A cantora chega para fazer um show histórico. “Foi muito difícil chegar até aqui. É hora de comemorar!”, diz ela que se apresenta nesta quinta-feira, 09, a partir das 21h, no Teatro Margarida Schivasappa do Centur (ingresso R$ 30 e R$ 15).
É o mesmo palco em ela pisou há quase 20 anos, pela primeira vez em Belém. Daquela época Dulce Quental recorda que se apresentou com apenas dois músicos e um computador. E cantou músicas inéditas, até hoje nunca gravadas. Noite memorável. Mas o show desta vez, traz um trio de primeira na banda.
Dulce chamou Rafael Elfe, que ela diz ter cara de Jim Morrison e voz de Renato Russo; João Bani, que já havia tocado com ela antes. “A elegância econômica e silenciosa da sua percuteria tomou definitivamente o lugar de um baterista no meu coração”, diz.
E ainda Felipe Barão, na guitarra, que ela considera um “músico nato, de musicalidade que flui sem firulas. “Com esse pequeno trio mais a base dos meus violões, de nylon e aço, tomei a coragem que faltava pra cair na estrada”, revela.
O show que agora comemora seus 28 anos de estrada, quer contemplar principalmente o público que sempre a acompanhou. Mas aqueles que ainda não a conheciam, acredito, sairão do teatro com a certeza de que nunca mais irão deixá-la.
Antes de chegar em Belém, do Rio de Janeiro, onde mora, Dulce Quental conversou com o Holofote Virtual e falou de suas expectativas para este show, sobre a carreira, a nova geração da música no Brasil, sua relação com a internet e relembrou ainda outra noite histórica, quando veio a Belém e encontrou um público enorme, produtores incríveis, seus amigos até hoje e, sem nenhuma coincidência, são os mesmos responsáveis, hoje, mais uma vez por ela estar aqui.
Holofote Virtual: Vamos fazer um rápido flash back? Como foi aquele momento da carreira em que você fez o show aqui?
Dulce Quental: Estive em Belém em 1991, me apresentando no Margarida, mesmo teatro que me apresentarei agora dia 09. Na época, me apresentei apenas com dois músicos e um computador. Me lembro de ter tocado musicas inéditas que acabei nem gravando e fiz duas apresentações na mesma noite. Foi uma ótima temporada principalmente por conta dos produtores locais que acabaram ficando todos meus amigos e é um pouco por causa deles, especialmente por causa do Mariano Klautau, que estou voltando depois de tantos anos. Nós nunca perdemos contato esses anos.
Holofote Virtual: O público daquela época te acompanhou por muito mais tempo. O que se pode esperar?
Dulce Quental: Podem esperar uma artista mais madura e completa. Eu diria que vamos revisitar vários momentos da minha trajetória como artista e principalmente compositora. Será um momento único que pode não se repetir. Esse ano fiz 50 anos e a vida está mudando muito rápido e me apresentando novos caminhos e desafios. Tenho a impressão que esse show vai registrar o fim de um ciclo.
Holofote Virtual: Na época, a década de 80 estava impregnada nas tuas canções, nas tuas parcerias, anos velozes, telúricos. Hoje, o que você está compondo?
Dulce Quental: Tenho composto com dois jovens compositores que conheci esse ano no Paraná. Paulo Monarco e Zé Manoel. Eu diria que eles representam as duas faces da minha personalidade como artista. O lado Moska/Raul e a face bossanovista clássica. Vocês ainda vão ouvir falar desses dois novos talentos. Eles estão se destacando em muitos festivais por onde passam no Brasil todo.
Holofote Virtual: Falando em parcerias, Arnaldo Antunes, Arrigo Barnabé, Frejat eram presentes naquela época. E agora, quem mais te acompanha?
Dulce Quental: Tem um garoto que está tocando comigo e com quem compus canções nesses últimos 5 anos. Ele tem voz de Renato Russo, cara de Jim Morrison, pegada de Nick Drake. Toca gaita, compõe bonitas melodias pop. Vocês vão conhecer ele. E tem o Zé Manoel que é a minha atual paixão musical. Só deu Zé Manoel no meu dial esse ano. Ele toca piano, tem formação erudita e um talento pra compor arretado. É a voz mais doce de homem que eu já escutei. É o João Gilberto da nova geração. É uma questão de tempo o Zé estourar. Ele já é um clássico pra mim. E tem o Paulo Monarco também que é muito interessante. Uma mistura de Caetano, Moska e Raul Seixas.
Holofote Virtual: Neste show há novas composições, mas traz também antigos sucessos. O que temos aí no repertório?
Dulce Quental: Vai ter um pouquinho de tudo. É um show pra quem conhece meu trabalho. Não é um show difícil. Quase só tem sucesso de carreira e de compositora. Coisas que fiz para o Barão Vermelho. Parcerias com Moska e Ana Carolina.
Holofote Virtual: Os tempos andam mais enlouquecidos, mas a plataforma virtual tem facilitado as coisas. Como você se utiliza disso, à exemplo?
Dulce Quental: Esse show não seria possível sem a internet. Toda a produção está sendo feita por mim e pelo Luizão Costa o produtor aí de Belém. Quando a gente conseguiria eliminar os intermediários e fazer um show desse jeito há alguns anos atrás? Vídeos, fotos, vinhetas, toda a produção facilitada pela internet. Uma maravilha. E a divulgação pelas redes. Espero que o povo compareça!
Holofote Virtual: Teus fãs estão espalhados pelo Brasil. Vai dar pra atender todo mundo?
Dulce Quental: Eu tenho a esperança de poder levar esse show para outras regiões do país. Para isso estou montando um projeto que dei o nome de Conatus Coletivos. A idéia é unir talentos de regiões diferentes do Brasil e produzir encontros inéditos. Quero viajar com o Zé Manoel, o Paulo Monarco, o Rafa, enfim, os garotos...
Dulce Quental: Muito fértil. Vem uma geração aí muito talentosa. Muito mesmo. Estou impressionada. Estou encontrando talentos com quem dialogar depois de muitos anos de seca. O Zé é um deles. Paulo também. E tem a turma de SP. O Rômulo Froes. Muita gente cabeça feita.
Holofote Virtual: Rápido. O que anda ouvindo, o que vem pela frente e quais as expectativas para o show aqui em Belém?
Dulce Quental: Tenho ouvido Zé Manoel. Compondo para um disco novo. Tenho mais de 30 composições engavetadas. Do ano que vem não passa. E a expectativa é de uma noite histórica na minha carreira. Foi muito difícil chegar até aqui. É hora de comemorar!
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