Serão cinco encontros com a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. O primeiro será nesta quarta-feira, 16, das 9h às 11h, com os alunos do Instituto Felippe Smaldone, portadores de deficiência auditiva. A realização é do Governo do Pará, por meio da Secult e Academia Paraense de Música, com apoio do Banco da Amazônia.
Os participantes além de uma visita monitorada pelo teatro terão acesso ao trabalho desenvolvido pelo maestro e os músicos da orquestra. Por meio de uma metodologia de visitação inclusiva própria, o "Sinfonias de Inclusão" vai funcionar este ano como um projeto piloto que pretende estabelecer e oferecer um ambiente de musicalização e arte acessível, capaz de estimular e aguçar diferentes experiências sensoriais. “Esperamos proporcionar o usufruto do direito à cultura e a inclusão de pessoas com deficiências na programação regular do Theatro da Paz”, diz Paloma Carvalho, coordenadora de projetos do Theatro da Paz.
Os participantes terão a oportunidade de interagir com os elementos que constituem a OSTP: músicos, instrumentos musicais, sons, melodias e demais possibilidades oriundas do encontro entre visitantes e esse grupo sinfônico. O maestro conduzirá as possibilidades de interação artística junto aos expectadores, considerando as peculiaridades de cada grupo visitante.
“É gratificante a orquestra fazer parte desse projeto e poder se apresentar para esse público. Esse é um momento emocionante tanto para nós que tocamos, quanto para eles que participam”, diz. Miguel Campos Neto, da OSTP.
O projeto prevê o atendimento a alunos com diversas deficiências e a metodologia das visitações vai variar de acordo com cada grupo. No caso dos alunos surdos haverá uma visita guiada até a sala de espetáculo, onde eles poderão apreciar a execução e movimentos da OSTP e depois subirão ao palco para sentir as vibrações dos instrumentos e até a tocar em alguns dos instrumentos. Tudo sendo acompanhado por um intérprete de Libras.
Depois da visita dos alunos do Instituto Felippe Smaldone será a vez de receber o público de deficientes visuais, no dia 13 de junho. Os convidados serão do Instituto Álvares Azevedo, que terão uma visita muito mais descritiva além de uma maquete do teatro para que os alunos possam entender como o teatro fisicamente em sua estrutura externa. Em ambas as visitas os alunos também poderão conversar com o maestro da OSTP sobre a história e o trabalho desenvolvido pelos músicos.
Contato direto com músicos e instrumentos da OSTP
O Instituto Felippe Smaldone participa do projeto com 25 alunos, sendo onze deles do 4º, e oito do 5º ano, além de seis alunos que são integrantes do Grupo de Teatro Cara Corpo. A visita será acompanhada também pela arte educadora do instituto, Lourdes Guedes, graduada em educação artística com habilitação em música.
“A turma que vamos levar nesta quarta-feira, ao Theatro da Paz, vai visitar ter um tradutor intérprete, e vai também ter o contato direto com a orquestra, os músicos. Vai ser muito bom, porque aqui na escola eles já têm contato com musica, nesse ponto não será pura novidade, mas muitos deles nunca entraram em um teatro e nunca viram pessoalmente a maior parte dos instrumentos que vão conhecer neste projeto”, diz Lourdes.
Para ela, o projeto do Theatro da Paz é de extrema importância e uma responsabilidade da instituição. “O mais interessante é que a coordenação do projeto veio até a instituição ver quem é esse público, antes de formatar as ações a serem desenvolvidas. Isso que é bom, pois não vão só abrir as portas esperando que esse público chegue até lá, vieram saber mais das especificidades e de como eles poderiam receber estas informações no teatro”, diz Lourdes.
Ela diz que os surdos não têm tido acesso às questões culturais nem em Belém e nem no resto do país. “Não há acessibilidade pois tudo acontece na língua oral e a língua deles é a de sinais”, explica. “Há uma lei sobre os espaços públicos disponibilizarem esses acessos, mas isso ainda é muito raro”, complementa.
Para a educadora, o que temos hoje em acessibilidade à arte ainda é pontual. Pensar nos direitos e igualdade social e cultural exige trabalho e empenho de instituições e artistas. “As pessoas ficam nos seus afazeres artísticos e culturais de forma tradicional, seja por desinteresse ou desconhecimento de como receber e fazer um espetáculo que vai ter um surdo ou mudo na plateia. Isso dificulta fazer esses espetáculos com acessibilidade. Então quando o Theatro da Paz abre essa oportunidade, é de uma importância enorme”, conclui.
Sobre o Instituto Felippe Smaldone
O Instituto Felippe Smaldone é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, cuja renda advém de doações de terceiros e convênios com órgãos públicos: SEDUC E SESPA para cessão de funcionários e FUNPAPA para repasse de recursos do Fundo Nacional de Assistência Social especificamente usado na reabilitação da linguagem. A entidade é especializada no atendimento as crianças portadoras de deficiência auditiva severa e profunda, que precisam de cuidados educativos pelo seu desenvolvimento social, psicológico cognitivo, afetivo e escolar.
O Instituto foi fundado e é mantido pelas Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações, uma Congregação Religiosa de origem Italiana, fundada no fim do século passado pelo Sacerdote napolitano Bem Aventurado Filippo Smaldone, que além de oferecer a sua vida a serviço da educação e evangelização do jovem surdo da Itália meridional, quis fundar uma Congregação de mulheres Consagradas a esta Missão.
Serviço
Projeto Sinfonias de Inclusão. Nesta quarta-feira, dia 16 de maio, com alunos surdos do Instituto Felippe Smaldone. Das 9h às 11h, no Theatro da Paz - Rua da Paz, sem número, Campina, Belém/Pará. Telefone: (91) 4009-8750.
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