Fotos: Brunno Régis
Aos 60 anos de carreira, Solano faz seu primeiro show na
cidade natal ao lado de convidados especiais: Aíla e Nilson Chaves.Única
apresentação, 7 de março, na Arena Sporte Show, a partir de 21h. Entrada
franca. Mas este é só o primeiro destino da turnê do novo disco ‘O Som da Amazônia’ (17º álbum), lançado ano passado. O show passa ainda
por São Paulo (SP), em abril, e Fortaleza (CE), em maio. Patrocinado pelo
projeto Natura Musical, o disco, sob direção artística de Aíla, marca a
parceria com a 11:11 Arte, Cultura e Projetos.
Mestre Solano esperou quase a vida inteira por
esse momento. Com 60 anos de carreira, o músico alcançou sucesso no Brasil e
fez balançar públicos de terras estrangeiras com o suingue da sua guitarrada:
percorreu a Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Panamá e Buenos Aires.
Mas Solano nunca se apresentou na cidade onde que nasceu. “Será o
primeiro show em Abaeté. Graças a Deus ele vai acontecer! Mal vejo a hora de
rever amigos e músicos que eu nem sei mais onde moram’, diz o
artista às vésperas de estrear nos palcos da sua terra natal, Abaetetuba.
O repertório faz um apanhado dos sucessos mais marcantes da
carreira de Solano, como ‘Ela é Americana’, música que consagrou o
guitarrista e foi regravada por nomes como Alípio Martins, Aviões do Forró,
Cavaleiros do Forró, e mais recentemente por Arnaldo Antunes – prova de que um
bom hit é capaz de agradar aos mais diversos ouvintes, nos mais diversos
tempos.
Ao mesmo momento em que resgata antigas composições, o disco
também aponta para o futuro, ao revelar sete canções inéditas do músico em sua
melhor forma. “Apostei num estilo diferente, uns arranjos inovadores. Você
tem que evoluir. Pegue um disco meu gravado em 1974 e este. Tudo diferente,
execução e arranjos. Gosto muito de músicas do passado e guitarrada, mas gosto
de estar evoluindo, mudando, crescendo”, orgulha-se.
O álbum é o trabalho de melhor qualidade técnica da carreira
do músico e busca valorizar a nova produção do Mestre. “Analisando a trajetória
do Solano, vimos que faltava um disco de altíssima qualidade, instrumental, que
abordasse a estética da guitarrada paraense. Resolvemos que esse novo CD traria
músicas novas, para mostrar que o talento de Solano vai muito além do hit ‘Ela
é Americana’. Trabalhar com o Solano e poder difundir ainda mais a história da
música feita no Pará é muito recompensador”, celebra Aíla.
Entre amigos - No show mais aguardado de sua carreira, Solano aparece
em boa companhia. Além da banda base que o acompanha há mais de 40 anos, o
Mestre traz ainda Nilson Chaves, um dos maiores expoentes da música popular
paraense, abre a noite. A jovem Aíla, destaque da nova geração de cantoras do
Pará que desponta no cenário nacional, também integra o time.
O disco exalta o estilo único de tocar guitarra desenvolvido
por Solano, sempre com temas musicais muito pops e grande virtuosismo nos
solos. O violonista e compositor Sebastião Tapajós, dono de umas das mais
importantes produções musicais da cultura paraense, é convidado especial do
disco. Para o amigo, ele compôs ‘Rei Solano’, uma homenagem ao
guitarreiro.
O produtor Manoel Cordeiro, com uma longa e frutífera
carreira dentro da música pop do Pará, também faz participação no álbum com ‘As
belezas do Marajó’, canção que festeja a amizade entre os dois músicos. ‘O Som da Amazônia’ passeia pelas ondas sonoras do bolero,
brega e guitarrada paraense, que se misturam à paisagem musical do
Caribe. O suingue latino o arrebatou desde criança, quando ele ouvia
no radinho de pilha as rádios caribenhas, com muito calipso, zouk, salsa, e
cúmbia.
