
A cada fim
seu recomeço: Um broto
no galho morto
Numa sonda estreita
Desfazer-se do
que era
o conteúdo
enfiando as estações
a vida indo
devagar
com algum
apoio musical
da lua
longe
MAX MARTINS, poeta, nasceu em Belém do Pará em 1926. Estreou com o livro O estranho (edição do autor), em 1952. Insatisfeito com o resultado, mandou queimar seus exemplares, sobrando apenas alguns poucos, por desobediência do encarregado – o suficiente para render-lhe honras tardias. Posteriormente, publicou Antiretrato (1960), O risco subscrito (1976) e Caminho de Marahu (1983). Durante a vida exerceu cargos públicos até sua aposentadoria, à qual o Inamps incorporou outra: a de escritor, tornando-se o primeiro caso de escritor aposentado com os benefícios pelo exercício de mais de trinta anos de poesia. Hoje é diretor de um núcleo de cursos conhecido como Casa da Linguagem. Os poemas publicados aqui fazem parte de seu livro quase-desconhecido O cadafalso. Fonte: http://http://www.confrariadovento.com/revista/numero19/poesia03.htm
Max faleceu ontem, 09 de fevereiro de 2009, no final da tarde, em Belém do Pará.
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