10.4.12

Exposição traz a paisagem carioca para Belém

Em “RIO Landscape - O Rio que passa na minha cidade”, Edney Martins traz ao público imagens do Rio de Janeiro feitas através de seu celular. A mostra será apresentada num fotovaral feito com fios de aço, reunindo cenas poéticas e cotidianas da capital carioca. Abertura nesta quinta, 12, no espaço cultural do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Ele é paraense e já participou de salões e exposições, entre eles, o X Arte Pará, além de coletivas em Belém e em Paris. Depois seguiu fotografando e registrando tudo aquilo que o emocionou pelo caminho. Há três anos, porém, ele deixou Belém e está morando  no Rio de Janeiro.

“E logo que cheguei ao Rio, tive a alegria de acompanhar da minha janela, no Arpoador, o movimento das estações. Assim, registrei os diferentes lugares que o sol se põe, a forma com que as pessoas interagiam com aquele pedaço de areia”, detalha o fotógrafo que vê nesta mostra uma oportunidade de aproximar ainda mais o Rio de Janeiro de Belém.

“A capital paraense tem uma relação de irmã com o Rio de Janeiro. Fico feliz quando vejo a quantidade de paraenses que moram no Rio, mas que nunca deixaram de vir a Belém. Essa relação do paraense com o Rio vem de muito tempo, e isso está registrado nas histórias das duas cidades. Fazer uma exposição em Belém, retratando o Rio, é uma forma de homenagear essa ligação por meio das minhas emoções”, afirma o fotógrafo que está na capital paraense para a abertura de sua exposição. 

Ao todo, o artista vai apresentar nove fotografias em formato 50x50, feitas com uso de um iPhone e impressas em papel montval, fine art com PH neutro, o que garante uma qualidade de obra de arte a cada uma delas. Cada uma dessas imagens está devidamente numerada e conta com certificado de autenticidade, emitido pela Kamara Kó, galeria que reúne as obras do fotógrafo.

“Muitas dessas imagens são feitas em ambientes conhecidos, mas por serem realizados em momentos distintos do que estamos acostumados, carregam em si um abstracionismo que fala bastante sobre o meu trabalho. São fotografias que trazem em si as telas do que vejo nos meus momentos próprios”, acrescenta Edney Martins. 

Com a exposição, o fotógrafo também quer colocar em discussão o uso das inúmeras imagens que hoje coletamos com os aparelhos celulares, cada vez mais poderosos do que muitas máquinas digitais.

 “A questão é o quanto essa transitoriedade nos permite sentir isso, porque hoje vejo gente que se surpreende por encontrar fotos dentro de seus próprios aparelhos, feitas por elas mesmas e, com isso, acessam a emoção que as fez produzir isso. Nessa correria do dia a dia, temos muita beleza e poesia ao alcance de nós, sem a necessidade de irmos a um lugar paradisíaco”, lembra Martins. 

“Achamos que é preciso nos deslocar muito para ver algo que faça nosso dia mais belo, mas não é bem assim. Se diminuirmos um pouco o passo, conseguimos ver uma poesia que está no nosso cotidiano. Podem dizer que isso é fácil estando no Rio, mas e aquela chuva chegando em Belém? E a luz do final de tarde na beira do rio? E o amanhecer no Veropa? Tem coisa linda em todo o canto”, complementa. 

A curadoria é de Cláudia Porto, artista plástica paraense que, segundo Edney, está se destacando na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. “Ela faz parte de um grupo de pintores selecionados dentro do Parque Lage que está sendo considerado similar ao da famosa geração 80, que teve Beatriz Milhaes, Cildo Meireles e outros no meio". Para ele, a obra de Cláudia Porto possui "uma densidade impressionante. Ainda vamos ouvir falar muito da obra dela”, antecipa Edney.  

Leia o texto de Cláudia Porto para a exposição

“Poderiam ser cartões-postais, aquarelas no Montval, música, cenas de um filme, poemas no varal, e são fotografias, feitas da matéria-prima paisagem de tantas “cidades” em uma, ou outra, reconhecida como Rio de Janeiro.

Na exposição fotográfica RIO Landscape, além de um clássico cartão-postal, pôr do sol em Ipanema, Edney Martins divide a sala, praia urbana, o Pão-de-Acúcar, passa mostrando a enseada de Botafogo, guarda uma tarde, talvez madrugada minimalista no Leblon em seus tons, camadas de elegância; chega a Santa Teresa, um portal tão perto do xadrez geométrico no centro do Rio de outras estações, ritmos diversos.

O convite lançado é para muito mais que um passeio, encontro. Reconhecer e olhar são dicas desse trabalho múltiplo que nos oferece mais do que aparências, revela atmosferas de passagens, captura de instantes e beleza, desafiando o olhar sobre fronteiras entre cores, turnos, lugares, às vezes, na sutil leitura das horas, linhas, planos naturais e urbanos. Podemos olhar pelo lado de dentro, por meio dessas janelas, com familiaridade.

A potência, ou a essência de muitas delas, pode vir também de alguma coisa que transborda ou que está fora dos quadrados, além do impresso no conjunto de 9 fotografias (primeiras ampliações, 50x50cm) que se mostram em estética Instagram. E ouso dizer que há recriação de paisagens, quase pintura. É possível ainda descobrir memórias, avançar em uma experiência presente em cada uma delas. Ao nosso alcance, as fotos parecem ainda falar e perguntar, com uma simplicidade elegante, sobre o lugar que desejas encontrar, conviver enquanto o tempo segue.

Cláudia integra o Grupo de questões da pintura na contemporaneidade - Escola de Artes Visuais- Parque Lage- RJ 

Serviço
Abertura da exposição “RIO Landscape - O Rio que passa na minha cidade” dia 12 de abril. A exposição pode ser visitada até maio no TCE, na Travessa Quintino Bocaiúva, 1585, Nazaré Belém. Fone: (91) 32100555.

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