25.6.12

Ismael Machado 'sujando os sapatos' na Rio+ 20

Dias de corre corre pra imprensa, confusão esperada, protestos, manifestações e debates. A Rio + 20  encerrou neste final de semana com a reunião de cúpula da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.

Na ocasião, Dilma Rousseff ressaltou o trabalho coletivo das delegações na construção do documento O Futuro Que Queremos. A presidenta afirmou ainda que os compromissos acordados entre líderes de mais de 193 nações é um marco no conjunto de resultados das conferências da ONU. 

A imprensa esteve em massa na cobertura da programação. Tvs, jornais, rádios e mídia on line de todo o planeta marcaram presença. Do Pará, entre outros profissionais, o jornalista Ismael Machado e o repórter fotográfico Everaldo Nascimento, do jornal Diário do Pará, também estiveram lá. Os dois chegaram ao Rio de Janeiro no dia 12 de junho, um dia antes do evento e ficaram até sábado, 22. 

O objetivo maior era cobrir a Rio + 20, sob o enfoque amazônico. Ampla, mas não vaga, foi impossível ter pautas definidas com antecedência. “As coisas acontecem e nos pegam de surpresa, muitas vezes”, disse Ismael. 

Logística confusa, falhas de conexão no primeiro dia, além de longas e complicadas distâncias entre um evento e outro, tendo ainda um trânsito caótico pra encarar, foram alguns entraves mas não impedimento para quem estava com  a missão da cobrir um evenot dessa proporção.  

Não foi diferente aqui em Belém, em 2009, quando aconteceu o Fórum Social Mundial. E se foi difícil se locomover entre a UFRA e a UFPA, na época, imagine isso no Rio de Janeiro, com tudo triplificado. Em contato com o Holofote Virtual, ainda do Rio, Ismael falou de sua experiência e impressões. Abaixo, a entrevista com ele. 

Holofote Virtual: Qual o clima da Rio + 20? O que houve de surpreendente? 

Ismael Machado: Há vários climas. Há a Cúpula dos Povos, que acaba sendo como um Fórum Social Mundial e há o evento oficial mesmo. Raramente esses dois mundos dialogam, o que é uma pena. 

Um poderia contribuir bastante com o outro. Mas o que me surpreendeu foi o Espaço Humanidades, criado pelos representantes das indústrias. É um espaço cultural de dar inveja, com belas exposições interativas.

Holofote Virtual: Sobre a organização, foi satisfatória?

Ismael Machado: Acho que ficou um pouco confuso. Muitos credenciamentos desnecessários, falta de informação adequada. Conexão de internet ruim nos primeiros dias. Pecou bastante nesse sentido. 

Holofote Virtual: Você participou da Eco 92? Depois de 20 anos, o que você acha que mudou em relação ao tema Amazônia? 

Ismael Machado: Não participei. Era um foca com menos de um ano de carreira. Acompanhei pela TV. Acho que mudou o fato de que a agenda mundial precisa comportar outros valores. A própria Dilma afirmou que o PIB já não é suficiente para medir a riqueza de uma nação. Outros valores precisaram entrar nesse circuito. Caminha-se. Pelo menos isso já é um avanço.

Holofote Virtual: Na tua opinião, estes eventos ajudam a concretizar os assuntos em prol desenvolvimento x sustentabilidade? 

Ismael Machado: De certa forma sim, porque antes nem se falava nisso. Várias empresas montaram estandes mostrando o que estão fazendo nessa área. Então, acho que ajuda sim. Não é a única forma, mas são pequenos avanços construídos com o tempo. 

Holofote Virtual: Consideras esta experiência fundamental para um jornalista e como é a troca entre os milhares de profissionais de imprensa que chegam de todo o mundo?

Ismael Machado: Não sei dizer se fundamental, mas é importante sim. A gente vê como é o funcionamento das coisas, cada um com seu ponto de vista, seu olhar diferente. Não dá muito pra prestar atenção no outro, mas é uma vivência interessante. Agora, como o evento se espalha em pontos distantes e diferentes, não tem como cobrir tudo. É meio frustrante também. 

Holofote Virtual: Amazônia, desmatamento, povos indígenas. Como você está acompanhando estes assuntos que são alguns dos mais importantes da Rio + 20 e que nos dizem respeito mais diretamente?

Ismael Machado: Eu naturalmente já acompanho isso no meu trabalho no Diário. Acho que na Cúpula dos Povos, isso foi visto de forma mais profunda. 

No evento oficial, as discussões passam muito pelo fator dinheiro. E não é só isso. Vejo os índios bem organizados aqui, sabendo o que querem, mas temos o fato de que a presidenta discursa criticando os países desenvolvidos, mas não se abre ao diálogo com os movimentos sociais. Contraditório. 

Holofote Virtual: Quais as principais polêmicas? A imprensa convencional está informando corretamente?

Ismael Machado: Ela tá informando, agora cada uma com seu viés. Quem tem a natureza mais política vai por esse lado. Quem não tem vai por outro. O que é impossível é abordar tudo. Mas ainda temos conceitos que precisam ser definidos adequadamente, como economia verde, por exemplo. É uma das palavras mais usadas, mas de compreensão diferente pra cada um. 

(fotos para etsa postagem enviadas por Everaldo Nascimento)

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