14.1.20

Espetáculo candango chega com tempero paraense

O espetáculo “Maniva” chega a Belém para apresentações nos dias 16 e 17 de janeiro, no Sesc Castanhal e Sesc Ver-o-Peso, respectivamente. O espetáculo já realizou 2 temporadas independentes em Brasília e sua 1ª temporada em Belém só será possível, por conta de uma benfeitoria realizada na internet, onde o público colabora com o coletivo para vinda à cidade. A montagem é do Coletivo Maniva formado por brasilienses e uma paraense. 

“Os três Mal-Amados”, poema-peça inacabada de João Cabral de Melo Neto, foi o ponto de partida para provocações que levaram os atores a uma dramaturgia autoral, essencialmente embasada em elementos do imaginário cultural e realidade paraenses. 

Larissa Souza, atriz paraense radicada em Brasília, foi o elemento chave para essa mistura de referências, que tanto se parece com a pluralidade cultural da capital do país. A vontade de trazer o espetáculo vem desde que os contornos de dramaturgia foram criados. Isso porque eles acreditam que o trabalho só tem a crescer com os olhares do público paraense, munidos de vivências e afetividade com a maniçoba

“Maniva” apresenta um recorte da vida de uma mulher, onde num ato apaixonado ela se põe a preparar uma maniçoba, prato típico da culinária paraense, e, durante esse preparo, vive um encontro consigo mesma. Numa trajetória permeada pelo real e onírico vão se revelando os abismos e sutilezas que habitam as entrelinhas do amar. 

Ao longo da apresentação, a peça discute temas como relações de dependência e violência doméstica, por meio de metáforas muito inspiradas na riqueza poética da escrita de João Cabral. A montagem tem atuação de Larissa Souza, iluminação e trilha sonora executada ao vivo, de Luisa L’Abbate e Thiago Gama e, direção de Rafael Toscano e Yuri Fidelis.

“Há quase 8 anos, moro em Brasília e vir pra cá só fortaleceu essas raízes. Foi preciso me distanciar pra perceber que eu era toda emaranhado de umidade, calor, onça pintada, açaí e andiroba. Nas minhas unhas tem terra negra da Amazônia e terra vermelha do Cerrado. Brasília também não é esse deserto de desalmados. Ser uma artista, mulher, afroindígena paraense vivendo na capital me amplia a visão sobre os dois lugares, me faz ver organicidade no planejamento alvo de Brasília, me mostra que o Centro Oeste ainda sabe pouco do Norte. É nesse trânsito que quero estar”, declara a atriz.
   
Serviço
Sesc Castanhal, dia 16 de janeiro, às 19h30 - Avenida Barão do Rio Branco, 10 - Bairro Nova Olinda), entrada gratuita. Sesc Ver-o-Peso, Belém, dia 17 de janeiro (sexta-feira), às 19h - Av. Boulevard Castilhos França, 522/523). Ingressos: R$ 5,00. Classificação 14 anos.

(com informações da assessoria de imprensa do espetáculo)

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