25.2.14

Olha aí Abaetetuba, Mestre Solano está chegando!

Fotos: Brunno Régis

Aos 60 anos de carreira, Solano faz seu primeiro show na cidade natal ao lado de convidados especiais: Aíla e Nilson Chaves.Única apresentação, 7 de março, na Arena Sporte Show, a partir de 21h. Entrada franca. Mas este é só o primeiro destino da turnê do novo disco ‘O Som da Amazônia’ (17º álbum), lançado ano passado. O show passa ainda por São Paulo (SP), em abril, e Fortaleza (CE), em maio. Patrocinado pelo projeto Natura Musical, o disco, sob direção artística de Aíla, marca a parceria com a 11:11 Arte, Cultura e Projetos. 

Mestre Solano esperou quase a vida inteira por esse momento. Com 60 anos de carreira, o músico alcançou sucesso no Brasil e fez balançar públicos de terras estrangeiras com o suingue da sua guitarrada: percorreu a Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Panamá e Buenos Aires. 

Mas Solano nunca se apresentou na cidade onde que nasceu. “Será o primeiro show em Abaeté. Graças a Deus ele vai acontecer! Mal vejo a hora de rever amigos e músicos que eu nem sei mais onde moram’, diz o artista às vésperas de estrear nos palcos da sua terra natal, Abaetetuba.

O repertório faz um apanhado dos sucessos mais marcantes da carreira de Solano, como ‘Ela é Americana’, música que consagrou o guitarrista e foi regravada por nomes como Alípio Martins, Aviões do Forró, Cavaleiros do Forró, e mais recentemente por Arnaldo Antunes – prova de que um bom hit é capaz de agradar aos mais diversos ouvintes, nos mais diversos tempos.

Ao mesmo momento em que resgata antigas composições, o disco também aponta para o futuro, ao revelar sete canções inéditas do músico em sua melhor forma. “Apostei num estilo diferente, uns arranjos inovadores. Você tem que evoluir. Pegue um disco meu gravado em 1974 e este. Tudo diferente, execução e arranjos. Gosto muito de músicas do passado e guitarrada, mas gosto de estar evoluindo, mudando, crescendo”, orgulha-se.

O álbum é o trabalho de melhor qualidade técnica da carreira do músico e busca valorizar a nova produção do Mestre. “Analisando a trajetória do Solano, vimos que faltava um disco de altíssima qualidade, instrumental, que abordasse a estética da guitarrada paraense. Resolvemos que esse novo CD traria músicas novas, para mostrar que o talento de Solano vai muito além do hit ‘Ela é Americana’. Trabalhar com o Solano e poder difundir ainda mais a história da música feita no Pará é muito recompensador”, celebra Aíla.

Entre amigos - No show mais aguardado de sua carreira, Solano aparece em boa companhia. Além da banda base que o acompanha há mais de 40 anos, o Mestre traz ainda Nilson Chaves, um dos maiores expoentes da música popular paraense, abre a noite. A jovem Aíla, destaque da nova geração de cantoras do Pará que desponta no cenário nacional, também integra o time.

O disco exalta o estilo único de tocar guitarra desenvolvido por Solano, sempre com temas musicais muito pops e grande virtuosismo nos solos. O violonista e compositor Sebastião Tapajós, dono de umas das mais importantes produções musicais da cultura paraense, é convidado especial do disco. Para o amigo, ele compôs ‘Rei Solano’, uma homenagem ao guitarreiro.

O produtor Manoel Cordeiro, com uma longa e frutífera carreira dentro da música pop do Pará, também faz participação no álbum com ‘As belezas do Marajó’, canção que festeja a amizade entre os dois músicos. ‘O Som da Amazônia’ passeia pelas ondas sonoras do bolero, brega e guitarrada paraense, que se misturam à paisagem musical do Caribe.  O suingue latino o arrebatou desde criança, quando ele ouvia no radinho de pilha as rádios caribenhas, com muito calipso, zouk, salsa, e cúmbia.

Carreira - Os ritmos quentes construíram a sonoridade de Solano, que aos nove anos já se arriscava no banjo. O primogênito de uma família de nove Josés enveredou pela música por teimosia. O pai, Raimundo, era carpinteiro. Mas quando livre da oficina, gostava de arranhar o instrumento, momentos que encantavam o pequeno José Félix Solano.

Foi assim que ele começou a aguardar ansioso as despedidas diárias do pai, que rumando para o serviço, deixava o garoto a sós com o instrumento. “Ele não queria que eu tocasse. Eu insisti e minha mãe me apoiou. Ele não quis em ensinar, mas eu aprendi sozinho. Isso eu trouxe no meu sangue. Todos da família do meu pai eram músicos. A família Solano, da minha mãe, não toca  nada”, revela o Mestre.

Autodidata, fez sua estreia aos 13, tocando banjo no grupo Jazz Tupi, na cidadezinha de Beja, distrito de Abaetetuba. A noite inesquecível jamais lhe abandonou a memória: 12 de maio de 1954. Depois ingressou no Jazz Abaeté, a contragosto do pai, para quem “música não dava futuro”. Solano aprendeu a tocar bateria. Em seguida veio a banda Carlos Gomes, onde tocava bumbo.


Aos 21 anos, por vontade da mãe Oscarina, tomou um barco com destino a Belém. Fez o concurso para sargento do Corpo de Bombeiros. Passou. Para desespero do pai, decidiu conciliar a rotina no quartel com a vida nos palcos. Coisa de equilibrista. Encerrava os shows antes das 5h da manhã e dali a pouco estava sentado à mesa do café, banhado e fardado, pronto para o toque da alvorada, às 6h.

Em 1974, veio o primeiro registro fonográfico, um compacto duplo. Nos anos 80, montou seu primeiro grupo, batizado Top5 e depois Solano e Seu Conjunto. Em 1984, lançou o primeiro LP. 

Foram cinco discos em seis anos de contrato. Alçada à condição de hit, “Americana”, escrita em parceria com Frank Carlos, não deixava o topo das mais pedidas em diversas rádios de Fortaleza. Povo, Cidade, Dragão do Mar, Iracema – Solano conhecia ali a força da música que seria um sucesso atemporal e também passaporte para os palcos de todo o nordeste. Ele conta que “Americana” fez sucesso até fora do Brasil, em coletâneas de música latina.

Nos anos 90, Solano integrou o casting da gravadora Atração, passando também pela RGE e Inter CD. Em cada uma, lançou dois discos. Em 1994, a Continental/Warner, lançou a coletânea ‘Ritmos do Brasil Vol.4’.  Na contracapa, o grupo Mestre Solano e Seu Conjunto figurava ao lado de nomes como Alípio Martins, Fruta Quente, Warilou e Beto Barbosa.

A partir de 2001, vieram os discos independentes. Em 2012, a participação no projeto Terruá Pará, do Governo do Estado, projetou seu nome no eixo sul-sudeste, e consequentemente, todo o Brasil. Já se vão 16 álbuns lançados – todos eles híbridos, com pitadas de samba, bolero, brega e lambada. Solano já dividiu o palco com gente do calibre de Dominguinhos, Lobão, Roberta Miranda, Peninha e Ritchie.

Após seis décadas de carreira, formada por altos e baixos, Solano continua teimoso na sua paixão pela música e avisa: ainda há muito ela frente. “Eu vou demorar para partir. Eu falei com o grande lá de cima, e ele me disse que eu vou durar bastante porque estou fazendo muito sucesso e ainda tem muita guitarra para tocar”, garante o músico.

Serviço
Show ‘Som da Amazônia’, de Mestre Solano. Convidados especiais: Nilson Chaves e Aíla. Dia 7 de março, às 21h, na Arena Sporte Show, na Rua Magno de Araújo, 2015, bairro São Lourenço. Entrada franca.


(Com informações da assessoria de imprensa)

Um comentário:

Diel Nascimento disse...

Qual a data e o local do show em SP em abril ... agradeço desde já ...