Continua em cartaz o espetáculo “Theodoro”, de Carlos Correia Santos. Obra inspirada na trajetória do grande pintor paraense Theodoro Braga. Montagem do Grupo Palha, com direção e encenação de Paulo Santana e produção executiva de Tânia Santos.
Vencedora do Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas, promovido pelo Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Cultura (Secult) e Sistema Integrado de Teatros (SIT), a montagem ficará em cartaz até o dia 14 de abril.
Theodoro Braga. Um nome conhecido? Se a resposta para essa pergunta for negativa, então o teatro pode ser um bom lugar para mudar essa constatação. O nome desse grande artista pode até soar familiar para quem circula pelo meio cultural de Belém. Afinal, assim é chamada uma requisitada galeria de arte situada no Centur. Porém, além disso, o que mais se conhece? Será que o grande público sabe que o paraense Theodoro Braga foi um dos maiores nomes das artes plásticas brasileiras? Será que o grande público sabe que esse artista foi um dos pioneiros da charge na Amazônia e uma referência para a pintura nacionalista no país? Se essas informações causam curiosidade, as cortinas da dramaturgia se abrem e revelam ainda mais detalhes.
“Queremos que a sociedade, educadores e estudantes conheçam Theodoro Braga, não só como uma galeria de arte, no subsolo do Centur, mas como um paraense que contribuiu para o engrandecimento da nossa história”, afirma o ator Luiz Girard, que tem o desafio de dar vida ao protagonista do espetáculo. Girard contracena com Abigail Alves (Senhora de Tudo), Arnaldo Ventura (O Vermelho), Nelson Borges (O Azul), Nelson Oliveira (O Amarelo) e Ângela do Céo (O Verde).
“Theodoro foi o fundador da primeira pinacoteca da Amazônia. Foi ele quem estabeleceu o compromisso de pintar as paisagens, heróis e lendas da região com um tom mais realista. Ele defendeu a pintura nacionalista numa época em que só se queria pintar temas inspirados na Europa”, explica Carlos Correia, que se dedicou a uma extensa pesquisa para compor o texto. Trabalho similar ao que tem feito para outros projetos literários e teatrais, como “Nu Nery”, peça sobre outro grande pintor paraense, Ismael Nery.
“Ismael e Theodoro, além de conterrâneos e apaixonados pela terra natal, têm o comum a genialidade e a coincidência de terem estudado, em épocas diferentes, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Fora isso, foram dois artistas radicalmente diferentes. Técnicas diferentes. Propostas diferentes. Personalidades diferentes. Ismael foi muito denso, muito inquietante. Theodoro foi mais do colorido e do humor. Não à toa, tornou-se um dos precursores da charge e da caricatura na região”.
Vaudeville – No palco do Cuíra, o universo policromático do pintor será valorizado pela atmosfera sonora. Quem for assistir “Theodoro” vai mergulhar na trajetória do artista guiado pelo gênero conhecido como Vaudeville. Ou seja, a montagem tem como inspiração os grandes teatros de revista. A história é pontuada por números musicais, criados em parceria com o instrumentista Geraldo Senna.
“Como Theodoro é um expoente da chamada Belle Époque, período em que a França ditava todas as modas e costumes aqui no Pará, a peça bebe desta fonte. Há um certo clima de cabaré em cena. Os atores cantam, dançam. Paulo Santana fez uma montagem que é bastante física. Um desafio mesmo para os atores”, detalha Correia.
Parceria e ensino – “Theodoro” marca a quinta parceria entre Carlos Correia Santos e o Grupo Palha, dirigido por Paulo Santana. A primeira foi com “Nu Nery”, em cartaz desde 2006 até os dias de hoje, projeto ganhador de vários prêmios e com turnê pelo Brasil e participação em Festivais Nacionais, representando o Estado. A segunda e a terceira aconteceram com os espetáculos infantis “Uma Flor para Linda Flora” e “A Fábula das Águas Tristes”. A quarta foi “Júlio Irá Voar”, texto com que Correia conquistou o primeiro lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia, em 2005. Baseada no legado do jornalista e inventor Julio Cezar Ribeiro de Souza, a peça foi montada com patrocínio da Amazônia Celular. O espetáculo voltará à cena no Espaço Cuíra, de 01 à 31 de maio de 2009.
Trajetória – As artes plásticas mal se esboçavam na Amazônia, quando se iniciou o desenho da trajetória de um dos maiores pintores não só do Pará, mas de todo o Brasil. Foi numa Belém dos meados de 1872, mas precisamente num dia 08 de junho, que nasceu Theodoro José da Silva Braga. Theodoro Braga. Morto aos 81 anos, em 1954, este ser de cores se expôs existência afora de forma sem par. Livre docente da Escola Nacional de Belas Artes (1921), Professor Catedrático de Arte Decorativa – desenho e composição – da Escola de Belas Artes, em São Paulo (1926), membro do antigo Conselho de Orientação Artística do Estado de São Paulo e dos Institutos Histórico Geográfico do Pará, Pernambuco, Ceará e Rio Grande Norte.
Além de todos esses títulos, incontáveis prêmios em todo o país. Vulto cuja vida e obra mereceu inclusão nas publicações nacionais “Grandes Personagens da Nossa História” e “Dicionário das Artes Plásticas”. Seus trabalhos, hoje, podem ser vistos em locais diversos como o Palácio Antônio Lemos e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Entretanto, toda a rica vivência de Theodoro Braga pede para ser apreciada como uma lição de como se esboça, define e se colore um grande artista. Trajetória, portanto, que não pode ser reduzida a um simples quadro pendurado em prédios históricos.
Serviço:
“Theodoro”, de Carlos Correia Santos. Com Grupo de Teatro Palha. Estreia amanhã, às 21h, no Espaço Cuíra (Riachuelo, esquina com 1º de Março). Até o dia 14 de abril. Sexta-feira e sábado às 21h e domingo às 20h. Patrocínio do Governo do Estado do Pará (Secult e SIT). Edital de Fomento às Artes Cênicas “Prêmio Claudio Barradas” – 2008. Apoio Cultural: Espaço Cuíra, Raf Mix, Hiléia, Refry, Fundação Curro Velho e Gráfica Alves. Agendamento para o Projeto A Escola Vai ao Teatro pelo fone 8138.4189.
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