A perspectiva do meio urbano e suas relações. O que
enxergamos no dia a dia das ruas como violência, manipulação da mídia, educação,
transporte público, brincadeiras de rua ou as relações pessoais mediadas pela
tecnologia. Pontos como esses foram abordados pelos alunos das oficinas de
dança para a criação do espetáculo “Em meio Urbano” que estreia hoje, dia 11,
no teatro da Fundação Curro Velho. A mostra segue nos dias 12 de Dezembro, às
18h30 e nos dias 13 e 14 de Dezembro, às 19h30.
O “Em Meio Urbano” retrata a vivência dos jovens
participantes na cidade onde vivem. As coreografias misturam Street Dance e
Jazz Norte-Americano divididas em dois grupos coreográficos.
A construção do
roteiro dos dois grupos foi feita a partir da reflexão sobre o cotidiano
urbanístico as diversas relações pessoais. A linguagem artística utilizada vai
misturar cenários improvisados, objetos de performance, figurinos próprios da
cidade e coreografia contemporânea traduzida por meio de gestos bastante
conhecidos.
Um dos grupos vai apresentar a Dança de rua com mistura de
estilos Pop, Rip-Rop Dance e Weking, um Dance Club criado por volta da década
de 1980 nos Estados Unidos. A diversidade é a marca do grupo que vai apresentar
o formato Street Dance.
A segunda turma vai trabalhar os movimentos do Jazz e a
inclusão do corpo social familiar inserido na rua. A mistura de ritmos e
estilos trazidos pela experiência dos alunos com as oficinas de dança da
Fundação dá o tom ao espetáculo.
Transformação Social
A Dança de Rua é um estilo nascido em meio urbano carregado
de informações e referências como a criminalidade, batalhas de gangues, e
conquista de território, mas sem nenhuma apologia. A função social da Dança de
Rua se torna importante por estar muito mais próxima dos jovens e por isso os
conquista mais rápido. “A filosofia da Dança de Rua na verdade é o contrário do
ruim. Ela é de compartilhamento, de transformação e resgate”, conta Angélica
Monteiro, diretora coreográfica do grupo de Street Dance.
A coreografia, quase toda montada pelos próprios alunos, foi
baseada na dinâmica de interação proposta nas aulas. Angélica conta ainda que
sente orgulho do resultado que a dança tem causado nos alunos. “Eles se doam
demais. Não tem tempo ruim. Até quando estão mal, eles convertem essa energia
pra dança e isso sai”. Além de incentivar a reflexão social, o objetivo da
dança é aproximar mais o grupo de si mesmo. Reconhecer o corpo e trabalhar a
percepção dentro da coreografia.

Leandro Augusto, 16 anos, conta que tinha
preconceito com o break dance antes de se envolver com as oficinas. “Aprendi a
respeitar o outro e entender a opinião de cada um. Fiquei mais maduro”, conta. Camila Brito teve o primeiro contato com a dança na Fundação. “Se seu dia não
foi tão legal ou se está mais feliz, na oficina você aprende a transmitir isso
por meio da dança, e eu acho muito legal”.
Improvisação e Responsabilidade. O Jazz traz a improvisação e o swing para os palcos de dança
contemporânea. A sua principal característica é a variedade rítmica. O grupo
que vai apresentar esse estilo no espetáculo “Em meio Urbano” se utiliza das
técnicas do Jazz Dance americano, Street Jazz, Athnnical Jazz, Lirycal Jazz e
Modern Jazz misturando tudo e trazendo uma coreografia mais contemporânea. Rodrigo
Repila, diretor artístico, conta que para o roteiro coreográfico foram trazidos
elementos da infância. “Tudo o que acontece na nossa vida vem de berço, então
procurei pegar cantigas de roda, jogos de tabuleiro e transformar em cena
coreográfica”, explica.
Cordas, elástico, malas, telas de pintura, spray de
tinta, latões, adesivos e carcaças de carro. Esses serão alguns dos materiais
utilizados para compor cada cena.
“O cenário se renova, mas o mais importante
dessa montagem é o aprendizado desses meninos e a responsabilidade que eles
ganharam”, afirma Rodrigo, que criou o processo de montagem.
“A amizade e
companheirismo ao ajudar o outro foi fundamental”, acrescenta. Aluna de ballet
clássico, Camila Mendes entende que o Jazz mesmo não sendo tão urbano tem muita
influência do cotidiano. “Nem sempre a urbanidade é só a violência, a poluição.
Na verdade tem uma coisa bonita. No alvoroço do dia a dia pode ter uma
coreografia. É legal aprender a identificar isso”.
Serviço
Espetáculo “Em Meio Urbano” – Auto de Natal
dos Jovens da Fundação Curro Velho. Dias 11 e 12 de Dezembro às 18h30. E Dias 13 e 14 de
Dezembro às 19h30. No Teatro da Fundação Curro Velho. No final da
Djalma Dutra. Bairro do Telégrafo. Informações: 3184-9112 ou 8895-1334.
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