17.6.09

Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz faz neste final de semana as duas únicas apresentações do semestre!


Neste final de semana há várias programações bacanas em Belém. Uma delas é a apresentação da Orquestra Sinfonica do Theatro da Paz, nos dias 19 e 20 de junho de 2009, sexta-feira e sábado, às 20 horas, no Theatro da Paz, com entrada franca. Na foto de Elza Lima, está Matheus Araújo, que rege a orquestra e luta por mais investimentos para concretizar sua excelência internacional como vocês vão ler nas próximas linhas.

Repertório - O repertório destes dois concertos tem três elementos. Em homenagem aos 50 anos da morte de Villa-Lobos, o programa abre com uma de suas obras mais emocionantes: as Bachianas Brasileiras n.5, que o consagraram como nosso compositor nacional. É uma música para soprano e conjunto de violoncelos, na qual a soprano começa simplesmente vocalizando em “ah” na famosa cantilena e depois se entrega à dança do segundo movimento num virtuosístico final com poema de Manuel Bandeira constituindo assim, em cerca de 10 minutos, um retrato da natureza e do espírito brasileiro. As sopranos Luciana Tavares e Dione Colares serão as solistas nos dias 19 e 20 respectivamente.

Ainda na primeira parte do programa, a orquestra celebra os 200 anos de nascimento de um dos maiores compositores da fase inicial do Romantismo, Mendelssohn, que também foi um dos primeiros regentes da história e organizador da profissão de músico de orquestra. Desse grande mestre, a orquestra executa três peças orquestrais para “Sonho de uma Noite de Verão”: a Abertura, (composta aos 17 anos), o Scherzo, e a famosérrima Marcha Nupcial.

Desafio - Na segunda parte a OSTP enfrenta o seu maior desafio: a Sinfonia Patética de Tchaikovsky, escrita em 1893, considerada a maior sinfonia russa. É a primeira vez que a orquestra executa uma sinfonia de Tchaikovsky, e no caso desta sexta e última sinfonia, além das dificuldades técnicas, a concentração e a energia são exigidas ao extremo. É uma obra em quatro movimentos de quase 50 minutos de duração na qual o compositor intencionou representar o drama da vida com uma emoção sem precedentes.

“Para ser ouvida com o coração”, segundo o compositor, a sinfonia tem uma forma atípica: o primeiro movimento tem cerca de 20 minutos, o segundo movimento é uma espécie de valsa, mas não em compasso de 3, mas de 5, o terceiro movimento é uma crescente marcha balé e o finale: o adagio lamentoso.

A orquestra tem 68 músicos e é aproveitada em todas as nuances para exprimir os sentimentos mais contrastantes, ansiedade, desejo, explosões, romantismo, delírios e desespero. O próprio compositor, exaurido de suas forças, morreu aos 53 anos, uma semana após reger a estréia dessa obra transcendental.

O maestro titular da OSTP Mateus Araujo diz que, além de ter escolhido esse repertório, ainda reserva ao público paraense mais surpresas para a noite, e afirma que nunca houve um concerto tão imperdível no Theatro da Paz.

Theatro da Paz - Segundo o maestro, as cidades que tem um teatro desse porte, no caso o terceiro do Brasil, construído especialmente para a ópera e com uma acústica ideal para a música sinfônica, invejada por outras orquestras nacionais e internacionais, mereceriam ter concertos todas as semanas. Entretanto, estes são os primeiros concertos da OSTP em 2009 e os últimos do semestre.

“O universo da música sinfônica é tão infinito e grandioso que somente agora, depois de 4 anos de trabalho consecutivos, estou começando a imprimir na OSTP o som do meu ouvido interno. Cada orquestra tem o seu próprio som, criado pelo seu maestro. E se eu quisesse levar essa orquestra ao Everest, posso dizer que acabei de chegar em Katmandu, e neste momento estou de pé, em frente ao Himalaia, ainda nublado e assustador na minha frente. Digamos que é complicado viajar até o Nepal, foi um longo caminho... mas por outro lado, mal chegamos ao sopé da montanha...", diz Matheus.

Dinamismo - De acordo com ele, o trabalho na orquestra é muito dinâmico, tem parâmetros de especialização internacionais e os bastidores requerem uma estrutura de apoio, planejamento e marketing tão afinados quanto a música. "A confrontação com outras orquestras é inevitável, porque a música é uma linguagem universal. Por isso acredito que, mais do que o meu repertório eclético, a qualidade sim, ainda é o maior trunfo da orquestra. E quanto maior for a qualidade, - pois não há limites - mais poderemos popularizar e fazer jus ao nosso talento, repensar o desenvolvimento humano oferecendo esperança para as próximas gerações, e honrar a tradição musical paraense", continua.

Investimento - Matheus acredita que a OSTP chegou a um ponto de mostrar que possui um trabalho de competitividade internacional, mas ainda precisa de investimentos. "Com a participação da sociedade e com mais concertos semanais ou quinzenais desse nível, a repercussão da orquestra começaria a acontecer. As consequências sociais de um investimento maior refletiriam imediatamente na diplomacia internacional, na visibilidade do estado, na educação e principalmente na qualidade de vida da população, em todos os setores! ”, conclui o maestro.

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