Carreira - Os ritmos quentes construíram a
sonoridade de Solano, que aos nove anos já se arriscava no banjo. O primogênito
de uma família de nove Josés enveredou pela música por teimosia. O pai,
Raimundo, era carpinteiro. Mas quando livre da oficina, gostava de arranhar o
instrumento, momentos que encantavam o pequeno José Félix Solano.
Foi assim que ele começou a aguardar ansioso as despedidas
diárias do pai, que rumando para o serviço, deixava o garoto a sós com o
instrumento. “Ele não queria que eu tocasse. Eu insisti e minha mãe me apoiou.
Ele não quis em ensinar, mas eu aprendi sozinho. Isso eu trouxe no meu sangue.
Todos da família do meu pai eram músicos. A família Solano, da minha mãe,
não toca nada”, revela o Mestre.
Autodidata, fez sua estreia aos 13, tocando banjo no grupo Jazz Tupi, na
cidadezinha de Beja, distrito de Abaetetuba. A noite inesquecível jamais lhe
abandonou a memória: 12 de maio de 1954. Depois ingressou no Jazz Abaeté, a
contragosto do pai, para quem “música não dava futuro”. Solano aprendeu a tocar
bateria. Em seguida veio a banda Carlos Gomes, onde tocava bumbo.
Aos 21 anos, por vontade da mãe Oscarina, tomou um barco com
destino a Belém. Fez o concurso para sargento do Corpo de Bombeiros. Passou.
Para desespero do pai, decidiu conciliar a rotina no quartel com a vida nos
palcos. Coisa de equilibrista. Encerrava os shows antes das 5h da manhã e dali
a pouco estava sentado à mesa do café, banhado e fardado, pronto para o toque
da alvorada, às 6h.
Em 1974, veio o primeiro registro fonográfico, um compacto duplo. Nos anos 80,
montou seu primeiro grupo, batizado Top5 e depois Solano e Seu Conjunto. Em
1984, lançou o primeiro LP.
Foram cinco discos em seis anos de contrato. Alçada
à condição de hit, “Americana”, escrita em parceria com Frank Carlos, não
deixava o topo das mais pedidas em diversas rádios de Fortaleza. Povo, Cidade,
Dragão do Mar, Iracema – Solano conhecia ali a força da música que seria um
sucesso atemporal e também passaporte para os palcos de todo o nordeste. Ele
conta que “Americana” fez sucesso até fora do Brasil, em coletâneas de música
latina.
Nos anos 90, Solano integrou o casting da gravadora Atração,
passando também pela RGE e Inter CD. Em cada uma, lançou dois discos. Em 1994,
a Continental/Warner, lançou a coletânea ‘Ritmos do Brasil Vol.4’. Na
contracapa, o grupo Mestre Solano e Seu Conjunto figurava ao lado de nomes como
Alípio Martins, Fruta Quente, Warilou e Beto Barbosa.
A partir de 2001, vieram os discos independentes. Em 2012, a
participação no projeto Terruá Pará, do Governo do Estado, projetou seu nome no
eixo sul-sudeste, e consequentemente, todo o Brasil. Já se vão 16 álbuns
lançados – todos eles híbridos, com pitadas de samba, bolero, brega e lambada.
Solano já dividiu o palco com gente do calibre de Dominguinhos, Lobão, Roberta
Miranda, Peninha e Ritchie.
Após seis décadas de carreira, formada por altos e baixos, Solano
continua teimoso na sua paixão pela música e avisa: ainda há muito ela frente.
“Eu vou demorar para partir. Eu falei com o grande lá de cima, e ele me disse
que eu vou durar bastante porque estou fazendo muito sucesso e ainda tem muita
guitarra para tocar”, garante o músico.
Serviço
Show ‘Som da Amazônia’, de Mestre Solano. Convidados
especiais: Nilson Chaves e Aíla. Dia 7 de março, às 21h, na Arena Sporte
Show, na Rua Magno de Araújo, 2015, bairro São Lourenço. Entrada franca.
(Com informações da assessoria de imprensa)
Um comentário:
Qual a data e o local do show em SP em abril ... agradeço desde já ...
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