18.6.09

Ágora Mandrágora agora na Praça da República. Não perca!

Depois de ter colorido e enchido de boas gargalhadas o Forte do Presépio, “Ágora Mandrágora Ou Santa Maria do Grão Agora”, do grupo Usina Contemporânea de Teatro chega à Praça da República, com apresentações em seu anfiteatro, de quinta a sábado, às 19h. Nos três dias em que esteve em cartaz no Forte do Castelo, o espetáculo já foi visto por mais de 700 espectadores.

Inspirado em uma das comédias mais famosas da dramaturgia universal, A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel, o espetáculo ganhou nova versão do grupo que está celebrando 20 anos de atividade. O resultado desta longa estrada está na cena e por trás dela. O elenco é afinado e a equipe técnica madura.

Apesar do texto de Maquiavel ter sido escrito há cerca de 500 anos pelo dramaturgo e filósofo italiano, a peça discute temas atuais, como as relações de poder e a falta de ética que impera na sociedade quando os interesses pessoais e de pequenos grupos prevalecem sobre os interesses coletivos.

“O que o público assiste não é a peça que o Maquiavel escreveu, mas sim a versão que o Usina está dando à história”, diz Milton Aires, um dos atores da peça. “Lemos muitas vezes a peça, mas na hora de montar as cenas, criamos estruturas narrativas que partiram de improvisações. Preferimos chamar de uma versão contemporânea para a dramaturgia do Maquiavel”, explica.

Em cena também estão os atores Cláudio Melo, Gilberto Andrade, Landa de Mendonça, Andréia Rezende, Ronalda Salgado e Astréa Lucena que se desdobram sempre em mais de um personagem.

Montagem - E isso é uma das coisas interessantes desta montagem. Há personagens interpretados por dois atores, simultaneamente, ou por atores diferentes em cada cena, provocando o espectador, que tentar descobrir a cada momento as regras do jogo.

O espetáculo também traz uma proposta diferente de cenografia. Vários objetos como escadas, bacias, guarda-chuvas e mesas estão arrumados pelos quatro cantos do espaço de encenação, uma arena, e vão sendo utilizados pelos atores ao longo do espetáculo. O público vê tudo, assim como início presenciamos exercícios de concentração e aquecimento do elenco antes de começar o espetáculo.

Com muitos tecidos usados para várias simulações de cena, boa luz e excelente trilha, o espetáculo é lúdico e envolvente fazendo com que o tempo de 1h30 passe quase despercebido.

Trama - Na trama escrita por Maquiavel, Calímaco é um jovem que deseja a mulher de um velho e rico advogado. Para chegar ao seu objetivo de seduzir a moça, ele arma uma farsa que conta com a colaboração de outros personagens. O resultado é que todos enganam a todos em benefício próprio.

De acordo com as informações do grupo, atentos às profundas críticas contidas no texto, o Usina optou por uma encenação alegórica que faz referência a realidade política e social da Belém e do Pará da atualidade. Tanto é verdade que a montagem chama-se Ágora Mandrágora ou Santa Maria do Grão Agora, fazendo alusão ao nome que Belém recebe na obra do escritor paraense Vicente Cecim.

“Não vimos sentido em localizar a trama em Florença, como na obra original, e decidimos que o momento era oportuno para discutir nossa realidade mais imediata”, argumenta o cenógrafo Nando Lima, um dos fundadores e diretores do grupo.

“O teatro também possui essa função de estimular um debate sobre questões de interesse público”, completa o ator Cláudio Melo, que interpreta Calímaco.

A encenação da peça é assinada por Alberto Silva Neto, mas foi gestada num processo bastante colaborativo com todos os criadores, e não possui nada de convencional. O espaço em forma de arena sugere uma quadra esportiva e os figurinos de Maurício Franco fazem forte referência às práticas esportivas. “O esporte também é uma metáfora da arte”, justifica Maurício.

O desenho de som é de Leo Bitar e a música de Felipe Cordeiro. A montagem conta ainda com produção executiva de Nani Tavares, assistência de produção de Cristina Costa, apoio de Tiago Pinto e fotos de Alberto Bitar.

Serviço
Ágora Mandrágora ou Santa Maria do Grão Agora, do grupo Usina Contemporânea de Teatro. De 18 a 21 e de 25 a 27 de junho, sempre às 19 horas, no anfiteatro da Praça da República. A montagem é resultado do prêmio Cláudio Barradas de Fomento às Artes Cênicas, da Secult, e tem apoio cultural de Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Instituto de Artes do Pará – IAP, Art Laser Digital, ACD Gráfica, Midiainplay, Ná Figueredo, Guimas Top, Afro Brasilis, Abelhuda e Casa das Tortas.

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