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Serão os primeiros shows dela em Belém. Além da apresentação que lança o CD, Railídia ainda faz uma roda de samba, no sábado, no bar Palafita, com participação de Arthur Espíndola e Jeziel Souza, a partir das 17h (ingresso R$ 10,00).
“Pela primeira vez estou voltando para casa como cantora”, diz Railídia. “É a minha estreia na minha terra como artista. Quando saí daqui nunca passou pela minha cabeça que pudesse me tornar cantora. Nunca”, comenta ela que vive há vinte anos em São Paulo, onde divide a paixão pela música com outra paixão, o jornalismo.
O repertorio traz as canções do disco, mas Railídia está preparando algo especial. “Tem uma surpresinha, uma homenagem que quem for vai ver na hora. não podíamos deixar de fazer”, diz ela segredando. O show conta com a banda da cantora, formada por Paulo Godoy, violonista, Felipe Siles, no piano e sax, Helinho Guadalupe, no cavaquinho e Koka Pereira, na percussão.
O paraense Tiago Belém vai assumir a bateria, pois Douglas Alonso, que integra a banda de Railídia, não pôde vir ao lançamento. E ainda terá participação de Nilson Chaves, que vai cantar “Flor Negra”, gravada no CD Cangalha, composição dele, em parceria com Joãozinho Gomes.
Independente como sempre ela vem por conta!
A vinda a Belém é iniciativa da própria cantora, que está contando com a participação do público no show. A cantora explica que esta será a primeira experiência de circulação independente. “Patrocínio é difícil, não temos. Parte do CD foi financiamento coletivo a outra parte eu paguei, nenhum músico recebeu cachê. Vai ser o mesmo esquema em Belém. Os músicos da banda vêm nesse esquema de mostrarmos o trabalho, por isso abriram mão de cachê. Quem sabe Belém aponte um horizonte pra gente com o material que vamos gerar em áudio, vídeo”, diz Railídia.
O show tem produção local de Sandro Santarém, Railília Carvalho e apoio de produção minha, Luciana Medeiros, com assessoria de comunicação aqui pelo Holofote Virtual. O cenário é da equipe de Marton Maués e Escola de Teatro e Dança da UFPA. Na fotografia, Débora Flor e na filmagem Macieira Filmes. Tudo será fotografado e filmado com intuito de transformar este material em um DVD gravado em Belém.
A cantora ainda que divulgando o primeiro trabalho gravado, já pensa em um novo CD, em que gostaria de gravar mais compositores paraenses.
“Ando pensando muito em me fincar aqui nesse chão de músicas lindas, compositores fantásticos que tem aqui no Pará. Dentro desse terreno dos ritmos brasileiros, Belém tem tanto a oferecer desde os mestres até compositores de música autoral, que também são mestres. Vim para cantar mas também vim pra ouvir os sons daqui”, diz.
“Ando pensando muito em me fincar aqui nesse chão de músicas lindas, compositores fantásticos que tem aqui no Pará. Dentro desse terreno dos ritmos brasileiros, Belém tem tanto a oferecer desde os mestres até compositores de música autoral, que também são mestres. Vim para cantar mas também vim pra ouvir os sons daqui”, diz.
Sempre que ela chega por aqui leva muita coisa para ouvir em São Paulo. “Sempre saio com muitos CDs e é maravilhoso ver que os músicos resistem, correm atrás, são militantes do próprio trabalho. Estamos fazendo isso também com Cangalha, militando. Acho que é a nossa palavra. Quero carregar muito essa Cangalha por aí. Que é um repertório precioso e que se expressa com toda a intensidade de cada um de nós”, comenta.
Trazendo sua identidade de mulher, nascida no norte, na beira do rio, e como ela diz, “nesse chão continental que é o Pará, com todas as minhas influencias. E tenho um baita orgulho disso. As lágrimas, a expectativa, o que vai ser de mim em São Paulo. Ando à flor da pele, mas transbordando de felicidade. Cantei para tanta gente diferente e agora vou cantar para minha grande família cabocla. Isso é extraordinário”, afirma.
DNA paraense nas rodas de samba de São Paulo
O lançamento de Cangalha traz a sonoridade brasileira amazônica que costuma embalar a cantora pelas rodas de bambas da capital paulista. O samba divide as atenções com tradições musicais do Marabaixo (Mal de Amor e Flor Negra), do Amapá, Boi Bumbá do Pará, Marcha-Rancho e outras influências, entre elas a religiosidade Afro-Brasileira (Risca Faísca, Oiá) e Doutrinas de Tambor de Mina do Maranhão (Ô Linda).
Finalizado em dezembro de 2016, o disco tem produção musical de André Magalhães (Estúdio Zabumba e A Barca) e produção executiva de Stefânia Gola (Ó produções). As bases foram gravadas em quatro dias com os músicos tocando juntos, ao vivo. “A aposta neste formato foi de André, especialista em ritmos brasileiros e também responsável pela direção musical ao lado de Godoy e Siles. À exceção dos arranjos de sopros (de autoria de Siles), os demais foram elaborados coletivamente pelo grupo”, diz Railídia.
Foram dois anos aprimorando um repertório que resultaria nas 14 músicas do CD. Há inéditas, sobretudo, de autores paulistas e contemporâneos, como Lincoln Antonio, Fernando Szegeri e Douglas Germano e regravação dos sambas A Louca (Maurício Tapajós e Aldir Blanc) e Sandália de Prata (Bebeto Di São João e David Corrêa). Railídia assina duas composições, Cangalha (com Douglas Germano) e a carnavalesca Solidão de Pierrô, feita em parceria com a filha Iara.
O disco também tem participação dos integrantes do Metá Metá Kiko Dinucci - guitarra em Risca Faísca, Oiá - e Thiago França - sax tenor em Ô Linda e Douglas Germano, em Quarta-feira de Cinzas, além de Mapyu, Nilson Chaves e Derny Tiago. Cangalha traz ainda Emerson Bernardes (Cavaco), Rodrigo Carneiro (sete cordas), Samuel Silva (sete cordas), Thomas Rohrer (rabeca) Angela Coltri (sax alto), Allan Abadia (trombone), Alessandro Ribeiro (trompete) e Jorge Cirilo (sax tenor).
O CD “Cangalha” custa R$ 20,00. Poderá ser adquirido no dia do show, ou ser encomendado pelo correio - enviar mensagem para railidia@gmail.com. Está à venda em São Paulo, no bar Ó do Borogodó (Rua Horácio Lane, 21), e na loja online Arrancatoconline: https://www.arrancatocoonline.com.br/. Vendas em Belém (Pará) pelo telefone: (91) 98847-5502. Cangalha também está em todas as plataformas digitais.
Na entrevista, um papo descontraído com a cantora
Holofote Virtual: Railídia, que bom te receber por aqui e na sua versão cantora. Lembro que, mesmo quando já trabalhavas como jornalista, já eras impregnada pela arte, mas fazendo teatro, e agora essa paixão pela música. Conta!
Railídia Carvalho: Sim, eu estudava na Escola de Teatro e Dança da UFPa. Fui aluna da Wlad Lima e do Miguel Santa Brígida. Encenei uma peça chamada Mariano, de autoria do Paulo Faria. Foi onde me envolvi mais profundamente com o mundo das artes, com a linguagem eu digo, mas a música sempre vivenciei, desde muito pequena. Minha família (mamãe, papai, meus primos) respirava música e dança. Tudo virava festa. Meus primos tinham conjunto, participavam de festivais, eu sempre ia assistir. Uma vez participei de show de calouros.
Na faculdade quando íamos a bares sempre dava uma canja. Mas sempre tendo o jornalismo como o meu lugar de profissão, meu ofício. Hoje continua sendo assim mas divido o jornalismo com a música, que ganhou uma dimensão imensa na minha vida. Anos depois de já viver em Belém é que fui descobrindo a história do meu avô, que era balateiro, luthier e promovia ao lado da família Castro, em Almeirim, as festas de São Benedito. E eu nem sabia disso e já era tão ligada a cultura popular. O CD é homenagem ao meu avô que eu não conheci.
Holofote Virtual: Como foi para decidires ir para São Paulo?
Railídia Carvalho: Eu me apaixonei por um moço de São Paulo e resolvi mudar de Belém. Sempre fui muito independente e quis levar minha vida sem que palpitassem muito.
Saí de Altamira quando tinha 16 anos e fui sozinha pra Belém estudar Comunicação Social. Sempre fui muito decidida, quando resolvia as coisas. Foi assim quando casei e sai de Belém também. Quando resolvi fazer o CD e quando resolvi, agora, fazer esse lançamento em Belém. Sou da ação.
Holofote Virtual: Música, jornalismo. Como te divides nestas duas paixões?
Railídia Carvalho: Continuo como jornalista e digo que, sem a minha profissão primeira, eu não seguraria as pontas da minha outra carreira na música. Trabalho muitas horas, lidar com a palavra, a informação envolve tanta coisa pesquisa, reflexão, uma boa redação, ética. É desgastante, mas eu não me vejo longe desse universo. Talvez um trabalho com menos horas para equilibrar as coisas: metade pra música, metade pra o jornalismo.
