13.1.17

Aline Muller e Casa Oiam abrem a exposição Ciclo

Refletindo sobre o quanto o ciclo interfere na vida da mulher, das mudanças que ocasiona no corpo, no humor e no dia a dia, a exposição Ciclo será aberta nesta sexta-feira, 13, a partir das 19 horas, na Casa OIAM.

Nada melhor do que falar sobre um tabu para naturalizá-lo. Foi pensando nisso que a fotógrafa Aline Müller, artista radicada em Nova Iorque, resolveu fazer o ensaio Ciclo, que fala dos ciclos mensais vividos pelas mulheres, do sacode  que o corpo dá, a cada mês, da possibilidade de renovação através do sangue, que prepara o corpo feminino para gerar vida. 

Atualmente morando em Nova Iorque, Aline fez o ensaio no terraço do prédio onde mora, no Brooklyn. As fotos foram feitas assim que ela se mudou para a cidade americana durante um momento intenso de reclusão, totalmente influenciado pelo ciclo e no auge do processo de adaptação à nova cidade.

“Já tinha tempo que vinha pensando no quanto o ciclo influencia nossa vida. Resolvi parar de tomar pílula e fiquei muito mais atenta e sensível aos sinais do meu corpo. 

Deste então, venho matutando sobre como eu poderia trazer o poder desses ciclos no meu dia-a-dia pra minha fotografia, como eu poderia “ressignificar” a minha relação com a menstruação através da imagem. 

Estas fotos originadas de um encontro inesperado são a primeira fase desse projeto que é uma abertura dentro de mim pra abordagem desse tema e que está, aos poucos, tomando vários outros caminhos”, explica.

A modelo da foto é a paulista Rafaella Meneguetti, que foi hospedada por Aline em sua casa durante uma temporada. “Rafaella me trouxe anseios e experiências que misturadas com o meu momento resultaram nesse ensaio que toma diferentes formas pra nós duas e pra outras mulheres com o passar do tempo”, relembra. O projeto Ciclo espera despertar o sentimento de respeito pelo que somos, pelos que escolhemos e naturaliza a relação da mulher com os ciclos pelos quais ela passa.

A exposição na Oiam, idealizada por Aline e pelas também fotógrafas Tereza Maciel e Aryanne Almeida, donas do espaço, espera proporcionar aos visitantes um pouco dessa atmosfera. As fotos selecionadas serão expostas em uma sala preparada exclusivamente para isso, com outras intervenções como declamação de poesia, projeções e outras surpresas, além da apresentação da cantora Lariza Xavier, que vem se destacando na cena musical paraense com composições autorais.

Fotografia para a vida – Quem conhece o trabalho sensível e contemplativo de Aline não imagina que há pouco tempo ela trabalhava em uma multinacional, vivendo em uma correria, cheia de prazos e cobranças. Foi durante um intercâmbio nos EUA (2004 a 2005) que ela começou a fotografar para compartilhar momentos com a família e amigos que ficaram no Brasil. No retorno, ainda sem equipamento, começou a descobrir pequenos prazeres relacionados à captura de imagens. 

“Eu costumava esperar um trem pra ir pra cidade onde eu morava regularmente e comecei a observar e fotografar as pessoas e chegando, partindo, esperando e isso virou um vício amador. Voltei pra Belém, um tempo depois e em 2007 fiz o meu primeiro curso lá na Praça das Mercês no Fotoativa com Miguel Chikaoka. O curso foi incrível, ecoa aqui até hoje, me acordou pra forma de ver o mundo e alimentou o que eu acho que hoje é meu ponto forte: minha intuição”, relata.

Em setembro de 2015, ela decidiu largar tudo e ir morar em outro país para estudar fotografia (a fotógrafa estuda no International Center of Photography). Na nova casa, descobriu o poder da imagem.

Atemporal e feminino – Tendo como referências fotógrafos locais tais como Miguel Chikaoka (seu primeiro professor), Guy Veloso e Luiza Cavalcante, Aline também admira o trabalho de Karen Marshall, Kate Izor e Pinelopi Girasimou. Seu trabalho vem se destacando por duas linhas: a feminilidade e a atemporalidade. 

O flerte com o empoderamento feminino vem de uma experiência vivida por ela. Foi em momento difícil na vida de Aline, quando fazia transição profissional e pessoal, que descobriu o poder que a fotografia tem de transformar. 

“Encontrei no desejo de ser fotografada uma forma de me ver diferente, fui lindamente fotografada pela paraense Luiza Cavalcante em Buenos Aires, pra onde fui especificamente com essa intenção. 

Por conta do poder transformador dessas fotos, quis compartilhar a experiência com minhas amigas no intuito simples de fazê-las se enxergar sem tantos véus de auto-crítica. A coisa foi crescendo, amigas indicavam amigas e até mulheres em processo terapêuticos me procuram em parceria com a terapeuta pra usar a própria imagem como ferramenta de auto-estima. Esse retorno foi o mais lindo de todos e o que me fez achar que uma das missões da fotografia, pra mim, poderia ser essa”, releva Müller. 

A nova Casa Oiam
Já outra marca de Aline é a atemporalidade das fotos de rua feitas pela fotógrafa. Suas fotos poderiam ter sido tiradas em qualquer época e em qualquer lugar do mundo. 

“Em uma exibição de final de curso no Centro Internacional de Fotografia, comecei a fazer uma brincadeira com isso, pego fotos que fiz em Belém, no Rio e em Nova Iorque e instigo as pessoas a adivinharem em qual dos três lugares elas foram tiradas e isso sempre rende assunto”, diverte-se a fotógrafa. Outro trabalho que brinca com isso é a série Silêncio no metrô, onde a artista usou o metrô como cenário.

Aline em dose dupla – Além de Ciclo, Aline está com a exposição Fora do Tempo, que mistura imagens feitas em Belém, no Rio e em Nova Iorque, na Lambateria, festa realizada toda quinta-feira no Fiteiro. O trabalho que brinca com a atemporalidade ficará exposto nos telões da festa durante todo o mês de janeiro. A estreia foi nesta quinta, 12 de janeiro, na edição especial de aniversário de Belém.

Serviço
A exposição Ciclo, de Aline Müller, com intervenções e participação da cantora Lariza Xavier, fica aberta de 13 a 20 de janeiro, na Casa OIAM (Arcipreste, 616 - Campina).  A abertura nesta sexta, 13, será às 19 horas. Entrada franca. Já a exposição Fora do Tempo ficará em exposição na Lambateria, festa realizada toda quinta-feira no Fiteiro (Doca, 555), durante todo o mês de janeiro. Informações: (91) 98026-1595. Mais sobre a artista: http://www.alinemuller.com/.

(Holofote Virtual, com assessoria de imprensa)

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