Mariza Mokarzel explica que “As Cores Vivas da Amazônia Naïf” apresenta uma diversidade de materiais e linguagens artísticas, fruto das pesquisas de Maria José Batista, onde estão presentes o experimento tanto com papelão, TNT, como plástico pet e ferramentas mais tradicionais.
“Entre os suportes escolhidos para se expressar, encontra-se o estandarte, realizado em homenagem ao amigo Mestre Nato (...). Nas cores fortes a artista tece temas religiosos, afazeres diários testemunhados pela cidade, pela região Amazônica, lugar em que habitam muitos daqueles que foram e são invisibilizados pela cultura dominante – resquícios do processo colonial”, ressalta a curadora.
De fato, Maria José Batista é uma das maiores expressões de arte naïf da atualidade, com reconhecimento que transcende o estado do Pará e a própria região, muito em função da originalidade de seu trabalho, dos temas eleitos e das cores vibrantes características das obras, inspiração que nasce em uma cidade banhada por rios, repleta de canais, e com manifestações culturais que remetem à alegria de viver, numa mistura de sons e cores, odores, sabores e curvas que encontram na floresta sua origem e razão de ser, e representado e encontrado nos trabalhos da artista.
A exposição “As Cores Vivas da Amazônia Naïf” é um recorte desse ir e vir, dessa vida que pulsa nas ruas, nos mercados e feiras, nas esquinas da periferia e das baixadas, lugares onde a identidade paraense se constrói e se fortalece, lugares onde nascem os signos que nos marcam dentro e fora da cidade, do estado e da região.
Assim, a sensibilidade de Maria José Batista supera as fronteiras tradicionais para propor reflexões pertinentes no fazer artístico, na pesquisa visual que a acompanha em cada fase, culminando nesta exposição onde também estão temas contemporâneos como sustentabilidade e aproveitamento de materiais de maneira a não agredir o meio ambiente. “As Cores Vivas da Amazônia Naïf” nos mostra as possibilidades que a artista reconhece como heranças, numa escolha de resistência e sobrevivência.
Acesso à arte é resposta aos tempos de isolamento
Em suas telas encontramos a tacacazeira, o vendedor ambulante, devotos e devotas de santos em procissões quilométricas. São pinceladas da vida que nos são oferecidas a cada obra. Por toda esta importância, a exposição não se limitou à geografia do Espaço Cultural onde está montada. As reflexões desta mostra mergulharam nos conflitos do isolamento pandêmico que atravessa a todos e, assim, se viu transposta em um espaço virtual, onde cada produção poderá ser vista de qualquer tela, em qualquer ponto do planeta.
O site produzido para a artista será lançado durante a exposição e ficará permanentemente aberto para todo o público, a qualquer tempo. A realização dessa exposição é, também, o fim e o início de ciclos. A artista se retirou da cena por um tempo, num período de aprendizado sobre si mesma e descoberta de novos caminhos de recomeço. Assim o retorno com As Cores Vivas da Amazônia Naïf inaugura nova fase na carreira de Maria José.
Serviço
Exposição “As Cores Vivas da Amazônia Naïf”, de Maria José Batista. Visitação de 10 de dezembro a 5 de fevereiro de 2021, no Espaço Cultural Banco da Amazônia – Sede do Banco da Amazônia, na Avenida Presidente Vargas, esquina com Carlos Gomes, em frente a Praça da República, bairro da Campina, em Belém-PA. Espaço Virtual: mariajosebatista.wixsite.com/oficial.
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