Apesar de cobrir movimento sindical, sempre escrevo algo sobre música, samba, cultura popular, o Pará. Recebi muito apoio dos colegas da redação do Portal Vermelho durante a gravação, mas quando se esgotaram as folgas eu saia do trabalho e ia direto gravar. Tem sido meio comum isso de acumular. Às vezes eu saio do trabalho, tomo um banho em casa e vou cantar até de madrugada, às vezes terça à noite, quarta. No dia seguinte, tem trabalho no portal e estou lá. Por enquanto ainda tem que ser assim.
Holofote Virtual: Em que momento a música entra na tua vida de forma profissional?
Railídia Carvalho: Cantar regularmente começou mesmo em São Paulo a partir de 1999. Meu ex-marido, Fernando Szegeri, meu grande irmão na música e de vida (pai da minha filha), foi que me levou nas rodas de samba que ele já conhecia desde os 17 anos. É um prodígio no conhecimento dos grandes cantores brasileiros da primeira metade do século XX. Conhece tudo. Canta bem demais. Dividiu os amigos dele (muitos mais velhos) comigo e formamos uma roda de samba.
Desde 1999 (vamos completar 20 anos de projetos de roda de samba em 2019), Os Inimigos do Batente fazem uma roda semanal ou pelo menos três vezes por mês, em São Paulo. É praticamente ininterrupta. Tive muita liberdade quando me senti segura de cantar coisas do Pará, carimbós e também outros ritmos como coco, samba de bumbo, baiões.
Em 2009 comecei a querer aumentar esse repertório de ritmos brasileiros e ali percebi que começava a ter uma carreira de cantora. Em 2012 foi um ano-chave quando conheci o violonista Paulo Godoy e formamos essa parceria que resultou no CD, no show e em uma roda chamada ‘Sambas batuques e Cantorias’, onde o repertório do Pará aparece cada vez mais e vamos mostrar isso aí, no sábado, no Palafita.
Holofote Virtual: Quem são estes músicos que atuam contigo, fala um pouco deles e da relação que os aproxima.
Railídia Carvalho: O que nos aproximou foi o samba. E o que consolidou essa relação com esse grupo atual foi o repertório que eu sugeri que é o que está no CD.
Eles se apaixonaram pela música do Pará, como o carimbó, os bumbás e, principalmente, a música do Maestro Waldemar Henrique. A gente toca várias no repertório. São músicos do samba, do choro, desenvolvendo trabalhos autorais, com outros grupos paralelos a esse nosso. Acho que o repertório tem muita força instrumental. A gente não economiza em nada. Todo mundo toca em tudo. E tocamos por horas e tem solos e tem muita percussão. Sempre vira um grande baile.
Holofote Virtual: Há uma importância grande em lançar o CD aqui em Belém. Passas muito tempo longe?
Railídia Carvalho: Eu sempre volto pra Belém. Conheço poucos lugares porque sempre viajo para Belém. Eu preciso sentir o meu lugar, sabe. Nunca deixei de vir. Quando eu não vinha, trazia de Belém comidas que eu aprendi a fazer em São Paulo, nas saias de carimbo, que eu usava e uso nas rodas, nos carimbós que eu cantava na roda, sempre me identificando ‘eu sou do Pará’. Para eu não esquecer, não me acomodar aqui. Todo mundo sabe que sou do Pará e que gosto de afirmar isso. Sempre chega alguém no bar onde eu canto e diz: é aqui que tem uma cantora do Pará?
Holofote Virtual: O disco. “Meu peito é a minha cangalha”. Letra forte, a da canção que dá nome ao álbum.
Railídia Carvalho: O meu parceiro nessa música é o Douglas germano. É fácil fazer música com o Douglas. Você faz um pedacinho e ele faz o resto todo e faz mágica e ficou tudo lindo e você ainda ganha a parceria (risos). Acho que ele realmente fez acontecer essa música em cima de uns versos que mandei.
Esse verso é dele "Meu peito é a minha cangalha". Ele deu o nome da música. Cantei alguns anos com o Douglas e ele conhece bem o meu temperamento. Se eu começo a música me sentindo oprimida - à época eu sentia muita vontade fazer música, mas estava em um trabalho que era muito militante, difícil, desgastante, foi quando fiz parte dessa letra sobre a rotina que me acaba. Daí o Douglas recebeu essa parte e virou o jogo dizendo que ‘eu não vou submeter a isso vou rasgar a mortalha, afiar a navalha, não vou me entregar’. Tudo o que eu trago está no meu peito.
É uma trajetória de vinte anos em São Paulo, estranhando estar em um lugar que não é o meu, lutando para não perder minha identidade com o Pará, tentando viver (e vivi intensamente), construindo outra carreira, sendo estrangeira aqui e um pouco em Belém, amando, minha filha nasceu aqui. Cantando, tomando "que também sem a cachaça ninguém segura esse rojão".
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