Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era
vista como uma prática violenta e subversiva. Na época, os capoeiras chegavam a
ser presos se fossem pegos jogando. A partir daí, porém, um importante
capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente
Getúlio Vargas. Ele gostou tanto do que viu que a transformou em esporte
nacional brasileiro. Antes praticada nos engenhos do
nordeste brasileiro pelos escravos que vinham da região de Angola, a capoeria hoje
é alvo de inúmeras pesquisas no país.
O resultado de um delas poderá ser visto pelo
público nesta sexta-feira, 29/06, a partir das 20h, no Teatro Cláudio Barradas, quando estreia o espetáculo “Capoeirando na dança”, fruto
da pesquisa desenvolvida no curso de Mestrado em Artes da UFPA, especificamente
na área da dança.
O trabalho iniciou há três anos, a partir de uma
incursão de campo realizada durante a Especialização de Lindemberg em Estudos
Contemporâneos do Corpo, ainda na ETDUFPA. No decorrer desse período, as
investigações foram intensas à respeito das movimentações da capoeira regional,
sendo ressignificadas para a linguagem da dança contemporânea.
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Lindemberg Monteiro |
Tendo como principal fonte de inspiração a “cruz
da sensibilização”, processo proposto pelo intérprete-criador e pesquisador
Lindemberg Monteiro, o espetáculo apresenta pensamentos e reflexões, além de
muitos devaneios sobre os movimentos da capoeira ressignificados para a cena
contemporânea, fundamentado na conversão semiótica, um conceito proposto pelo
pesquisador e professor João de Jesus Paes Loureiro.
Ele explica que a cruz da sensibilização é um
tipo de coluna vertebral da pesquisa. “Foi essencial pois nela os intérpretes conectam suas imagens e sensações. Mentalmente, eles respondem suas próprias perguntas sobre suas imagens e
sensações transitando no contexto histórico do corpo negro no eito e sua
cultura, interpretando-a em movimentos corpóreos da capoeira potencializados e
ressignificados em seus corpos”, diz.
As ações corporais dos movimentos são convertidas para a cena também
experimentando imagens que reproduzem a história vivenciada pelos escravos
trazidos para o Brasil. Tais imagens são projetadas sobre os corpos dos
bailarinos que se sobrepõe e se confundem às mesmas e que, aos sons percussivos,
manifestam na cena, de forma especialmente visual e corpórea, a cultura negra a
qual a capoeira está intrisecamente ligada.
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Lindemberg, com Leidiana Ribeiro e Wilson Monteiro |
Além dos intérpretes criadores
Lindemberg
Monteiro, Leidiana Ribeiro e Douglas Santos e da concepção
percussiva de Wilson Monteiro.
O design visual vem assinado por Ézia Neves, luz
deWallace Horst, confecção de figurino, de Susy Guerreiro, direção de arte, de
Kleber Dumerval, assistencia de palco, de Raymond Santos e Allan Lima e
maquiagem de Leidiana Ribeiro. A direção e concepção coreográfica é de
Lindemberg Monteiro.
Serviço
Espetáculo “Capoeirando na dança”, Prêmio PROEX de Arte e Cultura. Estreia dia 29
de junho de 2012, em única apresentação, no Teatro Claudio Barradas (Jerônimo
Pimentel nº 546). Ás 20h, com ingressos na bilhteria do teatro: R$ 10,00
(estudante: R$ 5,00).
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