Quatro rapazes, algumas decepções e música, muita música, é o mote de Os Monstros, dos diretores Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti (de Estrada Para Ythaca), cuja produção é totalmente independente e baseia-se na amizade dos personagens. O filme fica em cartaz de 23 a 26 de novembro, no Cine Líbero Luxardo do Centur, na sessão Vitrine, às 17h.
Apesar do nome, em Os Monstros não há nenhuma criatura aterrorizante; o
título se dá por certa opressão – proposital – que é percebida ao longo
de cada cena. A noite é o cenário, junto com a praia, o bar, uma festa e
um apartamento.
A narrativa é singela, com poucas falas; trata-se de um “Cinema Coletivo”, no qual cada um, de alguma forma, completa o outro, sem ofuscar as qualidades alheias, mas complementando-as. O longa é encenado pelos próprios diretores e é exatamente por ter essa característica que é possível sentir a veracidade das emoções.
A desilusão amorosa de um dos ‘personagens’ é o início da obra, que em sua decorrência também ilustra a frustração profissional de dois dos amigos, e chega a emanar certa ‘cafonice’ em momentos sensíveis e apaixonados dos garotos.
O posicionamento das câmeras transmite a sensação de pulsação e vivacidade, ora em movimento, ora fixas; mas ambas as maneiras afirmam o lugar e não têm medo de enfatizar as amarguras. A fotografia também é prova de que até mesmo um cenário ruidoso, ‘sujo’ e noturno é capaz de se tornar belo; e é exatamente essa a identidade de Os Monstros.
Os diretores Ricardo, Pedro, Guto, Luiz |
A ousadia e inovação destes jovens cineastas foi capaz de integrar na trama um estilo musical – que apesar de existir há mais de 50 anos – é pouco difundido na nossa cultura; gênero chamado “improvisação livre”, que consiste em uma manifestação musical a partir da afinidade com algum instrumento, e tocá-lo da maneira que lhe convir; o importante é sentir.
As vertentes dessa ramificação musical vêm desde o jazz, composições eruditas, música balcânica e mais uma infinidade de raízes, que foram se agregando e se transformaram no que é retratado brilhantementeno filme.
Apesar da descrição atraente, como o próprio diretor Ricardo Pretti disse em um bate-papo exclusivo na pré-estreia (14/09) no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, “para ouvir esse tipo de música é importante que se deseje realmente escutá-la”; é uma melodia quase que incessante para quem ouve, pela distorção, dissonância e ausência de sonoridade de notas específicas; não há uma regra para se findar, chega a causar até certa aflição nos espectadores em determinados momentos.
É justamente essa a intenção: causar alguma reação, seja ela qual for. O intuito é fazer com que cada um traduza aquela experiência e a agarre para si, de acordo com a concepção ali adquirida, naquele momento.
Portanto, este longa é a tradução de que quando se tem amigos, a união das forças e talentos somados a algumas oportunidades podem transformar momentos amargos em uma maneira nova de se viver e encarar a vida.
Os Monstros já foi exibido em importantes festivais e é um longa-metragem da Alumbramento, que entrará em cartaz pelo projeto Sessão Vitrine, que acontece nas seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Goiânia, São Luiz, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belém, João Pessoa, Maceió, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Campo Grande e Vitória. Antes de cada sessão será exibido o curta-metragem Adormecidos, de Clarissa Campolina.
Serviço
O Cine Líbero Luxardo fica no Centur - Av. Gentil Bittencourt, entre Quintino e Rui Barbosa. Mais informações: 91 3202.4321.
Fonte: Alessandra Caires
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