O mais velho cineasta do mundo em atividade acaba de ganhar uma obra sobre sua trajetória. O livro Manoel de Oliveira: uma presença será lançado no dia 24 de junho e se torna uma grande homenagem ao cineasta, nascido em 1908.
Para a pesquisadora Renata Soares Junqueira, professora do Departamento de Literatura da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, e organizadora do obra, um dos mais interessantes aspectos de sua cinematografia é a ligação visceral com outras artes, como a pintura, a escultura e, principalmente, a literatura e o teatro.
A pesquisadora cita como exemplos os diálogos cinematográficos com a pintura – presentes nos filmes O Pintor e a Cidade (1956) e As Pinturas do meu Irmão Júlio (1967) –, com a música – em Os Canibais (1988) – e com a escultura, em Estátuas de Lisboa (1932).
Entretanto, quase todos os principais trabalhos de Oliveira, segundo Renata, derivaram da adaptação cinematográfica da literatura e do teatro. “Grande parte dos seus filmes, pelo menos desde Acto da Primavera, de 1963, é ostensivamente teatral”, analisa.
O livro traz 18 estudos críticos, envolvendo a participação de 19 colaboradores, que estão reunidos em cinco capítulos, ou melhor, em planos. No primeiro plano (Uma poética para o cinema) estão reunidos os estudos desenvolvidos a partir de uma reflexão sobre as relações do cineasta com a literatura.
“Não só com a ficção romanesca e com o teatro, mas também com os elementos e recursos recorrentes que constituem a sua poética para o cinema, presentes na poesia, no ritmo, na duração das cenas e no seu potencial de concisão imagética”, indicou.
Em Os amores frustrados, o segundo plano, os textos exploram a complexidade das relações amorosas. Segundo a docente da Unesp, nessa parte estão agrupados os estudos que tratam dos filmes constitutivos da célebre “tetralogia dos amores frustrados”, com destaque para O passado e o presente, Benilde ou a Virgem-Mãe, Amor de perdição e Francisca.
“Já o terceiro plano, Portugal e o projeto expansionista, apresenta um teor mais político, um esforço de Manoel de Oliveira de reinterpretar a história de Portugal”, disse Renata.
Os dois últimos planos - A dialética do bem e do mal e Em busca do tempo perdido - tratam de aspectos mais relacionados à condição humana.
“São filmes que exploram a complexidade da alma humana, a questão das perversões, da maldade gratuita, da dificuldade de comunicação, entre outros aspectos”, disse.
Mais informações: www.editoraperspectiva.com.br
Fonte: Agência Fapesp
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