29.8.13

Trupe Periféricos circula o nordeste brasileiro

Depois de percorrer, entre o primeiro e o segundo semestre deste ano, os municípios paraenses de Castanhal, Almerim, Prainha, Marapanim, Colares, Monte Alegre e Belém, o grupo de teatro de rua Perifeéricos deu início a sua circulação pela região nordeste do país, com o projeto “Perifeérico: Sombras e Magia pelas estradas do Sertão”, contemplado com o Prêmio do Ministério da Cultura (Minc) Funarte Myrian Muniz de Circulação 2012. 

No início da semana, o grupo pegou a estrada até São Luiz, onde se apresentou na última quarta-feira, 28 de agosto, com o espetáculo “Teatro das Sombras”, que nesta sexta-feira, 30, estreia também em  Fortaleza, para depois seguir para Natal (03/09), João Pessoa (06/09), Recife (09/09), Olinda (11/09), Maceió (14/09) e Salvador (18/09). Mas além destas, a ideia é que outras aparições da trupe aconteça de repente, pelo meio do caminho.

"De caráter mambembe, a ideia é que ocorram apresentações em outras pequenas cidades encontradas pelo caminho, ainda que estas estejam fora da programação do circuito”, diz Rafael Couto, um dos diretores do espetáculo, ao lado de Maurício Franco.

Espetáculo para todas as idades, a segunda peça da tetralogia central que conta como a trupe foi montada, narra a história de Satyr, um fauno errante que vai atrás de outros seres como ele — entidades míticas presas no mundo dos mortais — para formar uma trupe de Teatro, nunca antes vista. Para alcançar seu objetivo, porém, o fauno precisa realizar algumas tarefas, como contar com a ajuda de um perigoso Oráculo, aprisionar o vento, enganar um espírito trapaceiro e conquistar uma rainha. 

Um conto de fadas urbano a peça apresentada sempre em espaços abertos faz uma grande homenagem às raízes do Teatro, criado a partir do imaginário popular, celebrações religiosas e magia. “Teatro das Sombras” faz, na verdade, uma grande homenagem às raízes do teatro, criado a partir do imaginário popular, celebrações religiosas e magia. 

O nome brinca com o termo teatro de sombras, sugerindo que o público atravesse o véu onde as sombras são projetadas e vejam as sombras encenando em carne e osso. Através do corpo, do jogo, de máscaras e bonecos, essas entidades descortinam um universo mágico, uma tragédia fantástica, comédia sombria, releitura urbana das mitologias, com o mistério e encanto das florestas e a densidade da realidade das cidades. 

“Teatro das Sombras” homenageia e valoriza os mitos, com personagens que vão da Grécia antiga às lendas amazônicas, assim como o fazer teatral mambembe, além de permitir o contato e interação de diversificados públicos com o fabuloso e realista universo da peça. 

(Foto: Renato Chalú)
Commedia Dell’Art e Cultura Popular 

Realizando uma série de peças com as mesmas personagens, o Periféericos retoma a ações da Commedia Dell’Arte, dividida entre uma tetralogia central e diversas montagens e performances menores, todas dentro do mesmo universo criado. O imaginário acerca das entidades, contos e lendas ainda é muito presente na cultura amazônica e nordestina. Estas manifestações mais tradicionais, porém, tendem a perder força com o acelerado processo de urbanização e globalização.

O trabalho do grupo cria a interface entre essas duas culturas, contemporânea e tradicional, trazendo ao palco toda a dicotomia e a forte relação entre elas, reavivando o universo do imaginário popular sem deixar de discutir o cenário atual. 

“Viajar pelo nordeste foi uma escolha acertada, uma vez que a região é rica em contos e lendas, onde o imaginário popular é muito valorizado e difundido, sendo o ‘Teatro das Sombras’ uma peça ideal para ser apresentada nesse cenário”, comenta Rafael. 

Materiais descartados (retalhos e sucata) são usados para confecção de cenário e figurino, uma iniciativa que pretende incentivar o uso consciente e criativo de insumos do cotidiano e estimulam a reciclagem dentro do fazer artístico, instigando formas alternativas e econômicas de produção teatral na rua.

Em frente ao Solar da Beira (Foto: Reanto Chalú)
O surgimento da Trupe

Em 2009, a Trupo criou uma série de trabalhos que traziam as personagens Satyr, DerMond, Odorin e Fluer, quatro entidades fantásticas vagando pelo mundo mortal como uma trupe de teatro itinerante. 

A partir daí, o grupo teve como foco o teatro de rua, com temáticas que integram a cultura urbana e contemporânea ao imaginário popular dos contos, entidades e lendas, pesquisando e experimentando o fazer teatral na rua, técnicas de clown, bufão, commedia dell’arte, máscara, mímica e pantomima. 

Fazendo o registro das vivências do grupo em meio virtual, além de trazer fragmentos da cultura das localidades visitadas, a trupe cria um espaço para discussão de como o imaginário ainda convive, se relaciona e influencia essas culturas.

PROGRAMAÇÃO 

FORTALEZA 
Dia 30 de agosto, às 20h
Espaço cultural Dragão do Mar

NATAL
Dia 03 de setembro, às 18h
Praça Cívica ( Pedro Velho)

JOÃO PESSOA
Dia 07 de setembro, às 19h30
Praça da Paz nos Bancários

RECIFE 
Dia 09 de setembro, às 17h
Praça do Carmo - Centro

Dia 11 de setembro, às 17
OLINDA - Calçada do Mercado Afonso Barbosa

MACEIÓ
Dia 14 de setembro, às 18h
Praça Orla da Laguna, em Marechal - Posto 7

SALVADOR
Dia 19 de setembro, às 18h
Praça da Sé Pelourinho

Ficha Técnica
Direção: Maurício Franco e Rafael Couto
Direção de Arte: Maurício Franco e Romário Alves
Música: Maécio Monteiro
Iluminação: Romário Alves
Drmaturgia: Elise Vasconcelos, Ícaro Gaya, Mateus Moura e Rafael Couto
Elenco: Elise Vasconcelos Ícaro Gaya Katherine Valente Maécio Monteiro Mateus Moura Rafael Couto Ila Nanan
Apoio: Bernard Freire e Romário Alves
Produção da Circulação: Perifeéricos e Produtores Criativos - Cristina Costa, Andrea Rocha, Ila Nanan
Informações - “Teatro das Sombras”:   Classificação: Livre. Locação: Qualquer espaço a céu aberto. Som: Exclusivamente acústico. Iluminação: Iluminação local, com acréscimo de dois spots artesanais de ribalta para reforço, caso seja necessário. Tempo De Duração: 80 minutos.

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