15.9.17

"Lanterna Mágica" de volta à programação da 93,7

O assunto é cinema e a notícia das melhores. Apresentado nos anos 1980 pelo jornalista Ismaelino Pinto e o crítico de cinema Marco Moreira, o programa está de volta à Rádio Cultura, a partir desta sexta-feira (15), sempre às 21h, com produção e apresentação de Augusto Pacheco, com quem batemos um papo super cinematográfico aqui no blog. 

Jornalista e um grande estudioso de cinema. Além disso, um dos melhores programadores de salas de cinema do circuito alternativo em Belém. Augusto Pacheco está de volta a Cultura Rede de Comunicação, com o programa "Lanterna Mágica", que pretende focar a cultura cinematográfica em vários ângulos. Informações, debate, agenda de lançamentos e circuitos de exibição, comercial e alternativo.

Além de produzir e apresentar o programa, Augusto Pacheco também estará no Jornal da Manhã, da Rádio Cultura, aos sábados, a partir das 7h, com a coluna "O assunto é cinema", antes apresentado por ele dentro do programa Conexão Cultura.

A iniciativa chega no momento em que a instituição também aposta e investe na produção de séries, por meio de edital em parceria com a Ancine, e documentários, com programas específicos e também pelo Sonora Pará, que já está em sua segunda edição, fomentando a produção de realizadores e produtoras independentes.

Assunto sobre audiovisual paraense no “Lanterna Mágica” não deve faltar. Música também não. Entre um papo e outro, uma dica e outra e agendas, vai ter muita onda sonora também, trazendo trilhas do cinema local, nacional e internacional.

Antenado com o mundo digital, Pacheco adianta que a atração também faz links com filmes produzidos e exibidos em smartphones, vídeo-arte, vídeo-mapping, programação via streaming, DVD e Blue-Ray. É com muito gosto que batemos um papo com Augusto Pacheco aqui no blog.

Saindo do forno nesta sexta, logo mais às 21h, o programa de estreia fala sobre os filmes brasileiros que estão concorrendo para representar o Brasil no Oscar 2018, a exibição de “Diário de uma Camareira”, do bruxo Luis Buñuel, na Sessão Cult, a estreia de “Afterimage”, do polonês Andrzej Wadja, além do som de Pio Lobato, Arcade Fire. Miles Davis. Nina Simone, entre outros.

Muito bacana a iniciativa da Rádio Cultura em retomar o Lanterna Mágica. Um tempo atrás a cultura do cinema tinha espaços generosos na mídia. Críticos escreviam nos impressos, que sempre tinham lugar cativo para a Sétima Arte. Isso tudo foi se perdendo, e hoje salvo os blogs, são escassos programas focados no assunto.

No papo a seguir, Augusto Pacheco fala de sua paixão por cinema, circuito de exibição em uma Belém de vocação cinematográfica. Ele também adiantou que a ideia é também fazer o Lanterna Mágica para a TV. Acho ótimo! Ilustramos a entrevistas com imagens de alguns dos filmes preferidos do nosso entrevistado.

Holofote Virtual: Tens longa experiência como crítico, és cinéfilo e um estudioso de cinema. Como foi que te apaixonastes pela sétima arte?

Augusto Pacheco: Falo disso com a emoção de ter pais que sempre estimularam essa paixão (sim, cinema é uma paixão eterna). Meu pai era fã de Oscarito, Grande Otelo e conhecia todas as chachadas lançadas pela Atlântida em Belém. Primeiro vieram os filmes infantis e adolescentes, até me deixar levar (literalmente) pela densidade dos filmes de autor, musicais e filmes de outras nacionalidades.

Holofote Virtual:Nunca quisestes dirige um filme? Ei, você dirigiu, né, e foi premiado, conta!

Augusto Pacheco: “Louco por Cinema”, que ganhou o Guarnicê de Cinema e Vídeo e “Água”, com base no poema de Arnaldo Antunes. Gostei da experiência, mas gosto mesmo de estudar cinema, ver filmes e compartilhar o conhecimento.

Holofote Virtual: Belém tem vocação cinematográfica? Entenda como quiser e responda (risos).

Augusto Pacheco: Concordo plenamente. Temos cenários naturais, bons profissionais, ideias. Falta mais união da classe para concentrar energias que estimulem mais editais, como foi no estado de Pernambuco. A iniciativa da Rede Cultura de Comunicação deve ser seguida para a criação de outras oportunidades no setor.

Holofote Virtual: O Lanterna Mágica programa vai informar sobre o circuito de exibição. Temos bons cinemas com boas programações no circuito comercial?  Qual a sua opinião?

Augusto Pacheco: O circuito comercial em Belém, com todas as limitações em nome do mercado que “atrasa” ou mesmo nem exibe lançamentos de peso (os bons lançamentos), ainda assim, é capaz de trazer boas novidades, como a obra prima “Dunkirk”, de Christopher Nolan e filmes de Woody Allen, Pedro Almodóvar, entre outros títulos, que às vezes são exibidos depois das 22h (horário ingrato para muitos cinéfilos).

Holofote Virtual: Sobre o circuito alternativo... como estamos?

Augusto Pacheco: Belém é uma das cidades brasileiras com tradição em circuito cineclubista e um fôlego admirável para a continuidade do circuito alternativo, mesmo com dificuldades. O Líbero continua como nossa maior peça de resistência e coragem para exibir a nova produção nacional e internacional.

O Cine Olympia segue em frente, com programação alternativa ao circuitão, com mostras internacionais (filmes que jamais seriam exibidos na programação comercial) e o projeto Cinema e Música, que resgata partituras originais de filmes clássicos e necessários. Ainda temos o circuito cineclubista, que está no NPD, CCBEU e espaços universitários. O programa é aberto para o audiovisual e suas vertentes diversas.

Holofote Virtual: Na tua opinião, como está a cena audiovisual em Belém, e de que forma você pretende aborda-la no programa?

Augusto Pacheco: A gente pretende acompanhar essa cena, que já é prolífica, por meio de produtores independentes que queiram divulgar seus trabalhos. Temos muita gente boa trabalhando com séries, docs, ficção, curtas, médias e agora a volta do formato longa-metragem.

Holofote Virtual: O que te chama mais atenção em relação a filmes, profissionais, temáticas. Tua opinião pelo nosso cinema no tucupi?

Augusto Pacheco: Temos um jeito de falar que é só nosso. É a nossa linguagem verbal que pode ser traduzida em imagens, com personagens locais e ao mesmo tempo com motivações, humor e dramas universais. Temos uma marca nossa. Acredito no cinema paraense, sem estereótipos.

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