Eliane Arruda |
Por Dominik Giusti
Aberta a exposição “Grafias”, com obras de Alexandre Sequeira, Ronaldo Moraes Rêgo, Elaine Arruda, Marcone Moreira, Egon Pacheco, Jocatos, Diô Viana e Antônio Botelho, no Espaço Cultural Banco da Amazônia
Com curadoria de Armando Sobral, a coletiva mostra um apanhado da recente produção desta linguagem plástica no Pará e seus desdobramentos estéticos, com diferentes conceitos, matrizes e processos de impressão, e suportes distintos, apresentando o caráter experimental dos procedimentos e pesquisas com a gravura.
Com objetivo de traçar um breve mapeamento da prática, os artistas foram selecionados a partir de três cidades: Belém, Marabá e Santarém.
Seja porque os artistas nasceram, residem ou trabalham nessas localidades, Armando Sobral destaca que a unidade entre os trabalhos está na profunda relação com as origens. De acordo com o curador, esta é apenas uma pequena mostra do que vem sendo produzido e a exposição não pretende ser totalizadora.
Alexandre Sequeira |
De Belém figuram Alexandre Sequeira, Ronaldo Moraes Rêgo, Elaine Arruda e Jocatos; de Santarém, Egon Pacheco e Diô Viana; e de Marabá, estão Marcone Moreira e Antônio Botelho. Mesmo com a identidade que é possível designar sendo uma “visualidade amazônica”, cada artista apresenta técnicas e procedimentos de criação diferenciados.
Alexandre busca na relação com o outro os elementos para a criação, em uma clara concepção de alteridade. Na vila de pescadores conhecida como Nazaré de Mocajuba, em Curuçá, ele começou a desenvolver as serigrafias da série “Impressões de um lugar”, em que utiliza mantas, toalhas de mesa e redes como suporte para estampar os próprios donos.
A aproximação com o território também é marca de Jocatos, que utiliza utensílios populares, como caixas de feira e latas de manteiga – encontradas muitas vezes no bairro do Guamá, onde reside –, deslocando-os de suas funções usuais. Em suas pesquisas, os objetos tornam-se matrizes para impressão e também suporte para possíveis estampas.
Diô Viana |
Diô explora os matizes vibrantes aliado aos grafismos, tanto em xilogravuras quanto em gravuras em metal. Mesmo com residência no México há muito tempo, preserva imagens e paisagens de sua terra-natal.
Ronaldo, com a experiência de mais de vinte anos de docência na Universidade Federal do Pará, mostra como o conhecimento denso da linguagem pode ser sinônimo de criação. Além disso, é hoje um dos representantes da escola de Valdir Sarubbi, já que foi com o mestre que Ronaldo começou a estudar gravura.
Antônio Botelho traz para o trabalho artístico conceitos antropológicos, ao utilizar tábuas de cozinha das donas-de-casa de Marabá como matrizes para a impressão das gravuras. "Isso revela o caráter experimental com a utilização de objetos, em pesquisas amplas e diversificadas, ao contrário das práticas tradicionais”, diz o curador.
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Egon Pacheco |
Em busca da denúncia social e da dimensão política, Egon Pacheco utiliza toras de madeira apreendidas pelo Ibama como matrizes. “Ele utiliza também objetos encontrados na rua para decalcar as estampas, convertendo-os em matrizes”, completa o curador.
Com a proposição de novas escalas, Elaine Arruda, da geração surgida a partir das oficinas na Fundação Curro Velho, busca outras dimensões para a gravura em metal.
“Ela vem desenvolvendo uma matéria gráfica intensa, com escalas difíceis de enfrentar”, comenta Armando. O artista marabaense Marcone Moreira, conhecido e muito premiado pela produção de instalações e objetos, utiliza gravura em um processo íntimo com a produção de formas tridimensionais.
Serviço
Exposição coletiva “Grafias”, com obras de Alexandre Sequeira, Ronaldo Moraes Rêgo, Elaine Arruda, Marcone Moreira, Egon Pacheco, Jocatos, Diô Viana e Antônio Botelho. Curadoria de Armando Sobral. No Espaço Cultural Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800, Campina). Visitação de 23/12/2010 a 02/02/2011, de segunda a sexta, das 9h às 17h. Entrada franca. Informações: 4008-3670.
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