8.8.13

Nos bastidores e no palco de “Elixir de Amor”

Começa a programação do XII Festival de Ópera do Theatro da Paz. Até setembro, mais duas óperas, montadas em Belém, "O Trovador", de Verdi, e "O Navio Fantasma", de Wagner, serão apresentadas ao público que admira o gênero e lota o teatro centenário, situado na Praça da República, em Belém do Pará. 

O primeiro espetáculo, "Elixir de Amor", de Donnizetti, estreia hoje, às 20h. Foram meses de ensaio e dedicação de uma equipe que a cada ano se profissionaliza. O resultado de todo este empenho aparece logo no primeiro momento, quando as cortinas se abrem. O cenário, os figurinos, a maquiagem e o desempenho de atores, solistas, bailarinos e coralista brilham.

O ator Carlos Vera Cruz entra no palco feliz, alegre, com roupas coloridas, movimentando-se por todo o cenário, para convencer o povoado da ópera Elixir de Amor, com direção de Iacov Hillel, a comprar o emplasto que será vendido pelo médico Dulcamara, um impostor na verdade. Carlos é paraense e para ele, atuar em uma ópera não é novidade, já que tem participações em outros espetáculos, mas a cada edição há uma maneira de agregar experiência para sua carreira.

“São muitas conversas sobre uma linguagem específica e ainda são poucos profissionais no Brasil que fazem isso. Estou tendo uma verdadeira aula com o Iacov Hillel, por exemplo, não no sentido didático, mas no sentido da ópera. A obra é do século XIX e então atuamos em função da música. A interpretação tem que estar ligada a isso. A emoção está na música, o que é importante para a função do ator e nas cenas que eu participo a comédia ta nessa parte sonora”, diz Carlos.

Além do ator, diversos outros paraenses participam da realização do XII Festival. A maestrina interna Adriana Azulay participa do espetáculo nos bastidores com uma importante função: ordenar a entrada de pessoas no palco. E para isso, é preciso saber ler as partituras da ópera, já que as marcas sonoras definem o personagem que entra e o que sai.

“A gente se guia pela música. Às vezes as pessoas estão conversando na coxia e se distraem e a função de maestrino interno é ordena-las. Tem as crianças também, que podem se dispersar, então, temos que controlar o tempo das entradas, sempre atenta como o diretor quer que as pessoas entrem em cena”, conta Adriana Azulay. E são muitas pessoas: mais de cem compõem a equipe de “Elixir”.

Para a harmonia no palco, e para que tudo esteja devidamente coordenado, o diretor cênico Iacov Hillel dirige os solistas no palco, além dos atores e figurantes, e ainda envolve-se com demandas diferenciadas, como ajustes no coro, detalhes do figurino e visagismo, maestros, para que espetáculo seja perfeito. Essa relação é feita como intercambio, a partir de muito dialogo.

“Já trabalhei com o Iacov e ele é muito experiente é fantástico. É incrível ver como as pessoas envolvidas no festival crescem profissionalmente”, diz Adriana. A mesma ideia compartilha Andre Ramos, responsável pelo visagismo e caracterização de personagens.

“A gente tem que estudar a opera. A personagem principal, por exemplo, não é uma donzela, é uma mulher forte, uma heroína, então ela pode ter o cabelo escorrido. Trabalhar com opera é muito importante porque a gente aprende sobre varias linguagens”, defende.

Para André, pensar nos rostos e penteados da equipe, transformado nos personagens, vai muito além de fazer maquiagem e arrumar os cabelos, pois é preciso pensar exatamente nas cenas e na personalidade de cada figura dramática.

“Temos que estudar o perfil do personagem e também como vai ser na hora da fotografia”, diz. O diretor cênico Iacov Hillel, israelense que chegou ao Brasil aos seis anos de idade, volta a Belém para dirigir mais um espetáculo do Festival de opera do Theatro da Paz. Ele é quem coordena a concepção e realização do espetáculo “O Elixir do Amor”, do compositor Gaetano Donizetti, uma história de amor, com pitadas de comédia.

Para o diretor, importante nome da história do teatro brasileiro, Belém já começa a se consolidar, chegando a 12 edições do festival, como um pólo de produtores de ópera. “O piso do cenário de Elixir foi todo pintado aqui. É pintura de arte! A construção cenotécnica tem pessoas bastante capacidades e a capital paraense esta virando um grande polo produtivo. O coro esta excelente!”, comenta o diretor.

Para saber mais sobre o festival, acesse também o site: www.festivaldeopera.pa.gov.br e a Fanpage www.facebook.com/festivaldeopera

Ficha Técnica

Direção Musical e Regência: Maestro Emiliano Patarra
Direção Cênica e Iluminação: Iacov Hillel
Regente do Coro: Maestro Vanildo Monteiro
Cenografia: José de Anchieta
Figurino: Hélio Alvarez
Coreografia: Ana Unger e Aline Dias
Visagismo: André Ramos
Supervisão Artística: Gilberto Chaves
Orquestra Jovem Vale Música
Coral Lírico do Festival de Ópera do Theatro da Paz
Cia de Dança Ana Unger: Ana Karina Rodrigues, Camila Ohashi, Dayane Dourado, Jean Silva, Mike Cordeiro, Paulo Dias, Reinaldo Alves, Tarcila Mendes.

Elenco

NEMORINO (tenor) Atalla Ayan Aldeão apaixonado por Adina
ADINA (soprano) Carmen Monarcha Rica fazendeira
BELCORE (barítono) Homero Velho Sargento
DULCAMARA (baixo) Saulo Javan Médico ambulante
GIANETTA (soprano) Ione Carvalho Camponesa
MORETTO, (ator) Carlos Vera Cruz Auxiliar de Dulcamara

Programação

ELIXIR DE AMOR, de Gaetano Donizetti Theatro da Paz
08, 10 e 12 de agosto às 20h

O TROVADOR, de Giuseppe Verdi Theatro da Paz
28, 30 de agosto e 1º de setembro, às 20h

O NAVIO FANTASMA, de Richard Wagner Theatro da Paz
21, 23 e 25 de setembro, às 20h

MASTER CLASS - LAURA DE SOUZA
Igreja de Santo Alexandre - 26 de setembro, às 15h

CONCERTO DE ENCERRAMENTO – ao ar livre
Na frente do Theatro da Paz - 28 de setembro, às 20h

Serviço
XII Festival de Ópera do Theatro da Paz. Venda de ingressos na bilheteria do teatro. Horários: segunda a sexta-feira – 09h às 18h. Aos sábados – 08h às 14h e aos domingos – 08h às 12h. Nos dias de espetáculo até às 20h. Mais informações: 91 4009.8750.

(Texto: Dominik Giust/ Fotos: Agência Pará)

Nenhum comentário: