1.12.10

No Espaço Reator: a cena expandida de Morgue Insano and Cool

Utilizando internet, câmera, personagens virtuais do Secod Life, projeção de imagens, música, msn e o que mais você puder imaginar em termos de tecnologia, como extensão do homem, a ciberperformance “Morgue Insano and Cool”, de Nando Lima, está em cartaz, hoje, às 21h, no Espaço Reator, com participação de Danilo Bracchi. 

Em sua atual investigação cênica, Nando converge para o pós-teatro discutido por Renato Cohen, artista multimídia, pesquisador das mediações, dos novos suportes na cena, e autor de experimentos radicais multimídia, falecido em 2003.

Morgue (Prêmio Cláudio Barradas de Artes Cênicas – Secult – 2010) propõe outras relações de presença com o público, de modo virtual e repletas de simulações. Prepare-se para viajar ciberneticamente por um teatro “Trans-tecnológico”, para utilizar a expressão do próprio Nando.

 Já tive a oportunidade de assistir a esta performance no ano passado, durante o Festival Territórios de Teatro, em uma apresentação no Casarão do Boneco (In Bust). Nando Lima é ele mesmo, contracenando com personagens virtuais/reais que estão fora do ambiente físico daquela platéia e do próprio ator.

Atuando há mais de 20 anos, nas mais variadas funções, como artista visual, performer, cenógrafo, dramaturgo, diretor e produtor artístico, Nando se lança, em Morgue, na construção de cenas que alteram noções de presença, corpo, espaço, tempo, textualidade e que se inserem na simultaneidade, na velocidade virtual e que, ao mesmo tempo, trazem sua carga de dramaticidade.

O espetáculo provoca surpresa, discute um tanto da experiência também solitária deste homem tecnológico, que na aldeia global, traduz-se em novas metáforas da sociedade contemporânea. Há algum tempo que o teatro vem se apropriando de novos recursos eletrônicos, novas mídias, experimentando os meios audiovisuais, resultando em interessantes experiências na cena.

“A contaminação do teatro com as artes visuais, cinéticas e eletrônicas dá um novo salto, com a emergência das redes telemáticas, que permeiam uma comunicação em tempo real, e uma extensão do corpo e da presença (o corpo extenso) —que é eminentemente performatizada . A partir dos anos 90, os novos mídia tecnológicos (web-art, artetelemática, net-art) com novos recursos de mediação, virtualização e amplificação de presença passam a impor outras direções às experiências radicais da Performance e do Teatro”, escreveu Renato Cohen em seu artigo intitulado “Pós-Teatro: Performance, Tecnologia e Novas Arenas de Representação”.

“Morgue Insano and Cool” é fruto dessa nova geração de artistas linkados e interessados nas possibilidades oferecidas pela virtualidade. Em cartaz sempre as quartas-feiras, neste mês de dezembro, às 21h, ingresso R$ 20,00. O Reator fica na Rua 14 de Abril, 1053, próximo a Gov. José Malcher.

Nenhum comentário: