9.6.10

Entrevista: Filó Machado chega a Belém para show e bate papo com o público

O cantor, compositor, multiinstrumentista, arranjador e produtor Filó Machado já está em Belém, desde a manhã desta quarta-feira, 09, mas o show só acontece na sexta-feira, 11, no Teatro Margarida Schivasappa, a partir das 21h.

Nesta quinta-feira, 10, ele já conversa com o público. A partir das 17h, quem quiser conhecer mais sobre ele, é só pintar lá no cine-teatro Líbero Luxardo.

Filó vai abrir seu baú de experiências, para dividí-las e trocá-las com os músicos paraenses. O bate-papo é aberto a músicos, compositores, cantores, artistas, imprensa e público em geral. Na verdade, desde que pisou aqui, vindo de São Paulo, ele já conversou com muita gente e deu entrevista para o programa Feira do Som, de Edgar Augusto, na Rádio Cultura do Pará.

Logo depois, simpático e bem humorado, ele respondeu a algumas perguntas do Holofote Virtual, e contou um pouco sobre a emoção de vir a Belém, um desejo que ele alimentava desde a infância.

Filó promete um show recheado de muito black music, sem deixar de passear pelo bom samba, jazz e bossa nova. No repertório, sucessos autorais como: “Quero Pouco, Quero Muito”, “Perfume de Cebola” e “Jogral”, essa última em parceria com Djavan.

Ao lado de inéditas como “Marco Zero”, “Quatro Espíritos” e “L' Habitant Du Ciel”, de seu último disco que contou com a participação dos músicos Kenny Barron, César Camargo Mariano, Romero Lubambo, Steve Turre, Gabriel Grossi, Nilson Matta, Daniel Santiago, Paulo Braga, Teco Cardoso & Daniel D’Alcântara. Ele quer mostra rum pouso do tudo que fez nestes últimos 50 anos.

Natural de Ribeirão Preto, na década de 80 foi parar nos EUA. Depois, já na Europa deu uma arrancada verdadeiramente internacional em sua carreira, tendo um CD indicado ao Grammy, na categoria Latim Jazz, em 2001.

Famoso no meio musical pelo suingue que dá as suas canções, assim como pela pessoalidade com que interpreta músicas de outros artistas, já participou de vários festivais internacionais de jazz, como o de Cannes, onde fez a abertura do show da cantora norte-americana Nina Simone.

Sim, ele tem muitas histórias. Algumas delas, você já vai ler abaixo, na entrevista que segue. As outras, só indo ao Líbero Luxardo, nesta quinta, 10, e ao show, na sexta-feira, 11.

Holofote Virtual: Embora você faça turnês desde 1985, esta será sua primeira vez Belém. Quais as suas expectativas, em relação ao show, ao público e também ao contato com a cena musical da cidade?

Filo Machado: Quando eu tinha oito anos de idade, no segundo ano primário, li em um pequeno livro escolar sobre Belém do Pará. Fiquei encantado porque, além de explicações, o livro trazia algumas fotos da cidade e, então, pensei: que maravilha! Um dia quero conhecer essa cidade.

Muitos anos se passaram e esse encanto jamais se evadiu do meu coração. Há uns anos atrás, ele fora reforçado pelos meus grandes amigos Jane Duboc, Kzam Gama e Andréa Pinheiro. E aqui estou nesse momento transbordando de ansiedade, expectativa e curiosidade. Não vejo a hora de realizar esse sonho de conhecer, mostrar, interagir e aprender com o povo dessa cidade.

Holofote Virtual: Como vai ser o show de Belém?

Filó Machado: Pretendo mostrar de uma forma resumida praticamente tudo sobre minha trajetória artística que já dura 50 anos. É muita coisa e terei que ser bem objetivo para não cair num monólogo chato.

Holofote Virtual: Você alcançou uma carreira internacional? Foi um processo natural?

Filó Machado: Sim naturalmente. Nunca forcei nada, nem precisei me corromper, apelar ou sacanear ninguém. A porcentagem de prazer dentro do meu trabalho é infinitamente superior a obrigação. Sempre fui muito correto comigo e com todos que me cercam. Vivi cinco anos em Paris, foi uma experiência maravilhosa. Fiz inúmeros amigos e temos contato praticamente diário. Atualmente vivo em São Paulo mas as viagens nacionais e internacionais não param.

Holofote Virtual: Quais foram as oportunidades que surgiram pra você sair do Brasil com sua música?

Filó Machado: A primeira foi nos EUA em 1985. Tive muitos problemas para me adaptar, porém os anos foram passando e após minha ida para a Europa, tudo se arranjou e hoje viajar para outro continente é um grande prazer, pois sempre penso no aprendizado.

Holofote Virtual: Como você vê a atual cena da música no Brasil, em relação aos novos talentos, as novas mídias, mercado de shows e fonográfico?

Filó Machado: Hoje em dia é muito diferente. Você tem inúmeras opções de escolha. Hoje você pode até eleger o novo talento de sua preferência. Tudo é muito democrático, muita gente adora dizer que existe injustiça musical, que esse ou aquele faz sucesso porque é comercial. Bobagem. Eu sempre acreditei que há espaço para todos.

Sinto-me perfeitamente adaptado à globalização e acredito que novos talentos que perdurarem serão os que realmente têm talento. E a música do Brasil, com seus inúmeros talentos, consegue influenciar o mundo. Existe um monte de merda, mas esse monte também é muito bem vindo, pois ele pode ser ruim para uns, mas é muito bom e útil para uma grande parcela da sociedade e isso eu estou completamente de acordo. É um fato em relação à questão fonográfica. Ainda há muito que acontecer, muita novidade virá por aí e, a cada momento, precisamos nos readaptar. Isso é muito bom!

Holofote Virtual: Fale um pouco sobre o CD “Cantando um Samba", gravado nos EUA, indicado ao prêmio no Grammy de 2001.

Filó Machado: Originariamente esse CD foi gravado em minha casa, em São Paulo. O produtor norte americano Rick Warm veio até a mim, ouviu algumas músicas que eu havia terminado de gravar e ficou encantado, resultado: ele fez um contrato comigo, levou as gravações para o EUA em 1999 e em 2000 lançou no mercado.

No mesmo ano esse CD foi indicado ao Grammy, na categoria Latim Jazz. Em 2001 tive uma boa recompensa em relação a esse trabalho. Fui convidado a me apresentar no Carnegie Hall, ao lado de Gal Costa, Dory Caimmy, Cezar Camargo Mariano, Jane Monheit, Romero Lubambo, Nilson Mata e Paulo Braga. Hoje o CD Cantando Um Samba é um CD importado e foi gravado em minha casa, kkkkk.

Holofote Virtual: Nossa que história boa essa. Parabéns e um ótimo show em Belém!

Filó Machado:
Um grande abraço. Foi muito bom contar um pouco de mim para o público do Holofote Virtual.

Mais informações: Ná Figueredo (3224.8948) e Centur (3202.4316).

Nenhum comentário: